Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 59
Pode ir que vou ver uma catástrofe espaço-temporal aqui.




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Eu nunca disse que ele era um Vril até porque Krom não era isso. Krom era muito mais que um Vril, essas criaturas que pensam que são os donos desse mundo e usam da energia de sua essência para destruir tudo para chegar ao poder. São como bruxos ou magos talvez, mas é errado compará-los a anjos. Um anjo não pode ser tão maléfico quanto um Vril é. Eu já presenciei um Vril. Krom Hellrock estava longe de ser isso. Se fosse um Vril não conseguiria utilizar da energia amarela da forma como utilizou. Krom Hellrock era muito mais do que essas criaturas de baixa escalão que aterrorizam o universo...

Krom Hellrock já era forte antes mesmo de se tornar um Imperador Solar. Acredito ou não: eu sentia na presença dele uma essência humana muito superior aos outros. Uma essência que só pude sentir outra vez em um outro ser humano. Mas foram apenas esses dois, e eu não sei o que fazia com que eles fossem tão diferentes assim. Sabe, eles eram humanos, mas eles ainda eram mais do que isso. A primeira vez que ele veio para que eu treinasse eu senti uma diferença em suas habilidades. Apesar de vocês dois e também aquele Wilson terem mudado bastante depois de se tornarem cobaias e todo esse papo de super soldado, Krom ainda era o mesmo. Era o mesmo garoto jovem mascando chiclete enquanto pensava humildemente sobre o quão bom era a sua vida antes da guerra ter eclodido.

Talvez vocês não saibam disso: Krom era rico e estava se esforçando nos estudos. Tornar-se-ia um engenheiro dos bons se não fosse a guerra que simplesmente acabou com tudo. Pessoas até mesmo do alto escalão estavam sendo forçadas a se juntarem à força militar. Para Krom não foi diferente. Toda sua sabedoria sobre matemática e físicas foi deixada de lado para que recebesse uma arma e sobrevivesse pelo "bem" da nação. Não demorou para que ele percebesse que essa guerra, assim como qualquer outra, era simplesmente perda de tempo. Tornou-se um desertor. Entretanto foi pego no ato e por conta disso se tornou um prisioneiro dentro do quartel onde servia. Seria julgado e provavelmente jogado na cadeira elétrica se não fosse o fato de que alguns cientistas estavam precisando de algumas cobaias. Incrivelmente ele deu muito bem na experiência.

Incrivelmente? Não, não incrivelmente. Isso já poderia ser presuposto. Aquela sua essência era sensacional demais para que algumas besteiras químicas acabassem com ele tão fácil. Entretanto Krom era uma bomba. Estourou. Estourou pelo fim da guerra. Mas essa essência dele permanece conosco...

– Isso é algo muito difícil de acreditar - interrompeu o Imperador Solar de terno branco.

– Esse velho sabe o que está falando. - Molly cuspiu o cigarro na neve e encarou Xupa Cabrinha. - Sua atitude não é nada cconvicente como Xupa Cabrinha, não parece nem um pouco com o Xupa Cabrinha que eu conheço. Eu sei que cada ser em cada universo tem as suas particularidades, mas eu pensei que algumas singularidades fossem mantidas e uma das bases de vida do Xupa Cabrinha que eu conheço. Digo, que eu conheci, é de não ser um cuzão.

– E agora ele está morto porque correu contra o inimigo errado. É só questão de tempo para esse super-herói louco espatifar as nossas cabeças assim como fez em todos os outros universos - disse Xupa.

– Ele não tem punho para isso. - Ironicamente Molly também não tinha punhos no momento. - Nós nem estamos no planeta sobrevivente para o protegermos desse inimigo. Seja lá qual for o inimigo nós não podemos fazer mais nada. Estamos trancados nesse caixão de gelo para sempre.

– Molly... Por que você entrou no caminho deixado por Wilson se já sabia que não teria volta? - perguntou Xupa Cabrinha.

Molly sorriu e olhou bem nos olhos de Ramon, depois encarou mais Xupa Cabrinha já com uma expressão mais séria. - Olhe bem o meu estado. Não serei últil de mais forma alguma. Não tenho minhas armas mais poderosas, meus punhos, e além disso tenho pouquíssima energia amarela acumulada. Só vim aqui dar uma última conversa com meus companheiros.

– Você sabe que você ainda pode ser muito útil Molly.

– Sinceramente... Olhe o meu estado. Eu sei que você andou me observando, mestre, e não te culpo de não me ter ajudado porque sei que isso não cabe a você. Eu sou o culpado da destruição do meu próprio mundo. Não fui forte o suficiente para protegê-lo e não tenho muito ainda a fazer. A única coisa que ainda me resta.... É a minha Noroi.

Ramon não gostava muito desse papo de Noroi. Nunca acreditou nessa maldição.

– Sua Noroi pode ser bastante útil.

– Você nem sabe pra que ela serve.

– Se a minha é útil, imagino que a sua também.

– Você pode ler mentes, alguma porra dessas né? Explique isso melhor.

– Por favor... Jovens... Não vamos falar disso... - Ramon estava de saco cheio desse assunto.

– Velho. Eu sei que você preza muito por nossas vidas, mas as horas de nos sacrificarmos chega. Krom se sacrificou com sua Noroi e conseguiu evitar que o restante do mundo inteiro morresse. Você tem que entender que por mais que as nossas maldições possam causar dores elas previnem dores muito maiores. - disse Molly.

– Não sejam tão imbecis a ponto de fazer uma coisa dessas. Vocês são mais inteligentes do que isso. Conseguem lidar com a situação juntos sem grandes problemas. Não é confiança que os falta. É...

– Você vai dizer aquela coisa de paixão de novo, não é velho? - Molly desejou ter um cigarro porque estava doido para fumar um outro. Estava com uma dor de cabeça infernal e com dores em todo o corpo, além de que a ausência dos seus membros causava uma dor desnecessária e flamejante.

– Essa é a realidade. - Era nisso que Ramon acreditava.

– Eu acho que você foi cegado por essa coisa que você chama de paixão. Em algum momento na sua vida, talvez bem no início, você chegou bem perto da loucura. Talvez tenha passado muito dela. Então conheceu essa coisa de paixão e simplesmente se tornou um fanático por isso. Eu não sei se foi bem isso, talvez tenha sido uma história diferentíssima da que eu tenho em mente. Não acho que seja necessário pensar nisso porque seria inútil e uma perda de tempo. Descobrir o passado de uma pessoa por analisando o que ela é atualmente é um caminho que foge da razão. Mas eu acho que foi alguma coisa muito próxima disso - disse Molly. - Você não é um herói. Não é um salvador. Não é um mestre. Você fala besteira e diz besteiras. Isso é que você é.

Xupa não estava entendendo a atitude de Molly em dizer essas coisas tão repentinamente. Talvez Molly tenha esperado toda a vida para dizer isso e agora que estava bem à beira da morte não tinha mais motivos para não dizer. Ramon não estava furioso com essas palavras. Pensou nessas palavras bastante e sabia que no fundo elas eram verdade. Ramon havia chegado uma vez á loucura e essa loucura o trouxe até o templo. Quando chegou ao templo nos Confins do Universo... A primeira coisa que fez foi olhar para os quadrados. Achou aquilo maravilhoso. Só que mais dentro dos quadrados havia detalhes muito mais maravilhosos: a vida de cada um. O amor de cada um. A paixão de cada um. As amizades de dois ou mais. Aquilo era magnífico. Aquilo o salvou de se tornar algo que nunca poderia saber o que era.

– Todos nós chegamos à beira da loucura alguma vez. Às vezes até ficamos loucos e voltamos ao normal com o tempo. Mas esse termo, loucura, é uma grande besteira também. Você não pode dar padrões para as ações de uma pessoa. Penso mil coisas a cada segundos e não sou o único, vocês pensam sim, você também velho, você também é um de nós, um humano, não negue isso. Qualquer coisa que vamos fazer está ali, entre essas mil coisas. A probabilidade de agir dentro do padrão é muito menor do que agir como um louco, isso é óbvio. Somos todos loucos, um pouco. Mas você é com certeza o mais louco de todos... Se enganando com esse papo furado... Ah... Como eu queria um cigarrinho agora.

Molly olhou para o cigarro no chão, quase soterrado de neve. Por que havia cuspido-o? Poderia o estar saciando até agora.

– A Noroi de Krom podia fazer calamidades explosivas tal como fez. A minha Noroi pode absorver toda energia ao meu redor. Mas em troca disso... Nós morremos. Sua Noroi é uma contínua, Xupa Cabrinha, o que não faz muito sentido pelo fato da regra da utilização das Norois ser de sacrificar-se.

– Eu posso ativá-la e desativá-la. Mas nunca posso usar por um grande período de tempo porque a cada segundo que eu a uso são três segundos mais próximos da morte. Às vezes ela se ativa por si só mas não recebo penalidades por isso, eu acho. Ela não pode proporcionar catástrofes como as que você citou, mas é bastante útil. Foi graças a ela que eu acho que descobri o nosso verdadeiro inimigo. Eu provavelmente estava com ela ativada enquanto conversou com esse super-herói, mas eu ainda estava com minha consciência apagada então provavelmente foi um desses casos em que ela se ativou por pura e espontânea vontade.

– Mas você não pode confirmar isso uma vez que você, Xupa Cabrinha, nem estava com sua mente acordada - disse Ramon.

– Sim, mas essa ideia... Os pensamentos que eu captei dele continuam na minha cabeça e são mantidos com total certeza pela minha mente que são verdades. O super-herói queria me manipular para me levar à presidência e de alguma forma eu morreria. Comigo morto seria mais um passo para o plano dele.

– E que plano é esse? Ok, isso você não sabe e não vou focar muito nisso. Mas... E se ele não for o verdadeiro inimigo? E se ele trabalhar junto com o meu inimigo? Afinal... O que ele é? Ele não é um simples viajante do futuro para ter transportado você para o futuro de uma dimensão de terceiros. Isso requer poder demais.

– Tanto faz velho, não podemos fazer nada daqui. Pelo menos não eu, mesmo se você tirar uma carta da manga aí.

– Eu tenho uma carta na manga, seu inocente. Eu não me arriscaria tanto na missão que eu estava vindo. Eu já sabia da possibilidade de falhar e eu preparei planos Bs para cada passo. Entretanto Xupa diz que estou perdendo meu tempo, então não sei o que realmente fazer. Nem conheço muito meu inimigo, mas ele é perigoso. Ele pode fazer o que bem quiser com o planeta sobrevivente a qualquer instante. Pode estar destruindo ele enquanto estamos aqui, mas isso não é verdade até porque meus olhos não veem isso.

– E que plano B é esse? Eu não sei nada sobre ele, mas tenho certeza de que irá falhar. - Molly foi sim rude, mas ele já não ligava mais para nada. O vento frio bateu em seu rosto e balançou sua cara para tentar desviar do frio, um movimento de puro instinto até porque já sabia que isso não aconteceria.

Ramon tirou um dispositivo pequeno do bolso de sua calça e mostrou para os outros companheiros. Depois tirou outro de outro bolso. Procurou um terceiro, mas não existia. Eram duas máquinas do tempo, tais como as que Mario utilizava quando um pioneiro viajante no tempo. Eram apenas duas máquinas de viagem espaço-temporal para três marmanjos. Um deles ficaria de fora e Molly viu no rosto de Ramon que o velho nem diria isso. Já estava na cara. E antes mesmo de observar o triste olhar de Ramon de "é, alguém vai ficar pra trás e vai ser você né, Molly" ele já havia percebido. Olhou para um lado e depois para o oposto, procurando ficar um pouco mais alheio a tudo que estava acontecendo.

Depois de alguns segundos deu as costas aos companheiros e simplesmente caminhou em direção contrária a eles, que apenas observaram. Olhava para os lados encolhendo seu corpo de tanto frio. Seu terno estava coberto pelo frio e decidiu que morreria assim mesmo. Vou morrer de um jeito ou de outro, esse era seu pensamento desde antes de chegar àquela dimensão. Morreria ali agonizado com todo o resto daquele mundo infértil de vida e desconfortável com o seu fim. Não esperava que esse fosse o seu final. Foi inútil para os seus amigos. Foi inútil para os últimos humanos que sobreviveu. Foi completamente inútil. Um soldado. Um falso herói. É tudo que eu fui na minha vida. Talvez eu deveria ter aproveitado mais. Eu não sei bem como. Mas talvez eu deveria ter sido mais... Cuidadoso com as pessoas? Mais atencioso com elas? Eu não sei e provavelmente não terei outra vida para saber disso...

E andou o restante do tempo que teve por aquele mundo congelado. Sem emoções. Sem luz. Sem calor. Sem intensidade. No fundo sua vida havia sido assim. Não protegeu seus amigos quando precisou: foram todos estralhaçados pela invasão das máquinas inimigas. Foram todos destruídos pelo vórtice da ira daqueles que se chamavam humanos perfeitos. Talvez o seu planeta Terra já estivesse completamente desabitado. O fumante estava morto. A anciã permanecera nos confins do universo. O cadeirante havia se tornado um novo homem e partira para um novo mundo. Seu Xupa Cabrinha estava morto. Seu Frota estava morto. Seu Wilson estava morto. E Don Ramon estava pensando em fazer bobagens. Sinceramente nada que aquele velho faça será o suficiente para derrotar nosso inimigo, seja lá quem seja esse adversário está mais do que preparado para terminar com nós, míseros insetos. Somos todos humanos, mas eles se acham melhores, eles têm mais tecnologia. Eles podem, assim como já fizeram em infinitos universos, acabar com tudo. Por que não conseguiram destruir esse planeta Terra então, esse planeta sobrevivente? Não faz muito sentido. Pergunto-me nesse momento o que teria acontecido nesse planeta para sobreviver assim. E era simples: Foi o único planeta em que Shepard decidiu falar demais. Começou com uma brincadeirinha, mas Shepard simplesmente colocou todo o plano em risco e, por consequência, teve que alterná-lo.

– É assim que será? Deixaremos Molly sozinho vagando por esse universo até que morressemos?

– Eu não queria que fosse assim. Meu jovem discípulo... A vida é feita de escolhas. Ele escolheu morrer e já aceitou isso antes que eu tivesse proposto qualquer outra maneira de escaparmos dessa dimensão. Minha escolha de vir para cá foi tola, mas a dele foi maior ainda se ele ainda tivesse razão para viver. Essa outra máquina de viagem espaço-temporal na realidade nem para você era, não contava com a sua aparição. Era para um companheiro que sequer estar nessa dimensão. Pelo menos é isso que eu julgo. Infelizmente só podemos rezar por ele também assim como por Molly.

– De qualquer forma esse Molly é apenas um inútil. Ele chegou aqui sem um braço e sem uma mão. Não há sangramento por ser um Imperador Soalr e ter técnicas de regeneração impecáveis, mas até mesmo para nós é impossível recriar todas as células de um braço. Pra mim que estou com minha carga solar no máximo já é impossível - para ele que está completamente esgotado não há volta. Ele já estava fadado à morte muito antes de aparecer por aqui. Esse homem não acrescentou nada na nossa missão e muito menos em nossa discussão, ele apenas disse que Krom era um Vril ou que ele era diferente. Mas você diz que...

– Krom era um deus. Ou quase um deus.

– O que diz? Isso é verdade? Mas deuses não existem.

– Não existem ainda. Podem existir. Deuses não são simplesmente formas de manifestação astral que podem fazer milagres. Deuses somos nós que dominamos o universo. Quanto mais dominarmos o universo mais o ser humano se torna deus.

– Então você finalmente se considera um ser humano. Bom saber disso.

–Tudo indica que no futuro o homem dominará por completo o universo e então...

Ramon finalmente percebeu onde a sua dedução estava para chegar: os futuros seres humanos são os deuses. O que isso quer dizer? Que o futuro que não podia observar era o lugar onde tudo era controlado? Que todos eram marionetes controladas por ele? Talvez, algo ainda muito menos fantasioso, o viajante do futuro que se encontrou com Xupa era... Um Deus? Preferiu não dizer isso ao homem de terno branco até por ser algo muito arriscado por se dizer formulado por uma teoria não comprovada experimentalmente e que só pôde ser fundamentada por conta da observação de milênios que Ramon teve da humanidade. Mas era muito provável que estivesse correto. Xupa Cabrinha viu o fim dessa dedução: não era preciso ser uma mente brilhante para isso.

– Então nossos inimigos são deuses? - disse Xupa.

E será que o inimigo de Ramon também eram deuses? Ou melhor, eles fossem algo muito próximo dos deuses. Eles não viviam no futuro por conta de Ramon já poder vê-los. Então talvez esse seja o destino: tornar-se-ão deuses após erradicar todas as raças humanas. Já estavam muito próximos. Tinham uma sensacional ciência, controlavam quase tudo.

– Talvez nós estivessemos falando desdo início do mesmo inimigo. Mas, claro, eu não posso confirmar isso. Mas se o meu inimigo é o mesmo que o seu, tudo significa que o meu é o seu no passado. Meu inimigo controla quase que completamente o seu universo. Se partirmos primeiro para o seu inimigo apenas o destuiremos no futuro e ele no presente continuará existindo e será ainda um outro problema - implicando que conseguiremos derrotar deuses. Se partirmos para o meu... Significa que o seu será dizimiado por ser uma presença futura do meu.

– Entendi, mas não podemos confirmar isso e por causa da existência desses dois problemas nós teremos que arriscar em um deles. Óbvio que teremos que partir para o mais seguro e atacar os próximos de deuses. Ah, velho... Você ganhou. Tudo bem, nós podemos primeiramente lidar com eles. E como você pretende atacá-los?

– O universo deles é de quase impossível penetração principalmente porque nós sabemos muito bem que é uma porcentagem muito pequena de universos que eles estão (um) dividido pelos universos existentes (infinitos). Eles são providos de uma inteligência invejosa e acho que tudo que podemos fazer é... Esperar o ataque.

– O que você quer dizer? Você provavelmente perdeu a chance. Eles atacaram o seu templo e sequer pôde derrotá-los. Wilson criou um portal para que eu pudesse seguir o inimigo e incrivelmente estou aqui.

– O que só pode indicar que o inimigo esteve aqui. Ou que ainda está. Mas eu não acho que ele tenha sido tão idiota a ponto disso.

– Mestre Don Ramon... Sugiro que voltemos para os Confins do Universo. Só assim poderemos saber onde o inimigo está. Com a sua visão fenomenal poderemos localizá-lo.

– Mas não poderemos ir até ele. Teremos uma gigantesca dificuldade. Essas duas são as minhas últimas únicas máquinas de transporte espaço-temporal não-aleátoria. Não sou um deus para poder me transportar para onde eu queira. Sou apenas um humano como você.

– Você conhece os segredos do universo. Estou longe do seu nível. Há algum ritual pagão ou macete físico que possa ajudar-nos - disse Xupa Cabrinha.

Ramon olhou ao redor e ficou um pouco mais pensativo que o normal. Olhou para fora e para dentro de si. Olhou para toda a região ao redor. Olhou para grande parte daquela galáxia. Olhou para Xupa Cabrinha e viu Krom Hellrock. Mas não via a resposta para esse problema em Krom Hellrock também.

Molly retornou de sua caminhada e olhou diretamente para Xupa. - Xupa Cabrinha, você pode ler a Noroi dos outros por ser um Imperador Solar. Nosso inimigo também tem uma Noroi.

– Como pode ter certeza disso? Já o enfrentou?

– Sim. Venho de uma dimensão em o planeta Terra estava no caminho para ser destruído. Batalhei contra grandes inimigos e um deles usou uma habilidade em que abdicou de seus dois olhos para que selasse grande parte de minha força. O problema é que ele não foi apenas essa Noroi. Depois ele abdicou de seu tato a fim de cancelar a minha Noroi que usei impulsivamente nele. Entretanto... Eu acho que ele tinha muitas outras Norois. Aquele homem era um conjunto de Norois.

– Não entendo como alguém pode ser tão tolo a fim de se destruir para destruir o seu inimigo - disse o velho.

– É simples. Nossos inimigos tinham uma tecnologia espetacular. Não duvido que ele possa resetar os dois sentidos que ele abdicou a fim de me derrotar. Bem, eu não o derrotei e nem vice-versa. Acabou que sua missão foi abortada e inimigos diferentes - completamente diferentes dele - atacaram em seu lugar nos seguintes dias. O que posso dizer que ele ainda está vivo. Ele está se recuperando e ele estará mais forte ainda.

– Foi contra ele que você perdeu seu braço e sua outra mão? - Perguntou Xupa Cabrinha.

– Não. Eu perdi meu braço e minha mão agora pouco na verdade. Foi contra um inimigo bem mais fraco, só que eu já estava completamente sem energia solar e tive que me transformar na mesma. E, bem, acabei tendo que converter alguma parte do meu corpo em minhas emissões de energia solar. E era um tipo de inimigo que eu só podia derrotar com esse tipo de ataque.

– Então esse é um inimigo localizável. Mas como chegaremos a ele? - Indagou Xupa Cabrinha.

– Eu já fiz minha parte - disse o caolho.

– Nós esperaremos que ataque. Observá-lo-ei até que veja o seu movimento. Xupa me apontará ele e então esperarei que ele comece a se mover bruscamente em prol do êxito de seu objetivo. Avisá-lo-ei quando isso acontecer e assim poderemos acabar com esse inimigo.

– Vocês estão pensando que esse cara é o chefão por trás disso tudo, né? Posso confirmar que não. Esse cara estava entre soldados.

– Mas se ele agir significa que o chefão tenha ordenado.

– Vocês estarão agindo às cegas. Mas não há outra opção que possam escolher. Estarão preparados para o ataque desse soldado mas não para o grande inimigo. Game over de qualquer jeito.

– É o melhor que podemos nos preparar. Não há nada que possamos fazer se não isso.

– Vocês não vão fazer besteiras. Se meu inimigo foi o mesmo que vocês estão para enfrentar os protocolos são os mesmos. Eles enviam tropas diferentes a cada 6 horas alternando entre três tropas robotícas, depois vem duas tropas de andróides energéticos e por último 5 tropas de soldados humanos. Foi depois desses soldados humanos que veio esse adversário de Noroi. Junto com ele veio uma tropa e meia de dobradores de energia escura, que são um problema. Depois vem meia tropa de esferas sugadores de energia, outro problema. Depois disso eles dobram a quantidade de round e ao invés de ser 5 horas cada tropa se torna 3 horas por tropa menos o número de tropas (considerando tropa = meio minuto). No fim de cada round par eles usam uma bomba físico-direcional na área alvo da falha da última tropa. São estratégias de guerra planejadas por um robô e provavelmente elas não mudaram. Com isso vocês conseguirão proteger essa Terra sobrevivente e assim vocês mesmos.

Ficaram surpresos. Um homem sozinho, um Imperador Solar, conseguiu sobreviver isso tudo e percebeu apenas no final alguns membros de seu corpo? Quer dizer, Molly era claramente um herói.

– Não me olhem assim, vão logo embora daqui e me deixem morrer tranquilo. Já passei toda informação útil que eu podia e agora sim eu me tornei um completo inútil. Enquanto vocês vão eu vou tentar acender esse cigarro no chão convertendo o meu dedão do pé em energia.

Xupa olhou para Ramon que concordou. Seria uma tarefa difícil. Não era algo que apenas dois guerreiros, por mais poderosos que fossem, conseguiriam sobreviver. Precisavam de mais homens. De outros Imperadores Solares.

– Para a Terra? - perguntou Xupa Cabrinha, já pensando em conseguir reforços.

– Precisamos antes de tudo encontrar esse inimigo. Preciso que você detecte sua Noroi e com isso poderemos começar esse plano.

– Diga-me que há mais dessas máquinas de transporte no templo para que possamos ir até a Terra reunir alguns amiguinhos para lutarmos juntos. Você sabe que não podemos fazer nada contra essas estratégias de guerras absurdas sozinhos.

– Não estamos sozinhos. - E com isso Ramon apertou o botão.

Molly enviou uma pequena partícula de energia amarela para o bolso de dentro do terno branco de Xupa Cabrinha. Olhou para Xupa. "Você sabe o que fazer com isso" e aproveitou seu cigarro.

Xupa se despediu de Molly com um breve "adeus" e em seguida apertou também o botão. Desapareceram junto com um bocado de neve enquanto Molly fumava aquele cigarro e via sua vida passando ao redor de seus olhos naqueles últimos instantes. Usava a sua energia amarela para manter uma bolha de calor em volta de seu corpo. Ah, eu não vejo graça em morrer de frio. Um Imperador Solar tem que morrer pelo seu próprio Sol! Tornou-se pura energia e o cigarro caiu ao chão, trilhou sua caminhada até as estrelas e lá se tornou parte daquele sol bem distante do planeta gelado. Sendo parte do Sol se tornou um amontoado de energia solar. Sua chegada provocou uma colossal erupção de energia solar na própria atmosfera do Sol que para qualquer observador distante não significava nada.


Dom Picone disse para Frota que qualquer coisa que estivessem que fazer eles simplesmente fariam e ponto final. Estavam sem dados e sem qualquer outra coisa para que fossem guiados e uma mulher cega era a única que poderia guiá-los com suas informações que estavam ausentes de informações oculares. Ela só podia dizer que seres robóticos atacavam feito loucos o seu planeta Terra e Molly salvava ela, o fumante e o cadeirante.

– Nós não podemos agir sem que alguém retorne para cá - disse a Anciã.

– Estou para entender isso ainda - disse Frota deliberamente confuso.

– Eu também. Como dizia minha avó "O que é mais fácil é o que você não entende". Vamos lá. Esse trabalho vai ser mais fácil se pensarmos que ele confuso. Coisas confusas sempre são mais simples. - E nesse momento Picone percebeu que sua avó provavelmente tinha alguns problemas de sanidade mental. - É. Nós precisamos ir para Terra. Sem dúvida. O dragão pode nos levar até lá...

Xupa e Ramon voltavam com algumas novidades. E nenhuma delas era o retorno de Molly, mas ainda estava com Xupa Cabrinha a partícula que seria usada mais tarde para recriá-lo.

– Nós estamos sem tempo para conversar, Picone.... Rapaz de óculos escuros e Jovem Detectora de Energias. É um prazer recebê-los no templo, mas não temos tempo pra isso. Vá, Xupa, use logo o que você tem que ver.

– O prazer é todo meu mestre - disse Picone.

Xupa fechou os olhos e viu em todos aqueles quadrados apenas cinco Norois vivas e transmitiu isso para Don Ramon.

– As possibilidades então são bem grandes, disse Ramon. Mostre-me onde estão e assim poderei vê-los. - Expandiu também o seu olhar e ao tocar o cérebro de Xupa Cabrinha descobriu onde estavam. Eram Norois estáticas. Eram indivíduos comuns que não conseguia interligar qualquer relação com seus adversários. - Eu não vejo ninguém que seja claramente um inimigo. Mas o observarei até que as palavras de Molly sejam confirmadas. Se não forem, quer dizer que alguma coisa está errada e não saberemos o motivo.

– Acompanhá-los-ei até a Terra então mestre.

– Que o Grande Dragão os guie então - abençoou Ramon.

O grande problema de quando o dragão se desloca para dentro dos universos é que ele acaba alterando um pouco o lado dos quadrados. Alguns quadrados acabam entrando um em outros e isso acaba dando algumas merdas. A vinda do dragão em busca de Picone ocasionou na problemática de Frota que atravessou os universos simplesmente por se deslocar normalmente no espaço. Isso significa que essa viagem de nossos heróis está para causar algum problema em alguma parte de algum universo e Holly estava de olho nisso.

– O tempo não está muito bom. Martin, você está com vontade de sair para beber? - Martin não queria beber e sinceramente não gostava muito de Holly. Só era simpático com ele porque achava-o bem simpático também, mas sentia que Holly fosse uma pessoa bem falsa.

– Não estou não, mas se quiser eu posso sair contigo mais tarde.

– Não acho que seja algo muito legal ficar aqui fora tentando empurrar esse carro já que o tempo vai fechar. Aliás, como será que o Herbie conseguiu enguiçar o carro dele bem aqui cara?

– Eu não sei. - Foi sincero.

– Enfim. Acho melhor andarmos um pouco até que esse deserto termine para irmos para debaixo de algum teto - disse Holly, meio que arrumando desculpas. O clima estava ótimo e o problema era que sabia que o universo estava para entrar em colapso por ali e isso normalmente não é muito legal. Estava arrumando desculpas para que seu amigo não se envolvesse nisso. - Na verdade... Vá na frente, preciso tirar uma água do joelho.

Sabia que Holly não ia tirar uma água do joelho mas não queria saber o que aquele homem mentiroso estava para fazer. Não era de seu interesse. Seguiu em frente e Holly encostou no carro apenas para observar a catástrofe do que estava pra acontecer. Na verdade já sabia bem o que estava para acontecer: uma coisa muito legal. Seu trabalho finalmente seria útil.


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