A Realeza de Ouran escrita por Machene


Capítulo 7
Que Seja Infinito o Para Sempre




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Cap. 7

Que Seja Infinito o Para Sempre

Dias se passaram desde o Natal. Já é 31 de dezembro e em Okinawa está prevista uma linda queima de fogos com a virada de ano. Aproveitando a praia particular da família Ootori, Hikaru e Kaoru acabam convencendo Kyoya a convidar todos para passar o tempo lá antes do grande show pela noite. Os irmãos das gêmeas não irão, pois marcaram de ficar com as companheiras e os pais, mas Sora, o pequeno irmãozinho de Linh, aceita com prazer quando recebe o convite.

Assim, agora estão todos espalhados perto da beira-mar. Honey e Maiko estão escolhendo as mais belas conchinhas para fazer enfeites com a ajuda de Sora, sobre a vigilância de Mori e Linh, enquanto o quarteto gêmeo joga vôlei. Kyoya poderia estar escrevendo notas como sempre, mas de forma alguma Suzu permitiu. Em todos os idiomas que ela conhece, disse “não” várias vezes nas suas objeções e tirou qualquer tipo de material para escrever de perto dele.

Sem opção, ele deitou em uma cadeira-de-praia ao lado dela, debaixo do guarda-sol, e fechou os olhos a contragosto. Suzu riu no começo, como os outros, mas acabou pegando no sono e com a corda baixa não notou quando Kyoya passou a observá-la. Agora o jovem parece ter esquecido as circunstâncias que evitariam essa cena de acontecer: seu relacionamento verdadeiro com ela, onde estão e principalmente a companhia. Aparentemente, isso pouco importa neste momento.

– Tem certeza de que vocês podem passar o Ano Novo com a gente? – ela pergunta e segura um riso ao virar a cabeça e perceber que ele estava olhando antes de desviar.

– Não houve nenhuma objeção da parte dos nossos familiares. E dos seus?

– Também não. Às vezes penso se eles realmente confiam muito em nós ou não ligam.

– Talvez eles só pretendam nos deixar a vontade para nos conhecermos melhor.

– Pois estão relaxados demais. Além disso, eu já sei muitas coisas de você.

– Olha quem falava que era feio bisbilhotar a vida dos outros.

– Eu tenho meu próprio jeito de demandar informações, não preciso vasculhar com outros.

– Ainda está aborrecida por eu ter puxado assunto com os irmãos Aoki? – Kyoya olha com o canto dos olhos para a jovem e contém um sorriso maior ao vê-la claramente irritada – Eu posso saber o que a incomoda tanto para eu não poder saber mais sobre sua vida?

– Ela não tem nada de interessante. – Suzu desvia o olhar, sentando na cadeira e prendendo os cabelos com uma liga – Sou uma garota como qualquer outra, talvez menos interessante.

– Sua vida não é interessante e você também não se acha interessante. – ele ri, arrumando o par de óculos no rosto – Curioso. Estou entendendo cada vez menos o motivo que levou meu pai a escolhê-la como minha esposa. – a garota fica de lado e faz uma careta.

– Ele pode ter me escolhido num jogo de dardos, de várias opções, como fazem todos os ricos.

– De onde você tirou essa ideia? Isso é estranho, especialmente vindo do meu pai. Ele não dá a menor chance para algo sair errado. Tudo deve estar dentro dos seus cálculos, dos seus planos, e muito me admira ele querer que você seja a minha esposa apesar de tudo.

– Embora me custe dizer isso, eu concordo com você. – Kyoya ergue uma sobrancelha e faz a moça rir – Sinceramente, meus pais não seriam de grande acréscimo para sua coleção de contatos. Eles cuidam de uma empresa de exportação e só lidam com produtos químicos. Além disso, toda a minha família é muito conservadora e caseira, de modo que nós viajamos apenas a negócios ou em férias familiares. É difícil cogitar que seu pai poderia querer ser amigo deles.

– De fato. Mas não acho que qualquer uma dessas opções esteja correta.

– Então o que seria? Por mim? Ele realmente teria me escolhido, por ser quem eu sou? – ela ri, despertando curiosidade e preocupação no rapaz que senta e põe os pés na areia – Pensar nisso me dá uma vontade de rir e chorar, tudo ao mesmo tempo. Primeiro porque se me conhecesse de verdade ele iria é me manter longe de você, para o caso de ser uma má influência. E segundo que... Mesmo se seu pai tivesse gostado de mim, não haveria chance de eu me aproximar de você.

– Por quê? – ele questiona sem entender e Suzu o encara rapidamente, voltando a observar os amigos mais a frente se aproximando – Por que você se acha tão ruim?

– Porque eu sou. – ela suspira – Falamos disso outra hora... Se eu quiser.

– Ei pessoal, algum de vocês viu o Tamaki-senpai ou a Haruhi por aí? Os dois sumiram.

– Não Aiko, mas você não vai tirar esse blusão? Está fazendo calor querida.

– Foi a mesma coisa que eu disse pra ela. Viu Aiko? Até a Suzu nee-san sabe que você perde muito tempo se preocupando em pegar câncer de pele.

– Mas eu não trouxe meu protetor solar. Além disso, mana, você sozinha já choca as pessoas com seu corpão. Não precisa da minha ajuda.

– Nisso eu concordo. – Hikaru comenta e recebe uma cotovelada do irmão enquanto a gêmea mais velha o encara surpresa e um tanto corada, embora tente disfarçar.

– Bem... Se esse é o caso eu empresto meu protetor pra você, aí não terá desculpas. Hikaru, a gente pode aproveitar e procurar o Tamaki-senpai e a Haruhi na estalagem.

– Tudo bem, então eu vou com você. Ah Kaoru, segura meus fones?! – o irmão os pega e põe no pescoço por segurança antes dos dois se afastarem.

– Nesse caso, Aiko-chan... – ela se volta a ele – Enquanto esperamos, quer tomar sorvete?

– Claro. – a jovem sorri e acena para Kyoya e Suzu enquanto anda ao lado dele.

– Todos parecem estar se dando muito bem. – a moça comenta abraçando as pernas – Foi até rápido, mas elas não ficaram com receio de se entrosar como pensei. Estão bem apegadas a eles.

– E isso é ruim? – a parceira de conversa pensa um pouco e acaba sorrindo.

– Talvez... Depende dos seus amigos. Mas se estiver perguntando minha opinião...

– É a sua opinião que eu quero e não uma estatística. – ela se surpreende ao ouvir isso e ri.

– Mesmo? – Suzu passa uma mecha do cabelo que desamarra atrás da orelha – Bem, então a minha ideia é checar se eles estão mesmo se dando tão bem quanto parece.

– O que sugere? – Kyoya rapidamente entra na brincadeira.

– Quando eu quero, sou pior do que as gêmeas nas brincadeiras. Mas não quero ser cruel na emboscada, então, se estiver comigo, sei de um jeito fácil de fazê-los confessar seus sentimentos.

– Estou ouvindo. – enquanto Suzu sussurra seu plano secreto, o balde de conchinhas usado por Honey, Maiko e Sora finalmente fica cheio e eles levantam animados da areia.

– Finalmente acabamos! – o irmãozinho de Linh suspira com um sorriso e limpa o calção – O que vamos fazer com todas essas conchinhas?

– Eu pensei em preparar alguns colares, ou quem sabe pulseiras, mas também podem ser os enfeites que quiserem. Uma cortina só de conchinhas parece legal.

– Você sabe realmente fazer muitas coisas Mai-chan. – Honey sorri e ela cora de leve, pondo as mãos atrás das costas quase cobertas pelo maiô rosa e dourado de babados.

– Ela sabe sim. – Linh concorda, acomodando-se melhor na rocha onde está sentada perto de Mori – Mas agora Sora, por que você não leva o balde para o quarto e vai comer alguma coisa?

– Tá bom, eu estou com fome mesmo. Tchau. – ele acena aos demais e sai correndo.

– Ih olha, Kao-chan e Aiko-chan estão comprando picolé!

– Vamos aproveitar! – Honey grita e segura firme a boia de patinho, logo disparando junto a ela para longe enquanto gritam “sorvete”.

– Não sei como esses dois conseguem consumir tantos doces. Honey-kun por acaso já sofreu com cáries? – ela se volta a Mori e o semblante dele fecha – Toquei em algum assunto ruim?

– Não exatamente. – ao vê-la rir da sua expressão assombrada o rapaz sorri suavemente – O Mitsukuni teve cárie uma vez e eu me senti culpado por não tê-lo lembrado de escovar os dentes.

– Mas isso não foi necessariamente sua culpa. Ele consome tantos doces quanto a Mai, mas ela só balanceia um pouco. Talvez com um pouco de convivência Honey-kun regularize esse gosto louco por doçuras. – os dois sorriem e ficam calados por um tempo até Linh puxar a alça do sutiã, segurando a parte debaixo do seio direito – Ah, eu me sinto incomodada. Suzu me emprestou este biquíni de última hora, mas está muito grande. Não tem como prender direito!

Enquanto, em vão, a moça tenta puxar as amarras pra cima Mori a encara embasbacado. O biquíni preto simples, justamente por ser grande, mostra boa parte da pele na região do colo e nos puxões frustrados dela parte dos seios fica exposta. Envergonhado, ele põe a mão sobre seu ombro.

– Eu posso te acompanhar no provador. Tem várias roupas de banho lá.

– Sério? Mas por quê? Pensei que fosse uma praia particular.

– Tamaki quis manter algumas roupas reserva para Haruhi, para o caso de acontecer algo.

– “Algo”? – Linh repete desconfiada, desistindo por fim de arrumar o sutiã – Algo tipo...?

– Ele quer protegê-la de ficar muito exposta na frente de outros homens.

– Ah tá. – ela ri aliviada – Que susto! Mas também eu devia estar pensando demais. Nunca o Tamaki-senpai teria coragem de... Bem... – a garota tosse e baixa o olhar envergonhado – Então, talvez seja bom eu me trocar mesmo. Obrigada. Mas... Takashi-kun, quando pretende me soltar? – no susto, o jovem tira a mão do ombro dela e a guia mais a frente até o provador – Escolha o que quiser. Eu espero aqui fora. – Linh sorri agradecida e fecha a porta, saindo alguns minutos depois com um belo biquíni branco de alças mais grossas modelando seu corpo.

– Este parece ter ficado melhor. Sinto-me mais confortável. O que acha? – Mori demora uns segundos para responder, estando paralisado pela beleza da jovem corada.

– Normalmente nestes casos a gente devia dizer que a garota está bonita, né Mori-senpai?! – Hikaru aparece no pulo, sorrindo maliciosamente, e bate de leve nas costas do amigo.

– Olha só... – é a moça quem toma um susto desta vez ao ver Aika ao seu lado, sorrindo da mesma forma e pegando o celular – Linh, não sabia que você tinha essas curvas todas. Isso me faz ter muita vontade de tirar uma foto. Anda, faz uma pose!

– De jeito nenhum! – a mestiça abaixa as mãos da amiga, fazendo-a rir ainda mais – Vamos sair daqui Takashi-kun! – meio incerto e ainda envergonhado, ele concorda e a segue.

– Uma graça esses dois. – Aika pendura o celular na parte esquerda do biquíni violeta com contas verde e rosa (http://img11.hostingpics.net/pics/637700maillotdebain.jpg).

– Vem cá, esse seu biquíni não tá muito apertado não?

– Por quê? – Hikaru fica rubro, atiçando a curiosidade nela e a fazendo sorrir com malícia – Oh, por acaso você gostou de me ver assim?

– Você não é muito convencida, não? – ela ri em resposta, deixando-o ainda mais corado.

– Talvez seja. Mas se você gostou eu fico feliz. Comprei esse biquíni só para vir aqui e Mai é quem decorou com essas pedrinhas. Bonitinho, certo?! – Aika aponta pra conta pendurada abaixo dos seios, no meio, e Hikaru desvia o olhar, o que a incentiva.

– É, ficou legal. – devagar, a garota anda um passo e ele recua outro até parar na porta atrás de si – O que foi? – o Hitachiin engole em seco ao vê-la tocar seus braços e prende a respiração ao sentir a testa dela colando com a sua, sem notar seu sorriso travesso.

– Sabe... Você parece febril. Aconteceu alguma coisa?

– Na... Nada, não aconteceu nada! – ele fala num só fôlego, sentindo a respiração irregular.

– Não acredito em você. – o sorriso de Aika aumenta quando se aproxima do ouvido direito dele – Talvez o sol tenha esquentado demais o seu corpo. Posso te ajudar de alguma forma? Quer que eu passe protetor em você, Hika-chan? – com o sopro no pescoço, Hikaru estremece e afasta a contragosto as mãos delicadas da garota, pulando para o lado e tocando o lugar assoprado.

– O que está fazendo? – a moça ri com olhos de caçadora, voltando a se aproximar.

– Não é óbvio? Estou te tentando. E fico surpresa por resistir tanto. Qual é o problema? Nós somos noivos, certo?! A essa altura você já devia ter me beijado. – ela o puxa pelos ombros, encostando os seios em seu peito – Será que é muito bom me provocar? Ou você só tem conversa?

– Do que está falando? Não era você quem dizia que o casamento não estava certo ainda? E desde quando você queria que eu te beijasse?

– Ora, você nunca lê nas entrelinhas Hika-chan? – ele volta a se arrepiar e acaba fugindo do lugar – Que belo bumbum. – Aika ri ao morder a ponta do dedo mindinho esquerdo, apoiando seu cotovelo com a outra mão – Você ainda vai cair na minha armadilha, pode esperar.

Voltando ao guarda-sol, Kaoru e Aiko estão de pé tomando seus picolés de chocolate frente à Honey e Maiko, degustando os seus de morango sentados na areia ao lado de Suzu e Kyoya. Logo que avistam Hikaru correndo, parecendo nervoso, todos o encaram assustados. O rapaz para com o coração palpitando rápido e se apoia nas pernas, recuperando seu fôlego.

– Aconteceu alguma coisa Hika-chan? – Aiko pergunta e ele rapidamente levanta.

– Você também não! – ela pisca confusa e Hikaru suspira – Ah... Nada, esquece.

– O que houve contigo? – é a vez de seu irmão perguntar, erguendo uma sobrancelha – Foi alguma coisa com o nosso senhor ou a Haruhi? Eles estão bem?

– Heim? – ele parece perdido e então relembra seu objetivo inicial ao sair com Aika – Ah...

– Nem encontramos com eles. – de repente a voz da moça o faz pular para o lado de novo.

– Como conseguiu me alcançar tão depressa?

– Sou mais rápida do que você pensa. Não foi fácil, admito, mas eu tive uma linda visão pelo caminho. – Hikaru cora dos pés a cabeça, fazendo-a rir – Da praia, eu quero dizer.

– Vocês estão estranhos. Mas enfim, se não acharam Tamaki-senpai ou Haruhi só nos resta procurar pelos dois. Vamos nos dividir e... – Kyoya ri.

– Calma Suzu. Eles devem estar aproveitando um tempo a sós, nada de mais.

– “Tempo a sós”? – Aiko repete e ri – Por que eu tenho a impressão de que nenhum dos dois tem noção do que significa estar sozinho com o sexo oposto em uma praia praticamente deserta?

– Agora me deu medo. – Hikaru torce o canto da boca – Melhor irmos procurar mesmo.

– Eu concordo. – Kaoru ergue a mão e aponta para a direita – Aiko e eu vamos por aqui e...

– Acho melhor eu ir com Aiko por aqui e você vai com a Aika. – antes de poder argumentar, seu irmão pega o pulso da gêmea mais nova e a arrasta consigo.

– Ah Kaoru, pega meu palitinho! Ele foi sorteado! Eu quero um picolé de morango!

– Tá. – ele responde confuso e guarda o palito no bolso do calção, virando-se para a parceira – Por que está rindo assim Aika-chan?

– Por nada. Venha, vamos olhar a ponta sul da praia. E vocês dois?

– Eu e Kyoya vamos nos trocar e andar pelos mercados junto com Linh e Takashi-senpai.

– Como? – o jovem de óculos rapidamente se levanta, a tempo de ver a dupla correr rindo, e não tem tempo de questionar a decisão apressada.

– Nós vamos procurar pelos dois sim. Se Tamaki-senpai for tão bobo quanto acho que é, será bem capaz de atacar Haruhi só por curiosidade de saber como seria.

– Você está sendo precipitada, tanto nas ações quanto no julgamento. Tamaki, de fato, é um cabeça-de-vento, mas não seria capaz de “atacar” Haruhi.

– Acredito. Mesmo assim, se não os encontrarmos logo e acontecer algo, sem orientação esse relacionamento deles pode ficar muito confuso e complicado. – ela diz já calçando as sandálias.

– E por que você se importa? – ele questiona abaixando a voz, muito interessado no lacinho se soltando na parte esquerda do biquíni azul com estampas de nuvem de Suzu.

– E por que você ainda não está pronto pra vir comigo? – a moça põe as mãos na cintura, de todos os gestos para Kyoya o mais atraente, e vencido ele levanta da cadeira-de-praia, observando ainda com um sorriso a insistente noiva amarrar a canga no quadril.

– Então precisamos ir atrás de Mori-senpai e Linh-san, certo?!

– Isso mesmo. Eles podem ajudar a... Espere um instante. Onde estão Honey-chan e Maiko?

– Não sei. Estavam aqui nesse instante. Devem ter se afastado enquanto não olhávamos.

– Podem ter ido com Hikaru e Aiko. Tudo bem então. Vamos começar a nossa busca.

Assim as duplas divididas começam a procurar, mas de todos os lugares prováveis onde seu casal amigo possa estar Tamaki e Haruhi estão no mais óbvio: a estalagem. Já há um tempo eles se juntaram pra preparar uma surpresa aos amigos, de modo que não precisem sair da praia quando o show de fogos der início. Sora está os ajudando desde que retornou com o balde de conchinhas e o trio se encontra sentado no chão da sala, terminando os últimos adornos.

Haruhi é a última a retocar o pequeno globo que produz as luzes dos mini fogos de artifício. http://image.made-in-china.com/2f0j00DjQTGyirvVou/Mini-Fireworks-Light-LED-Light-SKY-YH-47-.jpg

– Finalmente acabado. – ela suspira, recebendo de Tamaki um lenço para limpar o suor.

– Deu trabalho, mas foi divertido! – Sora sorri, despertando a alegria do casal.

– Agora Sora, por que você não toma um banho pra depois nos ajudar a levar os fogos para a praia? – o garotinho acena com a cabeça e sai correndo pro banheiro do andar de cima – Ele tem muito da Linh-chan. Mas ela parece ter perdido essa alegria.

– Não resta dúvida. E não apenas ela, mas todas as garotas parecem ter sofrido algo terrível no passado. Com exceção da Mai-chan talvez, porque eu nunca ouvi nada de ruim a respeito.

– Porém, pode ser também que ela seja quem mais sofre. – Haruhi pisca confusa para ele e o rapaz sorri, estendendo a mão pra ajuda-la a levantar – Talvez Mai-chan sofra pelas suas amigas, assim como Sora sofre ao ver a irmã triste. E eles sabem que não podem fazer muito, a não ser dar o seu apoio e ficar ao lado quando precisarem.

– Tem razão. Ainda não havia pensando por esse lado. Sobre o que discutimos, acha mesmo que pode haver uma possibilidade de desfazer esses casamentos arranjados Tamaki-senpai?

– Não será fácil, e eu também não posso prometer que conseguirei convencê-lo, mas meu pai conhece há anos o senhor Ootori e todos os pais dos anfitriões. Como ele não está envolvido nisso, creio que será mais simples conversar com eles. Se ouvirem uma opinião de fora, podem revogar a sua decisão. É uma possibilidade mínima, e talvez meu pai nem queira me ouvir, mas vale tentar.

– Você tem mesmo um coração muito mole e nobre Tamaki-senpai. – o rapaz cora diante os olhos brilhantes de emoção e o sorriso doce da garota, ainda segurando sua mão, mas o clima logo é interrompido quando Honey e Maiko entram correndo e fecham a porta rapidamente.

– Vocês precisam se esconder! – Mai avisa – Todos estão procurando pelos dois!

– Heim? – o loiro se desespera, apertando a mão de Haruhi – Eles estão por perto?

– Ainda não, mas já se dividiram e estão procurando pela praia inteira! – Honey informa já tão nervoso quanto o rei – Precisamos esconder os fogos também!

– Ai meu Deus! – Maiko olha pela fresta da porta e vira nervosa – Honey-senpai, nós fomos seguidos! – ele corre para a entrada e põe a cabeça acima da dela.

– Ai-chan vem aí com um dos gêmeos! – o garoto grita e Tamaki logo em seguida.

– ESSA NÃO! O QUE VAMOS FAZER AGORA, O QUÊ? – ele olha para todos os lados até sentir a pressão em sua mão esquerda acalmando-o.

– Senpai, fique calmo! Honey-senpai, por favor, ajude a Mai-chan a esconder esses fogos de artifício! Tamaki-senpai e eu vamos nos esconder no meu quarto, e se Aiko ou esse Hitachiin com ela subirem só precisam gritar e nós escutamos! – ela diz já puxando o mestiço para cima.

– Haru-chan, como sabia que Honey-senpai estava falando da Aiko-chan e não da irmã?

– Ora Mai-chan, porque eu sempre o escuto chamando ela assim. Agora vamos rápido!

Como um foguete, Haruhi puxa Tamaki para o andar superior e se tranca no quarto. Maiko joga as caixas com os fogos de artifício debaixo do balcão na cozinha e Honey pega um pote aberto de doce de leite na geladeira, colocando duas colheres dentro e sentando rapidamente ao lado dela no sofá. Como quem não quer nada, os dois começam a comer o doce e fingem estar conversando sobre algo muito interessante quando Hikaru escancara a porta e olha desconfiado para dentro.

– O que vocês vieram fazer aqui? – ele cruza os braços e faz sombra ao se aproximar.

– Estamos comendo doce e conversando, não está vendo?

– Mai parece um pouco nervosa. – Aiko ri – Estão escondendo algo, ou alguém?

– Não. – os loirinhos respondem e se entreolham, fazendo-a soltar um resmungo e dar uma volta pela sala com os braços cruzados.

– Talvez tenha alguém lá em cima, alguma coisa aqui em baixo. Quem sabe os dois. Tipo... Na cozinha? – Aiko sugere e quando percebe o nervosismo dos pequenos sorri satisfeita – E lá em cima? Tamaki-senpai e Haruhi estão escondidos lá, não é?! Eu sabia!

– Ah Ai-chan, não é justo! – Honey choraminga, largando o pote de doce de leite na mesa.

– Você sempre descobre tudo Aiko-chan, sua estraga prazeres!

– Mas vocês são muito óbvios Mai. Agora me digam: o que estão escondendo?

– Se contarmos deixa de ser surpresa. Nós prometemos ao Tama-chan e a Haru-chan que de nenhuma forma íamos contar pra alguém até anoitecer.

– Então essa “surpresa” será à noite? – Hikaru pondera a informação do senpai – E por que os dois estão escondidos esse tempo todo?

– Por que estavam preparando a surpresa, dã! – Maiko põe um dedo na testa, aborrecendo-o – De qualquer forma, se vocês descobriram vão precisar dizer pra todo mundo que não sabem dos nossos planos. Contem quando voltarem que nem nos acharam!

– O pessoal vai suspeitar. Além disso, Suzu nee-san é a mais desconfiada e você não esqueceu como ela fica quando inventa de descobrir alguma coisa, certo Mai?! – a menina engole em seco, despertando curiosidade nos rapazes presentes – Posso pensar em alguma coisa.

– Não, eu sei de algo que pode distrair a atenção dela. É sobre Tamaki-senpai e Haru-chan.

– Sei. Suspeito. É um plano da Suzu? – Mai confirma – Estão planejando unir esses dois?

– Claro! – ela diz como se fosse evidente – Quer saber, é melhor eles descerem de uma vez e virem com a gente resolver esse mistério. Se a Suzu ficar mais calma, será fácil montar um ótimo clima pela noite. TAMAKI-SENPAI, HARU-CHAN, PODEM DESCER! – quando o casal vem é o loiro o primeiro a tomar um susto e descer de uma vez, voando sobre os cúmplices.

– Por que eles estão aqui? Vocês nos delataram? – ele olha horrorizado pra mesa, pegando o pote de doce – Haruhi, eles foram subornados! Ah, eu sabia que isso...!

– Senpai, deixe eles se explicarem! – o mestiço se aquieta e fecha a boca com um bico – Oh, o gêmeo com a Aiko era você Hikaru?! – ele sorri e acena – Então, o que houve?

– Sim, eles nos descobriram, mas não foi suborno nenhum. Aiko-chan sempre foi muito boa em descobrir mentiras, especialmente porque ela é mestra nisso!

– Olha a língua Mai! – a menina ri travessa – A verdade é que Suzu e todos os outros estão procurando por vocês, e se já terminaram a surpresa que planejaram para essa noite é bom os dois voltarem com a gente. Depois acobertamos pra prepararem tudo.

– Está bem então, obrigada. Desculpe por deixa-los preocupados. Assim está bom para você Tamaki-senpai? – o loiro confirma com a cabeça, ainda acanhado, e acaba fazendo rir as moças.

– Sora ainda está aqui, não é?! – Honey questiona e recebe confirmação, se levantando – Eu vou busca-lo. Vocês podem ir antes. – avisa subindo as escadas.

– Então vamos logo Hika-chan. – Maiko o puxa pela mão e ele faz uma careta – O que você tem contra esse apelido agora? Que cara azeda!

– Posso perguntar uma coisa? – Aiko vira ao casal restante no aposento quando a dupla sai – Como consegue identificar tão bem quem é quem entre os irmãos Hitachiin, Haruhi?

– Eles são diferentes, cada um ao seu modo. Isso não é óbvio? – a garota ri descrente da sua resposta, olhando para fora e vendo Hikaru reclamando do sol escaldante.

– Acho que sim. – ela dá de ombros – Quer saber, é bom descobrir que ainda existem pessoas como você nesse mundo. Isso dá esperança. – Haruhi não entende o elogio, mas Tamaki sim e ele sorri gentilmente no lugar dela para Aiko – Vamos?

Logo o grupo reunido recebe uma bronca de Suzu por desesperar os amigos, mas quando os fogos de artifício são lançados sua atenção desvia na hora de Maiko pôr seu plano em ação, como cúmplice junto de Kyoya. A garota leva Haruhi para se trocar e a convence a colocar uma blusa tomara-que-caia rosa com uma jaqueta de tom diferente, ainda que ela tenha insistindo em ficar de calça jeans. Enquanto isso, na praia, o rapaz incentiva Tamaki a confessar seus sentimentos.

Quando ele vê sua heroína vindo, com um cabelo longo montado por aplique, se desmancha em um sorriso. Não demora a os dois entrarem em um clima particular. “Não se esqueça de dar um beijo todos os dias.”, Suzu e Kyoya o escutam dizer, e tal qual a previsão dela essa cena eleva uma vontade repentina nos demais casais de ficarem mais juntos. Até Kaoru, ao dar pra Aiko seu picolé de morango prometido, está mais romântico. Isso acaba quando a barriga de Haruhi ronca.

Continua...


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