Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 56
O fim do maior inimigo.




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A grande diferença do enredo anterior para esse foi a completa mudança de visão que o leitor sofreu quando lendo sobre os personagens até agora. O que era um enredo completamente non-sense com aspectos irreais e pouca verossimilhança com a realidade tornou-se mais irreal ainda, e é comum assimilar a irrealidade com a realidade. Não é louco se consegue ver verdade nas palavras que aqui estão sendo escritas: pense novamente, uma interpretação abstrata da realidade é o mais concreto que o ser humano consegue ter. É a partir dessa interpretação, até porque nenhum ser pensante consegue ter uma perspectiva completamente imparcial, que formamos a identidade de universo, vida e qualquer outra coisa que consiga imaginar. Tudo depende da sua visão que ainda antes depende dos seus olhos. Os seus olhos dependem dos óculos que filtram a sua realidade. Isso não é diferente para os personagens que, assim como o leitor, é um ser humano.

Tratando-se de seres humanos cabe a pensar que também pensam nas situações como seres humanos. Não é estranho que um ser humano fique completamente abismado com alguma ideia idiota, prossiga essa ideia por teimosia e os outros simplesmente digam "ok cara, é isso aí" porque ninguém mais quer discutir. Esse é um exemplo prático do porque a nossa espécie não consegue sobreviver em um debate e porque os sapos são incrivelmente superiores intelectualmente a qualquer tipo de vida humana. Os sapos conseguem analisar a situação com frieza e sem se envolver emocionalmente na maioria das vezes. Analisam a situação e sem precisar de muito intelecto conseguem perceber as consequências e as causas dos acontecimentos. Foram os sapos os primeiros a perceberem que o universo seria criado. Ou melhor, que ele nunca se criou. O universo sempre esteve presente porque nada literalmente se cria. O seu sapato não surgiu do nada. O seu sapato foi fabricado a partir de alguma matéria prima e essa matéria prima é, literalmente, a matéria prima. Tome por conceito o seguinte: uma história também é assim.

Um personagem surge de início como uma figura inocente e com uma visão de mundo muito fraca, comparando ao universo de pensamentos que uma mente humana real consegue pensar, esse é o personagem primo. O que diríamos de Robin? Um rapaz egocêntrico e inocente, ainda jovem. O que diríamos de Frota? Um homem de bom humor, indiferente às questões mais polêmicas do mundo e sobretudo uma boa pessoa. Esse é o personagem primo. O restante é fabricado durante a história e é no final dela que o leitor lê e percebe: esse foi o personagem pelo qual o livro eu li. Nenhum personagem tem a sua imagem já feita. O bonzinho pode revelar-se o grande tirano. E isso tudo depende das transformações porque assim como a matéria os personagens, suas mentes, sofrem transformações e mostram as suas propriedades ao olho humano a cada momento que é estudado. Apesar de mais de cinquenta capítulos, é difícil afirmar se existe algum personagem com um conceito completamente moldado e nunca mais será alterado. Foi visto que Mario, inicialmente o bom herói viajante no tempo, é apenas mais um ser humano egocêntrico qualquer. Isso é uma crítica à sociedade rotulista. Não existe ser humano bom ou ser humano ruim, tudo é variável. Prova disso é a matéria também. A água apresenta três estados e apenas podemos vê-la em dois deles. O outro é invisível. A parte invisível de Mario, o seu mal, apenas foi explicitado porque o narrador já o conhecia muito bem. A parte sólida é a mais explicita, o bom viajante do tempo, e a parte líquida é a que precisa ser explicada para que todos entendam: é o que separa as duas outras fases.

Frota sentiu uma singela e humilde gota de água cair sobre a sua franja e não demorou para que muitas outras gotas caíssem. Era o inimigo? Era a chuva. Não era esse o inimigo que Molly desesperado disse: Saque a luva! Antes que ele apareça! Engraçado que Frota não mais indagou e simplesmente retirou o instrumento de conversão de energia. Foi que Frota surpreendeu-se. Sabia que a luva podia armazenar energia, mas não esperava que Molly pudesse transformar-se por completo em energia solar e muito menos que o caolho pudesse por pura e própria vontade sua invadir a Okami Kenon para que lá se mantasse. Estava fugindo do perigo? Não. Iriam lutar juntos e Frota entendeu isso. Mas não apareceu isso.

O jovem de franja não sentiu presença alguma. Depois, viu o ataque que estava vindo a sua direita. Viu porque tudo ficou lento. Mais lento que o normal no caso. Não por causa de uma questão de perspectiva, mas porque o inimigo envolto de sombras tinha essa habilidade como principal para derrotar os ratos mais fracos. Frota não conseguiu se mexer demais mesmo com o tempo passando devagar. Estranho que estava ficando mais pesado e percebeu que tinha bastantes segundos para que desviasse do golpe se estivesse no mundo que conhecia. Não estava porque a direção dos átomos não era mais a mesma, era essa a habilidade do inimigo. Habilidade conhecida para quem lembra a temporada anterior esse inimigo que Molly já enfrentara e daquela vez deixou Wilson ser derrotado. Antes de indagarmos o acontecimento da revanche dessa batalha e muitas outras coisas mais imporatens ainda que aconteceram do capítulo anterior para agora, devemos debater o seguinte: Frota vai conseguir se desviar?

O termo debater foi empregado de uma maneira completamente errada. Se estamos para debater, significa que há a possibilidade de Frota desviar. Se existia essa possibilidade? Sim, mas... As coisas não são concretas. Rapaz. A chance do estuprador esquivar era de uma em um milhão. Poderia acontecer esse um milhão e podemos dizer que em um dos vários universos que existem, vamos pegar por exemplo dois milhões de universos em que esse evento está acontecendo: em dois desses universos Frota desviou-se - mas tomou muita porrada do próximo ataque ainda. Vamos trabalhar dessa vez com a maioria e Frota assistiu lentamente a perna do vulto acertar o seu rosto enquanto tentava, mas não conseguia se mexer nem um pouco. Coube a Molly sair como um pequeno raio de energia amarela para acertar, a partir de um movimento centrípedo, a face do adversário.

Face que até agora desconhecida. Até agora, porque agora já era. Era alguém desconhecido para Frota, mas pelo menos percebeu que o homem estava revestido de energia escura ao invés de ser apenas um vulto. A energia amarela atravessou a barreira de escuridão no maxilar do ameaçador e revelou seu rosto pragmático. Era um homem misterioso e que por sua vez Frota sequer conhecia esse termo. Também não conhecia o motivo da luta, também não conhecia o homem e nem onde estava. Foi obrigado a aceitar tudo isso para ajudar um homem que julgou ser Molly. E a causa disso tudo? Pode explicar ao menos para o leitor e deixar Frota ainda sem saber? Não. Não há explicação. A energia amarela acertou o homem como um raio solar em um ser vivo albino, que teve sua pele escura queimada, quase que descascada, e surgiu uma pele completamente nova. Apesar de ser uma cena desconhecida para Frota, sentiu como em um de ja vu que era familiar. Pouca energia amarela retornou para a luva e foi absorvida.

Não conseguia ainda saber quem era o adversário, mas conseguiu ver sua boca pequena e justa, o inimigo gemeu assim quando pode - ao cair ao chão por conta da intensidade que a energia amarela o acertou. A chuva apertou e as gotas d'água que não tateavam o corpo do misterioso agora tateavam a boca, e essa quantidade de água que escorregava pela sua boca e ficava acumulada por não mais ter mais caminho uma vez que o seu redor era apenas a camada escura do corpo do rapaz; a água assumiu o papel de escudo para aquela região do corpo do adversário. Frota não sabia de nada. Logo não sabia que tecnica era essa que dava essa proteção escura ao corpo do adversário, mas percebeu que era uma técnica sensacional. Óbvio que aquela quantidade de água, ou qualquer outra quantidade de matéria, não anularia tão bem a força da energia amarela quanto o exoesqueleto negro, mas ainda assim ajudaria.

Mas, se a energia amarela era tão efetiva contra esse adversário, por que Molly pediu ajuda ao jovem de óculos escuros? Havia de haver um porém que Frota desconhecia. Tudo era desconhecido para Frota e por isso a perspectiva de narração tem de ser mudada. Temos que falar sobre alguém que sabe o que está fazendo: Molly. Sim, era mesmo Molly. Com alguma quantidade de cabelo em sua face, mas era mesmo o caolho. O mesmo caolho careca que o leitor conhece, carismático como sempre e velho como sempre. E, óbvio, emotivo como sempre. Mas esse Molly era um Molly em particular que estava em uma situação-problema indiscutivelmente perigosa. Esse Molly porque estamos tratando de um outro universo que Frota chegou apenas por andar. Incrível, não é? Mas esse Molly era mesmo desse universo e nunca sequer tinha visto um viajante do tempo, ao contrário do Molly que nós conhecemos que conhecia Mario. O caolho, agora em forma de energia imerso na Okami Kenon, dizia a si mesmo algumas palavras que havia aprendido no campo de batalha.
"Se esconde no escuro porque se não a chapa come!", "Vamos correr tenho que conseguir uma foto do meu cachorro pra eu poder acordar amanhã!", "Se você não ataca eu morro porra!", "Eu apanho você corre porra já desisti de tudo mesmo só vai", "Você vai ser um ótimo pai". Essas frases estão associadas a táticas de guerrilha que envolvem desespero, fuga, trabalho em equipe, a importância de um martír e de ser um homem corajoso que sabe a hora de falar e de dar as ordens. Todas essas frases estavam um pouco associadas. Na verdade a atitude de Molly atualmente era um tanto deselegante: Molly se escondeu para que Frota apanhasse em seu lugar. Isso, exatamente. Molly estava se cagando porque não conseguiria derrotar esse adversário sozinho.

A camada escura do adversário era extremamente compacta e podia aguentar grandes pressões. Uma camada de energia escura, aquela mesma que cobre o universo, a anti-matéria, que está nos confins das paredes do universo e que perdeu a lutinha contra a matéria na grande explosão que gerou o que conhecemos. As partículas das ondas dessa energia, conhecida como partículas briancolícas, tem um movimento giratório que remete ao elíptico - tal como o movimento que a terra faz em torno ao sol -, mas com uma grande margem de erro comparado a perfeição desse movimento. É um movimento desordenado que de uma forma inexpicável acaba sempre repetindo uma elipse num intervalo igual de tempo. São poucas as energias que conseguem desestabelecer esse movimento pelo exato fato de que o movimento acontece mesmo com qualquer interferência, no caso ondas de outras partículas. Mas a energia amarela tem uma particularidade que você não sabe.

Não vamos brincar que, ah, a energia amarela é clara como o Sol e quando está de dia não existe escuridão. A energia escura, observada em laboratório femtoscopicamente, tem as briancolícas de cor púrpura. Nada a ver com escura. Mas é chamada de escura exatamente porque é a energia amarela - proveniente da radiação de algumas estrelas - que consegue corromper o seu movimento. Como que a energia amarela o faz? A energia amarela é a única que tem potencial gravitacional embutido em suas partículas que, assim quando se encontram as partículas púrpuras fazem com que elas entrem em um movimento ordenado elíptico ao redor das partículas amarelas. A aceleração dos bríancolos crescem violentamente por estarem em um movimento ordenado e harmônico simples, circulam cada vez mais veloz ao redor da partícula amarela e a cada volta se aproxima mais. Se aproximam tanto e tanto e tanto que.... Os bríancolos se fundem às partículas amarelas e se tornam simples partículas com potencial energético quase que nulo.

A energia solar que Molly usualmente utiliza em seus golpes é proveniente dos fótons absorvidos pelos fosfolípidios das membranas de cada uma de sua célula. Por ser um Super Soldado, um Imperador Solar, os nucleotídeos de Molly foram fosfolizados com um isótopo radioativo P-32 que já é artificial e foi mais alterado ainda para que o RNA de Molly montasse as protéinas de geometria cristalizada a fim da absorção de fótons que seriam acumulados pela membrana nuclear de Molly a partir de... A explicação biológica é um saco, mas tudo pode ser melhor explicado se o leitor simplesmente aceitar que os fótons acumulados por Molly não tem um potencial gravitacional tão elevado para parar o movimento desordenado dos bríancolos quanto a energia proveniente da neoplasmoenergização da matéria física de Molly.

O problema é que ao se tornar a energia amarela Molly só pode emitir de energia amarela a si mesmo, ou seja, se ele mandar um raio de energia amarela ele vai estar perdendo seu dedo, seu pé, alguma coisa assim. E bem, Molly atualmente já estava convertido em energia amarela para que pudesse ser armazenado na Okami Kenon. Isso porque a Okami Kenon consegue aumentar a trabalho dos fótons ao aumentar a aceleração da emissão, ou seja, enquanto estivesse armazenado na Okami Kenon Molly não teria de se matar tanto para destruir a camada escura do adversário. Enquanto isso, pedia mentalmente para que Frota não se machucasse muito e se pá ainda dar alguns golpezinhos no inimigo misterioso.

Frota também estava caído ao chão por ter recebido alguns parágrafos atrás um poderoso chute ao qual não pôde desviar porque tudo simplesmente ficou mais lento. E o jovem de óculos escuros sentiu isso de novo. Estava se levantando quando sentiu o seu corpo mais pesado e o adversário simplesmente se levantando em uma velocidade absurda comparada ao quase repouso da velocidade em que Frota se erguia. O homem coberto pela camada escura chegou mais próximo para atacar Frota quando Molly teve uma ideia: Por que não? Se o corpo de Molly estava conectado a luva e a luva estava conectada ao corpo de Frota, ele poderia simplesmente emitir as ondas diretamente para o corpo de Frota e fazê-las com que se transformassem em impulsos elétricos no sistema nervoso. Controlaria o corpo de Frota e claro que seria muita falta de educação fazer isso sem antes perguntar o rapaz, mas Molly não tinha tempo para isso. Na verdade, não tinha velocidade para fazê-lo. Formalidades como essa devem ser esquecidas no campo de batalha e estavam em um. O inimigo já partia para um próximo ataque, um soco qualquer como uma criança do maternal daria, não havia a necessidade de técnica em seu ataque se já sabia que o adversário não tinha nenhuma condição para revidá-lo. Se Molly fizesse o que tinha em mente não teria nenhum problema em defender-se do ataque inimigo.

Frota sentiu sua mão formigando, e mais tarde foi o próprio braço inteiro. Exatamente o braço em que utilizava a luta, e chegou ao cotovelo e quando surgiu no pescoço sentiu o pensamento de outra pessoa em sua mente. Estava esquizofrênico? Não, era Molly desculpando-se por entrar sem bater na porta. Frota achou engraçado e riu. Ia deixar o resto com o caolho, não havia mais o que fazer em uma situação como aquela. O ataque estava vindo quando todo o jovem de óculos escuros simplesmente viu braço que vestia a luva se levantar e apontar simplesmente o dedo indicador para o ataque. Não sentiu dor. Sentiu um calor sendo emitido pela luva e viu pela expressão dos lábios do adversário - a mostra por causa do ataque anterior de energia amarela - que ele sim estava sendo queimado.

Frota não tinha intenção de fazê-lo, mas disse: Defesa Indicadora. Foi simplesmente mais um impulso nervoso comandado pelo careca que simplesmente não queria perder o estilo, queria dizer o golpe. De repente o adversário recuou desistindo de continuar forçando o soco contra o dedo indicador de Frota, olhou para a mão e viu: não havia mais energia escura até o seu cotovelo. E então foi que se pronunciou com uma vez irritante e tão mesquinha que Frota nunca tinha ouvido igual em todos os seus vinte e poucos anos de vida:

– Ah, você conseguiu tirar até o meu cotovelo, mas o que será que você perdeu para conseguir isso, velho? Aposto que você deve ter só do abdômen para cima agora.

De repente um Molly inteiro foi emitido, partícula de energia amarela por partícula de energia amarela, na frente do cara de voz mesquinha. Estava completamente amarelo, como um grande careca dourado com um pouquinho de barba. Acertou dois socos consecutivos. Pegou com certeza o adversário de surpresa e foi por isso que esse não conseguiu utilizar do golpe que simplesmente deixava tudo lento. Molly deu dois socos no rosto do homem até que um caminho fosse aberto para que finalmente a armadura fosse quebrada naquela região. E o careca em seguida deu um soco tão poderoso que todo o exoesqueleto se quebrou como se fosse uma grande armadura de vidro. Seus pedaços oscilavam no chão como se fossem matéria, os bríancolos se separaram e então foram neutralizados pelo ataque de Molly.

Frota percebeu mais tarde, ao ler essa obra que o narrador está citando, que houve um erro importante acima. Não foi um Molly inteiro. Molly estava sem o seu braço esquerdo e agora sem a mão direita depois de tantos socos no inimigo. O adversário estava completamente imóvel e nocauteado pelos poderoso ataques de Molly. Molly subitamente retornou a sua coloração normal, voltando a ser apenas matéria e não um amontoado de energia com forma e volume. Ainda estava sem seu braço e sem a mão do braço que restara. Virou para Frota e disse:

– Não era nem pra você estar aqui, mas eu te agradeço.

O jovem de óculos escuros permaneceu de boca fechada ainda sentindo-se disassociado com todo aquele universo e tudo o que tinha acontecido. Voltou à tona ao decidir encarar por alguns segundos o olhar de Molly. Estava sério, coçou a careca com o que restou de seu braço esquerdo e então pronunciou-se, ao perceber a perplexidade do rapaz:

– Você foi pego, não foi?

– Já, mas não agora.

Molly olhou ao redor. - Repare bem no cenário em que você está.

Frota olhou. Foi a primeira vez que havia reparado tamanho caos e destruição que aquela cidade havia se tornado. Não a havia visto erguendo arranha céus que atravessavam as estrelas, mas por sua experiência como morador de uma grande cidade já imaginava o concreto se reerguendo e as grandes construções sendo concluídas. Alguma coisa havia acertado aquela cidade. Alguma coisa profunda, para deixá-la naquele estado. Estava no estado mais lastimável de caos e destruição que alguma cidade poderia estar, na concepção de Frota, não conseguia distinguir aquilo de um deserto de misérias e de mortes, o que uma vez já fora com certeza para chegar ao que estava hoje.

Molly não estava mais falando, mas Frota sentiu uma singela voz ainda no seu pensamento. Escute, eu não sei de que universo você veio e nem como você chegou assim. Você mesmo nem sabe disso. Mas tudo o que você está vendo... Infelizmente nem mesmo o seu mundo pode escapar. Eu não posso te levar de volta para o universo natal, mas eu tenho certeza que você simplesmente vai voltar... Mas uma mensagem eu vou ter que deixar para você, Frota: foi a misericórdia que destrui esse mundo e foi dela que surgiu tudo o que nós estamos vendo. Não TEM como ignorar o que aconteceu, eu não sei como vai acontecer no seu universo mas tenho certeza que você vai saber quando estiver acontencendo. Eu não sei onde o que o meu outro eu está fazendo... Espera... Sei sim. É engraçado que o seu universo ainda não esteja assim como o meu está. Com todos os acontecimentos que ele sofreu, já era para estar até pior que aqui. Isso pode ser um bom sinal ou algo extremamente ruim. Eu espero que vocês consigam fazer o que nós não conseguimos. Não estou falando da raça humana. Estou falando de vocês. E vocês não vão conseguir salvar a raça humana. Eu quero que vocês simplesmente vinguem todos as outras raças humanas já destruídas. Sim, não foi só aqui. Eu descobri tudo o que estava acontecendo, mas quando descobri já era tarde demais. Meu outro eu ainda não sabe disso, mas tenho certeza que existe alguém lá que já sabe, e alguém lá que vai lutar contra isso...

Xupa Cabrinha não encontrou Don Ramon nos Confins do Universo. Em cima do dragão que circulava em torno das paredes do universo que era ironicamente quadrado e bidimensional, estava o templo do grande mestre. O grande vigia. Um grande herói para a humanidade. Esse herói estava simplesmente ausente. Que caminho ele havia trilhado? Onde estavam seus seguidores? Não sentia qualquer presença, apenas vestígios. Mas eram tantos os fósseis de energia que podia dizer que uma grande batalha, uma guerra, havia acontecido por ali. Mas o templo parecia intacto, assim como o caminho das sombras, que separa o confins do universo do universo em si.

O dragão ostentava um grande silêncio enquanto se movimentava em torno das bordas do universo. Xupa Cabrinha sentiu um caminho de energia, segui-lo-ia. Deu pequenos passos primeiramente, analisou se era uma armadilha, mas não era. Aquele caminho havia sido aberto com dificuldade por alguém. E aquela aura... Xupa lembrava-se dele da guerra, Wilson. Não o esqueceu por todo esse tempo e não se esqueceria mais pelo que havia acontecido ali no templo.

Wilson não foi derrotado por Hian. Seria derrotado por si mesmo, mas levaria junto consigo o seu adversário. Hian, uma vez já tendo o cristal Vril, simplesmente fugiu em um portal hiperdimensional para o seu covil secreto uma vez vendo que não conseguiria enfrentar o velhote no mano a mano. Wilson seria derrotado por si mesmo no meio tempo em que perseguiria o seu adversário, então enquanto perseguia deixou o maior rastro possível de energia no caminho para que alguém pudesse seguir o caminho e acabar com os planos maléficos de Hian e os seus outros companheiros malvados.

Xupa foi por esse caminho e simplesmente destruiu tudo o que viu pela frente e derrotou os inimigos. Não. O caminho pelo qual trilhou foi imensamente estranho e foi redirecionado para um universo tão estranho que nem mais se reconhecia. Sua mente estava diferente, seu corpo também, seus braços apontavam uma arma para um suposto adversário que estava sinceramente em coma. Estava deitado, provavelmente aleijado e Xupa estranhamente sentia que conhecia-o e tinha alguma coisa para fazer, muito importante, uma coisa que esse homem tinha a resposta.

– Me diga, onde ele está! - Xupa gritou, por instinto. Logo após largou a arma e olhou para as suas próprias mãos.

Essa não era a sua mão. Olhou para a sua roupa e aquele não era mesmo o seu terno. O terno de Xupa sempre foi e sempre será branco por razões estílisticas. O cenário também era mais do que aleátorio para com tudo que havia acontecido, tudo estava tão estranho para Xupa que essa situação estranha se tornou comum pela grande quantidade de coisas estranhas. Logo, as coisas estranhas se tornaram comuns e Xupa por alguns segundos se esqueceu quem uma vez já foi o que esteve fazendo nos últimos minutos ou anos. Esqueceu sua identidade e seus motivos, e simplesmente embarcou no que estava acontecendo. Apontou o dedo para o aleijado, um homem velho, colocando o dedo em frente a testa do homem: Diga-me! Onde ele está!

– Mas... Mas você é ele - contraargumentou o homem.

Xupa se chocou. Não Xupa, mas o resquício do que aquela pessoa realmente era. Xupa ficou completamente fora do controle do corpo, que se moveu e disse: É claro que sou! Mas quando Xupa voltou ao controle, disse: Fala sério, eu quero saber onde ele está. Não percebeu a estranheza dos acontecimentos porque pra ele já era completamente normal.

O homem deitado estava confuso. Mormada Sparrow não conseguia entender o que acontecia e isso o assustava porque parecia que a sua vida dependia do que respondesse - afinal o homem tinha uma arma para ameaçá-lo. Mormada queria levantar e socar a cara daquele homem, que era obviamente Shepard em sua concepção de sua realidade, pelo o que ele havia feito roubando o seu filho e mentindo loucamente sobre a destruição do seu universo, mas como não estavam em situações para fazê-lo... Simplesmente tinha que aceitar o comportamento louco do homem. Não! Eu, MORMADA SPARROW, SOU UM HOMEM!

– O que houve com você filha da putinha, ficou maluco? - Disse Mormada, que também estava ficando maluco de tanta raiva que estava sentido de Shepard.

– Não mude de assunto, você tem que me dizer onde Shepard está. - Xupa não sabia mesmo o que estava falando.

– Seu babaca, roubou o meu filho e mentiu pra mim. Na verdade, mentiu pra mim só pra roubar o meu filho! O que você fez com ele?

A mente de Shepard, em que Xupa também habitava, recebeu vários impulsos nervosos de ambos os conscientes que ocupavam aquela mente e simplesmente entrou em choque. Ficou encarando o homem e a arma, encarando o homem e a arma. Sentou no chão e olhou profundamente para a cama em que Mormada estava deitado. O choque foi brutal. As duas consciências batalhavam para ver quem ganhava. A consciência de Shepard estava louca pra argumentar e nervosa por causa das acusações brutas que Mormada fazia enquanto Xupa estava louco para saber o que acontecia e nervoso por Mormada estar-se contrapondo a linha de razão que havia aceitado a loucura.

É então nesse momento que entra um personagem muito importante. Já conhecido pelo leitor e o nome dele é Mendel. Quem é Mendel? Não se lembra? Não, não é um biológo e sim é um sistema operacional criado especificamente para viagens no tempo relacionado ao cronograma mental de um ser. Quando Mendel apareceu anteriormente não estava brincando com ervilhas, estava brincando com Shepard por transcrever incorretamente a mente de um Mormada que substituiria o Mormada que está deitado e aleijado por ter sofrido uma queda de uma quantidade considerável de metros ao ser fominha e entrar numa máquina de transferência de matéria pelo espaço-tempo sem que os físicos estudantes sequer calibrassem a máquina. Mendel havia sido promovido no secretário dos Sistema Operacionais para Líder por conta do falecimento do antigo ocupante desse cargo, Clebinho, que havia pegado um vírus bem sério e nem mesmo um analista de sistema quântico conseguiu curá-lo.

Agora que Mendel era o Líder de Todos os Sistemas daquela grande rede de transferências de dados poderia interferir onde quisesse que ninguém perguntaria porque. Mendel tinha um ódio profundo de Shepard e viu nesse acontecimento, a confusão da mente de Shepard, uma chance: Vou me vingar desse vagabundo, disse, em binômios quânticos de computação neoespaçologaritmal. Foi então que Mendel simplesmente colocou alguns números assim.

LnK=LnA-{frac{Ea}{R}}{frac {1}{T}}left(frac{1}{2} left(x - frac{1}{x}ight)ight)^2 + 1 =
left(frac{1}{2} left(x + frac{1}{x}ight)ight)^2,g' = g{ho_1-ho_2over ho}. g(Deltaho/ho)^2) Deltaho= ho_1-ho_2

E é claro que Shepard morreu de primeira porque ninguém sobrevive a Equação Mortal da Informática. Ainda mais com uma mente em colapso.

Foi então que Xupa Cabrinha acordou, novamente em seu corpo, e encarou o que viu no intervalo de tempo em que trilhou o caminho e acordou como um simples sonho. Era a única maneira de encarar aquilo sem que pensasse muito e sempre desafiando a razão. O narrador, que não desafia a razão, não vai explicar e Xupa viu neve tal como em seu sonho. Sentiu muito frio e decidiu conferir se seu terno era branco. Era. Muito bom. Agora vamos encontrar os inimigos para que eu possa logo de uma vez falar com Don Ramon. Tenho assuntos muito importantes com ele.

Foi engraçada a sequência dos fatos porque foi exatamente Don Ramon que surgiu pela nevasca depois de Xupa Cabrinha revisar os seus pensamentos e o que estava fazendo ali. Limpou o seu terno e pensou "que bom, menos trabalho." Agora, Don Ramon, vamos conversar, disse.

Ramon sorriu por saber que Xupa Cabrinha havia despertado de seu sono.


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