Emergency escrita por Mackz
Capitulo V
Na escuridão do meu quarto, numa noite fria e chuvosa, estava eu sentada num canto. Abraçava as pernas com os meus braços. A minha cabeça metida entre elas. Os meus olhos completamente húmidos.
O desespero e a tristeza atravessavam-me de tal maneira, que cheguei a imaginar que o corpo pudesse cair partido em dois.
Meu Pai. O meu pobre Pai.
Era só o que pensava. Os meus soluços estavam descontrolados. Estava a chorar há tantas horas que o soluçar era um movimento brusco. Perguntava-me como é que o meu corpo ainda conseguia produzir lágrimas.
As imagens passaram como flash na minha cabeça fazendo com que mais lágrimas brotassem dos meus olhos vermelhos e inchados.
FlashBack
Abri a porta da minha casa e entrei. Cansada de mais um dia no hospital, mas satisfeita por ter conversado com ele. Dirigi-me para a sala e sentei-me no sofá.
As minhas costas doíam tal como os meus braços e as minhas pernas. Encostei a cabeça e fechei os olhos. Até que ouço um soluço de choro. Surpresa, abro os olhos repentinamente, levanto-me do sofá e corro ao encontro do soluço.
Mais um soluço. Vinha do quarto dos meus pais. Bati á porta, mas ninguém me respondeu. Já preocupada, abri-a sem permissão.
A imagem que os meus olhos captaram partiu-me o coração.
A minha mãe estava de joelho ao lado da sua cama. Tinha ao seu lado uma bacia cheia de água.
Ela olhou-me com os olhos vermelhos e húmidos. Nunca tinha visto a minha mãe tão frágil. Ao seu lado, em cima da cama, estava meu pai. Suado e respirava com dificuldade. Eu reconhecia os sintomas.
Ele estava… Sim, ele estava. Senti as lágrimas a deslizar no meu rosto. Ajoelhei-me ao lado da minha mãe e apertei-lhe a mão.
Eu já sabia. Eu tinha que estar pronta para isso.
Eu iria perder os dois homens da minha vida.
FlashBack
Logo que recuperamos do choque, levamos o meu pai para o hospital. Carlisle decidiu que eu não deveria, por enquanto, ir trabalhar para o hospital. Mas eu não podia. Eu tinha que salvar o meu pai. Não podia perdê-lo. Por mim e pela minha mãe.
Vi sempre o meu pai como um homem forte, apesar da sua estatura frágil, ele conseguia sempre resolver os seus problemas. Ele teria que se safar desta também.
Eu não saberia o que fazer. Eu teria que lidar não só com o meu sofrimento, mas também com o da minha mãe. Não tenho a certeza se aguentaria por muito tempo.
O meu desespero estava de tal forma que era quase físico.
As lágrimas continuavam a deslizar pelo meu rosto.
Eu estava sozinha. Perdida e desesperada.
Sinto algo a tocar-me no meu cabelo. Era frio como gelo. Era muito difícil eu não reconhecer aquele toque de tantas vezes que já tinha sido feito.
Era Carlisle.
Não o encarei. Estava com demasiada repulsa de mim mesma por não poder ajudar o meu pai. E eu também não queria que ele visse daquela forma.
O seu toque desceu até a minha face, fazendo-me levanta-la e encara-lo.
Os seus olhos estavam ternos. Ele suspirou baixinho e abraçou-me contra o seu corpo frio e duro.
Nenhum corpo era assim. Eu tinha sido enfermeira na Grande Guerra e nada era igual. Eu desconhecia a temperatura.
Eu tinha que ter respostas. E ele não podia recusar-se.
- Carlisle… - sussurrei com a voz fraca.
- Bella. – respondeu Carlisle
Fitei-o e mergulhei no dourado dos seus olhos.
- Eu quero saber o que se passa. – falei com a voz mais firme.
Ele olhou-me confuso. Eu toquei na sua mão gelada e o brilho de compreensão passou pelos seus olhos.
- O que se passa? – perguntei insistindo.
- Bella, não se passa nada. – respondeu calmo o que me surpreendeu.
- Carlisle… – repreendi-o.
- Tudo bem, Bella. Eu vou contar-te. Tu vais saber o que se passa. – disse-me e eu suspirei de alivio. – Mas não agora. Depois. – retucou.
- Prometes? – perguntei insegura.
- Prometo. – sorri em resposta. O "Depois" deixou-me satisfeita. Ainda que pouco. Pelo menos, ele estaria lá no futuro. Sempre a apoiar-me no "depois".
O seu rosto contraiu-se para uma expressão sofredora.
- Bella. – disse-me Carlisle encarando-me com intensidade – Eu fiz o que pude. – retribui o olhar com confusão. – Charlie não sobreviveu. – disse quase sussurrando e lentamente.
Arregalei os olhos quando ele acabou de pronunciar a última frase. Subi as mãos para o meu peito, de onde vinha uma dor incontrolável. Ainda com os olhos arregalados, senti as lágrimas a brotarem dos meus olhos.
Um soluço invadiu o corpo e ele estremeceu todo com a sua intensidade.
- Não…- sussurrei e logo comecei a chorar descontroladamente.
Carlisle abraçou-me tentando reconfortar-me.
Estava tudo perdido. Eu não podia voltar atrás. Eu não podia fazer nada.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Aqui está, espero que gostem e deixem a vossa opinião.
bjsbjs.