Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 53
Introspecção e Avante.




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Dos produtores do café do mundo, com certeza o país que menos tinha latifúndios voltados para essa monocultura era o de país de Nova Espada. Isso devido a dois fatos muito interessantes.

Segundo a teoria de George Kraken existem apenas dois países no mundo. Os que vendem as modas antigas e de certa forma necessárias para a humanidade, países de território gigantesco e de grande desigualdade social, e por outro lado os países da atualidade com grande infraestrutura e que é onde ocorre o desenvolvimento técnico e científico. Então era por isso que Jonny tinha que beber um café georgiano então. Até porque Nova Espada era um dos grandes polos científicos do continente e também do planeta, perdendo para Economist provavelmente, mas essa de fato seria uma disputa acirrada.

Essa coisa toda de ter que comprar um café que no final das contas foi feito num outro país deixava as coisas muito mais caras e Jonny, como um homem pão duro qualquer simplesmente odiava ter que gastar mais que o necessário. Uma vez tentou plantar no solo de seu quintal um pé de café, mas não ocorreu muito sucesso e descobriu mais tarde na internet que era porque o seu país tinha um solo muito ácido. Ah, então é por isso que não plantamos nada por aqui. Agora tudo faz sentido. Mas que merda, um dos países mais inteligentes não tem os recursos necessários para abastecer a população. Precisamos dos alimentos dos países mais pobres... Estranho, não é? Sabia que muitos georgianos eram urbanos, mas eram os camponeses que geravam o grande lucro do país. A industrialização fora desordenada o que levou numa grande desigualdade social e falta de infraestrutura. Bem, talvez seja mesmo morar aqui e pagar mais caro, até porque num país como Nova Espada mais de setenta por cento da população teria capital suficiente para comprar alimentos ainda por um preço mais caro do que já estavam. Mesmo sabendo que isso era uma das maiores mentiras Jonny gostava de pensar que ao pagar mais caro pelo café de Georgia estava na verdade investindo na infraestrutura desse mesmo país. Sabia que era mentira e aceitava isso muito bem.

Deixando tudo de lado, colocou o pó de café no soluto universal mais conhecido como água para que se tornasse a bebida maravilhosa que adorava. Claro, ainda tinha que aquecê-lo, mas só de saber que sentiria novamente aquele sabor delicioso que queimaria a sua língua nos próximos minutos já seria uma ótima forma de satisfazer levemente a sua mente.

Como o leitor pôde perceber nos parágrafos acima Jonny Fidgard é de fato um viciado em cafeína e, apesar de já ter procurado tratamento e não ter dado muito tempo depois de três meses internado, café era a sua vida. Sim, café. Ser um ex-membro da ABC Works era apenas um hobby da sua vida e geralmente as suas missões não eram difíceis demais. Só teve uma vez que realmente teve uma missão crucial e por seu teor de dificuldade Jonny simplesmente falhou. Se ele se perdoava? Ele pouco dava bola para suas missões. Chamavam-no de preguiçoso e de vagabundo e as palavras entravam em um ouvido e saiam no outro.

Para trabalharmos melhor esse personagem, e principalmente da forma que o autor pretende retratá-lo, é bom que duas coisas de grande importância sejam explicadas antes de tudo o planejado para ele.
A primeira: Jonny era um novaespadiano sim, entretanto suas raízes acadêmicas estavam em Fantasy e exatamente por isso que trabalhava para uma agência militar de segunda mão. Não trabalhava porque queria, mas era o que melhor sabia fazer e o café estava bem caro e, bem, ser um agente da organização militar tinha grandes prós como um salário bastante alto. Não alto demais, mas o suficiente para que fosse feliz e o café de lá era inclusive mais barato até que, mesmo que o país não fosse inteiramente voltado para o meio rural ainda havia algumas propriedades latifundiárias subsidiadas pelo governo fantasiano.

A segunda: Num outro universo, em uma situação completamente diferente, Jonny era um militar não ligado a uma ABC Works que inclusive nunca existiu nesse e estava atualmente numa situação complicada.

Mesmo essa situação sendo um pouco complicada de se explicar até por esse personagem ter sido completamente ignorado e nunca fora citado antes, então, vamos apenas explicar a situação que se passava. Na realidade era uma situação bem simples de resolver. Para resumos digamos que Jonny estava passando por uma esquina e percebeu que estava acontecendo uma greve e que os manifestantes, alguns esquerdistas e outros de grande parte anarquistas, estavam rebocando a polícia armada apenas com seus cabos de vassouras e garrafas de vidro quebradas enquanto as força policial estava equipada com armas de borracha. Não era seu dever interferir, mas como não gostava de ver o seu lado do time perder Jonny decidiu jogar o jogo. Sabia que mais cedo ou mais tarde alguém de sua área militar teria que ser chamado para resolver esse assunto e como já estava por ali decidiu antecipar e resolver o caso, que não era muito difícil para ele.

Utilizou primeiramente a sua mão para expressar uma massa de energia cinética que levou os manifestantes para trás e também afastou os policiais que fugiram como galinhas. Por mais que o movimento de fechar e abrir a mão tivesse causado um grande impacto no confronto, ainda restavam muitos revoltosos – desde o início fora uma grande massa. A população não tinha nenhuma ideia do que havia gerado o impacto gigantesco sofrido pelas primeiras centenas que batalhavam de frente aos policiais só que mesmo que indignados com o acontecido prosseguiram marcha rumo à Câmara dos Vereadores onde poderiam descontentar toda a raiva que a população veio engolindo há mais de vinte anos.

Vendo que a população ainda prosseguia para a marcha do caos e da bagunça e outros se juntavam vindo de outras ruas, Jonny até pensou em bater de frente e derrotá-los facilmente. O grande problema foi que o militar percebeu que alguma coisa estava faltando. Não se recordava do quê exatamente, mas foi quando lembrou que estava com adesivos de cafeína por baixo de seu terno com mais estilo do que os ternos em geral que se tocou: Não precisava mais daqueles adesivos babacas que pouco saciavam sua cede pelo vício. Agora estava perambulando pela rua e poderia muito bem arrumar alguma xícara de café em alguma loja. Mas... Bem... Não seria fácil encontrar uma loja aberta e muito menos uma padaria em um dia caótico da forma que a atualidade se demonstrava, então planou para cima do ar no momento exato em que outra gama de massa populacional ia para a rua principal onde toda a bagunça estava realmente sendo gerada.

Com os gritos de “NÃO VAI TER COPA” e “PUTA QUE PARIU É O MELHOR PARTIDO DO XXXIL” mais distantes, conseguiria pensar com mais clareza: o quanto teria que voar para que chegasse algum lugar pacífico, onde o dia seria mais pacífico e que pelo menos uma padaria estivesse aberta para servi-lhe um quente copo de café. Tentou calcular, mas pelo que sabia havia uma grande mobilização das massas populacionais para causar anarquia nos grandes centros urbanos. Pôde concluir que talvez a região periférica da cidade e planou um pouco mais alto, permanecendo uma quantidade significativa de segundos parado no ar, para tentar visualizar se as periferias urbanas estavam mesmo mais calmas. Não estavam. Então sabia que teria que decorrer ao campo até porque não existe mobilização de massas a partir de movimentos sociais no meio rural pela falta de infraestrutura e digitalização da região, impossibilitando o estímulo ao criticismo e gerando dificuldades comunicacionais. Com esses argumentos tinha certeza que o campo estaria calmo e seu pensamento foi demarcado pela sua consciência segundos depois como verdade: quando chegou ao campo apenas visualizou a paz cotidiana e o cheiro verde típico das regiões.

Havia uma pobre padaria e foi lá que pediu o seu café, mas não uma xícara, pediu para o humilde dono da loja – que também era o atendente pela precariedade de mão de obra para a área do comércio no setor rural do país – colocasse numa comum e simples garrafa de 510 ml que outrora já fora utilizada como garrafa de água. Não beberia o completo líquido ali, obviamente. Tinha um trabalho a cumprir perante condições que atrasar ainda mais não seria viáveis. O café era uma necessidade, mas poderia muito bem bebê-lo enquanto resolvia a situação. Não era difícil para um oficial muito bem treinado como Jonny.

Jonny enquanto voava percebeu que a anarquia estava prosseguindo e as pessoas continuavam se reunindo para aumentar ainda mais esse índice já gigantesco de caos. Foi então que antes de pousar fez o mesmo movimento de abrir e fechar a mão, visando seu braço ainda nas primeiras filas da manifestação, a mesma que antes tratara da mesma forma para que visse instantes depois os policiais fugirem perdedores e fracassados. O impacto foi profundo e poderoso e uma semicratera foi formada a partir desse mesmo. Óbvio que uma segunda vez era demais para os ativistas ignorarem e continuassem com a revolução que ali estavam para tramar. Dessa vez olharam para os lados, para baixo, para trás, para cima, procurando o que havia causado a morte de seus comparças que haviam permanecido corajosamente nas literalmente falando primeiras posições do processo revolucionário. Foi quando olharam para cima.

Era uma vista normal. Apenas um homem trajando um terno – roupa cara e de cultura erudita, então muitos retrataram que talvez fosse um burguês. Não havia nada errado com a figura do rapaz de topete ruivo alaranjado cuja pele demonstrava várias idas à praia. Só havia dois problemas de suma importância que, após perceberem-nos, fizeram a massa permanecer congelada e sem nenhuma reação. O primeiro problema: o homem não parecia estar feliz, pelo menos era o que poderiam interpretar pela sua expressão de extrema reprovação ao movimento social. O segundo foi o que realmente os assustou: Jonny estava simplesmente planando no ar. Os manifestantes haviam escutado ou lido na internet sobre seres humanoides de força sobrenatural que eram o verdadeiro poder militario da ditadura que havia se constituído no país desde o golpe de estado do presidente Darcil Peperil.

Foi então que todos chegaram a conclusão unissonamente de que esse homem era um desses seres sobrenaturais e ele era a causa da morte de seus corajosos guerreiros. Mas ficaram estáticos sem nenhum pensamento em como reagir e sim em como fugir. Mas como seus ideais fugiam à ideia de fugir da batalha, a contradição paralisava-os e seus cérebros ficavam tão caótico quanto a realidade XXXileira. Jonny viu um bom momento para aterrissar calmamente enquanto abria sua garrafinha de café, que queimava pela alta condutividade térmica do plástico. Não rejeitou o calor e sim o acolheu assim como no seu primeiro gole. Foi maravilhoso.

Era como se libertasse de todos os problemas de sua vida, não que ligasse para eles, mas sabia que estavam lá e isso era meio sem graça até mesmo para Jonny que pouco dava importância para eles. À medida que se aproximava da deformação que havia sido consequência da força cinética que matara também muitos manifestantes, a deformação se contradizia e se tornava cada vez mais como uma pequena montanha de cimento ao invés de um grande buraco. Com os pés postos no ápice geográfico dessa montanha de meio metro, sentia-se mais alto do que os outros; o que era bom – apesar de não ser sua intenção desde o princípio e foi mal interpretado pelos manifestantes que enquanto pensaram na contradição perceberam que ele só poderia ser um homem do exército para querer olhá-los de cima.

– Vocês não queriam chegar até a Câmara dos Vereadores? Está bem perto. Que tal tentarem a sorte contra mim. – Despreocupado, o ruivo de cabelo alaranjado bebeu mais algum gole e novamente o saboreou com uma expressão facial de “meu deus, mas que delícia”.
Alguns segundos de duvida depois os manifestantes perceberam que por mais que aquele homem fosse poderoso havia alguma coisa desparafusada em seu cérebro que julgavam por ser alguma espécie de prótese mecânica que lhe dava todos esses poderes gravitacionais – mas não era muito isso, mas estavam chegando bem perto apenas deduzindo pela lógica do senso comum. Jonny estava claramente com a guarda baixa bebendo o que julgaram ser óleo e outros mais religiosos como sangue e saboreando a bebida a cada singelo gole. Não demoraram a perceber que mesmo isso parecendo uma grande idiotice o homem estava praticamente se entregando contra eles. Um dos homens, fedorento e claramente um proletariado, decidiu atacar inconscientemente como uma formiga atacaria um elefante e assim os outros também partiram na mesma burrice.

As pessoas não estavam passando porque toda a energia cinética gerada pelas suas caminhadas velozes e furiosas estava sendo bloqueada e então sendo jogada novamente a eles. Depois de dois minutos tentando furiosamente quebrar fosse o que o protegesse, repensaram e perceberam que estavam severamente doloridos. A energia cinética não havia sido neutralizada pela barreira invisível do viciado em café, e sim havia retornado a eles e a adrenalina os impediu de perceberem que estavam bastante feridos. Foi quando a dor veio que muitos caíram ao chão e os outros pensaram em fugir ou em tentar outros métodos de ataque.

– Idiotas! É claro que podemos apenas atacar por cima! É assim que pegaremos esse monstro. – O homem, afrodescendente e certamente outro proletariado julgando seu modo de se vestir, subiu ao ar com um pulo digno de um jogador de basquete como ao enterrar uma bola; mas não uma bola carregava, e sim um cabo de vassouro que também foi bloqueado.

Então as pessoas começaram a pensar: O que fazer? Não tem como, estamos todos sendo derrotados por um simples monstro. Onde está a força do povo XXXileiro que todos nós dizíamos no faceburguer? Nesse meio-tempo o ser sobrenatural aproveitava seus goles de café dessa vez com um maior desgosto – não que não gostasse, adorava o gosto, mas o barulho estava acabando com toda a emoção de beber a bebida preciosa – e estava clara e completamente alheio à situação real. Estava realmente viajando e pensava: “Essa é a pior maneira de tomar café. Nunca mais a farei”. Até que gostava de parecer o fodão enquanto se embriagava completamente foda-se para os seus adversários, que no caso eram muitos – só que muitos fracos –, mas o café...

O café era para ser apreciado com um belo sol ou uma bela chuva enquanto ele observaria os passarinhos voarem, os coqueiros sambassem ou a fumaça do cigarro se espalhar pelo ar. Nunca havia tomado um café de uma maneira tão ruim.

“MERDA, MAS QUE PORRA É ESSA VOCÊS MACACOS NÃO PODEM SIMPLESMENTE FICAR QUIETOS PARA EU TENTAR ACABAR COM O MEU CAFÉ? EU SEI QUE AGORA É TARDE PORQUE EU JOGUEI ELE NO CHÃO DE RAIVA E VOCÊS SÃO UM SACO E AGORA VÃO PAGAR POR ISSO SEU BANDO DE PROLETARIADOS DE MERDA QUE NÃO SABEM NEM SER ALIENADOS DA MANEIRA CERTA PUTA QUE PARIUUUUU. AH, FORAM VOCÊS A RAZÃO DO MEU CAFÉ TER SIDO UMA MERDA ENTÃO VOCÊS VÃO PAGAR POR ISSO.”

Os manifestantes correram covardes pelas ruas e alguns ainda ficaram enquanto pagavam de guerreiros implacáveis em frente ao ser enfurecido. Estava enfurecido sim, isso nunca acontecera na sua vida e mais tarde percebeu que matar aquelas pessoas não era certo. Não foram elas que acabaram com o café e sim ele por ter tido a ideia idiota de tentar saboreá-lo em um ambiente tão barulhento como aquele. Jonny juntou as palmas de suas mãos de forma horizontal, mas não as tocou completamente, apenas tangenciou uma palma da mão com a outra. O espaço visualmente vazio entre as palmas na realidade era palco da passagem dos gases atmosféricos e de outras substâncias químicas provenientes do caos e da desordem que ocorrera no ambiente. Esses átomos foram completamente rompidos e as partes desnecessárias foram jogadas fora, apenas deixando naquela mesma região entre as mãos de Jonny os elétrons de maior valor energético. A quebra dos átomos e a desestrutura dos níveis de valência elétrica gerava uma grande quantidade de luz que, pela visão do leitor poderia ser interpretada como uma manifestação de energia amarela. O que é errado. A explicação foi devidamente explícita em condizer que a energia lisoatômica é formada de maneira diferente comparada energia amarela.

O que ocorreu em seguida foram emissões de raios de múltiplas direções afetando os corpos físicos que mais emitiam calor na região – os seres humanos, que nessa situação faziam o papel sociocultural de ativistas antiditadura.

Apesar de ter sido uma grande viagem essas páginas e páginas em um universo alternativo ao que será tratado nas próximas páginas, foi apenas utilizado para que fosse conhecido o psicológico de Jonny e o resultado gerado pelo processo da influência de sua mentalidade sempre primeiramente errônea no seu estilo de batalha que será interessante para o leitor entender a partir ainda nesse capítulo para que o mesmo flua mais calmamente.

Mas, voltando ao Jonny do início do capítulo, que preparava seu cafezinho calmamente no seu apartamento em Nova Espada e se preparava ainda para o começo do dia enquanto reclamava do preço absurdo do café, recebeu uma inusitada ligação que primeiramente pensou em não atender, mas depois pensou “Eu acho que sou inteligente o suficiente para conseguir falar no telefone e ao mesmo tempo apreciar meu café”. Acabou que ao fim da ligação ficou com grande remorso porque não conseguiu balancear seu vício com a emergência do momento e não conseguiu saborear corretamente com o tempo necessário, então para compensar fez mais três xícaras e então foi para a missão que o homem por trás do telefone havia-lhe dado.

Por meio oficial a ABC Works havia sido desfeita. No meio extraoficial os líderes políticos que controlavam a organização militar apenas limparam a organização e com os membros de maior poder, inteligência e lealdade foram convidados a essa nova organização que foi apelidada ironicamente de XYZ Works.


“Se... Se tem algum deus... Por favor, me ouça. Eu sei que é algo muito repentino, mas nós também podemos muito bem dialogar mesmo não sendo tão íntimos assim, não acha? Na verdade acho que estou sendo bem simpático porque estou te dando a possibilidade de conversar comigo sem que eu te cobre quem tu és ou com quem tu andas, mas, num conceito geral, eu gostaria muito que você me ouvisse levando isso ou não em consideração quando se tratando do meu pedido. O que eu quero, deus conhecido e real, é que você tente dar um jeito no mundo. Deixo claro aqui que não é para mim ou para qualquer outra pessoa que vive nos dias de hoje, mas eu preferiria que os dias fossem melhores para os meus filhos e para os meus netos melhores ainda. Eu sei que o mundo era maravilhoso quando você criou, mas o homem pecou e esse pecado reflete no dia a dia da raça humana. Mas, por favor, se possível senhor... Eu quero que as coisas melhorem... Não quero que meus filhos saiam às ruas e tenham que sair para trabalhar e tomem um tiro quando voltem para casa. Não só isso, mas eu quero muitas coisas. Não para mim, para os meus filhos. Eu não ligo de sair de casa e tomar um tiro, mas eu odiaria se isso acontecesse ao meu filho.”

Foi com total certeza de que a mãe que fazia essa oração estava dizendo a verdade de seus sentimentos fez com que deus anotasse em um de seus blocos de notas ajudar que a humanidade fosse extinta. Mas... Espera? Ahn? O que tem a ver o fim da humanidade com a melhoria do dia a dia do ser humano? É óbvio que está tudo relacionado, disse deus, o homem viver coletivamente em paz. Todo homem tem seu capricho e por mais que tente ao máximo tolerar os caprichos do outro, é ele que acaba deixando seus caprichos acima da ideia de coletividade e de trabalho em equipe que a humanidade sempre pecou. Os grandes impérios foram feitos de traições e de mortes. Pessoas não se entendiam há dois anos e não é por causa de um órgão internacional feito para o diálogo entre as nações que eles vão começar a se entender assim instantaneamente. A humanidade tem sim mais senso crítico pelo fato do avanço de diversas ciências em geral, que possibilitou ao ser humano que mudasse a cada descoberta sua visão de mundo, mas também a cada descoberta fazia com que a humanidade se aproximasse ainda mais da bica do corvo.

Deus concordou com o pedido da mulher e anotou no seu bloco de notas, depois do objetivo de fazer com que o destino ajudasse que a raça humana fosse extinta, que fosse antes do neto dela nascer. Na realidade a mulher ainda não tinha sequer um filho. Tinha apenas 22 anos e um dos principais motivos de não ter engravidado até então era, além do fato de não ter um parceiro fixo, era porque achava o mundo tão desgraçado que se arrependia de ter nascido no mesmo.

– Vou ver isso mais tarde – disse deus, ocupado. Tinha que ir à festa dos deuses nos campos Elíseos e provavelmente se embriagaria tanto que acabaria por esquecer da oração humilde.

Todavia especialistas – o narrador – já pensavam que não seria preciso nenhuma intervenção externa, ou divina, para que a humanidade mesmo se destruísse. Era só esperar um pouco mais. Não que guerras estivessem girando o globo mais rápido, na realidade eram tempos de “paz”, mas no fundo era bem fácil ver que o todo o lixo gerado, toda a degradação no meio ambiente, estava por findar a atmosfera perfeita do planeta.

– Eu acho que nós não podemos mais ignorar essa problemática no paradigma industrial de produção em massa e sem infraestrutura alguma em grandes empresas adepta a programas de reciclagens – citava um geógrafo ativista intelectual político ecologista importante que, apesar de todos os seus títulos, a indústria simplesmente cagava para a opinião do homem. Entretanto era ridículo não pensar que as indústrias começaram a pensar um pouco mais no meio ambiente desde os grandes desastres ecológicos no hábitat marítimo do planeta. Mas ainda assim a poluição nos centros industriais e a taxa de emissão de gases CFC nunca foram maiores.

Mas também não foi isso que levaria mais tarde a humanidade à extinção. Ocorreu mesmo uma intervenção externa, caso você considere uma raça humana tecnologicamente mais evoluída de outro universo um fator externo, em diversos outros universos antes mesmo que essa mulher em todas as variáveis possíveis conseguisse ver o seu neto nascer. Não seria diferente para o universo em questão, tão discutido pelo narrador desde o primeiro da série e que provavelmente o leitor sente-se em casa quando faz seu cérebro viajar para esse mundo. Digamos que, no quesito de universos, o tempo move-se da mesma maneira uniformemente sem variações, logo, nenhum universo está à frente temporariamente aos outros universos – diferentemente de dimensões.

O conceito de dimensão e universo, pouco discutido, não será por ser um assunto enfadonho e infame para o contexto da sequência de acontecimentos que virá a seguir. Considerando o pouco dito no fim do parágrafo anterior já seria diferente, e é para quem o leu focado e atento para cada minucioso predicativo de sujeito e conseguiu diferenciá-lo do complemento nominal no início do parágrafo.

Essa intervenção externa de seres humanos com tecnologia e pensamento completamente diferente do que é comentado em obra quaisquer quando se trata do comportamento do ser, não tardaria para chegar ao seu fim. Provavelmente esse era um dos últimos universos em que o planeta Terra estava ainda para ter seu fim, mas talvez isso não fosse necessário. Transformar o planeta em pó talvez fosse algo muito exagerado, Shepard pensava diferentemente. Exato. É associado ao tão aclamado Plano que está a chave para entender o que o mesmo e todas essas intervenções no meio interuniversal se baseiam.

O Plano, entretanto, é supersecreto. Somos todos meros civis e meros plebeus, senão meros militares. Dificilmente havia homens que sabiam a respeito do plano. Esses eram o mesmo, ou melhor, era o mesmo que o comandava. Com a morte de Mormada Sparrow para manter a sequência planejada sem maiores alterações do que já o plano original já sofreu, o profeta tornou-se o líder e retinha a linha que seguiria até o seu objetivo. Agora poderia modificar a linha da forma que quisesse desde que chegasse ao final: o que não era difícil. Também conhecido pelo leitor por Hian, gostava de jogar videogames e adorava finais alternativos. Logo, gostava de brincar de bonecos de marionete. E, quem eram suas marionetes nesse universo? Óbvio! Óbvio para que conhecesse os bonecos, mas para quem não, que é o caso geral, é impossível que se saiba. Estão muito bem camuflados e um dessas marionetes está em ação.

Foi-lhe dada uma ordem e estava executando-a. Não que fosse uma missão difícil, mas foi sua conduta e a linha psicológica fizeram-no chegar a uma situação complicada. Se já fora fácil, já não era mais.

A linha de raciocínio do homem seguia a uma espécie de silogismo no valor significativo das palavras da seguinte forma: Eu sou muito bom. Meus adversários são uns merdéis. Eu posso brincar com ele.

Escrevendo um decente silogismo, seria algo como: Eu sou bom. Ele é ruim. Eu ganho dele. Mas daí não seria um silogismo como o caso de Sócrates ser um mortal e Todo homem ser Sócrates. Que os acadêmicos discutam isso, o que será discutido é a forma errada que o homem pensa.

Sente-se tão poderoso que acaba causando uma posição de mal-estar. Com esse mal-estar, irrita-se e acaba de uma vez por todas acabando com a brincadeira. A melhor forma de derrotar esse homem não é no momento em que ele está brincando, porque ele realmente é poderoso, mas sim no exato instante em que ele está no ápice de sua irritação quase tendo um ataque de raiva e dores extremas de cabeça causadas pelo desconforto gerado pela situação que o mesmo comprara.

Esse foi o momento correto. Nunca pensou que seu adversário teria a sagacidade de perceber que esse era o momento para atacá-lo, mas ele percebeu. E pensou depois: Mesmo percebendo, ele não tem tanta manha com os punhos para que consiga me acertar enquanto estou no meu momento teen. E realmente não teria. Mas como estava em seu momento teen, não estava apto a perceber o surgimento de outra aura inimiga em especial – rápida o suficiente para reagir no momento exato do piti da marionete de Shepard.

Como estava de olhos fechados, não percebeu quem foi, mas algo havia o paralisado e então Robin com seu braço esquerdo acertou um poderoso ataque no rosto de Jonny. Vendo que o inimigo continuava congelado, o jovem não pensou em indagar o motivo do viciado em cafeína ficar parado por tantos segundos. Pensou em dar mais socos, e deu. Foram sequências sem fim e furiosas, mas Robin mantinha-se calmo para conseguir um melhor rendimento em batalha do que em épocas anteriores de ser adestrado pelos dogmas do Clã XyauXyau. Agora era um homem de peito que se mantinha com espírito calmo e não levava a emoção por cima da razão.

Os golpes eram poderosos caso o alvo fosse um ser humano qualquer, mas como reparado pelo leitor perdido nessa narrativa confusa, foi decretado no início do capítulo que Jonny conseguia impedir revoluções por si só sem grandes dificuldades. Não era um humano qualquer e por mais que estivesse indignado com a paralisia, estar parado não era o seu grande problema. Estava ficando cada vez mais desconfortado. Primeiro pela situação que havia criado. Segundo pelo seu corpo não obedecê-lo e isso era um saco. Foi então que o primeiro problema foi gerado. Algo diferente foi sentido por Jonny em seu ombro – alvo de uma direta canhota de Robin.

O jovem assassino de alguma forma havia atravessado a pele do membro XYZ Works. Não foram seus socos, claramente. E claramente Jonny não observou isso com sua visão, apenas sentiu. Sentiu que um furo qualquer em seu ombro esquerdo se tornou numa travessia completa. Não foi a força de Robin. O que foi? O que? Sentia agora o outro inimigo, misterioso, mas não foi dele que veio o ataque. Foi ele que o paralisou, concluiu após acalmar-se, mas essa sequência de pequenos furos é causada por Robin. Não fora apenas no ombro, também sentia do mesmo em diversas partes do seu tronco e também no seu queixo devido a um rápido gancho de esquerda.

Isso é... Energia Amarela? E de fato era. Robin inconscientemente havia despertado o fator que mais dava ao seu título de hitman o subtítulo de cópia de Imperadores Solares: a energia amarela. Se não fosse ela, não chegaria nem mesmo próximo de machucar Jonny. Poderia socá-lo por ano que isso não aconteceria. Mas foi a energia solar. Não que estivesse sendo derrotado pelas fúteis emissões de energia solar nos ataques canhotos de Robin, só que essa situação toda o irritava ainda mais. O fato de Robin tê-lo ferido queria dizer que aquele jovem rapaz, que julgou ser lixo impossível de ser reciclado, conseguiria derrotá-lo. Não aqui, ou agora, mas a qualquer momento. Se isso se mantivesse pelas próximas horas – a paralisação e a emissão pequena de energia solar – Jonny começaria a ter problemas de verdade e óbito tornar-se-ia algo a ser considerado. Mas para a surpresa do defensor, a paralisia terminou e o atacante não teve mais brecha para prosseguir com uma sequência que poderia ter sido infinita de punhaladas.

Não foram infinitas exatamente porque Jonny conseguia agora se mexer. E, ah, como era maravilhoso. Conseguia se mexer e a primeira coisa que fez foi jogar toda a sua raiva em energia cinética na fuça de Robin. Dessa vez não a partir de suas táticas pirocinéticas, mas em um escandaloso punho ardido de fúria.

Pensou em finalizar seu adversário, o que não seria difícil já que Robin não conseguiu reagir à velocidade do ataque de Jonny e estava certamente inconsciente. Mas antes disso gostaria de checar se não seria novamente paralisado, o que certamente seria um saco, e olhou para onde seu instinto dizia estar o adversário.

– Ah, é você.

Estava completamente sem condições de prosseguir com essa missão e retornou para casa. O outro adversário, que temia apenas a morte do adversário de seu adversário, não restringiu as ações do seu adversário. Tinha força para ir versus Jonny, mas não era esse seu objetivo. Checou Robin e, como era baixo, não precisou se abaixar ainda mais para examiná-lo bem de perto. O braço esquerdo estava inchado não de tanto socar, mas pelo estado que já se encontrava pela luta anterior contra Molly cuja Defesa Indicadora ainda surtia efeito em Robin. Forçou seu braço e seria difícil para que o baixinho e agora também dito ao leitor que é velho desse um jeito naquilo. Mas, bem, sempre dava o seu jeito. Não seria dessa vez que não conseguiria.

Também não é a primeira vez que a narrativa é mal feita com intenção de não esconder, mas retirar partes pouco importantes do enredo até porque tempo é dinheiro e, apesar de ter muito tempo de sobra nos finais de semana, isso não quer dizer que ele seja rico nos dias comuns de semana. Numa razão entre as vezes em que o leitor provavelmente ficou por não entender a história e o quão boa a história provavelmente a resposta seria impossível de ser descrita porque nenhum número pode ser dividido por zero. O que restava em torno de Wood, desacordado, era o velho que analisava-o lentamente e um cenário plano sem relevo qualquer. O que cabe é a pergunta: Mas Robin não estava indo à montanha do clã XyauXyau?

E estava. E era aquilo que havia sobrado do clã XyauXyau quando Jonny atacou subitamente apenas com um intenso movimento de sua mão quando apontou para a montanha: Nada. A montanha se afundou no mar de areia infértil, causando disparidades na crosta terrestre e um brevíssimo terremoto foi sentido, mas as coisas provavelmente já haviam se ajeitado entre as rochas debaixo da litosfera.


Robin acordou. Estava cheio de dúvidas: Havia derrotado o inimigo? Hã? O que estava acontecendo ao seu redor? Onde estava? O que é que estava acontecendo? Por que tudo estava simplesmente caindo ao chão?

Mas... O quê??? Eu não sei. E posso conviver com isso. Sempre assisti à chuva caindo no solo e nunca sequer perguntei o porquê ou como. Eu sou um babacão, posso continuar vivendo como um babacão e quem sabe caminhar mesmo nessa escuridão. É! Talvez seja isso! Talvez por isso que eu tinha conseguido viver tanto tempo sem saber a razão das coisas: porque eu acreditava que eram simplesmente assim ou porque não eram importantes demais para eu saber. Sempre foi assim e sempre deu certo. Quando comecei a me indagar porque meu inimigo era mais forte ou como ele emitia raios de energias eu comecei a perder. Talvez eu não soubesse e consequentemente perdi. Ou eu perdi porque não sabia. São muitas as interpretações, eu acho melhor eu acreditar em uma delas porque tenho certeza que essa será a verdadeira, até porque foi assim que eu vivi até agora! Hã? Mas eu não acabei de... Então! Eu perdi porque eu pensava que eu não sabia! Na verdade eu sei de tudo, sou um grande gênio. Sou Robin Tenyst Wood, a pessoa mais inteligente do mundo.

Talvez Robin realmente fosse, mas enquanto sonhava o seu eu-lírico caminhava pela imensidão escura e se deparava com diversas luzes de tonalidades diferentes que simplesmente ignorava. Nem sequer olhava para elas, para ele simplesmente não estavam ali. Então foi quando avistou uma luz amarela e foi nela que entrou. E Robin percebeu: Meu deus, isso é incrível. Era como se estivesse tudo do início. Do início viu a escuridão e assim prosseguiu. Foi então quando abriu os olhos e viu a luz. Exatamente, parecia que o universo sempre esteve lá, mas nunca tivesse visto isso. Em momento algum Robin se indagou como era possível estar revendo os primeiros passos da humanidade, mas viu. Não conseguia falar, mas foi balbuciando que os outros homens felpudos falavam com ele e, por mais que não conhecesse a língua dos Neandertais, conseguia entendê-los muito bem.

– Eu nunca tinha imaginado que fosse assim.

E então uma parte de sua mente se quebrou. E realmente havia sido quebrada em duas partes. Como assim? Ele sempre pensou que o mundo havia surgido, e descobrir que o universo sempre esteve lá fez com que o rapaz percebesse: eu estava errado. Eu não estou certo por acreditar na coisa. Eu estava errado. E percebeu: essa é a diferença do sabichão para o sábio. E Robin era o sabichão. Essa não é a primeira lição que Robin percebeu para que de um mal perdedor se tornasse um bom vencedor; a segunda. A primeira era controlar-se, a segunda era perceber que não deveria subestimar os acontecimentos e o mundo. E a terceira e a que estava para vir era que, querendo ou não, sempre há alguém mais poderoso não para que te derrote, mas te vença. Em todo perdedor, há um vencedor. E perdedor não é uma palavra correta. Robin era um perdedor, por ser um babaca, agora como era um homem de verdade havia se tornado apenas uma pessoa derrotada. Uma pessoa com mérito, mas sem habilidade de analisar a situação o suficiente para que se tornasse uma vencedora.

E era essa que faltava – a quarta – e talvez a última! Mas sua mente não sabia sobre essas lições, apenas caminhava pela vida e nesse caso pela sua cabeça para descobrir vagarosamente como um moleque se torna um homem. Muitas pessoas passam por isso durante a puberdade, quando percebem que na verdade são uns merdas ou apenas só mais um na vida. Entretanto, aquele que muito se acha superior é iludido pelos seus óculos caros que filtram a realidade, transformando-a em um mundo que gira ao redor do iludido. Robin passara exatamente por isso. Sua vida de delinquente assassino durante a juventude, aproveitando-se da sua força sobrenatural, foi de farra e adorava espancar os mais fracos. Gostava de provar às gangues que muito se achavam que Robin que era o homem mais poderoso da região, de todas as regiões. Viajava a partir de uma grande sequência de teletransportes de uma cidade para outra. Dizia-se justiceiro, apenas de brincadeira. Fazia o que fazia porque era assim que ele mostrava aos outros que era o melhor, o mais forte, o mais poderoso. Foi que encontrou o seu primeiro amigo, o maior inimigo que teve naquela época:

– Eu sou Alexander Frota, prazer é todo meu – disse o rapaz de franja e cujos óculos escuros, mesmo em um cenário de anos atrás, se destacavam dando um grande ar de mistério. Sim, Frota pouco havia mudado desses anos para cá. Prosseguia o mesmo na aparência e sempre humilde. O julgado pela justiça como estuprador bebeu do néctar do café com leite para esquentar-se, estava frio em Fantasy naquela época do ano e ainda por cima em uma região que era praxe nevar mesmo antes do solstício de inverno.

Do outro lado do banco do galpão Robin bebia do Suim, uma bebida alcoólica derivada do etileno que tinha o mesmo efeito do café, e olhava vigorosamente para Frota. Como que estivesse o desafiando. Frota pouco tinha intenções de enfrentar o assassino, havia saído de uma série de batalhas causadas por um destino muito sagaz e pela morte dum grande amigo e do adeus para outro – que no final tornou-se um Até Mais. Robin então se levantou e sem mais delongas disse a Frota:

– Nós nos vemos lá fora.

Frota ainda se fez de bobo. Após tanto sangue derramado e tanto despejar seus punhos nos outros, queria mesmo era um pouco de paz e nada melhor do que aquele frio para deixá-lo muito bem debaixo do cobertor que uma velha muito gentil havia doado ao jovem de franja – era morador de rua. – Perdão, mas eu não estou te entendendo. – Havia entendido muito bem. Mas suas intenções de lutar eram zero.

Se por acaso Robin tivesse pensado que o portador dos óculos escuros fosse um homem qualquer, já teria apunhalado-lhe a fuça. Mas havia algo atrás das lentes daquele homem que o deixava não misterioso: Frota parecia ser um oponente a ser derrotado. O porte físico poderia ser uma causa disso, mas Wood já havia derrotado homens maiores do que aquilo. Não era sua face, que parecia assumir um termo completamente imparcial independentemente do assunto. Era o jeito de como ele era. Era um homem a ser temido, claramente. Por mais que parecesse ser gentil, algo que Robin descobriu mais tarde convivendo com o rapaz, ele parecia estar sempre pensando em algo além. Mais que isso: Frota parecia ser um homem extremamente forte. Psicológica e fisicamente. E nunca parecia isso. Por mais que fosse gentil, seu olhar – desconhecido por todos – aparentava ser algo depressivo.

Mas não eram essas as características de Frota que excitavam a ideia de desafiá-lo na cabecinha iludida do hitman. Era a sua postura. Um homem com todas aquelas características tiradas de cima e que ainda assim sentava como um orgulhoso coronel do exército. Simplesmente não caia a ficha para Robin. Frota tinha algo a esconder e era por isso que Robin não o atacava. Não sabia se perderia a mão ou se o venceria em apenas um ataque, chamou-lhe novamente para fora para saber qual dos dois casos era a verdade:

– Vamos lá fora, lutar. Você sabe muito bem do que estou falando.

Frota hesitou, mas levantou assim que Robin abriu a porta. Era um frio absurdo e as ruas se encontraram vazias. Poderiam lutar sem problemas e o espaço não afetaria os seus desempenhos.

E Frota tinha realmente algo a esconder. Dois. O primeiro era o seu estilo de combate que simplesmente sensacional, que mesmo sendo golpes lentos, a defesa era praticamente impossível. O punho tinha um poder incrível. A luta foi demorada, até porque Robin inicialmente conseguia usar o teletransporte para desviar das punhaladas e, mesmo com seus ataques velozes, não conseguia passar pela barreira de Frota.

Foi que Frota acertou-lhe dois socos, não em sequência, um durante uma sequência de pancadas emitidas por Robin e outro no instante em que Robin tentava se recuperar do primeiro. Foi o suficiente. Robin caiu ao chão e pensou “Eu não posso ter perdido”, mas mal podia levantar-se, “preciso fugir”. Não havia possibilidade para isso, o segundo golpe havia sido em seu queixo e o hitman estava completamente grogue.

Frota foi o homem que, não dando as costas ao adversário, e sim o ajudando a se levantar, fez Robin perceber que o mundo não girava em torno dele. Mas dali ainda faltava, ainda como falta até mesmo anos após esse dia fatídico, um número considerável de passos para que passasse a ser um homem poderoso.

Voltando ao sonho em que a mente de Robin se partia porque descobria que estava errado. Sim, era um sonho. Você não sabia? Então, já que a graça do momento foi completamente retirada, voltemos ao instante em que ele acordou do sono. Foi como um pesadelo: sua mente se partiu internamente e no mesmo momento seu corpo surtou e acordou. Não, aquilo não era realidade. Mas... Seu braço... Não conseguia movê-lo. Estava pesado, engessado. Esse mesmo braço, o esquerdo, latejava e decidiu voltar a deitar.

– Não se mova – disse o velhote.

– Onde estou? O que aconteceu?

– Você não está na minha casa. Está no meu templo.

– Han? – Robin inicialmente não entendeu o que o velho queria dizer.

– Eu sou Jack.

– Robin.

– Pois é, eu te conheço.

Robin preferiu perguntar o que havia acontecido com seu adversário a que questionar como o velho conhecia Robin se o vice-versa não era verdade.

– Seu adversário se foi. Você não o derrotou. Ele fugiu.

Robin sentiu-se um merda. Jonny havia o julgado uma bosta tão grande que nem merecia ser morta.

– Não, não se sinta mal por isso. Não foi para não te finalizar que foi embora. Ele iria fazê-lo. Mas minha presença salvou a tua vida, assim como agora estou salvando o teu braço. Agora durma.

– Mas eu tenho que treinar. Tenho que derrotar Molly.

O velhote achou engraçado. Molly... Um conhecido seu.

– Descanse. Você vai acordar daqui a alguns dias e então eu direi onde você encontrará Molly.

Robin não perguntou o motivo, mas o velho tinha razão. Não tinha como levantar-se, caso forçasse e conseguisse se levantar e conseguisse treinar, o treino seria improdutivo.

Na realidade o velho estava mentindo. Não eram dias. Eram horas. Estava emitindo ondas eletromagnéticas para consertar a merda que o esforço de Robin havia causado naquele braço esquerdo. A outra mentira era que ele não sabia onde Molly estava. Mas ele sabia que levá-lo até aquele lugar levá-lo-ia mais tarde até o Imperador Solar.


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