Emergency escrita por Mackz


Capítulo 4
Anjo




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Capitulo III

Anjo

 

No dia seguinte, a manhã foi exactamente igual. Depois de me vestir e ter almoçado, Carlisle estava a minha espera para me levar para o hospital. Ele disse-me que iria ficar um ou dois dias fora e nesses dias eu tinha que me arranjar sozinha.

Quando chegámos ao hospital, estava a mesma multidão. Desta vez, tentei ignorá-los, apesar de ser muito difícil. Quando passei por eles, baixei a cabeça e encarei o chão. Caminhei em direcção á porta sem nunca olhar para aqueles rostos carregados de sofrimento.

Vesti a minha roupa de enfermeira, coloquei a mascara e comecei pelo o mesmo quarto, que no dia anterior. Ia cumprimentar o homem, o que eu tinha atendido primeiro. Mas quando olhei, estava outra pessoa no seu lugar. Uma mulher, quase também da mesma idade.

Perguntei a uma enfermeira por ele e ela informou-me que durante a noite, tinha ficado inconsciente e terá morrido logo a seguir. A epidemia atacava e matava quase instantaneamente. Era assustador.

Muitas pessoas que eu tinha ajudado naquele quarto, não eram as mesmas. Sempre que perguntava por elas, as auxiliares diziam sempre a mesma resposta: morreram. Então, senti uma pontada no coração quando pensei em Edward. Será que ele também tinha tido o mesmo destino? Perguntei a mim mesma.

Esperava que não. Porque apesar de não o conhecer bem, estava ligada aqueles olhos verdes, de uma maneira estranha. Terminei de mudar o pano daquele quarto, e fui na direcção do outro. Respirei fundo antes de abrir a porta. Eu devia preparar-me para o pior. Abri devagar e vi que alguns pacientes também não eram os mesmos.

Mas será que… Abri o resto da porta, e olhei na direcção onde deveria estar a cama de Edward. E para minha felicidade, estava. Ele estava lá, igual a ontem, com os olhos fechados. Suspirei de alívio.

Comecei a molhar o pano, e a colocar nas testas dos pacientes. Segui para outra fila, e a última cama era a de Edward. Cheguei perto dele, molhei o pano e quando me virei os seus olhos ocres estavam a olhar para mim. Assustei-me e quase deixei o pano cair.

- Bom Dia – cumprimentei-o – Como te sentes? – perguntei-lhe.

- Estranhamente bem. – respondeu-me.

- Ainda bem.

- Sinto-me como houvesse esperança. É mesmo estranho. Como se eu pudesse recuperar… - explicou-me.

- Mas há esperança. Podem descobrir a cura. – finalmente encarei-o.

- Não era bem dessa cura que eu estava a pensar. Mas também serve. – disse-me com um sorriso triste.

Franzi a testa em confusão.

- Então… - não consegui acabar a frase.

- Bella. – chamou Carlisle, que se encontrava ao lado da porta do quarto.

- Fica bem. – despedi-me de Edward.

Caminhei em direcção a Carlisle e aproximei-me dele.

- Sim?

- Bella, por favor. Não cries relações com os pacientes.

- Porquê? – perguntei confusa.

- Porque quando eles padecem, é muito mais difícil. Só estou a dizer isto, porque sei que te ia magoar bastante. – explicou-me Carlisle.

- Oh, eu sei. O Edward. – respirei fundo – Ele está muito mal ?

- Por enquanto, não. Tem sido dos pacientes mais fortes. Tem resistido muito bem. Diferente dos seus pais.

- Os pais dele morreram da mesma epidemia?

- Sim. O pai dele já estava inconsciente quando cá chegou. Mas a mãe dele manteve-se acordada até ao fim. Ela chamava-se Elizabeth Mansen. Ela sorria para disfarçar o sofrimento e para não preocupar o Edward. Mas a febre acabou por subir, e ela morreu.

- Pobre Elizabeth. Pobre Edward.

- Ele é da tua idade. Também tem 17 anos.

- Ele alistou-se no exército?

- Ia alistar-se. Mas a pedido da mãe, não o fez.

- Ainda bem que não o fez.

- Bem, eu vou voltar para á ronda. E tu já sabes.

Saiu do quarto. Eu fiquei um tempo parada a olhar para a porta, e voltei para Edward. Este estava a encarar-me sério. Dei-lhe um sorriso triste e saí do quarto.

Passado pouco tempo depois Carlisle chamou-me, para fazer-lhe companhia enquanto ele fazia a ronda.

- Jessica Standley, 30 anos e está inconsciente. – informou-nos a enfermeira.

- Hum – meditou Carlisle – E como está a respiração dela? – perguntou.

A enfermeira aproximou-se da paciente.

- Ela não respira. – gritou a enfermeira.

Carlisle aproximou-se da paciente. Eu aproximei-me dela e ia tentar ajudar quando Carlisle agarrou-me as duas mãos.

- Hora da morte: 15.23.

A enfermeira acenou e anotou num papel. Carlisle pegou no lençol que cobria a mulher e tapou-lhe a cara.

Virou as costas e continuou a caminhar em frente. Mas eu fiquei parada a olhar para a figura que estava por baixo do lençol.

- Bella – Carlisle chamou-me e olhei instantaneamente para ele.

Os seus olhos estavam mais escuros, não tão dourados. Pensei que fosse a tristeza ou mesmo a solidão que tivesse a provocar a mudança de cor. Mas nunca ninguém ficou com a cor dos olhos diferente por causa dos seus sentimentos.

Aproximei-me dele.

- Carlisle, sentes-te bem? – perguntei preocupada.

Ele encarou-me confuso.

- Sim. Porque perguntas?

- Por causa dos teus olhos. – fiz uma pausa no seu discurso e ele continuou-me a encarar confuso. – É que… Estão mais escuros que o normal.

Ele arregalou os olhos e afastou-se, caminhando para fora do quarto. Segui-o com o olhar e perguntando-me para mim mesma o que eu lhe tinha dito que fez com que ele reagisse assim.

Passado pouco tempo, uma auxiliar veio ter comigo e avisou-me que devia voltar a mudar os panos.

Fui para o inicio do quarto, e voltei a molhar e a voltar a colocar os panos nas testas dos pacientes. Na terceira cama, notei que a testa do paciente está demasiado fria. E que este estava de olhos fechados e pálido. Aproximei-me dele com a esperança de ouvir o seu coração a bater. Mas nada. Tapei-lhe a cara com o lençol, tal como Carlisle tinha feito, avisei uma outra enfermeira e avancei para a próxima cama ainda perguntou-me que vampiro lhe mordeu para ter reagido assim.

Entrei no quarto, onde Edward estava internado. Ele estava como sempre, parado e de olhos fechados. Suspirei e comecei a fazer o meu serviço naquele quarto. Aproximei-me da cama dele e vi que ele estava a soar muito. Aproximei-me dele mais para tocar com a mão na sua testa. E não é exagero dizer que me queimei.

- Edward, Edward! – chamei-o.

Ele não respondeu e continuou parado como antes.

- Edward! – abanei-o.

- O que se passa Bella? – perguntou-me uma enfermeira com quem eu tinha ficado próxima.

- Angela, ele está com a febre muito alta.

- Deixa-me ver. – aproximou-se dele e tocou-lhe na cara – Mesmo. Vai chamar o .

- Mas eu não sei onde ele está.

- Procura-o Bella, senão também o vamos perder. – disse-me isso encarando-me como tal acontecimento fosse me estragar a vida. Olhei para ela confusa e ela lançou-me um sorriso malicioso.

Afastei-me deles e corri pelo quarto fora. Decidi ir ao gabinete de Carlisle. Corri pelos corredores até chegar ao seu gabinete. Pela porta dava para ver que a luz estava acesa. Estava tão desesperada que me esqueci de bater á porta e abri-a.

Carlisle estava de costas para mim, encostado á mesa do seu gabinete com a mão cerrada num punho. Encarei a sua mão e vi que ele tinha um objecto esmagado na mão.

Ele virou-se para mim de repente. E olhou-me o com o sobrolho franzido, ainda estava a encarar a sua mão. Depois lembrei-me de Edward e olhei-o nos olhos. Carlisle tinha um brilho de tristeza nos seus olhos. Franzi o sobrolho em confusão.

- Carlisle, o Edward! Ele precisa de ajuda! – falei-lhe.

Ele acenou mas não se moveu no lugar.

- Carlisle não vem?

- Sim, vou. Vai indo á minha frente, eu já te acompanho.

- Oh, tudo bem. – respondi confusa.

Virei-lhe costas e corri ao encontro de Edward. Angela ainda lá estava.

- Como ele está? – perguntei-lhe preocupada.

- A temperatura já baixou. – respondeu-me e eu suspirei de alivio – E o Carlisle?

- Eu fui chama-lo. Ele…

- Estou aqui. – interrompeu-me Carlisle – O que se passa?

- A febre ficou alta e ele esteve um tempo inconsciente. – explicou Angela.

Aproximei-me dele e coloquei a mão na testa. Ele abriu os olhos lentamente, piscando duas vezes.

- Anjo? – perguntou-me ele com um brilho diferente nos olhos

- Anjo? Que anjo? – perguntei também confusa.

Ele não respondeu apenas sorriu. Ao qual eu retribui. Será que ele estava delirar por causa da febre. Eu queria pensar que não. Eu queria imaginar que ele achava que eu fosse mesmo o anjo. O anjo dele.


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Notas finais do capítulo

Era para ter postado ontem, mas não deu. :x

Obrigada pelas reviews



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