Procura-se um Sangue Azul escrita por Mia Peckerham


Capítulo 14
Rearranjos comprometedores


Notas iniciais do capítulo

Sabe quando tem um vilão na história, só que ele tá bonzinho demais pra dar pro gasto? Então... Hora de variar, né não?
Agora é hora da Orla agir!!! MWAHAHAHAHA'

Boa leitura e desculpas pelo atraso hehehe :)



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Ezekiel buscava Erica em seu quarto todas as madrugadas, e então eles fugiam pela janela da torre, montavam seus cavalos e iam até a árvore para planejar tudo. Erica aprendia rapidamente as histórias do reino, as cortesias, os modos e costumes, e Ezekiel estava cada vez mais confiante de que seu plano funcionaria perfeitamente.

Naquele dia a lua brilhava alto no céu e fazia muito frio, apesar de não haver neve. Erica e Ezekiel voltavam de mais uma madrugada de treinamento e amarravam suas montarias silenciosamente nos estábulos.

Subiram as escadas tão quietos como linces à espreita da presa e desse mesmo modo foram ao quarto de Erica. Mesmo os aposentos de Zeke estarem um andar acima dos dela, o príncipe sempre a levava em segurança até lá.

– Hoje o dia foi bastante produtivo - ele elogiou.

– A madrugada foi bastante produtiva - a moça corrigiu. - E eu estou exausta.

– É, eu também. E amanhã acordarei mais cedo do que o comum. Anunciarão os detalhes para o baile, e eu devo estar presente.

Erica esfregou as mãos, nervosa:

– Falta quanto tempo? Dois dias?

– Três - Ezekiel corrigiu. - Mas não faz diferença...

Houve um longo período de silêncio até Erica confessar:

– Estou ansiosa. E preocupada.

Também estou preocupado, o príncipe pensou. Temendo não suportar as consequências deste baile...

Mas disse apenas:

– Não há motivos para tanto. Você vai bem.

Erica sorriu e Ezekiel retribuiu o sorriso. Ficaram os dois ali no escuro do corredor, Erica apoiada no batente da porta de seu quarto com um vestido simples de empregada, os cabelos presos em um coque meio frouxo. Ezekiel não podia deixar de pensar em como a plebeia era linda.

Linda e inalcançável, o príncipe lembrou a si mesmo. Linda, mas irá embora assim que o baile acabar.

E então se despediu da moça e deixou-a entrar em seu quarto para dormir, e voltou também aos seus aposentos.

Deitou-se na cama sentindo-se arrependido de ter se envolvido tanto à garota. Ezekiel tinha muitas certezas sobre seu plano à essa altura. Tinha certeza de que funcionaria. Tinha certeza de que a mãe jamais aceitaria esse casamento. Tinha certeza de que Erica se sairia muito bem.

E tinha certeza de que não seria capaz de esquecê-la.

***

Orla ainda estava acordada. Viu a chegada de Erica e Ezekiel pela janela de seu quarto, explodindo em ódio e pavor. Como pudera deixar que o filho se aproximasse tanto da garota? Uma plebeia! Erica arruinaria seus planos!

Não! Não permitirei!, a rainha pensou. Ezekiel se casará com uma moça rica de um reino bem distante. E viverá feliz com ela, vivendo uma vida próspera e longe dessas terras frias. E, se depender de mim, Erica passará fome.

Sentou-se na beirada da cama e passou horas a fio pensando no que fazer para impedir que os planos do filho dessem certo. Pensou que talvez pudesse aceitar o casamento de Ezekiel com Erica, contrariando os pensamentos do filho, e então ele seria negado pela própria garota, já que ela só estava ali pelo dinheiro... Mas não podia arriscar-se á tanto. Talvez a plebeia acabasse aceitando. Afinal, ser uma princesa também significava ter muito dinheiro...

A rainha concluiu que o jeito mais fácil de lidar com a plebeia seria através de ameaças. E Orla já tinha em mente tudo o que precisaria fazer.

***

Erica foi acordada por outra criada no dia seguinte.

– Vamos, pare de dormir! - a moça disse. - A rainha convocou todo o castelo para nos organizarmos para o baile!

Com muito esforço levantou-se da cama e vestiu seu uniforme de empregada do castelo: o vestido cor de creme com detalhes em azul-marinho, e babados por toda parte. Erica odiava aquelas vestes, mas seu maior consolo era pensar que se livraria daquilo em pouco tempo.

Seguiu a outra empregada pelos corredores até entrarem, as duas juntas, na sala dos tronos, onde os anúncios seriam feitos.

A sala estava abarrotada de pessoas - todos os empregados do castelo, desde os guardas até os jardineiros. A família real estava posicionada segundo os tronos, mas em pé diante deles. Erica e Ezekiel trocaram olhares assim que ela entrou.

– Como sabem, o baile ocorrerá daqui a dois dias - o rei dizia. - Todos nós devemos estar devidamente preparados. Algumas mudanças e rearranjos serão feitos...

Erica parara de prestar atenção ao discurso do rei porque, acidentalmente, seu olhar se encontrara com o da rainha, e ela percebera muito ódio vindo dele. Orla a encarava com uma certa diversão assassina, e Erica reconhecia perfeitamente este olhar, já que estava acostumada a ele desde a arena. A moça engoliu em seco e desviou o olhar, mas mais tarde constatou que a rainha ainda a observava.

– Agora - Orla disse, ainda com os olhos pregados em Erica - irei nomear algumas pessoas de confiança para serem meus serviçais pessoais nesses dias tão próximos ao baile.

Erica estreitou os olhos enquanto a rainha ditava os nomes:

– Para meus guardas gostaria de John, o veterano, e Rog Mills.

Os dois homens foram à frente, fizeram uma reverência e retiraram-se da sala.

– Para costureiras, Elizabeth e Carla Pounds, Vilma Henri e Jade Lew.

As mulheres nomeadas também deram um passo à frente, curvaram-se à rainha e retiraram-se da sala.

– E, para serem minhas criadas, Paige Lorrence, Abigail Lins, Chrissy Forth - Orla fez uma pequena pausa e sorriu: - e Erica Montrio.

Erica sentiu o chão cair sob seus pés. Lançou um olhar nervoso para Zeke, que também estava espantado.

Sem alternativa melhor, Erica resolveu mostrar-se prestativa. Foi com as outras criadas até diante da rainha, fez uma longa reverência e virou as costas para os tronos.

Quando ia passar pela porta, rainha Orla chamou seu nome:

– Erica, querida, poderia esperar-me em meus aposentos? Sei que é seu primeiro baile no castelo, então gostaria de passar alguns recados a você.

Erica encarou a rainha e assentiu. Só então saiu da sala e encaminhou-se ao quarto da majestade, xingando e praguejando por todo o caminho.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews, seus lindos ;)



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