Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 25
As coisas parecem fáceis.




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Para Frota, que estava olhando pela janela a rua, totalmente suja – normal –, ainda tinha esperanças de que a imprudência de seu amigo assassino não o levasse a morte. Havia percebido desde o momento em que tal arrombara a porta e pisara no piso do consultório do doutor Gepeto de que a fisionomia de seu amigo expressava um sentimento diferente. Um sentimento que nem mesmo Frota, aquele que mais o conhecia por ter durante praticamente dois anos vivido juntos no mesmo prédio, conseguia identificar. Entretanto, como um bom amigo, havia opções que já havia descartado e outras que surgiam em sua mente como o possível sentimento que seu amigo sentia.

Provavelmente, Robin estava com cólica e precisava urgentemente chamar o Raul. Estava triste por ter sido demitido do emprego, só que Robin não tinha mais um emprego. A última opção e a mais provável era que sua menstruação estava atrasada. E esse era um grande problema.

O problema de Robin obviamente era outro, seu genital estava em ótimo estado. Um problema que você se pergunta o porquê de eu estar fazendo tanto drama para revelá-lo até porque desde alguns capítulos atrás foi deixada clara as circunstâncias que o assassino se encontrava.

Enquanto alguns não acreditavam em seu retorno e preferiam não comentar sobre essa possibilidade – pois eles consideravam-na pequena demais para que pudesse ser parafraseada –, o jovem de franja asseverava a si mesmo que seu amigo subsistiria.

Mas, com tamanha cólera presente em seu coração, seria impossível conseguir manter-se calmo e conseguir derrotar um inimigo tão poderoso que emitia uma aura tão destruidora quanto à aura de Molly. Na verdade o furioso e rápido batimento do coração de Robin era uma desvantagem a qual o jovem assassino não tinha conhecimento.

Robin sabia muitas poucas coisas relacionadas ao chip, por exemplo, como desligá-lo e reativá-lo. Não sabia que o decorrer mais veloz de seus batimentos atrapalhava por total o rápido anabolismo entre as moléculas – a função número um do software – dos órgãos mais agitados. Quanto mais rápido seu coração batia, pior seria o desenvolver de seus músculos na batalha e num confronto contra um adversário do naipe de um Imperador Solar, mesmo que surtissem pouco efeito contra um, sua força total era necessária.

Para conseguir utilizar sua força total, precisaria estar totalmente calmo e esse não era o caso. Robin era um jovem muito peculiar que não tinha controle permanente sobre suas emoções, sempre fora desta forma, impulsivo. Talvez por isso sempre sentisse que seu poder todo desde nunca fora utilizado, motivo de irritação. Talvez por isso também que fosse sempre motivo de risada. O cansaço de ser subestimado era aquilo que mais lhe dava motivos para tentar, ao menos tentar, provar ao seu patrão atual de que não era apenas lixo. Um estrume de vaca, ao menos, queria mostrar que era. Ou quem sabe algo maior: um estrume de porco, capaz de melhoradamente fertilizar o solo para as flores que virão.

A ira atrapalhá-lo-ia.

Não que Molly soubesse do chip, entretanto tinha certeza que o homem que estava prestes a enfrentar era capaz de manipular a energia amarela. Sentia isso através da aura de Robin, que emanava faíscas de radiação solar – invisíveis a olho nu, mas perceptíveis para um velho marinheiro.

Mas estava errado, Robin não era manipulador de energia amarela algum. Apenas um jovem que desconhecia a força no software implantado em seu corpo. Só sabia que o chip o ajudava, com o que? Essa uma pergunta difícil demais para um jovem cabeça-dura como tal. Não se importava desde que aquilo ajudasse a estatística de socos e chutes concluídos com êxito no confronto.

Molly andou até a direção onde estava Robin, lentamente, e de fato houve demora até que ambos estivessem próximos um ao outro. O assassino sentia que, caso não reagisse à ousadia do Imperador Solar ao aproximar-se, acabaria tendo um péssimo fim ali mesmo.

O suor frio caia pela sua testa até alcançar o chão, quando viu que deveria reagir. Não fazia a mínima de como reagir, contudo, era agora ou nunca. Com seu punho preparado ao ataque, percebeu a aura devastadora e típica do careca, não conseguiria se mover até quando se sentisse seguro. Não se sentia seguro para, no momento, erguer o braço contra o adversário. Sentia que mesmo que fizesse isso com toda sua força, seria inútil e facilmente bloqueado.

Robin tinha um antigo costume. Por ser destro, tinha o costume de atacar principalmente com o esquerdo para que pudesse descansar ao máximo o seu braço direito, aquele que era, em seu conceito, o mais poderoso. O aspecto dessa batalha, entretanto, era diferente. Sua força total era necessária e não poderia brincar com um homem de tamanha força como o Imperador Solar, não importava das câimbras que haveria durante ou após a batalha, mas percebeu que seria necessário usar tudo de si. Estava pronto para usar o braço direito, porque, em seu conceito, o esquerdo seria inútil numa situação como aquela.

O impacto de seu soco foi fatal, contudo, via que não o suficiente para quebrar a defesa de Molly.

Robin fez errado. Não fez o certo. Usou todo seu poder em um só golpe, e como não tinha uma grande força graças à constante aceleração das batidas de seu coração, não obteve grande sucesso.

Há a possível hipótese que mesmo caso estivesse calmo, não obteria êxito algum em seu soco. Ou seja, de qualquer maneira, era inútil ousar erguer o punho com toda sua força ou com força nenhuma. A defesa de Molly aconteceria de qualquer forma.

Não que o golpe de Robin fora fraco, mas para um velho marinheiro, era uma piada. Nem ao menos a base de um soco Robin tinha em mente para erguer seu punho, por isso foi humilhado pelo simples dedo indicador de Molly. O dedo que menosprezava, caçoava, subestimava e qualquer outro verbo que indique depressão escrito na conjugação verbal em questão o ataque de Robin. Foi simplesmente parado por um dedo, mas que decepção. Mal conseguiu acreditar ao abrir seus olhos, que a força de seu punho mais poderoso era equivalente ao simples dedo indicador de seu oponente.

Bem, poderia ser pior. Poderia ser o dedo mindinho. Na verdade, poderia ser mesmo, mas Molly tem seus ideais de éticas que o obrigavam a humilhar seu oponente ao mínimo possível. Só que não sabia que seu oponente sentia-se humilhado da mesma forma caso seu soco fosse defendido pelo simples dedo mindinho. Para o jovem assassino, dava no mesmo. Perder de um, de dois, de três, ou de quatro gols de diferença... Era o mesmo. Tudo indicava que estava no lugar errado e contra o adversário errado, e que sua ousadia ao aparecer no local errado contra o adversário errado apareceu no momento errado.

Não se sabe exatamente se aquilo que Robin fizera deveria receber o adjetivo de tolo, idiota, burro, insolente, otário, ousado, corajoso ou careca. Xupa estava entre careca e tolo, já que o jovem Wood era quase um careca. Um quase-careca, um homem com um grande problema com seus cabelos crespos e que por isso frequentemente fazia visitas ao barbeiro.

Seu cabelo estava crescendo, e isso era um problema. Começou a pensar, assim quando deu um passo para trás – deprimido, seu soco mais poderoso fora defendido de uma maneira humilhante –, na possibilidade que a morte naquela batalha talvez fosse inevitável. Talvez também seu adversário fosse misericordioso, mas essa era uma hipótese que não poderia levar em consideração e usá-la como desculpa para deixar de lado as outras.

E seria um enorme problema aparecer morto em seu funeral com seu cabelo da maneira que estava. Não que isso fosse relevante, ninguém apareceria em seu funeral. Não tinha mãe, nem pai, ou pelo menos não os conhecia. Mas esse é um assunto triste demais para ser usado em um monologo como esse. Voltemos para a batalha envolvente e que está sendo interrompida pela narração por parte do autor.

A luta estava ganha, enfim. Robin perdera a batalha em seu primeiro movimento, enquanto Molly a ganhara em seu primeiro movimento, também. A única diferença entre eles eram quatro dedos, sendo estes fechados.

O caolho já percebia a impaciência em Robin, que suava mais frio do que um ornitorrinco que costumam suar leite. Mas o que mais chamava atenção era a fisionomia de Robin, que continuava ameaçando e encarando Molly.

– Você perdeu garoto – afirmou o comandante.

A defesa indicadora. Molly não era bobo. O dedo indicador que erguera para defender do golpe poderoso de Robin não tinha apenas a intenção de humilhá-lo. Na verdade isso era o de menos. O que realmente ocorreu, de fato, foi o rápido cálculo de Molly. Calculou entre os dedos do punho cerrado do oponente o local exato onde se concentrava o nervo que ligava o movimento ao tendão do braço de Robin. Acertou-o, e assim, a partir de agora, seria impossível para Robin utilizar o mesmo braço.

Prazo de recuperação? Duas semanas, até então qualquer movimento que exigisse a utilização do tendão do braço direito de Robin resultaria em uma dor insuportável.

Sim, a luta estava ganha porque o mais poderoso trunfo de Robin estava no braço direito e esse agora estava anulado. E, se nem mesmo com seu braço direito conseguira de primeira acertar seu oponente, com o esquerdo que era só um enfeite seria impossível. Que tal as pernas? Robin tinha preferência em seus punhos, que eram muito mais fortalecidos e que estava mais acostumado a utilizar. Não tinha idéia de como usar as pernas, nunca as usou, nem mesmo para fugir.

– Acalme-se jovem. Não será com essa raiva irracional que conseguirá derrotar nem a mim nem a qualquer outro.

Robin tentava se acalmar, mas a pressão não deixava. Estava sendo pressionado por si mesmo. Pior do que ser pressionado pelos outros, estava indeciso. Não fazia idéia de qual seria seu próximo movimento.

Mas preferiu ignorar seu oponente ao invés de argumentar. Tinha o maior costume de batalhar com os braços, ao invés do que com palavras.

Uma série de socos. Esquerda, direita, esquerda, direita. A tentativa de um gancho de esquerda também foi bloqueada pelo punho de Molly, que o agarrou e jogou-o à baixo.

Com a perna, novamente tentava acertar seu oponente, mas o caolho conseguia esquivar dos golpes do assassino facilmente. Para ele, era um amador. Não um amador, mas ainda tinha muito a aprender, e infelizmente não estava ali para ensiná-lo a base das artes marciais. Estava... Bem. Não sabia. Só sabia que o moleque de terno furioso tinha um problema consigo, e a maneira que este desejava resolver era nos braços. Então resolveria o problema.

Molly sentiu que naquela série de socos estava ficando repetitiva. Podia encontrar milhares de maneiras nas brechas imprudentes que Robin deixava para nocauteá-lo. Era fácil. Seria fácil. Foi fácil.

Nada de nocautes, Robin só caiu para trás e sentiu em seu rosto a força de um soco de um Imperador Solar. Era diferente, nunca havia sentido uma sensação tão dolorosa quanto essa. Sensação que o jovem Rick pudera sentir antes, em plena e vazia rua. Sentia um calor denso e intenso aumentando e aumentando, espalhando-se pelo seu corpo. Até quando a radiação tênue radiava por todo seu corpo.

Depois sentiu seu braço direito dolorido. Mas isso nada tinha com o punho cerrado que sentira a pouco, e sim ao fato de que havia forçado inúmeras vezes na sequência de punhaladas o seu braço direito, que estava sob efeito da defesa indicadora.

Não conseguia mais fechar sua mão direita, havia a forçado demais e a qualquer movimento com ela seu tendão emitia uma grande dor.

– Não há a necessidade de resolvermos o problema que tu tens comigo, seja lá qual for, utilizando as artes marciais. Não há a necessidade jovem. O que tu tens de resolver, que resolvamos com nossas bocas. – Percebeu o quão homossexual fora sua frase. – Bem, violência não pode resolver tudo. Se quer resolver algo, vamos conversar. Primeiramente, nem sei quem você é.

– Eu sou Robin. Robin Wood. O prazer é todo seu. Você é Molly, estou certo? Caso não for, desculpe-me pelo transtorno – disse o jovem.

– Sim, sim. Eu sou Molly. Obrigado por ceder-me o prazer. Então, quem é você? Não quero saber só seu nome, mesmo que isso seja necessário, mas gostaria de saber quem você realmente é. Como por exemplo... O que faz da vida? Ou o que tem contra a mim.

– Ah, meu trabalho não é algo que se honre – dizia, com o máximo de calma possível. – Só que, cara, eu sou um fora-da-lei e você é um policial. Isso não é motivo o suficiente para que eu tenha um problema contigo?

– Não. Não necessariamente. Na verdade isso já é um motivo, contudo um motivo fraco demais. Bandidos e Policiais não se confrontam, pelo menos enquanto os bandidos se mantêm escondidos.

– Não sou um bandido qualquer, e esse não é o único motivo para que eu tivesse um problema contigo – alegou Robin.

– Sim, já presumi isso.

– O real motivo por trás de eu ter um motivo para que eu necessitasse forçar meus braços para esculachar sua cara, ou pelo menos tentar esculachá-la, é que eu tenho um problema contigo. Você parece estar muito confuso, eu também acho o que eu disse muito confuso. Mas tem muitas coisas no mundo que são confusas, então, acho isso normal. Inclusive o mundo é confuso.

– Você também deve estar achando confuso que seu braço direito esteja doendo. Pois ele está.

Robin afirmou com a cabeça, confuso. Como o caolho podia saber que seu braço estava doendo?

– Não se surpreenda garoto. Você está sob efeito da defesa indicadora, eu não defendi seu primeiro ataque – aliás, bem poderoso, merecedor de palmas – com o dedo indicador apenas para te humilhar. Minha intenção em momento algum era te humilhar, sou um homem. E dentre as quatro regras de um homem é nunca desrespeitar o seu oponente.

– Então pra que toda aquela pose? – indagou Robin, estava indignado como um mau-perdedor.

– Eu paralisei a atividade neural do seu tendão. Não. Paralisar é a palavra errada, não. Acho que o que eu fiz foi algo como induzir a dor a cada vez que você utiliza seu braço direito, mas não sei como simplificar isso com uma só palavra. – fez uma pausa, estava com sono e como conseqüência bocejou. – Você perdeu garoto, perdeu quando utilizou toda a sua força em um só golpe e eu consigo fazer com meu dedo com que... Com que você não pudesse mais utilizá-lo.

– E como presumiu que o meu braço direito é o meu mais poderoso?

– Simples... Jovem. Tendo em vista que eu acabei de provar seus lentos socos de braço esquerdo, é fácil compará-los com a força de seu braço direito. E a diferença é enorme, e por isso percebi que foi uma grande carta tirada da manga, mesmo sendo ainda o início do jogo, neutralizar o seu ás.

Uma coisa que nós, seres humanos, não sabemos, ou sabemos mas achamos óbvio demais para que possamos ressaltar com ênfase é que todo tipo de disputa pode ser equiparado à um jogo de cartas. E, como o autor não conhece as regras de nenhum outro além do Uno e da Sueca, a Sueca será desta vez utilizada. Seria. O autor não tem mais saco para encher com comparações chatas como essas.

Até porque, a luta ainda mal começou e ainda estamos no mesmo capítulo senhores! Ainda vai rolar muita pancadaria, ou não. Deixemos a comparação mais tarde, quando Molly estiver metendo o malho no assassino.

– Eu não entendo. Então quer dizer que eu [i]nunca[/i] mais vou poder usar meu braço direito?

– Não, acalme-se. Você vai poder usá-lo sim, e eu chuto... Um prazo de três semanas, ou mais ou menos. O bom mesmo é visitar um profissional, é o que eu recomendo ao invés de escutar a opinião de um velhote quase cegueta.

– Mas, nessa luta – retomou Molly –, você só tem o esquerdo e as pernas. E percebo que não consegue utilizá-las com total sucesso, provavelmente você precisa treiná-las porque deveria saber que as pernas são importantes demais para combates quando se trata de artes marciais. Dizem que elas têm o quádruplo da força do braço, além de que conseguem alcançar um pouco mais que os punhos.

– Que interessante velho – Molly não gostou dessa parte. – Mas por que não me mostra o que tem?

Molly suspirou, em um tom de sarcasmo total. Em um tom de que “eu sou muita areia pro seu caminhão meu querido” ou “eu sou um avião grande demais para o seu aeroporto mocinho”.

– Depois não diga que não avisei – disse, sem ao menos avisar.

Robin posicionou-se na retaguarda, como se esperasse um golpe poderoso vindo da horizontal ou um ganho pela direita. Tinha que tomar cuidado com seu braço direito, provavelmente caso fosse alvo de algum ataque de Molly, a dor seria o dobro ou até mesmo mais que a normal.

Molly deu um, dois, três, quatro e cinco passos para trás. Deu mais um e quase caiu pois não esperava que lá tivesse o degrau que o levaria para o palco divino do padre. Quase caiu, mas conseguiu se equilibrar graças ao seu centro gravitacional e, então, virou-se para subir o degrau. Seu quadril continuava dolorido, porque há anos não andava. Mas pensava que, mesmo assim, conseguiria derrotar seu oponente.

Em uma posição um tanto bizarra, Molly lançou algo praticamente invisível.

“Algo” explodiu e eventualmente causou um clarão. A pouca luz no local fora ignorada. A escuridão era o imperador do império da luz, por pouco tempo, enquanto a luz não retornava aos seus aposentos e repreenderia seu irmão escuro por ser preto e por estar sentado em seu trono. A luz retornou, pouca, em um curto e de pequena espessura fio que se aproximava de Robin.

O fio era impossível, a olho nu, e obviamente não era um fio. Foi expandindo-se durante o caminho e o feixe tênue causou a perplexidade por parte de Robin que enfim podia entender, não completamente, o que queria significava aquela posição por parte do caolho.

O feixe de luz aproximou-se e sem reação alguma, até graças à velocidade incrível do fluxo de luz, foi atingido. Sentiu suas células serem invadidas por uma partícula densa e que tal se expandia pelo restante delas. Gerou uma micro-explosão no ombro esquerdo de Robin. A micro-explosão se expandia, como se estivesse ocorrendo em vários lugares de seu corpo e assim sucessivamente.

Robin sentia tudo quente. Sua camisa fora ao chão, na verdade não havia mais camisa alguma. Agora era apenas fuligem, ao invés de seu terno, que não custara nem um pouco barato.

Droga, lá fora a única roupa que tinha em seu armário e agora teria que andar pela rua sem a camisa – não que isso lhe incomodasse, mas era um jovem tímido. Seus músculos estavam à mostra, e eram ligeiramente corroídos pelo calor que desnutria suas moléculas de proteína. O catabolismo agora colidia com o anabolismo veloz causado pelo chip, ganhava o anabolismo por ser o mais rápido no gatilho.

Mas o calor causado após o feixe de luz ainda o incomodava, sentia como se a sensação térmica ultrapassasse dos 50° Celsius. Um grande problema. Não estava apenas centrada, a temperatura, no puro e bonito 50. A temperatura corporal estava gradualmente aumentando e quando chegasse aos 100, seria um grande problema.

Como bastante gente, ou talvez nem tanta gente assim, sabe, a temperatura da ebulição da água em graus Celsius se localiza no bonito e perfeito número 100. Acompanhado aos 100ºC, a água é automaticamente vaporizava adentrando então ao seu estado gasoso.

Robin olhou para suas mãos, logo após visou para o seu corpo e então direcionou sua visão para o queridíssimo Imperador Solar.

– O que você fez? – indagou, como um garotinho curioso para saber de onde vêm os bebês.

Robin sentia-se no inferno, o calor era tanto que a desidratação já estava começando.

– Eu odeio dizer que eu avisei moleque. – Na verdade não havia avisado pombas nenhuma.

Robin pensou em revelar a verdade dizendo que Molly não havia avisado pombas nenhumas, mas decidiu que fazer isso apenas daria à conversa um rumo diferente. Não era isso que queria, estava curiosíssimo já que o assunto estava relacionado ao golpe anterior de Molly. O que havia sido aquilo?

Como estava acostumado a apenas batalhar com armas; facas e coisas do gênero; ou até mesmo simplesmente com os punhos, não tinha a menor noção de que merda era aquela que o caolho havia emitido.

A explicação é um saco, mas é necessária para o maior entendimento por parte do leitor já que o autor é um grande safado que, por mais que não entenda de física ou química, tenta ao menos alienar os outros com suas teorias com pouquíssimo nexo.

[i]Dizer energia solar e a energia amarela é quase o mesmo de dizer vermelho e rubro. É a mesma droga. A energia solar apenas pode ser adquirida através de medicamento. As moléculas do ser em questão devem ser expostas em alta escala de radiação termo-solar, fazendo então que elas se acostumem com o calor absorvido da estrela amarela. Mas é um processo muito perigoso, nem todo ser humano tem a melanina idêntica ao de outro humano. Há um protocolo que envolve uma conta matemática e milhares de físicos e matemáticos entediados e desempregados. Esse protocolo, na verdade, é uma fórmula bem difícil de ser grava que, com o resultado, é possível prever a quantidade de tempo e a distância em quilômetros que tal ser humano pode agüentar os raios solares.

Não estamos falando de simples raios solares. Falamos de raios solares mesmo, sem essa coisa de camada de ozônio e coisa e tal. Raios solares são altamente nocivos para a pele humana.

Para que os Imperadores Solares, na época da Guerra do Fim do Mundo, pudessem sobreviver aos raios era preciso uma quantidade incrível de dezenas de remédios para fortificar a cama superficial da pele.[/i]


Molly estava espantado por ver que Robin também estava espantado. Um espanto causado pelo feixe de luz tênue que agora desidratava pouco a pouco seu corpo.

Aquela cara era sinal de que Robin estava boiando profundamente e maré alta e estava prestes a se afogar em uma piscina com menos de meio metro de volume.

O comandante percebeu, com toda sua pouca e enrolada experiência em relacionamentos, que Robin se tratava de um leigo no quesito do ABC das Energias. Mas essa era uma idéia ridícula, porque Robin, um homem espantado ao ver aparentemente pela primeira vez em sua vida a energia que inconscientemente pairava em sua aura – mesmo que apenas pouco dela estivesse sendo liberada de seu corpo.

– Entendi. – Molly entendeu, ou soube fingir muito bem.

A partir do momento em que conseguiu juntar as pecinhas do seu quebra-cabeça pôde supor de forma correta e praticamente absoluta que Robin era apenas um Hitman qualquer, uma cópia mal-feita, pior que cd pirata.

Tinha todos os pré-requisitos que um Hitman normalmente tem. Fraqueza psicológica, um terno, ter um pavio muito curto, ser revoltado com a vida, estar sempre perto das drogas (vide Kalel) e emitir a energia amarela por mais que a desconheça.

[i]Droga[/i], refletiu Molly,[i] acho que estou dando demais de mim para destruir um babaca qualquer[/i].

– Acho que levei nossa luta à sério demais. Você tem sorte por ter conseguido sobreviver depois de receber um de meus socos e outra emissão de energia.

Antes que Robin pudesse indagar o que era uma emissão de energia conseguiu ser inteligente o suficiente nessa situação para concluir que a energia em questão era a luz que eventualmente o desidratava. Também teve outros motivos para não indagar, como, por exemplo, ter a certeza de que outra estava sendo lançada em sua direção.

Era outra emissão de energia amarela. Essa seria letal.

Não havia de forma alguma um motivo extra para que Molly utilizasse esse mesmo ataque duas vezes. Podia terminar facilmente a luta com defesas de consecutivas e inúteis sequências de golpes do assassino e em seguida nocauteá-lo de vez com seu punho.

Molly já previa que Robin, por saber agora o que significava aquela posição, iria deliberadamente tentar desviá-la. Essa era a intenção do caolho.

Percebeu que a um piscar de olhos Robin já havia se teleportado. Isso era novidade, não sabia até então que Hitmans podiam se teleportar. Essa era uma vantagem e tanto que Robin tinha, entretanto é bom lembrarmos que vantagens, mesmo em uma situação como essa, ainda seria considerada uma desvantagem.

Conseguiu pegar Molly de surpresa, legal, estava atrás de Molly e prestes a ferrar de vez seu punho esquerdo e tentar levar junto uma coluna velha de um careca.

Foi otimista demais ao pensar que seria possível pegar o caolho de surpresa numa situação dessas, que já esperava uma reação de contra-ataque como tal – tirando o teleporte que não estava em seu banco de dados. Molly não gostava de surpresas mas o teletransporte de Robin facilitou muito as coisas. Agora era só se virar e encher o braço.

Um golpe era necessário.

[i]O estilo marcial [/i]Handback[i] vem do conservador país de Albuquerque que até hoje acredita em deuses-dragões que julgam pessoas e que a morte é o recomeço de tudo. É uma técnica que pouco visa aos músculos braçais como sua arma principal. A mais necessária parte do corpo para conseguir incrementar em seus golpes tal estilo é ter uma habilidade tremenda em manipular a força e os movimentos de sua mão. Que se dane o braço, os bíceps e o outro-ceps. O que interessa é o quão forte e o quão rápida é a sua mão.

Obviamente que Molly, por ser uma criatura sana, não é descendente de Albuquerqueano algum. Aprendeu-o em um treinamento especial que teve durante a Guerra do Fim do Mundo.

É um estilo que ao invés de forçar dar ao alvo um impacto maior. Primeiramente, haverá uma breve formigação seguida do rompimento de algum tendão ou algum músculo. Só então que a coisa realmente fica série e há aquele trágico ataque de dor. [/i]


Molly acertou-o na face. Não exatamente no meio, entretanto na parte lateral, onde é formalmente chamada de bochecha.

Robin era um bochechudo – mas nem tanto assim quanto você imaginou – e obviamente tinha um complexo em relação às suas bochechas salientes. Elas ficariam maiores ainda – lembre-se de que elas nunca foram tão grandes assim – com o inchaço conseqüente do belíssimo soco de seu atual oponente.


Talvez por sorte o jovem assassino ainda estivesse de pé. Não exatamente de pé, óbvio que isso foi uma metáfora ou algo do gênero, mas ainda estava consciente e, claro, não desistiria. Era uma questão de honra. Nunca, em todas as poucas batalhas de sua vida, escapara.

Isso pode ser chamado também de um mau-perdedor, mas eu prefiro chamar de tolice.

Mas seu típico chapeuzinho de mafioso não estava mais sob sua cabeça. Por ora, estava inconsciente no chão e provavelmente muito ferido.

Robin ergueu-se e agora de pé conseguia ver que havia um estrago na parede a qual fora levado em compensação à lei da ação e da reação. Boa parte dela estava rachada, e isso não era muito legal para os cristãos.

Estranho, sua bochecha estava formigando.

– Velhote... Isso não chegou nem a fazer cócegas. – Ainda.

Garoto insolente.


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