Título: Traum
Tema: Sonhos
Gênero: Fantasia

Eu pensei que não poderia suportar. O sol quente tornando o asfalto abaixo de mim insuportável. As cinzas que ainda caiam pelo céu daquela cidade amaldiçoada. A morte que demorava a vir. O medo da morte.

A solidão.

Por um momento eu pensei “Deus, como pode fazer alguém chegar ao ponto de desejar a vinda da ceifeira?”.

Eu pensei que tudo acabaria de modo lento e doloroso, como deveria ser. Eu quase chegara ao ponto de desistir, mas foi quando mãos gentis me acolheram. Aquela pessoa, por algum motivo, cuidou de mim. Punha-me à sombra quando o sol estava muito quente, e me aquecia quando o frio era muito intenso. Conversava comigo, mesmo que eu não pudesse responder. Sempre sorria, mas a mim, parecia sempre triste. Algumas vezes eu pensava se havia sido egoísta por achar que eu sentia solidão. Não me recordo de onde, mas me lembro de ter ouvido algo do tipo “Solidão não é estar sozinho. É estar no meio de um milhão de pessoas e ainda assim se sentir sozinho”. Aquela pessoa devia se sentir solitária. Eu queria retribuir tudo que havia sido feito pra mim, dizer àquela pessoa que ela não precisava mais se sentir só.

Aquela pessoa foi embora. Não era mais o frio ou o calor que me incomodava, mas a minha limitação. O que eu poderia fazer, como poderia alcançar aquela pessoa novamente?

De algum modo, meus sentimentos e desejos chegaram aos deuses. Creio que eles estranharam, ao ouvir os desejos de uma planta. Mas enfim, eu tive uma chance, à qual abracei sem hesitar. Mesmo com um corpo frágil, quase etéreo, agora eu poderia ir atrás de quem havia me salvado. Dizer àquele anjo triste que ele não precisa mais se sentir sozinho.

Pergunto-me se ele acredita em fadas.