— Zero, estou grávida... — consegui dizer ainda nervosa com a possível reação do garoto em minha frente. Eu não conseguia encará-lo, se apenas dizer essas míseras palavras já foram difíceis, imagine começar uma conversa amigável sobre o futuro da criança. Antes mesmo que ele pudesse responder qualquer coisa, continuei a falar. — Eu sei que deveria ter te contado no momento em que descobri, mas não tive coragem o suficiente para fazer isso...

Zero continuava calado, o que fazia meu nervosismo aumentar e a dor no meu estômago retornar. Tornei a olhar para seu rosto, seus óculos virados para o chão em nossa frente, mesmo que ele não me observasse eu conseguia perceber a surpresa em suas ações. — Eu entendo que é difícil aceitar essa notícia, mas eu queria que soubesse antes do ano acabar... — dei uma leve pausa, retirando minha mão que apertava o braço esquerdo.

— Lin... — ele sussurrou ainda observando o chão, eu sabia que ele estava chocado e sem palavras, mas eu tinha que continuar a falar. — Zero, sei que é muito egoísmo de minha parte, mas... Eu quero levar essa gravidez até o fim. Quero ter essa criança mesmo que o mundo fique contra essa minha decisão, você ficará ao meu lado...? — perguntei muito receosa, sentindo as pontadas ficarem mais fortes.

Ele apenas desviou o olhar para o lado e apertou os punhos. — Lin, eu não consigo aceitar isso... — Zero sussurrou, nessa hora eu imaginei meu mundo desabando, não aguentei e corri para longe de meu namorado. Não queria mais escutar palavras tão dolorosas vindo dele, da pessoa que eu julgava ser a mais importante para mim.

Senti meu estômago revirar, mas não liguei muito já que as lágrimas e a dor em meu peito eram mais fortes. Eu sabia que acabaria assim, mas eu tive que dar essa notícia de qualquer jeito para ele. — Zero... — sussurrei enquanto ofegava, minhas pernas já estavam ficando bambas e minha visão começou a embaçar.

E do nada, desmaiei no meio do caminho. As últimas coisas que ouvi antes de perder totalmente minha consciência foram meu nome e a voz do Zero se aproximando. Assim, entrei em um sonho onde o meu mundo estava sendo destruído aos poucos.

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Abri meus olhos lentamente, meu braço direito ardia e eu percebi que estava deitada em algo macio. Quando meus sentidos voltaram, consegui reparar que eu me encontrava em um quarto totalmente branco e havia um pequeno tubo conectando uma bolsa de soro em minha veia.

— Está melhor...? — ouvi uma voz se aproximando, quando virei me deparei com Zero se sentando ao lado da cama. Eu não consegui dizer nada apenas virando o rosto, depois de ouvir sua resposta para a minha proposta, eu não queria mais encontrá-lo... — Lin... Por favor, olhe para mim. — ele pediu, com muita relutância voltei a minha atenção para o garoto.

O insurgente tirou seus óculos escuros e agora suas orbes douradas me encaravam com um olhar sério, tentei desviar meu olhar, mas ele segurou meu rosto delicadamente. — Lin, me escute... Sobre sua gravidez... — no momento em que ele tocou nesse assunto, tentei me soltar mas não consegui.

Antes que eu pudesse protestar, meus lábios foram fechados por um beijo, um beijo carinhoso e receoso. As lágrimas começaram a brotar de meus olhos, caindo aos poucos enquanto ele se afastava. — Lin, você não deixou eu terminar... — ele sussurrou me abraçando, tomando o devido cuidado para que não pegasse em meu braço direito. — Como eu disse, eu ainda não consigo aceitar isso... O fato de ser pai.

— Então por que? Por que está sendo tão carinhoso comigo agora...? — perguntei entre lágrimas, apertando sua roupa com minha mão esquerda. Ele ficou em silêncio por alguns segundos e voltou a sussurrar em meu ouvido. — Porque eu ficarei do seu lado. Eu gosto muito de você Lin, por isso quero ter essa criança. Mas eu acho que não estou preparado para agir como um pai, por isso eu não consegui aceitar isso no momento em que você me deu essa notícia...

Estremeci e as lágrimas pararam por um momento, eu não sabia se ouvi direito ou aquilo era apenas um sonho. Mas quando senti a dor em meu estômago retornando, eu reparei que aquilo era real, Zero estava me abraçando e falando palavras doces. — Zero... Obrigada... — sussurrei abraçando-o de volta com o braço esquerdo.

Enquanto ficamos por alguns segundos abraçados, começamos a ouvir barulhos de fogos de artifício. Olhei para a janela do quarto e vi o céu escuro com vários pontos coloridos, cutuquei meu namorado e apontei para fora. — Olhe que lindo...

— Não é mais lindo do que a pessoa em minha frente... — ele sussurrou envergonhado, fazendo com que eu desse uma pequena risada. Olhei para seus olhos dourados e lhe dei um selinho. — Zero, esse foi o melhor Natal que já tive. Obrigada por ser meu namorado.

— Eu que agradeço por me aceitar do jeito que sou, minha querida deusa... — e assim começamos a nos beijar, não tínhamos uma lembrancinha para dar um ao outro, pois o maior presente que recebemos de Natal foi a criança que estava dentro de mim, a nossa grande prova de amor que ainda vai durar por muitos natais.