Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 39
O depois.




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Urão era um grande território que, apesar dos grandes problemas durante o Segundo Reinado de Joseph Arrazaph – líder da rebelião que trouxe Urão às mãos dos homens da antiga tribo –, permaneceu e consegui destruir as rebeliãos. O reinado estava fraco, o comércio era intenso, porém havia falta de alimentos. Então Joseph Arrazaph decidiu que a floresta fosse destruída para que fosse criados campos de agricultura nessa região. Muitos homens descendentes da antiga tribo diziam que ali era um lugar lendário, pois foi naquele lugar que nasceu a ideia da nação que hoje nascia; que fora criada a partir da vontade do deus Amriel e do sangue dos antigos aldeões. Esses homens, ortodoxos de coração, pegaram de surpresa os homens que estavam para destruir o local sagrado e a infantaria que os escoltavam. Então Joseph viu que aqueles homens eram problema demais para a cultura daquele império que estava apenas nascendo.

A ideia de Joseph era recomeçar a nação do zero. Mas era algo muito difícil com uma influência tão grande dos antigos aldeões – que agora se chamavam Saha – que tinham uma cultura muito forte e tradicional. A tradição era passada de pai para filho ou de mãe para filho em tempos de guerra, queriam que todos lutassem pela Grande Saha, terra prometida dos deuses para os homens. Aquele foi o primeiro passo para a construção da Grande Saha. Mas retornando à ideia de Joseph, ele queria criar uma completa nova ideologia. A religião não era necessitada para seu plano, mas queria que cada espaço de seu território reconhecesse-o como grande líder e visse as terras do Império como parte de seu corpo. E então trabalhasse nelas com orgulho e vigor. Havia uma política que realmente era tudo o que o rei queria: Acladeíse. Mas não podia dar igualdade de poder e de decisões para os outros acladetos, deviam ser como conselheiros ou algo assim. Escolheu três nomes de sua confiança: Entre eles estava Gapar Al Jizar Barsauls.

Gapar Al Jizar era um caso muito a parte. Fora uma criança que nascera na família de Afilieu e que seguia a doutrina do antigo Conde de Barsauls – homem que fora exilado de Nova Samara e fundado Urão junto aos Saha. Apesar de filho de Barsauls, era um bastardo que fora aceito pela família pelo simples fato de seu pai ter visto em Gapar seus olhos. Gapar no momento retratado já havia se tornado talvez o mais inteligente Saha que existira em toda a linha do espaço tempo – apesar de algumas teorias descordarem disso. Apesar de não ser mais um Conde em Urão, Barsauls ainda trazia o seu brasão de sua família para a sua nova terra, assim como fazia Gapar, e tinha em sua família uma total ideia de dominar todo aquele território, desde a guerra civil que travara.

Gapar, como havia sido eleito como um dos mais próximos do rei Joseph, foi pressionado pela família Barsauls para trair o rei. Apesar de não ir muito bem com essa história, Al Jizar introduziu espiões da Família de Barsaus no interior da capital que espionou cada movimento dos outros três acladetos. Cada decisão que Gapar não sabia a partir do rei, os espiões contatavam a Barsauls. Alguns passos importantes da infantaria foram reconhecidos e o líder da família Barsauls, o ancião Peeta Barsauls, percebeu que não era momento para atacar diretamente e que isso era uma ideia muito idiota mesmo caso não houvesse grande parte da infantaria na capital. Peeta percebeu que as decisões de Joseph eram muito defensivas e que assim não seria possível dominar com Gapar, então pagou a um assassino de além dos mares para assassinar o rei e esse homem falhou.

O rei retirou o cargo de todos os acladetos e pôs o reinado em estado emergência colocando o olho em todos os grandes clãs Saha e famílias ex-samarenses. Joseph tinha um olho especial para os Basaurls pelo fato de sempre contrariem os líderes de onde viviam, e principalmente contrariem os Saha. O rei decidiu que contrataria um investigador de seu reino apenas para dizer que “Meu rei, esse assassino foi enviado pela família Barsauls” e então declarar guerra contra a família. Pensou um pouco, afinal essa seria uma idiotice. Deixaria isso para alguns turnos depois, mas o rei morreu envenenado.

Não havia sido Barsauls e muito menos os homens de Saha revoltados com a ordem da devastação do local sagrado, mas o rei havia colocado tanto olhos para a tentativa de assassinato que simplesmente se esqueceu das rebeliões. Havia um grupo paramilitar denominado Nostradamus na região urbana distante da capital, mais próxima ao leste da ilha. Essa facção agia de modos bastante modernos e inovava a cada tentativa de ir contra o poder do rei, mas quase sempre perdiam na inovação e acabavam falhando. Mas dessa vez o plano não era nada inovador, simplesmente um infiltrado cozinheiro que iria colocar algo a mais na bebida enquanto a galera estivesse preparando as comidas e colocaria o prato certo no lugar certo. E então faria história.

Joseph morreu dois dias depois do jantar que fora envenenado e obviamente as pessoas não sabiam por que havia morrido, e colocaram a culpa na família Barsauls. O rei não tinha filho, nem mulher, nem irmão, nem irmã, nem filha. O trono estava vazio. Uma grande guerra civil começou entre os clãs e entre as famílias. Apesar de tudo, a família Barsauls não entrou na guerra. Guerra que durou cinco sangrentos anos.

Entretanto Barsauls aliou-se nos Saha, que não entraram na guerra até que foram fortalecidos por Barsauls e aliaram-se aos Nostradamus. Com toda essa força, os homens Saha já podiam ver o seu projeto da Grande Saha entrando em vigor. Eram milhares de homens e o que se chamava de militar naquele império estava divido em facções por andarem por diferentes ideais. Aproveitando disso, Gapar Al Jazir concretizou-se como rei quando o terceiro ataque das forças militares fundidas. Foi eleito como rei pelos líderes de cada movimento – Saha, Nostradamus e Brasauls – pelo de já estar próximo ao trono e ter maior experiência nisso. O grupo paramilitar de Nostradamus foi reintegrado para a guarda real, porém em cargos mais altos, enquanto Brasauls e Saha conseguiram o que queriam – um homem de origem Sahiana e um Brasauls no poder.

O território foi divido em cinco pedaços e foi integrada a política dos acladetos com apenas dois conselheiros: Calau Amalick, líder do movimento Saha que tinha três dos pedaços do terreno, e Caliman Sulei, filho de militares de épocas passadas com grande inteligência política. Não houve golpes de estados e nem guerras civis durante o reino de Gapar Al Jazir Barsauls. Morreu após 30 anos de reinado e seu filho Clarico Nomon Barsauls herdou o trono. Clarico puxava muito para o lado de Saha. Uma vez que o ancião Peeta, líder da família Barsauls, havia morrido e herdado o trono para Gapar que logo 20 anos depois morrera seguindo ainda a política de seu bisavô, Clarico tornou-se líder do reino tanto como líder de sua família. As políticas eram suas próprias, e decidiu declarar independência do Estado em relação à família Barsauls e aos militares, que não mais tinham influência nas decisões do rei.

Algumas pessoas revoltaram contra Clarico e escreveram cartas a ele perguntando o que havia dado em sua cabeça e escrevendo manifestos contra eles que os burgueses leriam. Mas nenhuma pessoa via grande diferença do reinado de Clarico ao de seu pai, uma vez que seus acladetos ainda eram Saha e outro de linhagem de família militar. Então as coisas não mudaram muito na política em si, mas para a população fora um momento épico.

No discurso que fizera ao povo no dia que tinha declarado tal independência, Clarico citou:

“Um dia desses, eu tive a felicidade de sonhar que nós criamos um reino tão grande que ultrapassou a felicidade dos mares ou as fronteiras do céu. Meu sonho era lindo e não era eu o líder desse processo, mas eu sonhei que as pessoas eram unidas por um só ideal e que ele fora regido um dia por mim: Independência! Para que o meu reino torne-se mais tarde o que eu sonhei, é necessário que apenas o rei siga seus passos para o bem da nação, sem interesses militares ou individuais. Eu vos digo que a nação não foi criada apenas para que sangue estivesse nas praças ou que aconteçam reviravoltas na política desse local. Está escrito no nosso livro sagrado que uma vez Saha sonhou com seu lugar, com um estado próprio, que o sagrado Deus disse que esse povo deve dominar a ilha do leste até o oeste e do sul até o norte e que Deus nada mais tinha que dizer. Então eu digo o que deus estava para dizer: DE QUE ESSA ILHA É NOSSA.”

A população, de maioria Saha naquela época, adorou o discurso e teve um maior carisma pela nação e pelo rei. Clarico tornou-se uma lenda para Saha depois desse ato e depois de proclamar sua religião como a religião do reino, fazendo com que a barreira de cultura entre a população fosse quebrada e que finalmente houvesse O Cidadão de Urão, não a mistura de cidadãos de impérios passados.

Desde aquela época até então, os homens de Urão – como passou a se denominar qualquer cidadão de Urão na época, uma vez que todos agora seguiam a cultura de Saha – criaram o desgraçado costume de encher a cara todo o dia em que algo divino ou profético se realizasse. Algumas vezes terminavam em baderna, mas eles festejavam por uma semana inteira e dormiam na rua mesmo, ou em casa caso conseguissem chegar. Qualquer aquisição de território era um fato profético, pois Deus estava dando aos homens de Urão o espaço na terra, um a mais, pois sonhavam com toda a terra em suas mãos e a seus pés. Festejavam e riram durante duas semanas após o discurso de Clarico, mas as coisas continuaram bem depois disso e não houve baderna nos dias seguintes.

Havia uma coisa em Clarico que a população gostava: ele andava pelas ruas como qualquer cidadão e conversava com os outros que obviamente se espantavam por encontrar uma figura santa. Mas Clarico era simpático o suficiente para fazer com que eles tirassem a vergonha do rosto e conversassem com o rei de igual para igual, sem nenhuma pagação de pau. Clarico ficava feliz por isso. O reino adorava-lhe, era um homem sábio e ao mesmo tempo sagaz. O único problema era que Clarico olhava demais para a sua civilização – não que fosse um problema, mas tornou-se uma surpresa a existência de outras civilizações com a chegada dos albuquerquianos em seus navios na costa sul da ilha de Urão. O dono daquela região, que era o segundo distrito, era um dos líderes militares e não perdoou em mandar tropas para matar aqueles homens. Entretanto assim quando o rei soube desse fato, ordenou para que os homens não fossem executados e sim levados ao templo mais próximo para que fossem catequizados.

Em 2750, quando Clarico já estava bastante velho, diferentes profetas foram enviados para a região a qual os albuquerquianos chegaram dois meses antes para serem catequizados. Era o primeiro projeto de inquisição e que Clarico não soube do resultado, mas seu filho Richard I Al Jazillion Barsuls soube que a religião fora bem aceita na região. O filho de Clarico, atual rei após a morte do pai, soube que o lugar onde havia ocorrido a inquisição era uma vila que se ligava a uma outra a partir de um rio, e logo após apenas desertos e florestas. Era muito interessante ter influência da religião por outros territórios, o que 260 anos mais tarde fez com que os homens de Urão pudessem migrar para a mesma região, agora chamada de Vilala, para viver longe dos impostos caros do rei Richard III.

Vilala era uma região distante do centro de Albuquerque, o que fez com que 500 anos mais tarde fosse liberta sem muito sangue ser derramado do território de Albuqerque. Com maior parte do território como florestas e desertos que separam duas vilas – as primeiras catequizadas – das restantes 50 que foram catequizadas em 3156, pelo grande profeta Augustus Caesar.

Em 3678 uma figura peculiar apareceu em Urão Vilalês. Vestia trajes a la rigor diferentes das farrapadas túnicas típicas de Urão, que hoje já havia se tornado uma república laica. A figura abrigou-se numa taberna próximo a primeira vila historicamente catequizada pela religião dos homens de Urão por poucos dias para então pegar carona pela floresta com os mercantilistas. A figura desceu onde já podia ver a Colina de Iara. Estava a alguns milhares de passos para que prosseguisse a sua aventura, e que ela começasse de verdade.

– Não deixe o sol se por sobre a sua ira, Robin – dissera o homem na taberna antes de deixá-lo ir com os vendedores, e isso não havia saído de sua cabeça até então.

O sol estava se pondo, mas Robin não deixou que sua ira fosse embora com a noite ou com a imensidão de passos que teria de dar até a colina. O que importava era que estava cumprindo a sua promessa, e que os homens de Urão estariam rezando por ele.


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