Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 31
A permanência da ira.




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Wilson sentiu o tempo parar definitivamente.

Não, não estava parado, era apenas uma sensação temporária. Wilson pensou que pudesse ser uma ilusão, mas não encontrava nenhuma característica de técnicas ilusionistas naquele cenário. Não conseguia mover seu pescoço, se estivesse realmente se movendo realmente eram milésimos de centímetros até que pudesse chegar seus olhos à visão que queria. Seus olhos também não se locomoviam perfeitamente, nenhuma parte de seu corpo estava se movendo da maneira comum. Não seria possível uma alteração na gravidade.

No momento estava de costas a Hian, e pensou: como eu sou idiota, fiquei de costas contra um inimigo cheio de truquinhos. Como um jovem na primavera da vida Wilson não mais raciocinava com a sua mente sã, ou seus hormônios estavam muito altos ou, como no caso, em escala muito baixa. Wilson por pura emoção do momento decidira começar uma batalha contra um inimigo aparentemente muito mais forte sem ao menos estar com a guarda pronta. Ai ai Wilson.

Wilson viu um pequeno vulto passando pela sua frente, não conseguira decifrar a figura que havia passado, mas tinha a certeza que era Hian. A julgar pelos sinais que tinha – não conseguia mover seu corpo fisicamente de maneira comum, porém sua mente continuava intacta, percebeu que já havia visto essa técnica anos atrás.

Como uma mulher que dá a bunda pra todo mundo e conhece boa parte das técnicas sexuais para sentir prazer e parar dar prazer ao seu acompanhante, Wilson por ser um velho mais que centenário de várias e várias batalhas da vida reconhecia bastantes habilidades que existiam para tirar a calibragem da manutenção da energia amarela pelo corpo de Imperadores Solares. Havia visto bastante dessas técnicas durante a Guerra do Fim do Mundo e não gostaria de vê-las novamente, porém essa era uma técnica especial.

Wilson fora o primeiro projeto de Super Soldado que havia tido um sucesso e a euforia nos laboratórios militares eram grandes, cientistas faziam grandes cálculos para tentar aprimorar a força que a radiação impactava no corpo humano sem que houvesse grandes transtornos – como a morte – ou examinavam o corpo de Wilson para saber o que ele realmente havia se tornado.

Wilson passara meio mês viajando por diversas cidades para ser examinado por diferentes cientistas com distintas teorias sobre o que havia ocorrido com o corpo de Wilson durante aquele processo a partir dos dados anotados por aqueles que haviam o utilizado como cobaia e o que havia se tornado desde então.

O primeiro exame foi com o Doutor Sultonense, um dos doutores mais vislumbrados naquela época de futurismo, deu a resposta aos envolvidos no projeto de que Wilson não havia mudado porcaria nenhuma. Óbvio que eles se revoltaram contra a ideia de Sultonense, até porque era um absurdo. Se comparado o corpo e os dados genéticos de Wilson pré-experimento com o Wilson pós, eram dados completamente diferentes. Por fim, a resposta de Sultonense custou a ele seu diploma de diversas faculdades. O até então doutor foi internado em um hospício e seu nome foi esquecido dentre os outros na história.

Os seguintes examinadores, todos, viram diversas diferentes no corpo de Wilson. Mas era Sultonense que tinha certeza, no final. Wilson podia afirmar isso, mesmo que lhe custasse seus diplomas e o levasse ao hospício, pois se sentia o mesmo homem.

Sultonense apostou numa teoria fácil de ser interpretada, porém difícil de ser interpretada da forma correta. Um número negativo para chegar a um número deve passar pelo zero para então tornar-se um número positivo. O Wilson negativo tinha passado pelo zero e estagnado durante o processo durante um período tão grande que sua carga neutra foi se acumulando e com a influência da radiação que fora exposta por longo período e em longa escala tornou-se o que era agora. Em algum momento desse processo Wilson morreu, quando tornou-se neutro.

Wilson havia morrido para então ser ressuscitado graças a radiação, a mesma que havia o assassinado. Os ácidos nucleicos não batiam mais com o antigo Wilson, não podia ser o mesmo ser caso o DNA fosse alterado drasticamente – tão drasticamente que o antigo nem tinha deixado vestígios. Sultonense encarou aqueles exames – o do Wilson pré e o pós – como se fossem de pessoas distintas. E em nenhum desses exames os dados revelavam alterações individuais. Obviamente que tinha toda uma ciência por trás da coisa e que não é possível de ser narrada pelo pequeno conhecimento acadêmico do narrador e provavelmente do leitor.

Sultonense então disse: “O velho Wilson continua aí, bem debaixo um capuz de radiação que o cobre”. E foram as últimas palavras que a sociedade ouviu daquele homem “maluco”.

Desse momento para depois, Wilson foi introduzido em diversos métodos científicos para tentar controlar a força que dominava e cobria o seu verdadeiro “eu”. Não precisou de esforço para aprendê-la, quando realmente surgiu alguém que pudesse ensiná-la ao Super Soldado.

Wilson já havia encarado a morte diversas vezes na vida. Todas essas vezes marcaram a sua vida até o dia em que é contada essa história, mas a que mais o marcou foi o momento em que morreu e foi ressuscitado pelo mesmo conteúdo que o assassinara. Wilson tornou-se o outro, foi o ponto 0 de sua vida em que passou do negativo para o positivo. A terceira visão da morte que mais o apavorou na vida foi a Batalha de Outubro.


Movimentos muito parecidos com os de seus inimigos sobrenaturais eram utilizados por Hian naquele exato momento. A sensação de dor e de perda que sentira na Batalha de Outubro voltou ao seu ouvido e sentiu a morte em seu corpo, como sempre sentia quando tinha lembranças de sua vida passada, antes de se tornar um Imperador Solar. Essa lembrança levou a uma cadeia de pensamentos que levou a conclusão final de que “Você já morreu, Wilson. Eu não sei mais quem você é”.

Wilson não mais viu o vulto, não mais viu seu inimigo percorrendo o templo de seu mestre. Não queria mais ver os problemas fundamentais da vida que o templo escondia. Não queria mais tantas responsabilidades. Queria se sentir livre...


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