Emergency escrita por Mackz


Capítulo 7
Primeiro Beijo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/45301/chapter/7

Capitulo VI

Primeiro Beijo

 


A dor ainda se abatia sobre mim, agora mais forte do que nunca. Eu tinha perdido o meu querido pai. Aquele que sempre me apoiou, aquele que sustentava-nos, aquele que era o pilar da nossa família.

Chorei como nunca tinha chorado. Os meus olhos doíam-me de tantas lágrimas ter sido derramadas. Mas eu não podia ceder. A dor era horrível, uma dor sem nome. Mas eu não iria desistir.

Agora, sem o meu pai, eu teria que arranjar dinheiro, e mesmo com todos os avisos de Carlisle, eu insisti em voltar para o hospital.

Entrei no hospital e caminhei até á recepção. Tudo estava igual. Os enfermeiros corriam de um lado para o outro, a confusão constante. Porque é que só eu sentia que o mundo tinha acabado de desabar? Seria isto o inferno?

Suspirei e continuei a minha caminhada até á sala dos enfermeiros. Eu não estava preocupada como estava vestida ou com o que outros achavam de mim. Andava de cabeça baixa, olhos sem foco, sem nenhum sorriso ou sinal de felicidade na minha face. Eu parecia algo sem vida.

Eu estava morta. As lágrimas já não saiam, mas a dor continuava ali. Eu não fazia a mínima ideia como iria prosseguir a minha vida. Eu não saberia como continuar a viver.

Abri a porta da pequena sala branca que fora criada para os enfermeiros. Entrei e sentei-me num dos bancos que estavam lá. Peguei no meu traje branco e vesti-o sem vontade. Estava a acabar de calçar quando ouço a porta a ser aberta.

Não dei importância e continuei concentrada em calçar. Ouvi a porta a fechar-se e continuei a ignorar. Guardei tudo e quando me virei para a porta, os meus olhos arregalaram-se e minha boca abriu-se involuntariamente. Apesar de toda aquela surpresa, não consegui conter a felicidade e a segurança que apoderou do meu corpo. Estava ali, diante de mim, o meu porto seguro vestido com uma camisa do hospital, que por acaso que lhe dava um ar engraçado.

- Antes que comeces a tagarelar, deixa-me explicar. – começou quando viu que eu ia abrir a boca. – Eu sei que estou doente. Eu sei que devia estar deitado. Mas não consegui. – encarei-o confusa. – Eu sei o que aconteceu contigo. – acrescentou num sussurro.

E de novo a dor. Virei a cara quando senti as lágrimas a invadir os meus olhos e voltei a sentar-me no banco. Ele caminhou até mim e sentou-se ao meu lado. Tomou-me as mãos e fez carícias nelas.

- Eu sei o que estas a passar. – voltou a sussurrar e quando se apercebeu-se que eu estava prestes a começar a chorar e abraçou-me. Não consegui resistir e as lágrimas logo brotaram pelos meus olhos. Passei os meus braços pelos seus ombros, enquanto o rosto estava escondido na curva do pescoço, e abracei-o.

- Eu senti a tua falta. – sussurrei ao seu ouvido.

- Eu também. – sussurrou de volta – Custou-me tanto não poder ver-te. Eu não sabia porque é que já não vinhas ao meu quarto. Só depois é que me disseram. Eu lamento, tanto Bella. Fui tão egoísta.

Só ele mesmo para achar alguma culpa, no meio disto tudo. Só ele para me fazer sentir segura e feliz em seus braços. As minhas lágrimas secaram e eu tentei ao máximo não me tornar fria, eu podia magoa-lo. E ele era das últimas pessoas que eu quereria fazer isso.

- Eu perdoo-te. Ainda não sei porquê, mas tudo bem. – sussurrei enquanto me afastava dele alguns centímetros, para conseguir encarar os seus olhos. Ele retribui o olhar e ficamos fixos um no outro. Eu não me sentia a corar, o que era realmente estranho.

- Alguma vez, eu te disse que és realmente linda? – sussurrou depois de um pequeno silêncio. Desviei os olhos e encarei o chão. Fiquei envergonhada. Nunca tinha ficado tão fixa em alguém. – Ainda mais quando estás corada. – acrescentou e encarou-me divertido.

Suspirei fingindo-me aborrecida e levantei-me do banco. Caminhei até á porta, mas algo me puxou de volta. Procurei aquilo que me tinha agarrado e dei com a mão de Edward, que estava no meu braço, impedindo-me assim de me mover.

Ele olhou-me no fundo dos meus olhos e eu voltei a corar.

- É pecado aproveitar-se de uma mulher quando ela está numa situação complicada e frágil? – perguntou-me.

- Não sei. – respondi confusa.

- Eu também não. – suspirou e aproximou-se de mim – Mas também não quero saber. – cortou o espaço que havia entre nós e beijou-me. A sua mão deixou o meu braço e abraçou-me a cintura, fazendo o meu corpo encostar ao seu.

Era um beijo sem línguas e salivas no meio. Mas era… tão bom. Tão romântico, tão Edward. Pousei as minhas mãos no seu peito e agarrei a camisa branca, correspondendo ao meu beijo.

O meu coração batia como as assas de uma pássaro que está a aprender a voar. Rápido.

Ter os seus lábios grudados nos meus, fazia-me esquecer tudo ao meu redor. Por momentos, esqueci da epidemia, do hospital, da guerra, da perda do meu pai. E a minha cabeça foi invadida por imagens felizes em uma delas, eu e o Edward, juntos e felizes.

Mas aquilo era só a parte de um sonho. E quando os seus lábios afastaram-se dos meus, eu senti que estava de volta á dura realidade.

- Eu juro que tentei… - sussurrou enquanto as nossas testas estavam encostadas – Mas eu desisto. – acrescentou enquanto eu escutava sem entender – Bella, - disse o meu nome e afastou-se para me encarar nos olhos – Eu estou apaixonado por ti.

Choque. Eu estava em estado de choque enquanto era observada por dois olhos verdes ansiosos pela minha resposta.

Então milhares de perguntas invadiram a minha mente.

E se eu disse que sentia o mesmo por ele? Será que conseguiria ser feliz? Mas depois de a epidemia ganha-se e levasse ele de mim? Como é que eu iria sobreviver? Ou então, poderia eu aproveitar estes últimos momentos? Mas será que iria aguentar a dor?

E se ignorasse? Talvez toda esta confusão de sentimentos fosse esquecida e assim, nem eu, nem ele iríamos sofrer. É talvez fosse melhor assim.

A decisão que tinha acabado de tomar doía tanto. Uma dor pior do que ser atropelada por um comboio, espetada por milhares de agulhas. A dor psicológica.

Tentei arrumar o pouco de coragem que tinha dentro de mim. Eu sabia que iria doer de mais, mas iria fazê-lo. Encarei o chão e respirei fundo. Tirei as suas mãos do meu rosto.

- Edward, volta para o quarto. – disse-lhe com a voz mais fria e sem emoção que conseguia fazer. Virei-lhe as costas e deixei-o ali sozinho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

conto com a vossa opinião :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Emergency" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.