15x15: Desafio de Gênios - Interativa escrita por Camicazi


Capítulo 6
Conexão - parte 3


Notas iniciais do capítulo

Pra compensar a demora, vou postar dois capítulos seguidos - de duas semanas. Na realidade, é tudo o "Conexão - parte 3", mas como ficou giganórmico e cansativo pra ler, vou dividir em 3 e 4 ;3
Enfim, espero que gostem! Boa leitura.



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Lado direito - Leo e Anne

Leo não podia imaginar que sua parceira seria tão legal.

Ao olhar em volta, imaginou que todas as pessoas ali fossem do tipo "vou te matar". Inclusive as garotas - podia facilmente imaginar todas elas com armas enormes atirando sem parar para todos os lados. Exceto, é claro, Hazel. E Anne.

Na verdade, quando bateu os olhos nela, conseguiu sim imaginá-la desse jeito. Mas essa imagem sumiu a medida que conversavam. Leo descobriu uma garota gentil, engraçada, e por incrível que pareça, positiva em relação aos desafios. Positiva. Ele só não entendia isso.

Mas mesmo depois de quinze minutos falando com ela coisas aleatórias sobre aquele lugar, ela ainda não sabia que Leo tinha poderes relacionados ao fogo. Talvez soubesse, por causa do que o quadro no quarto dizia, mas eles não tocaram no assunto. Leo pensou que talvez devesse contar... É claro, não contaria sobre o poder ter vindo de Hefesto, mas ela precisava saber pelo menos o que ele fazia.

Anne: Então, Valdez... - começou, quando pararam de falar sobre qualquer coisa - depois disso tudo, ainda não sei uma coisa importantíssima.

Leo: O que? - perguntou.

Anne: Você ainda não me disse... - ela fez suspense por um segundo - qual é a sua habilidade.

Leo: Sério? - disse, surpreso - era exatamente isso que eu estava pensando. Você leu minha mente, dona Anne?

Anne: Não, ainda não - ela riu, mostrando o bracelete para lembrá-lo que ainda não estavam conectados - mas se você e eu pensamos isso ao mesmo tempo, quer dizer que é importante mesmo.

Leo: Sim, é importante... Mas acho que você já sabe - ele ergueu uma sobrancelha.

Anne: "Leo Valdez. 15 anos. Muito habilidoso com máquinas. Produz fogo com as mãos. Pensa rápido em situações urgentes" - ela repetiu as palavras exatas que estavam no quarto de Leo alguns minutos atrás.

Leo: Isso mesmo - respondeu - como lembrou exatamente como estava escrito naquele quadro?

Anne: Ah, isso não é nada - ela abanou com a mão, dizendo para ele esquecer - e quanto ao fogo?

Leo: "Ah, isso não é nada" - disse, imitando a voz dela e fazendo o mesmo gesto. Ela deu uma risada.

Anne: É sério! - disse, ainda sorrindo - pode me explicar como essa coisa funciona?

Leo: Não tem como explicar - ele disse - eu simplesmente pego fogo.

Anne: Tá, mas... Como?

Leo: Talvez... Assim? - ele abriu a mão, e sobre a palma surgiram chamas. Mas ele apagou o pais rápido que pôde.

Anne: Uau - ela disse, os olhos enormes - faz de novo?

Leo: É melhor não - ele deu uma olhada em volta - as pessoas podem ver.

Anne: Mas... - ela olhou para todas as pessoas ali - estão todos ocupados. Ninguém vai prestar atenção.

Leo: Não sei não...

Anne: Vai, por favor! - ela fez uma cara parecida com o gato de botas.

Leo: Tá bom, tá bom - cedeu. Dando mais uma conferida, ele fez outra vez as chamas aparecerem sobre sua mão.

Anne olhava fascinada para o fogo. Tentou entender como ele fazia aquilo. Até procurou algum truque nas mãos de Leo, mas não encontrou nada. Enquanto isso, o filho de Hefesto sorria ao ver a expressão da outra.

Mas isso não durou muito tempo. Pouco mais de dez segundos depois, outra voz interrompeu Leo.

Hazel: Leo Valdez, pare já com isso - ela surgiu do nada e passou as mãos sobre o fogo, "abanando". Leo, ao se distrair, acabou fazendo-o apagar - ficou doido? E se alguém ver??

Leo: Ops... Foi mal - ele deu um sorriso amarelo.

Hazel: "Foi mal" não - disse, parecendo preocupada - a única vantagem que nós temos aqui é que ninguém sabe os nossos poderes. Não podemos entregar assim!

Leo: Mas não é uma vantagem só nossa. Nós também não sabemos os poderes dos outros - respondeu.

Hazel: É, mas eles não estão mostrando - devolveu ela, o olhar severo - pare já com isso, ouviu?

Leo: Certo.

Ela voltou para o lugar onde estava - perto de sua dupla, uma garota que Leo pensava se chamar Marie. Estavam perto de Leo e Anne, afinal, os dois semideuses combinaram que trabalhariam juntos.

Ao olhar para Anne de novo, Leo viu que ela sacudia a cabeça para os lados.

Leo: Ei, o que foi? - perguntou. Ela abriu os olhos.

Anne: Nada.

Leo: Por que estava sacudindo a cabeça? - ele ergueu as sobrancelhas.

Anne: Por nada. Caiu uma sujeira no meu cabelo, e, hm... É isso aí.

Leo: Hm, não me convenceu - ele fez bico, fingindo analisá-la - tem alguma coisa errada.

Anne: Não tem nada errado - insistiu.

Leo: Ficou brava com a Hazel? Eu sei, os romanos podem ser bem chatos às vezes, mas... - ele se arrependeu na hora de ter falado sobre os romanos. Ainda não podia falar sobre os deuses para Anne, seria estranho demais até para aquele lugar. Mas para sua sorte ela pareceu não perceber.

Anne: Não, não tem a ver com ela.

Leo: É o fogo?

Anne: Bem, sim...

Leo: O que houve?

Anne: É que... - ela encarou os olhos escuros do moreno, decidindo se devia falar o que estava pensando ou não. Acabou falando - fogo me lembra algumas coisas ruins.

Leo: Mesmo? - ela fez que sim - bem, mais uma coisa que temos em comum.

Anne: Você também...? - ela começou, mas não terminou. Uma sobrancelha estava erguida.

Leo: Sim. Eu nem gosto de ter esse poder. Conheço pessoas que fazem coisas muito mais legais - ele suspirou - mas fazer o que... Eu sou quente, se é que me entende, e isso é bom - ele sorriu de lado - eu só não queria que fosse ao pé da letra.

Anne: Não queria esse poder? - disse, rindo - pode dar pra mim se quiser, eu aceito!

Leo: Com prazer - eles trocaram um sorriso.

Ao mesmo tempo, os dois começaram a pensar nas tais "coisas ruins" que o fogo lembrava. Mas Anne não gostava nem de lembrar disso. Rapidamente sacudiu a cabeça outra vez e falou a primeira coisa que veio na cabeça.

Anne: Mas hein, a gente devia conectar o bracelete.

Leo: O bracelete? - ele bateu na própria testa - já tinha até esquecido! Certo, vamos conectar. Estou louco pra saber o que tem na cabeça de uma garota.

Anne: Ei! Não pense que vai invadir a minha mente!

Leo: Não, claro que não - ele sorriu, sem tirar os olhos da tela em sua frente - só fique atenta pra não pensar alto demais.

Anne: Nesse caso... Fique mais atento ainda. Eu nunca deixo passar nenhum detalhe.

Ele levantou os olhos, analisando brevemente a expressão dela.

Leo: Certo, vamos ver quem precisa ficar mais atento.

Eles trocaram outro sorriso antes de conectarem.

Lado direito - Rex e Akira

Akira: E então, Rex? O que acha?

Akira terminou de falar o "plano". Rex ouviu tudo atentamente, e quando ela acabou de explicar, ele ficou pensativo por alguns segundos.

Era um pré-plano, na verdade. Como não tinham a menor ideia de como seriam os desafios, Akira pensou em algumas possibilidades e bolou a melhor estratégia para cada uma. Primeiramente, Rex não atacaria ninguém. Eles usariam aquele desafio somente para avaliarem os poderes dos outros, podendo bolar coisas melhores depois. Os quatro ou cinco planos que bolaram naquele pouco tempo eram, resumidamente, ficar longe da bagunça, se defender e observar. Mesmo se Rex não lembrasse de tudo que a loira disse, só precisava fazer aquilo.

Rex: Certo, acho que assim está bom - ele acenou com a cabeça - basicamente, tenho que me esconder, te passar tudo que eu descobrir sobre os outros e não morrer.

Akira: Exato - concordou - acredito que não seremos os únicos fazendo isso, mas acho que não importa. Se sairmos desse desafio vivos e com algumas informações, garanto que vamos durar mais um bom tempo aqui.

Rex: Eu não seria tão otimista - disse ele, com cara de tédio - mas se você diz...

Akira: Escute o que eu te digo, Owen - ela deu um sorriso desafiador - falei que vamos durar aqui, então vamos durar aqui.

Rex: Que determinação - ele não mudou a expressão - mas isso não muda o fato de que essas pessoas podem ser, tipo, muito mais fortes que nós. E aí... Bem, nesse caso, não acho que esse plano possa resolver.

Akira: Isso é um desafio? - ela ergueu uma sobrancelha.

Rex: Claro que não. Só estou dizendo.

Akira: Bem, mas me soou como um desafio - ela imitou a cara de tédio dele - está dizendo que o meu plano não é bom o bastante? Vamos lá, faça outro e me diga se vai resolver.

Rex: Eu não... Ah, cara, deixa pra lá - ele parecia irritado - se você é competitiva, deveria usar isso contra as outras pessoas aqui, não contra mim.

Akira: Não sou competitiva - se defendeu - só não gosto que me subestimem. Ou no caso, subestimem meus planos.

Rex: Eu não subestimei seu plano. Eu só disse que talvez as pessoas aqui sejam fortes demais. Não entende? E se eu não puder me defender?

Akira: Não, essas pessoas não são mais fortes que você - garantiu - não muito, pelo menos. Todos aqui devem ter mais ou menos o mesmo nível que você.

Rex: O mesmo nível que o Ace, você quer dizer - ele sorriu de lado - eu sou fraco. Meu ponto forte, ou poder, ou habilidade, como quiser chamar, é ele.

Akira: Eu sei - disse, sorrindo de volta - mas não é um ponto forte qualquer. É o ponto forte.

Seu sorriso ficou orgulhoso. Realmente, Ace era muito forte. Ao imaginar o "bichinho de estimação" lutando nos desafios, Rex até se sentia mais confiante.

Akira: Confesso. Nunca, em hipótese alguma, eu imaginaria que seria parceira de um dinossauro.

Rex: Antes de conhecer o Ace, eu também não imaginava - respondeu.

Akira: Enfim, o plano está feito?

Rex: É, acho que sim. Se é o melhor que temos por enquanto...

Akira: Pode não ser muita coisa, mas se segui-lo, logo teremos algo melhor - disse, segura - afinal, não podemos ficar só nos defendendo o jogo inteiro, não é?

Rex: Era dessa parte que eu estava com medo - resmungou, desviando o olhar.

Akira: Por que com medo? - ela ergueu uma sobrancelha.

Rex: Bem... Eu não queria matar ninguém - ele ainda não olhava para ela - eu sei, isso é ridículo em um lugar como esse, mas o que eu posso fazer?

Rex suspirou. Akira continuou olhando para ele, tentando decifrar sua expressão.

Akira: Eu entendo - disse, por fim - há algum tempo eu também pensava isso, sei como é. Certo, vamos tentar evitar matar qualquer um, a menos que seja uma emergência.

Akira se repreendeu por dentro. Estava acostumada a fazer as coisas do seu jeito. "Por que estou fazendo isso por um garoto de meio metro de altura?" pensou. "E pior: um garoto que eu acabei de conhecer! Eu bati a cabeça ou o que?"

Mas a verdade que ela não seria admitir nem para si mesma era que ela tinha gostado de Rex. Assim que o viu, Akira já foi com a cara dele - uma coisa muito rara para ela. Não sabia porque, só o achou fofo. Loiro, baixinho, olhos azuis. E pelo que ela viu, não era de falar muito. Sim, fofo era a definição certa.

Mas ela sentia uma certa insegurança na voz dele o tempo todo - Rex parecia não confiar nela. Claro, Akira não o culpava. Não se conheciam há mais de meia hora. Mas queria mudar aquilo, e o jeito era fazer o plano dar certo. E ela só concordou em evitar matar as pessoas para que ele visse que ela estava do seu lado. Mas mesmo tendo em mente que fez isso para ganhar a confiança dele, ela não deixava de estranhar por dentro.

Rex: Sério? - ele levantou os olhos.

Akira: Claro. Provavelmente as outras pessoas aqui já vão matar umas às outras, então não temos muito o que fazer. Mas... - ela pensou por um instante - como eu já disse, provavelmente não seremos os únicos a não atacar. Se você encontrar mais alguma pessoa fazendo isso durante os desafios, não pense duas vezes antes de se juntar a ela. Entendeu?

Rex: Entendi - ele concordou com a cabeça - mesmo se eu só me defender, tenho uma vantagem se tiver alguma outra pessoa comigo.

Akira: Exatamente. Na verdade, tem uma chance de sermos colocados em um grupo antes mesmo do primeiro desafio. Lembra? R falou algo sobre equipes. Deve ser isso. Mas de qualquer jeito, encontre alguém para trabalhar com você.

Rex: Vou encontrar.

Akira: Então é isso - ela piscou com um olho, com um sorriso de lado no rosto - esse é o nosso plano. Se alguma coisa der errado, lembre-se de manter a calma, não entre em pânico. Vou estar te ajudando o tempo to--

Sem aviso, todas as luzes do pátio se apagaram, fazendo Akira parar de falar. Ouviram algumas vozes surpresas ao redor, inclusive a de Rex, que olhava para cima procurando uma explicação.

Rex: O que foi isso? - perguntou, assustado - será que o tempo já acabou?

Akira: Mas tão rápido assim??

Eles ficaram mais alguns segundos sem falar nada, apenas ouvindo os murmúrios ao redor. Algum tempo depois, uma voz começou a falar. Vinha de cima como antes, mas... Definitivamente não era R.

"O tempo acabou" disse, fazendo todos se calarem. "Já passou meia hora. Espero que tenham falado tudo que precisavam. O próximo desafio começará em breve, assim como a formação das equipes. Mas antes disso, daremos mais dois minutos para quem ainda não fez a conexão. Por favor, conectem o mais rápido possível, não podemos perder tempo".

Akira viu o rosto de Rex sendo iluminado pela tela do bracelete. Nem estava lembrando disso. Fazendo o mesmo que ele, desbloqueou a tela e encontrou rapidamente o menu.

Quando já estavam conectados, quase todo o tempo que a segunda voz deu já tinha passado. Só puderam ouvir poucas palavras um do outro pela mente.

"Agora sim está tudo certo" a voz continuou depois dos dois minutos. "Estou vendo que estão todos conectados. Ótimo, assim é melhor. Bem... Antes de tudo, preciso me apresentar. Sou T. R já falou com vocês meia hora atrás, agora é a minha vez. Darei as ordens junto com ela. Mas dessa vez não estou aqui para dar explicações. Vou chamar as duplas pela ordem. Quando eu chamar seu nome, por favor dirija-se até a porta brilhante".

Quando ela disse isso, uma luz acendeu no canto do pátio. Como ela disse, era uma porta cercada por pequenas luzes coloridas, como pisca-piscas de natal.

Ao mesmo tempo, algo pareceu tremer no pátio. Um barulho alto assustou todo mundo que estava ali.

"Ah, me desculpem por não avisar. Esse barulho foi a parede do pátio subindo".

Várias exclamações surgiram ao mesmo tempo. Rex e Akira, que estavam sentados no chão perto da parede, levantaram e se afastaram. Lentamente, a parede subiu inteira, até revelar outro pátio em meio círculo - juntando com o pátio onde estavam, formava um círculo completo.

Mesmo com aquela escuridão, deu pra perceber que havia mais pessoas do outro lado pelas vozes que se misturaram às deles. Alguns rostos também eram iluminados pelos braceletes.

"Agora sim! Todos vocês juntos! Perfeito" ela fez uma pausa. Mesmo sem ver seu rosto, Akira tinha certeza que estava sorrindo. "Ok, deixa eu começar isso logo... Vamos lá, dupla número 1: Hazel Levesque e Mori Kikuchi".

Ela chamou o nome de todos os 30. Demorou um pouco, mas quando acabou, estavam organizados em duas filas na frente da porta, com 15 pessoas em cada uma.

"Pronto, agora podemos continuar... Falarei com vocês de novo logo. Por enquanto, vocês devem seguir as duas pessoas que estão do outro lado da porta, entendido? Próximo passo: formar as equipes. Até lá!"

Ela parou de falar. Dois ou três segundos depois, as portas se abriram, revelando um corredor branco pouco iluminado com duas pessoas de capacete (ninguém entendeu essa parte) esperando por eles. Akira e Rex se entreolharam. Nenhum dos dois tinha nada na cabeça. Não sabiam o que esperar.

Seguindo o resto da fila, saíram do pátio.

Izaya e Yoi

"Até que enfim tiraram a gente daquele lugar" a voz de Izaya dizia na cabeça de Yoi. "Achei que deixariam a gente lá pra sempre".

"Não exagere, foi só meia hora" ela respondeu sem olhar para ele.

"Meia hora que pareceu uma eternidade. Achei que não iam nos mandar para a ação nunca".

"Você é louco? Como pode estar ansioso para a "ação"? Sabe que podemos morrer daqui a pouco, não sabe?"

"Claro que sei" ela nem precisou olhar para saber que ele estava com aquele sorrisinho irônico no rosto. "Isso só deixa tudo mais interessante".

"Não vou nem tentar entender".

Izaya e Yoi andavam lado a lado, seguindo a fila pelos corredores escuros. Não trocaram um único olhar nem disseram uma única palavra desde que saíram do pátio - apenas conversavam pela mente.

Izaya achou isso genial, essa "conexão" que o bracelete fazia. Aliás, não só a conexão como aquele jogo todo. Esperava sair vivo dali para conhecer R, T ou quem quer que tivesse criado aquilo tudo. Qualquer um que estivesse no comando daquilo já tinha o respeito dele.

As duas pessoas de capacete que guiavam as filas pararam depois de um tempo, fazendo todos pararem também. O corredor se dividia em dois ali, cada entrada com pisca-piscas de uma cor. A mesma voz de antes voltou a falar, vindo de uma caixinha de som do teto.

"Aqui é onde as duplas se separam. Os 'As' vão para a esquerda, os 'Bês' para a direita. Vocês não se encontrarão tão cedo. A partir de agora, o jogo começa de verdade".

As filas se dividiram, entrando uma em cada corredor. Yoi olhou para Izaya meio perdida, seguindo sua fila. Ele também a encarou, o sorriso torto ainda em seu rosto.

"Bem... Espero te ver de novo, Yoi" disse em sua mente. "Se sairmos daqui".

"Vamos sair" garantiu ela, sem mudar a expressão.

"Que bom que está confiante. Espero que continue assim nos desafios".

Ele se despediu com uma piscadela antes que uma parede dividisse as duas filas.

*Yoi*

Yoi entrou no corredor da direita. Era diferente do outro: as paredes estavam pintadas em um tom meio metálico de rosa ou roxo, e a iluminação era um pouco melhor. Também era bem estreito.

Não tiveram que andar muito. Logo chegaram no final do corredor, onde havia uma sala mais ou menos do tamanho do quarto onde Yoi acordou. Era rodeada por cadeiras, cada uma com uma tela na frente.

"Por favor, sentem-se" disse a voz por uma caixa de som no teto. Não era T, dessa vez era R. "Vocês ficarão aqui por enquanto. Seus parceiros decidirão as equipes, enquanto isso vocês podem ver o que está acontecendo pelas telas na frente das cadeiras. Sintam-se à vontade".

Yoi sentou em uma cadeira aleatória e puxou a tela para mais perto.

"Onde está?" ela ouviu a voz de Izaya de repente.

"Em uma sala fechada..." respondeu. "Vamos ficar aqui enquanto vocês escolhem as equipes. E você?"

"Estou com os outros. Seremos divididos por cores" informou. Yoi escutava atenta. "O que eu entendi até agora é que são cinco equipes com três duplas em cada uma".

"Deixa eu ver" pediu. Minutos antes, no pátio, descobriram que um podia ver a mesma coisa que o outro via. Yoi fechou os olhos, se concentrando na imagem em sua mente.

*Izaya*

"Deixa eu ver".

Izaya olhou tudo em volta lentamente, tentando passar cada detalhe para ela. Estavam os quinze no meio da sala, de frente para o que parecia ser um palco. Tudo era preto, exceto cinco portas atrás do palco - cada uma era de uma cor diferente, e estavam rodeadas por pisca-piscas. No meio do palco havia ainda algo que parecia um cabideiro, com várias faixas coloridas penduradas.

"Nem T nem R deram ordens aqui até agora" disse ele. "Estamos esperando por isso".

"Certo. Nem preciso dizer pra escolher alguma equipe que pareça forte, não é?"

"Não, não precisa. Não vou fazer isso mesmo..." ele sorriu, mesmo sabendo que ela não podia ver.

"Por que...? Tá, não precisa responder, eu não vou entender mesmo".

"Eu não preciso de uma equipe forte pra me dar bem, Yoi" ele disse. "Você pode não ter visto, mas minhas habilidades me livram de qualquer encrenca".

"Espero que esteja certo".

*Yoi*

A tela na frente de Yoi ligou, chamando sua atenção. Lá tinha uma lista com o nome de todas as pessoas, tanto do lado A quanto do lado B. Ao mesmo tempo, Izaya disse "espere um minuto, T está falando".

Ela se concentrou, tentando ouvir o mesmo que ele ouvia, mas não deu certo. "Parece que só funciona com a visão" pensou.

"Qual foi a parte do 'T está falando' que você não entendeu?" ele respondeu. "Se não se importa, eu gostaria de ouvir, então faça o favor de ficar quieta".

"Desculpe".

Ela tentou não pensar nada "alto demais". Embora fosse meio difícil de controlar, ela sabia que Izaya só ouvia os pensamentos que ela queria. Se concentrou na tela enquanto esperava ele dizer alguma coisa.

Dois ou três minutos depois, ele a chamou: "acabou".

"O que ela disse?" Yoi foi direta.

"Basicamente, cada um vai subir no palco, escolher uma faixa e entrar na porta da mesma cor. Sem ordem, sem números. Como eu disse antes, são três duplas em cada equipe. Ela também explicou umas outras regras, mas isso não é importante agora. Depois você lê no bracelete".

"Certo. E o que você vai fazer?"

"Algumas pessoas aqui me interessaram, he. Vou esperar algumas duplas se formarem e escolho a que mais me agradar".

"Você me escutaria se eu desse minha opinião?" perguntou ela, já sabendo a resposta.

"Hm... Não?"

"Ok".

"Não fique magoada, Yoi" ela quase pôde ver a expressão irônica em seu rosto. "Você vai dar as ordens durante o jogo todo, eu mereço pelo menos escolher nossa equipe".

"Não que você vá seguir as ordens" disse, ouvindo uma risada.

"Não se preocupe, eu vou. Pelo menos as que me interessarem".

"O que quer dizer com isso?"

"Sabe como é... Eu pretendo simplesmente bloquear a conexão se você ficar dando uma de mãe coruja me mandando fugir da ação".

"Obrigada, já sei o que não fazer" respondeu no mesmo tom que ele. "Mas eu não planejava mandar você ficar longe de lutas de qualquer jeito".

"Que bom. Senão eu teria que te chamar de mamãe Yoi".

Ela ficou em silêncio por alguns segundos. Ficou com vontade de socar a cara de Izaya, mas controlou a raiva e não deixou ele perceber.

*Izaya*

"Isso não tem graça" disse, sem emoção.

"Hehe, eu quero ver você dizer isso quando começar a se desesperar e a me mandar fugir" - Izaya deu uma risada.

"Por que eu me desesperaria?"

"Porque, minha jovem, você sabe que se eu morrer você morre também".

"Nada que me faça perder a cabeça" disse. "Não sei se você percebeu, mas eu sei me controlar".

"É, deu pra ver. Mas isso sempre muda quando você está em uma situação de vida ou morte. Não estou certo?"

Ele sorriu com o silêncio de Yoi. Por mais controlada e inexpressiva que fosse, ele tinha certeza que ela entraria em desespero caso algo grave estivesse acontecendo. E a resposta - ou a falta dela - só confirmava isso.

"O que estão esperando?" uma terceira voz disse, fora da cabeça de Izaya. Era T. "Já podem escolher suas equipes. Como eu disse, um por um no palco. Não percam tempo".

Os quinze que estavam ali se entreolharam, esperando alguém ir até o palco.

A primeira pessoa foi uma garota de olhos azuis elétricos e cabelo preto, com cara de poucos amigos. Ela subiu segura os poucos degraus, pegou uma faixa verde e entrou na porta da mesma cor.

"Yoi, começou" Izaya quebrou o silêncio entre ele e a parceira. "A primeira pessoa já abriu uma equipe".

"Ótimo. Fique atento, Izaya. Isso é importante".

"Já baixou a mamãe Yoi?"

Mesmo não vendo seu rosto, ele sabia que ela estava revirando os olhos. Sorriu de lado e continuou observando o que acontecia.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso. No próximo capítulo, Hinata e Fernando + Nico e Kano. As partes dos dois não envolvem só eles, mas os grupos também. Na verdade, já está abrindo o primeiro desafio, por isso eu separei.
Enfim, até o próximo cap!