Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Lá vem merda no ventilador, salve-se quem puder ~quer MELHOR entrada para comemoração do aniversário fictício do maior ladrão de cena dessa fic que tanto pira quanto põe todo mundo doido?~ Murilo acha que não, mas, nesse capítulo, ele já não tem muito tempo para achar ou deixar de achar, pois...

Leiam, leiam!
Enjoy :)



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Ela... Ela não deveria ter feito isso!

Não, não, não, não, grita minha mente enquanto corro sem ter muito para onde ir, só devo continuar a correr, a seguir. Fugir.

Depois de tudo o que passei, depois de tudo o que revelei.

Como Flávia pôde? Agir pelas minhas costas? Me trair desse jeito?

Vi os sinais e não os tomei como sinais propriamente. Afinal, um estado grogue pode muito bem desabilitar uma pessoa quanto às suas percepções. Mas uma hora a gente desperta, a gente percebe.

E eu desconfiei. Tarde demais infelizmente.

O domingo se passou com tudo ainda “nos trilhos”, aquele meu estado de torpor permaneceu por um tempo mais, um pouco de quietude. Os pais de Flávia haviam saído cedo para um brunch de aniversário do chefe da mãe dela, só ficou nós, a irmã e o cunhado na casa. Um pouco depois do almoço fiquei de conversa com os dois enquanto assistíamos a um filme qualquer na tv de desenho animado, não captei bem a história, mas envolvia animais perdidos, algo assim.

Estavam um pouco sem jeito de perguntar sobre meu estado ou de Flávia, por estarmos tão abatidas. Terminei por dizer que teve um rolo com Gui na noite passada e que, por causa da prova final da professora Silvana, tive um pouco de insônia. Bom, era a única história que eu tinha pra vender no momento, então foi isso mesmo.

Aí a irmã de Flávia perguntou ao marido se ele já tinha arranjado num sei o que lá, que ele gelou. De última resolveu buscar isso num sei aonde que não ouvi, eu não prestei muita atenção para dar privacidade a eles, só que aí Pedro, o cunhado, pediu que Flávia o acompanhasse pra ter certeza de alguma referência lá. Será que até nisso eles me enganaram? Será que foi encenação?

Só sei que passei a tarde com a irmã de Flávia, fuçamos a tv a cabo até parar numa maratona de Smallville, lá pela temporada em que o Clark já tinha se livrado da Lana-chata e não tinha coragem de chegar na Lois, pois seu segredo já havia o metido em tantas situações complicadas que proteger a quem ele amava parecia o mais certo, apesar de injusto.

Não fiz correlações com meu caso, ainda bem, pelo bem de minha sanidade, além de que a irmã de Flávia foi me contando o que aconteceu na festa da escola de idiomas, a confusão com o professor de espanhol, o de português e dois secretários. Fizeram uma aposta sobre um detalhe da história da língua latina e como se deu a origem dessas outras a partir dela. Pedro, seu marido, ganhou, mas os outros acreditavam piamente em outra teoria e logo virou um alvoroço.

Flávia teve tempo suficiente para agir nesse intervalo.

Mas uma coisa não bate ainda... Ela não estava com o caderninho por essa hora.

Falei com Vini e Murilo brevemente, avisei que eu voltaria para casa hoje, segunda-feira. Mencionei, como feito com a família de Flávia, a história sobre Gui e a prova que teria essa semana, só para não ficar uma coisa estranha. Por ter feito isso várias e várias vezes, contornar, me pareceu quase de praxe. Até aí tudo bem, a gente conversou sobre umas coisas ademais, coisas cotidianas. Vinícius não alfinetou nada sobre Sávio, o que pensei que faria, só seguiu o amoroso de sempre.

Quando teria se metido nisso sem eu perceber?

Desconfiei mesmo foi por Gui ter oferecido carona para me deixar. Quer dizer, ele apareceu essa manhã assim que eu disse que daria meu jeito de ir para casa, que não queria atrapalhar ninguém. Ele aparecer “do nada” não foi meu motivo de desconfiança, afinal, ele tava numa fase difícil com Flávia, tentava de tudo, assim pareceu normal ele estar à porta dela pedindo para conversar. Só que me deixar em casa foi no mínimo um pouco suspeito.

E as coisas continuaram suspeitas conforme fomos conversando no caminho.

Enquanto me relatava um pouco sobre aquele momento dele com Flávia durante as apresentações do workshop, houve uma hora que comentou algo estranho. Ainda meio mal pelo que tinha acontecido, me lastimei:

– Queria poder fazer algo por vocês... mas ela parece irredutível.

– Mi, não se preocupe com isso, ok?

Ele falou isso como se soubesse de alguma coisa. Como se isso não fosse nada perto dessa outra coisa. Como se dissesse “não se preocupe com isso, se tem aquilo lá”. Por ter estranhado esse seu modo, e perdida na entrelinha, questionei:

– O que quer dizer?

– Que... a prova de Silvana já é o bastante pra nos ocupar, certo?

Ele não me convenceu, e hesitou sim! Passei então um tempinho em adivinhações, procurando possíveis razões para aquele comportamento, aquele comentário. Pareceu... inoportuno, estranho. Nada foi concluído. Não até... eu chegar em casa. Aí sim as coisas se encaixaram, sendo preciso apenas quatro passos avante para minha sala, e mil para trás. Que foi a hora que corri.

Esperei que Aguinaldo fosse embora para entrar em casa, vi que o carro de Vinícius constava na porta. Que estaria fazendo lá? Pelo horário ele devia era estar em sua casa, almoçando. Ou será que Murilo havia o convidado para algo? Dona Bia ainda estava afastada pela gripe, aquela preguiça dele teria que cozinhar ou comprar algo pronto. Por praticidade almocei ainda na casa de Flávia.

Com essas questões em mente procurei pelas chaves em minha bolsa, adentrei a primeira porta. Alcancei a seguinte, entrei sem cerimônias.

Quando entrei, entendi. Quer dizer, não entendi.

A primeira coisa que vi foi um vaso da sala quebrado ao pé da porta.

Brigaram?

E aí ergui a vista para os dois homens de minha vida, Vinícius ao sofá se levantou, preocupado, receoso, enquanto Murilo de pé tinha um porte estranho... Sofrível? O que estava acontec...?

Quando dei mais dois passos para frente, que meus olhos bateram na mesinha da sala e que lá constava o objeto que devia estar noutras mãos, estanquei. A ficha caiu.

Só havia uma pessoa no mundo com aquele caderninho, que me pedira para analisar na noite anterior. Flávia havia não somente me entregado, mas cedeu àqueles dois a agenda da Hello Kitty que revelava demais sobre um passado obscuro. Sendo assim, me traiu.

Sem nada a declarar, por instinto, apenas dei meia volta e corri dali.

~;~

Não apenas corri, me certifiquei de barrar eles para que não chegassem até mim. Pela porta em que passei, por onde entrei, a chave constava lá no trinco, e na hora de sair, puxei a porta, rodei a chave, tranquei eles do lado de dentro. Não estava pensando muito, só agindo. Deu tempo somente de ouvir o baque forte dos dois do outro lado ao darem na porta e gritarem, por coisas que eu não conseguia assimilar, aterrorizada demais. Mexeram agitados no trinco, perceberam o que eu fiz.

No segundo que me tranquei do lado de fora não fiquei lá pra ver o que daria, corri para a porta da rua, fiz o mesmo, seria mais um obstáculo para eles, e tempo para eu correr pelo espaço da rua, fugir para a avenida.

Era... torturante.

Murilo bradava da sala ainda quando eu pisei na calçada. Ouvi que indicou a Vinícius pegar as chaves do carro, eu tinha que dar no pé antes senão não teria como competir com um automóvel, eles me pegariam. Engoli um pouco de ar antes para aguentar o tranco de correr, não me importava se isso iria me exceder de alguma maneira.

Segurei a alça de minha bolsa firme para que esta não se chocasse a mim no processo, meus passos foram ligeiros para alcançar o fim da rua. Quando estava a dobrar, os gritos novamente me alertaram a presença, Murilo havia pulado o muro de casa, imagino, implorava para que eu parasse, dentre outras coisas que não abstraí bem... Era demais para mim. Não virei sequer uma vez, botei foi mais força para aumentar minha velocidade, deixá-lo pra trás. Ele poderia me alcançar, eu sentia que me alcançava.

Meu coração faltava sair pela boca, sem saber se era pelo susto ou se era pela fuga. Ou os dois. E doía, céus, como doía. A cada chamada bradada por meu irmão, gritos por meu nome, pedidos para ouvi-lo, que não fizesse aquilo, como clamava... eu me despedaçava. Mas não parava, me forçava, não me importassem os limites.

Já na outra rua, a que é perpendicular à minha, lancei-me aos metros à minha frente. Ao lado dela estava um campo de mato, pedras e areia, que dei um jeito de ultrapassar sem antes chegar à abertura do caminho, o que fica disponível para alcançar o pé da avenida e o ponto de ônibus que ficava ali perto. Havia apenas três pedestres lá esperando seus transportes, um senhor e dois estudantes, assustaram-se com o modo que os alcancei, praticamente pulei e me materializei ao lado deles e fiz um sinal pilhado para o ônibus qualquer que vinha logo.

Me leva daqui!

Subi ao coletivo rápido, o motorista me analisou quando passei por ele, o ônibus estava um pouco vazio, a cobradora também deu uma sondada, alguns passageiros notaram certo alvoroço de minha parte. Porque eu tremia e soluçava baixo, amparada a um ferro de apoio do próprio veículo enquanto se movia, seguia. Fechei os olhos, cobri mais o rosto quando ouvi novamente os gritos de Murilo do lado de fora, tentando alcançar o ônibus.

Aquilo não estava acontecendo!

Quando ousei olhar para fora das janelas, avistei o carro de Vinícius, estava na rua paralela à da avenida, acelerava. Por um momento, não sabia o que faria para intervir na minha fuga, mas temi, temi muito o que poderia fazer. Não teria cara para aquela situação, para encarar nenhum dos dois!

Mais à frente ele foi retido por uma fileira de carros da travessia da avenida, pude assistir com o ônibus andando. O que não foi tanto alívio assim, afinal... O que seria de mim dali pra frente? Como... suportar? Como não me quebrar mais? Meu Deus, aqueles gritos! A fuga! O que dizer? Como... me explicar?

Trilha indicada: Alexz Johnson – Walking

Can't stay with you, but I'll miss you

Soles on fire, I can't see through

All the smokey, smoking higher

And I don't know what to do

Não posso ficar com você, mas sinto sua falta

Solas em chamas, mal posso ver através

Toda a fumaça, esfumaçando ao alto

E eu não sei o que fazer

Sei que me ligam, meu celular vibra na bolsa, o movimento reverbera pela alça e chega a mim, que perambulo sem destino em qualquer lugar que desci. Um lugar longe. Ainda no ônibus o celular alertou ligações, Vinícius e Murilo, alucinados, e eu... não sei por que não desliguei, tirei apenas o som. O Ryan não me fazia bem.

See the shadow, it stays beside me
In my dreams, it never likes me
Oh, it's a long road that I've created
I've got it under control

Vê a sombra, ela fica comigo

Em meus sonhos, nunca gosta de mim

Ah, é um longo caminho que eu criei

Que tenho sobre meu controle

Tudo me parece um borrão, a cabeça é uma bagunça. Como que cheguei a esse ponto? Detinha o controle às minhas mãos, e aí num momento de fraqueza, simplesmente caio num buraco maior? E esse fundo, ele não acabava? Aquilo não acabava? O temor recai sobre mim, as imagens revolvem, o peito não aguenta mais guardar, não há espaço mais.

So why am I walking?

And this I don't know

Why I keep walking in circles

When I've got nowhere to go

Então por que estou andando?

E isso eu não sei

Ou por que eu andando em círculos

Quando não tenho para onde ir

Controlo-me pelo choro vergonhoso que quer me tomar. Quase perdida, rumo a passos lentos, o sol do começo de tarde me queima a pele, me sinto exposta sem chance de poder cobrir-me. As pessoas me viam, passavam por mim, notavam que havia algo errado, eu sentia, sem mesmo ver, seus olhares de quase compaixão.

Sand pulls quicker, sinks me deeper
I like the feeling, I let it linger
Where's my education? What was I thinking? Been lying to myself all along

A areia puxa rápido, me afunda mais

Gosto dessa sensação, deixo que se prolongue

Onde está minha educação? Em que eu pensava? Mentia para mim por todo o tempo

Isso gera mais peso às minhas costas, fica difícil continuar movendo-me passo a passo, mas se eu parar, a inércia de meus sentimentos me atacará mais forte. Como quem corre e não pode cessar de vez, o coração sente. A quem quero enganar? Isso já toma conta de mim. Não adianta o quanto queira proteger meu pobre coração se tudo está além de mim para impedir que se intensifique.

And I knew I was wrong, I could tell in your eyes the love is gone.

And I know I can't fix what I have done

So I keep walking until I'm numb

E sabia que estava errada, podia notar em seus olhos que o amor se fora

E sei que não posso consertar o que tenho feito

Por isso continuo a andar até me acabar

Há tantas vozes na minha cabeça que o mundo parece ter se calado apenas. Há tantas imagens que não posso ignorar, elas insistem em se mostrar não adiante o quanto eu abra demais ou feche demais os meus olhos, estão lá. Me faz esbarrar nalgumas pessoas, mas, apática como me encontro, não resultam mais que uma pouca interferência nesse caminho que vagueio.

And why am I walking?
And this I don't know
Why I keep walking in circles
When I've got nowhere to go

E por que estou andando?

E isso não sei.

Ou por que continuo a andar em círculos

Quando não tenho para onde ir

Ando, apenas ando, sem fim, sem retorno. A realidade vai me acompanhando, como uma sombra que me pertence, não tem como fugir dela, ou deles. O sol ainda me queima, abraço-me como se sentisse frio ou pudesse construir um novo muro a partir desse que caiu.

But I'll do this alone, and every tear I know is mine

And I will feel it in my bones, I'll be okay, just let me hide

Patterns change, just like the tide

Mas farei isso sozinha, e toda lágrima saberei que é minha

E sentirei nos meus ossos, estarei bem, só me deixe escondida

Padrões mudam, assim como a maré

Mas não, não tem como reerguê-lo, o que tinha pra ser visto, fora visto. A verdade ultrapassava-me em todas as instâncias, não havia mais como negar, como desviar. Meu próprio corpo me traía, pois o choro, antes contido, deslizava de dentro para fora, e ao sol mesmo as lágrimas, quando secas, se renovavam. Não apenas pela dor que tudo isso implicava, mas por não ter em quem obter apoio, se todos estavam envolvidos numa mesma trama para me pegar.

And why am I walking?
And this I don't know
And I keep walking in circles
When I've got nowhere, got nowhere, to go

E por que estou andando?

E isso eu não sei.

Ou por que continuo a andar em círculos

Quando não tenho para onde, nenhum lugar, nenhum para ir

Traída pelos meus, eu permanecia andando como se pudesse me afastar, o caminho parecia infinito aos meus pés. Se antes tinha problemas com confiança, não sei mais o que declarar a respeito depois dessa. E mais que traída e exposta, recaía sobre mim a vergonha, o receio, o medo, que queimavam mais que esse sol. Sendo esse sol pior talvez que aqueles dias nublados que normalmente representam nossos sentimentos infelizes. Era pra ser um dia comum.

And why am I talking? When I have nothing to say

My head is a maze, and I'm not finding my way

E por que estou falando? Quando não tenho nada a dizer

Minha cabeça é um labirinto, e não consigo encontrar meu caminho

A quem devo escutar, se tudo se atordoa numa luta de razões? Confusa, meu ser entra em batalha novamente, a Milena de “ontem”, a Milena de “hoje”. A que caiu e a que se ergueu, ainda que não tenha se reconstituído por inteira. Teimo. As cordas de outrora que puxava e carregava o peso daquilo agora se arrastavam apenas, pela rua junto de minha sombra, pontas soltas.

But I can't stay with you, but I'll miss you
Soles on fire, I can't see through
All the smokey, smoking higher
My feet won't bring me to you

Mas não posso ficar com você, e sentirei sua falta

Solas estão em chamas, mal posso ver através

Toda a fumaça, esfumaçando ao alto

Meus pés não me levarão até você

Pontas com as quais tenho de agora lidar, me preparar. Posso ter fugido em instância do julgamento dos outros, mas sei que em breve estarei em suas presenças. E Murilo, ah, meu querido irmão, apartei-me antes que pudesse me repreender. Me detestar, me desprezar. Estaria fazendo isso sem mim de qualquer forma?

Queria apenas acreditar que não.

~;~

Não foi pela flor que lutava contra o barrar do cimento no chão, não foi pela formiga que caiu ao meu braço e me mordeu, que me ambientava da realidade. Embora venha notar a força da natureza sobre a força do homem só em momentos dispersos, e talvez apáticos como esse, o que me desperta para o real é o contínuo e quase interrupto vibrar de meu celular no silencioso. Havia sentado em um banco dos mais afastados, numa ruela de lojas no fundo de uma tal praça comercial em que fui parar.

Após muito caminhar, cheguei a certo ponto, essa praça comercial com lojas, agências de banco, clínicas, e demais estabelecimentos. Buscava um lugar para descansar, o desgaste emocional começava a me atingir o traço físico além do imaginável.

A bolsa ficou jogada ao meu lado no banco de pedra. Não sentia mais o reverberar em meu corpo por não ter uma ligação mais contatual com a bolsa ou direta com o aparelho, mas de onde se localizava, podia ver que vibrava e não parava quase nunca, iluminando as fibras da bolsa.

O que devem estar pensando agora? Que amor terão por mim e minhas mentiras? Minhas omissões? Meus... segredos?

Terão lido? Ou será que essa parte a Flávia preferiu relatar por si? Reproduzir tudo que havia lhe revelado? O que mais não terá entregado de mão-beijada? E Gui, estaria envolvido também? Foi um complô assim de me deixar sem ter com quem contar? Porque me vejo sem opções. Onde me manterei afastada? Logo vai escurecer... terei algum lugar para ir? E em quem confiar?

Apesar de não haver mais choro, as coisas estavam sob a pele. Cessaram as lágrimas, mas não a dor. Ou a fonte dela. Nem quando busco o celular, e tremendo na minha mão, verifico uma notificação de mais uma chamada em voga de Vinícius.

Por quê? Por que desse jeito?

Será que terá amor por mim ao ter enfim ciência do que fiz e escondi? Do que estive no meio? O que quebrará em nós? Eu... e-eu o amo tanto. Não suportaria seu reprovar, seu julgamento, sempre tão forte. Se se levantou de uma mesa calado para não dirigir qualquer palavra a quem ele desprezava, que faria comigo?

O que houve naquela sala de estar de minha casa? Qual era do vaso quebrado? Teria ele discutido com Murilo? A recusa deles por mim era tão grande assim? Era a isso que se referia?

O que teriam me dito se tivessem conseguido me parar naquele ônibus, na avenida? O que não deve passar em suas cabeças?

Vinícius por sempre questionava o que eu escondia, senão por que de todo o meu mistério, o que eram os momentos suspeitos. Desconfianças tinha, muitas, sondava-me. Confie em mim, me pedia. Ele, que chegou tão tão tão perto várias vezes, só não sabia pelo quê procurar ou juntar. Como quando foi colocar Djane contra a parede na faculdade no ano passado, que jogou um verde para extrair à força o que tanto atormentava seus dias. Só havia a certeza de algo errado, mas do que se tratava, não procurou a fundo.

Tenho algumas coisas para te falar. A você e Murilo. Mas não tenho a força para isso.

Intriguei muito quando proferi isso durante uma conversa casual nossa, logo após minha volta da viagem. Disse isso por estar preocupada com a situação dele com Filipe e a história toda da investigação sobre a mãe dele, Viviane, o que acabou por repercutir em mim por causa do que Eric havia me falado uns meses atrás, no dia que o visitei no salão de dança. Era duro desviar do fitar amoroso de Vinícius, de seu toque que intercedia, e das palavras doces, sussurradas. Confie... confie em mim.

Mas como?

Ele não entenderia! E provavelmente não entende por agora. Nem Murilo.

Nem Flávia. O apoio dela foi passageiro só pra ter tempo suficiente de me delatar.

O celular dá uma última tremida, a ligação cai por tanto chamar e eu não atender. Assim checo, entre fungadas, a tela do aparelho e quantas chamadas foram perdidas. De Murilo, de Vinícius, de Flávia. De Gui. Então ele estava sim envolvido conforme minhas suspeitas. Quem mais não deve estar nessa? Daniela? Bruno? Em prol de um bem que não era meu bem?

No momento que iria guardar o aparelho, ele dá uma vibrada breve. Não era chamada, era notificação de mensagem. Iara.

Até você Iara?

Reneguei um pouco, mas termino abrindo a mensagem de texto:

Mi, assim que puder, me ligue ok? É sobre meu pai, Filipe. É urgente.

Com um franzir, estranho o teor do que lá está escrito. Seria armação? Para me atrair? Estaria Iara agindo em conjunto com os outros? Mas apelaria tanto assim com um assunto desses? Não... certo? Não se estivesse lidando com Vinícius ou Murilo...

Quem sabe? Eles não eram os melhores amigos, e nem por todas minhas intervenções Vinícius demonstrou muito interesse quando se tratava de Iara, sua “irmã”. Murilo que foi aceitando mais... E eles não iriam alarmá-la, iriam? Não exatamente a deixam a par das coisas por se manterem mais afastados.

O que teria Filipe agora? Qual era da urgência?

Não adiantava desviar todo o cérebro para essas questões se novamente o celular vibra em minha mão, cortando a tela de mensagens para a tela de chamadas. Djane agora ligava. Meu Deus, eles chegaram em Djane. Quem seria o próximo?

Preciso dar um jeito nisso. Preciso de algu...

Como uma luz suspeita no meio de um túnel sem fim, o celular para quando cai a chamada e recomeça um brilho com um nome diferente. Um nome de alguém que poderia quem sabe me ajudar sem me julgar...


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Notas finais do capítulo

QUEEEEEEEEEM????

Ok, talvez não tenha sido mesmo o melhor jeito de comemorar um aniversário (embora fictício) se só de pensar nas figuras, dá uma dóóóóóó no coração >.<

E essa música... aiin, qnd eu ouvi pela centésima vez enqnt fazia o roteiro de minhas ideias, caiu como uma luva (junto com o clipe) e tive que me proibir de ouvi-la (e vou voltar a ouvi-la daqui a um ano hahaha) pq os feelings vinham intensos T___T sobre essa cena e capítulo. Foi um GRANDE alívio qnd terminei de escrever o/ Alexz Johnson me embalou em mtas viagens e mtas inspirações desde sempre, eis a verdade *----*

E já que tô matando, lá vai um trechinho do próximo:

"- E você está cansada dessa luta.
— Estou perdendo a luta, essa é a verdade.
— Perder nem sempre é uma coisa ruim, Mi. Para enfrentar os muros de fora, temos que quebrar os de dentro. O que quer que eles tenham feito, dê uma chance.
— Não se trata bem de eu dar chance ou não, [ALGUÉM]. Não dessa vez. Eu... e-e-eu também errei. E não foi coisa pouca.
— Eles te amam acima de tudo isso."

Sabe aqueles capítulos que comentei terem sido os mais difíceis (e decisivos)? Acho que mencionei isso enqnt postava na temporada passada... Bom, só digo que estão beeeeeem próximos. Preparem os corações de novo, fortes emoções virão!

See ya!
Alexis K.



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