Marés do Tempo escrita por Marcovithor


Capítulo 5
Duelo de Mentes - Terrores do capitão


Notas iniciais do capítulo

Voltamos a ativa marujos! (Aeew!) nunca desanimem enquanto estiverem navegando pelas marés do tempo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/453676/chapter/5

O homem estava assustado e murmurou algumas palavras fazendo gestos com a mão.
–Pare com suas feitiçarias! Ou eu... - Apertei a ponta de minha espada contra o pescoço do velho até que um filete de sangue começou a sair. -
–Capitão... Não precisa disso...-
–Nunca duvide de feitiçarias, por mais que elas “não existam”... Elas podem ferrar com a gente... Por que acha que tenho tanto azar? Feitiçarias não existem. -
Encarei o Homem com meus olhos, procurei penetrar sua mente, ler seus sentimentos e decifrar seus códigos, como já havia feito milhares de vezes.
Mas eu não esperava que houvesse uma resposta.
–Olá, jovem rapaz, vejo que possui o dom das almas... Não são todos que conseguem isso em vida... -
–Vejo que não é novidade para você a leitura de mentes, será que sabe como impedi-la?-
–Não vejo em suas intenções motivos para isso, nem vou me dar ao trabalho de barrar sua leitura pífia de minha mente. -
Leitura pífia? Senti-me ofendido, sempre pensei ser um dos maiores mestres na leitura de mentes.
A face do velho estava neutra, Lionel nos encarava, sabia o que acontecia, mas não ousava desviar o olhar.
Logo nos vimos no plano mental, era uma grande selva, negra e cheia de pensamentos não revelados... O perigo rondava e espiava, a sensação era clara, não podia ver, mas estava exposto a todos os perigos da mente do velho. Huracan, esse era seu nome. Estávamos numa clareira, cercada de plantas e olhos por todos os lados, e o velho estava à vontade, vestido com seus adornos e tinha uma lança de guerra, ele era careca, e usava uma pintura de rosto vermelha que parecia fazer seus olhos sangrarem. Ele dava medo daquela aparência, assim como tudo ao redor, procurei me concentrar em ver tudo o que podia.
Olhei ao redor, encarei os olhos na mata, eles desapareceram, e a sensação começou a ficar ameaçadora, como se milhares de feras invisíveis pudessem me dar o bote, e matar-me dolorosamente, alimentando-se de minha carne... Sim, era exatamente esta a sensação de estar na mente do velho.
Huracan deu um passo à frente.
–Você quer saber como sair daqui com seus companheiros, não é? Ma agora vejo que desejos novos lhe surgiram, como o saber do que há aqui, e por que o tesouro selado nesta dimensão contem o saber de meu povo... Você é um jovem curioso.-
Eu sorri de lado, senti-me elogiado.
–Sim, exatamente, não há segredos de meu lado. Nenhum. Nada que tenha a esconder.
–Não, mas você tem medos... medo de...-
Algo surgiu, um furacão na floresta, ele passou entre nós, criando um denso nevoeiro que encobriu a floresta, e criando uma barreira ao meu redor.
–Não toque no meu medo.- Saquei meu sabre.-Meus medos são pura impossibilidade, enquanto eu puder fazer algo, eles não existem.-
–Mas aqui você não pode.- Os olhos de Huracan ficaram brancos, e eu fui acorrentado, meu sabre diluiu-se em minhas mãos, e a paisagem tornou-se turva, revelando-se o nada. Sombras rodaram ao meu redor.
–Você é fraco demais para me vencer em minha mente, ingênuo demais para entrar aqui desta maneira, e incapaz de fazer nada, nem sequer proteger a si mesmo, imagine a seus amigos... Sua tripulação... -
Eu me debatia, o pânico entrava em minhas veias como veneno, me mostrava o incapaz que era. As sombras ficaram mais nítidas, e apareceram meus companheiros, de olhos fechados, ao meu redor... Eles me cercaram, e todos abriram os olhos, revelando o nada, o vazio... a sensação era de morte.
Estava começando a perder...
–Acorde Capitão!- Lionel me puxou. O velho estava no chão, sua cara era estranhamente enigmática. Não sorria de maldade, nem nada, apenas me encarava. Eu entendi. O processo mal havia começado.
Eu estava perturbado, Huracan havia simplesmente me mostrado parte de meu interior, a parte que me perturbava. Eu estava mal, mas, no fundo, sabia que ele não era mal, por mais que tenha tentado parecer.
–Vamos, Lionel, vamos... -
Fizemos o velho Huracan de refém, colocamos uma pistola em sua cabeça, e a espada em seu flanco, e descemos. O usaríamos para passar pelos inimigos e o levaríamos ao navio para que ele nos mostrasse como sair do planeta.
Descemos a escada em silêncio, a noite estava vazia e metálica como sempre, e o velho descia sem o mínimo sinal de cansaço ou de rebeldia, Lionel olhava para os lados e eu segurava a pistola próxima a Huracan, mas minha mente estava longe...
Terminamos de descer a grande escadaria, e caminhávamos pelo pátio, o sol já saia pelo horizonte, e tudo começava a ficar claro, apressamos o passo pelo campo aberto, tínhamos que sair logo dali... Tinha uma má impressão...
O velho Huracan parou. Eu me bati nele, que estava como uma rocha, e cai de bunda no chão, derrubando minha pistola. Lionel sacou a espada e posicionou no pescoço do velho por algum motivo. Minha bunda doía.
Estávamos cercados. Guerreiros com zarabatanas e lanças saiam de todas as ruas, fechando-nos por todos os lados, pintados, alguns com estandartes.
Um guerreiro que parecia mais forte veio a frente, seguido de dois guardas com pinturas corporais.
Ele falou algo em sua língua, e riu. Eu entendi: -Esses dois idiotas acharam mesmo que iam entrar aqui sem que ninguém os visse- Risos.
Eu sorri de lado. –Deixem nós ir embora ou seu velho ancião morre aqui e agora.-
O guerreiro me olhou.-Olha, você fala minha língua (ele não entendera que eu falei mentalmente) Pois bem, eu conheço vocês, piratas, e sei que vocês dão valor demais a própria vida, pois bem, matem nosso ancião, mas morrerão, os dois, agonizantemente.-
Eu olhei para Lionel. –O que a gente faz agora?Corremos?- Ele me olhou, uma gota de suor frio escorreu de sua testa. –Esperamos... -
Olhei ao redor, não haviam saídas, e, se tentássemos abrir uma, morreríamos antes de qualquer coisa. Olhei para longe, para o mar cristalino daquela terra. Vi nosso navio dali... eles pareciam estar se movimentando... entendi. Sorri de um lado só. Meu canino brilhou.
Os guerreiros a nossa frente estranharam, e se apressaram.
–Então, devolvem o Huracan e vivem ou matam ele e morrem?- O guerreiro mentia, ele nos mataria de qualquer forma, estava claro, na primeira linha de pensamentos.
Eu disse: -Eu escolho... Ir embora.
Varias explosões aconteceram simultaneamente ao redor, saímos correndo, guerreiros voavam e sangravam por todos os lados, prédios caiam, o telhado do palácio central fora atingido pelas balas de canhão, e pedras rolavam e voavam por todos os lados.
O barulho ensurdecedor encobriu nossos passos, e a densa fumaça metálica encobriu nossa fuga, corremos por cima dos prédios que desabavam, tropecei e cai dentro de uma sala, onde uma criança me olhava assustada, murmurei um “bom dia” e pulei pela janela.
As ruas estavam um caos, o bombardeio destruiu-as, guerreiros corriam e pessoas se escondiam enquanto os prédios caiam em ruínas, a fumaça e a poeira cobriam tudo, corri para a saída da cidade.
–Não você não vai!- O guerreiro de antes me encontrou e atirou-me um dardo envenenado, que me atingiu o braço. Gemi de dor.
Ele veio para cima, com uma lança de sílex, saquei a espada com o braço direito, e fiquei a postos, o meu braço esquerdo pendia dormente.
Ele avançou e perfurou com sua lança.
Ele não notou, eu soltei minha casaca, que eu havia tirado, e onde a lança realmente se fincara, por sorte. Girei lentamente, diante de sua surpresa, cortei o cabo da lança e girei o sabre, cortando-lhe o peito em diagonal.
Ele caiu, ainda com a feição surpresa, eu peguei minha casaca furada e corri para fora da cidade.
Na mata, cai numa clareira, meu corpo todo doía, excruciantemente, a dor vinha do braço, que já não tinha mais sensibilidade alguma, fora a dor. Retirei o dardo envenenado, uma gota de sangue coagulado pingou do furo.
Procurei desesperadamente em minha bolsa pelo antídoto, será que tinha esquecido? Não, não podia ser, tinha deixado para os outros e esquecido o meu... Impossível... Bem o meu tipo de coisa...
Perdi a sensibilidade no tronco, nas pernas, meus dedos tateavam o fundo da bolsa, procurando, desesperadamente, eu perdia a visão... O veneno impedia a circulação... Meus dedos se moveram inutilmente, a face de Ghost me apareceu... Eu morreria por essa burrice?
Bem meu jeito mesmo...
Se eu morrer, meus amigos ficarão pesos aqui e morrerão! Esse pensamento me irritou, bem, e verdade que nada mais eu podia fazer, mas uma coisa que eu também não podia era me render à morte assim. Então, eu tinha que me manter existindo, tinha que me manter pensando.
Eu desenvolvi a um tempo um poder mental... Uma espécie de transmissor de pensamento, que poderia passar de minha mente pensamentos para outras pessoas, através de ligações mentais, mas eu não tinha poder suficiente para isso...
Abri meus olhos. Isso não seria necessário, eu não morrera, dessa vez.
Foquei-me em sentir os arredores, eu estava na cabine, na minha cabine, Ghost estava do meu lado, e me olhava de um jeito engraçado, eu devia estar fazendo expressões engraçadas enquanto dormia, fiquei envergonhado.
Levantei-me e sentei na cama, minhas roupas havia sido tiradas, veio-me uma pequena aflição por um tempo, mas que controlei, pois estava vestido com meu roupão e calças.
Percebi que ainda estava sujo, veio-me a mente a encantadora e macia ideia de um banho, Ghost ainda me olhava de um jeito engraçado, encarei-a de volta, rindo. Entendi que ela havia me salvado, dando-me o antídoto quando estava a morrer, e depois, ela e Lionel me trouxeram aqui, de volta, e ela tinha mandado que bombardeassem a cidade, para que fugíssemos.
–Obrigado, senhorita... - Disse eu. –Não foi nada- Respondeu-me –Gosto de salvar mocinhos em apuros- completou, eu registrei a ideia, e ri, ela riu junto. Eu levantei e pedi-lhe um abraço, ela deu-me e, com um olhar carinhoso, saiu. Espera, tinha alguma coisa naqueles olhos...
Respirei fundo... Nossa, era cansativo quase morrer! Fui tomar um banho relaxante, e preparar-me, surpresas aguardavam a todos nós, e eu já as tinha em mente.
Pronto, já, vesti-me com minha roupa de capitão, a sobrecasaca negra com uma caveira estampada, o sabre, e as pistolas, a faixa negra que sempre usava, a calça, também negra, e as botas. A camisa era branca, de linho básico.
Abri a porta da Taverna. –Companheiros, peguem o que puderem, vamos sair deste lugar. -
Cravei uma faca na mesa, onde jazia um mapa do planeta feito às pressas.
–Meus senhores, e senhoras... Há uma maneira de sair deste lugar... Esta, como devem saber, se trata de uma dimensão levemente paralela, como um bolso no espaço, aberto com a única finalidade de separar este planeta do resto... Bem... Isso nos impede de sair. Mas... -
Olhei para Lionel.
–Seu capitão aqui é um cara esperto, então... Eu descobri um lugar neste planeta onde há uma fresta, que nos levará de volta a nosso espaço... Ricos. -
–E onde é este lugar? Teremos de deixar nosso navio?- Perguntou um dos nossos.
Eu ri de um lado só. –Não deixaremos este navio de maneira nenhuma!-
–Então fica em mar?- perguntou outro.
Meu sorriso aumentou, deixando a mostra um de meus caninos, que brilhou levemente a luz amarelada da taverna.
–Sim... Embaixo dele... Num lugar especial... Conhecido como... Atlântida-


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por favor, me digam o que acharam, preciso melhorar ainda mais minha escrita e minha historia! (ah, e quero saber se gostaram também!) :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Marés do Tempo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.