A Lâmina de Ferro escrita por Cavaleiro Branco


Capítulo 6
Dança das Lâminas


Notas iniciais do capítulo

Hey leitores.

Okay, esse demorou bastante para sair. Foi um tanto difícil trabalhar em The Iron Blade recentemente, então peço muitas desculpas para vocês! Não posso prometer que o próximo capítulo sairá em breve, mas prometo me esforçar para que ele saia!

Espero que gostem! Gostei de escrever esse.

Boa Leitura.



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O frio é uma coisa estranha.

Faz as pessoas se juntarem... ao mesmo tempo que as separa. Traz a morte, ao mesmo tempo que traz a vida, fazendo as pessoas se juntarem. Mesmo que não possa parecer, ele cria um laço entre as pessoas... faz elas se unirem mais.

Eu? Não, aquele pessoal fica chato depois das três da tarde. Bom... mais chatos do que já são, pelo menos.

Enfim, termino de subir as escadas. Escalar o prédio seria mais ao meu estilo... mas confesso que eu não estava encarando aquela parede com bom ânimo. Por isso, simplesmente burlei a segurança daquele edifício antigo... e usei as escadas de emergência, para subir até o terraço.

Realmente... logo comecei a gostar da minha escolha. O terraço era fechado, cercado por paredes de dois metros em três dos lados... o outro era ocupado pelo resto do edifício, que continuava subindo mais um pouco. Nenhuma janela apontando para o terraço... felicidades para mim. Eba.

O terraço tinha vários detalhes. De pequenas plantas, grudadas às paredes de tijolos brancos... até caixotes de madeira, empilhados uns sobre os outros, sob um chão de ladrilho branco francês. As plantas estavam resistindo bem à pequena camada de neve... que se formava sob o terraço. Mas, graças a uma parada da neve em Paris, os moradores dos edifícios tiveram chance de limpar um pouco o terraço de cada um. Pelo menos a nevasca daqui não foi tão tensa... ouvi dizer que as nórdicas estavam ficando feias.

Menos mal para mim.

Fecho a porta de ferro atrás de mim, e começo a caminhar lentamente pelo terraço. Jacques exigiu que eu não chamasse mais atenção do que eu já estava... por isso tentei parecer “comum”. Um jeans negro, um par de coturnos militares negros vinham acomodados de muitas meias. Um agasalho branco servia para a proteção do frio, com zíper prateado e capuz bem estufado. Decidi amarrar uma faixa vermelha em minha cintura... cujo tecido crepitava pelo ar ao vento. Ajudava a dar um toque especial. E, sinceramente:

Todo Assassino gosta dessa faixa, é incrível.

Mas... não era exatamente para esse detalhe que o pessoal da rua olhava, enquanto eu passava por dentre eles.

–Sabia que você chama muita atenção carregando essa coisa?

Interrompi a caminhada pelo terraço. Nem precisei me virar, para dar um sorrisinho.

–Sabia que você tem o péssimo costume de seguir as pessoas?

–Como se você não fizesse isso.

Suspirei lentamente, e me virei na mesma velocidade para a origem do som.

Ela estava lá, empoleirada como uma pomba branca e vermelha, no muro do terraço. O manto branco fazia parecer que estava usando um belo vestido branco, com uma facha vermelha, amarrada aos estilos da minha: um nó à esquerda da cintura. Botas marrons me lembravam aquelas chiques das lojas de Paris. O capuz não estava cobrindo os cabelos loiros e cacheados, que desciam até além de seus ombros. Os olhos azuis me encaravam, de um jeito sapeca, ao mesmo tempo que sério e analítico.

–Faço... mas não tanto quanto você.

Ela dá uma risadinha.

–Esse é meu trabalho.

–E me seguir é o seu trabalho atual?

Ela salta do muro, pousando suavemente no ladrilho. Nem suas duas adagas no cinto fizeram um único barulho... eu precisava arranjar um cinto parecido. Carregar tudo o que precisamos nele, e sem fazer um ruído alto sequer?

Lentamente, ela caminha ao meu redor... como se estivesse me analisando, como uma fera africana.

–Talvez... considere mais um Hobby

–Me viu levando isso e não resistiu, não? – disse, enquanto batia a mão na ponta do que carregava.

Ela olhou para os lados, como se estivesse pensando. No que ia dizer. Ah... ela adorava enrolar nas coisas. Mas conseguia ser mais legal do que os chatos da base.

–Treinar com alguém que sabe manusear uma lâmina tão bem como eu é melhor do que com bonecos... ou melhor do que treinar com aprendizes bobinhos.

–Sua consideração por mim é encantadora.

–Você diz isso com um tédio maior do que deveria.

–Estando naquela base, como não ter tédio?

Ela dá uma risadinha, pousando uma das mãos no cabo de uma das adagas.

–Prometo que não vou machucar, como da última vez.

Sorri. Ao mesmo tempo, minha mão esquerda se fixa no cabo da espada, e a puxa lentamente para fora da bainha.

A lâmina produz seu som clássico, ao deslizar pela bainha de couro negro, fixa em meu cinto, no lado direito. A espada é o que o povo chamaria de “katana”, com uma lâmina fina e graciosamente curvada. A lâmina era de um metal prateado e reluzente, que lançava uma luz prateada e muito brilhante, se refletida ao sol. Possuía um metro, sem contar um longo cabo de couro e um material artificial, em que fora trançado uma pequena e longa facha vermelha, deixando duas pontas para tremularem a cada movimento.

Segurando-a com a mão esquerda, faço círculos com ela ao meu lado, lenta e tediosamente.

–Você andou polindo ela... – observa ela, enquanto sacava suas adagas. As adagas eram longas, de certa forma... e possuíam um formato singular. Uma lâmina central era cercada por duas menores ao lado, formando uma espécie de tridente. Bem afiadas, as lâminas tinham um formato cônico, feito mais para perfurar do que para cortar. Uma fita fina e amarela estava amarrado em cada uma das bases, de cada adaga que ela portava. Logo, ela posiciona uma em cada mão.

–Polir é diferente de afiar... mas eu fiz os dois – retruquei, tediosamente – você sabe que Honodori não gosta de ficar velha, empoeirada e com sujeiras indesejadas.

Ela dá um sorrisinho, enquanto eu apontava Honodori para ela, em um tom preguiçoso, sem movimentos sólidos e chiques.

–...Mas ela gosta de tirar o sorriso de pessoas que acham que podem vencê-la em um treino.

Dessa vez, me responde com uma risadinha, apontando seu par de adagas para mim.

–É o que vamos ver...

E ela simplesmente some.

Lentamente, minha mão direita se une à esquerda no cabo da espada, assumindo a posição de guarda. Nada. Logo comecei a fazer círculos, sem sair do lugar, lentamente... Eu adorava quando Nicole fazia isso... exceto quanto estava me atacando. Isso costumava tirar minha fama nos treinos...

Meus olhos pulavam de um ponto ao outro, mas ainda mantendo a calma e a respiração. Nenhum floco de neve caía... o por do sol oculto pelas nuvens negras, mas com rajadas calorosas de luz passando aqui... ou ali, deixando tudo com uma beleza calma... e terrível. Já havia treinado com ela antes... conhecia alguns de seus truques. Infelizmente... ela também conhecia alguns meus.

Foi aí que, no silêncio, eu ouvi um pequeno estalo de metal.

Na hora, minha mente e meu corpo estalaram de pura adrenalina. Em um único e rápido movimento, viro meu corpo para a direita, ao mesmo tempo que posiciono minha espada logo acima da minha cabeça, na posição horizontal. No exato instante que levantei a lâmina, sinto o choque que o golpe de Nicole. Ela havia aparecido do nada, logo acima de mim. Suas duas lâminas se chocavam com a minha, de uma maneira graciosa, mas poderosa, espalhando fagulhas para todos os lados. O impacto foi suficiente para me jogar para trás.

Cambaleei para trás, quase caindo. Enquanto recuperava a pose, Nicole pousava graciosamente em minha frente, posicionando suas adagas em modo de ataque. Fiz o mesmo, ficando em posição de ataque. Claro... não podia perder a pose.

–Sumir e reaparecer? – comentei – até que você consegue fazer isso por mais tempo do que da última vez.

–Andei treinando... coisa que você pareceu fazer, em relação à sua defesa.

–Só a defesa? – disse, com um sorriso irônico – achar que eu só treino defesa nas minhas horas vagas é um insulto.

Foi minha vez de dar a investida. Avanço em direção à Nicole, com a espada acima da cabeça, pronto para golpea-la, de cima para baixo. Salto para os céus... O metal da lâmina rasga o ar de uma maneira delicada, simples, porém perigosamente mortífera. Lâmina apoiada pelas minhas duas mãos... segurando-a com firmeza. Mas nem isso bastou para a minha felicidade... logo um par de lâminas forma um X sobre a cabeça de Nicole, bloqueando meu golpe. O que resulta em mais faíscas pelos ares.

Nicole era ágil... mais do que eu havia treinado para ser. Em menos de dois segundos ela conseguira formar sua cruz protetora sobre a cabeça... e mantinha a pose, enquanto minha força pressionava sua formação. Apesar da insistência... ela mantinha a pose com um pouco de dificuldade.

Procurei me aproveitar do momento. Dei um sorrisinho para ela, enquanto parecíamos estátuas no terraço. Antes mesmo de eu pronunciar as palavras, a ficha já havia caído.

Gravitas!

Como se fosse uma bomba invisível, a força incolor e intocável atinge Nicole a partir de mim, a jogado para longe. A surpresa estava estampada em seu rosto... mas não fora o suficiente para fazê-la ceder ao meu encanto. Logo no topo de uma dos altos muros do terraço, ela se agarra ao concreto desesperadamente. Uma única mão foi o suficiente para fazê-la parar... mas por pouco.

Odeio quando pessoas assim tem sorte.

Com dificuldade, ela fica de cócoras sobre o muro. Me encarou com um olhar assustado... porém, ao mesmo tempo, divertido.

–Não vale! – diz ela, enquanto eu voltava a girar minha espada pelo ar – você usou magia sem avisar.

–Ninguém disse que não podia...

–Mas ninguém disse que podia.

–Bom... o que você acha, agora?

Naquela vez... foi a vez dela de sorrir para mim.

–Que, talvez, não seja a melhor coisa que tenha feito...

Logo parei de rodar a lâmina.

–...AIR!

Era tarde demais para reagir. Uma rajada massacrante de vento me atinge no estômago, me jogando para trás a uma velocidade enorme. Mas não fora o pior que Nicole teve o luxo de me dar... o impacto com dois caixotes de madeira veio logo depois. Os caixotes se partiram, lascas voavam para todos os lados. Mas a pobre madeira não me segurou... o que me fez ter um forte impacto com o muro.

Caí de joelhos, meus braços agarrando a barriga. Ainda sim... consegui sorrir para Nicole, enquanto me levantava lentamente.

–O meu não doeu tanto... não vale!

–Foi você que começou! – dizia ela, aos risos.

–Então, o que acha de terminar, hein?

Aponto a lâmina para Nicole, como se fosse um pedido, como se dissesse: “Venha, se for capaz”.

Bom... digamos apenas que ela pareceu captar a ideia.

Com um salto, ela atravessava o ar delicadamente, e pousava do mesmo modo. Porém... assim que o fez, parte para cima de mim, as duas adagas em mãos. Tive que ser rápido para bloquear o golpe dela, posicionando minha lâmina na horizontal, enfrente ao rosto. Logo realizei outro ataque... o qual ela defendeu com esperteza fenomenal.

A batalha nunca saia desses moldes... um golpe é dado, defendido... se faz outro... que é novamente defendido. Uma incansável onda de golpes vinham dos dois lados da batalha... e ambos eram defendidos. Apesar dos dois encantos iniciais... não se voltou a usar magia pela batalha.

Chato... magia deixa as coisas mais coloridas.

Mas, depois de longos três minutos... a brecha surge. Uma defesa de Nicole sai errado, e ela entra em desequilíbrio... por um período muito curto... mas suficiente. Com um rápido movimento, passo a perna abaixo dos joelhos de Nicole, a fazendo despencar no piso de azulejo. Mas... antes que ela pudesse sequer se recuperar e contra-atacar... se depara com uma lâmina afiada e prateada, à apenas alguns milímetros da ponta de seu nariz.

Ela dava um sorrisinho, enquanto me encarava. Eu estava em pé, apontando Honodori para Nicole, triunfante. Afinal... uma vitória deve ser finalizada com um cheque mate digno.

–Gostei do perfume – disse, o que a fez fazer uma careta de dúvida. Mas ainda mantendo o sorriso.

–Pelo visto não perdeu sua agilidade, Sr. Altair

Franzi a testa.

–Que jeito estranho de responder ao meu elogio, madame.

–E como espera que eu o responda, senhor?

Pensei um pouco, antes de responder. O que fazer com uma colega de treino imobilizada com uma espada no terraço de um prédio em Paris?

–Apenas aceite meu convite para um jantar.

Notei surpresa em sua face... além de um pouco de coloração vermelha em suas bochechas.

–Que modo indelicado e direto de perguntar... Lady Lefrey ficaria indignada com seus atos.

–Se refere à pergunta ou ao fator de estar imobilizada por uma espada?

–Entenda como quiser... senhor.

Sorri, enquanto guardava a espada lentamente. Nicole ainda me olhava do chão... com um sorriso leve no rosto, mas sem dizer uma única palavra.

–Sabe onde me encontrar.

–Eu nem disse se aceitei ou não seu pedido.

Caminhei até a borda do terraço lentamente. A luta tinha durado vários minutos... o que fizera a nossa esfera de plasma brilhante se deslocar pela paisagem, cada vez mais fundo no horizonte, deixando o céu com uma coloração alaranjada, que tingia as nuvens com linhas finas e delicadas do mais puro e belo laranja celestial.

–Apenas me encontre lá... sete em ponto. Ah... e use aquele vestido amarelo. Combina bem com seu cabelo na noite.

O silêncio me acompanhou, enquanto saltava para o abismo de concreto abaixo.


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Notas finais do capítulo

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