Misty já havia passado por muito em sua vida. Sempre vagando, nunca encontrando um lar. Stevie fora sua única companhia por muito tempo, a única pessoa que a entendia. Desde muito pequena soube que era diferente das outras crianças e mesmo adulta era diferente até mesmo das outras bruxas, excluída teve que encontrar seu próprio meio de sobreviver. A natureza nunca a abandonara. Mesmo quando foi queimada viva, a natureza esteve com ela e ninguém mais. Ninguém para chorar a sua morte ou sorrir pela sua volta, ninguém.

Até que Zoe apareceu trazendo Kyle, naquele instante Misty soube que sua vida nunca mais seria a mesma, mas não imaginaria nem em seus mais profundos devaneios que as coisas mudariam tanto.

Ela sabia que o mundo poderia ser um lugar sombrio e ruim, foi isso que a levou ao seu pequeno paraíso pessoal no pântano. Onde ela tinha Stevie e o seu jardim. Depois de tudo o que passou ela tentou se esconder na natureza, mas mesmo assim foi encontrada.

Ela precisou procurar por Zoe novamente quando um homem, um caçador de bruxas foi até sua casa para lhe matar. Ela fugira com Mirtle e lá estava ela, Cordélia. Misty a olhou nos olhos desfigurados e sentiu fascinação, de uma forma como só havia sentindo por Stevie. Misty se sentiu segura.

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Cordélia vestia um vestido cheio de flores, elas eram tão coloridas que pareciam de verdade. Ela podia enxergar. O mundo ao redor dela era todo verde, exceto pela mulher na sua frente. Uma menina-mulher que sorria fascinada com todas as coisas do mundo, que se perdia admirando as coisas mais simples como uma pequena joaninha pousando no seu dedo indicador. Ela era tão poderosa e tão frágil e tão bela quanto uma bruxa poderia ser. Seus longos cachos dourados se aproximaram e Cordélia pode sentir seus lábios quentes encostarem-se aos seus, ela não protestou, simplesmente aceitou o contato. Quando elas se separaram estavam de volta a mansão.

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– Você é Misty Day. Atearam fogo e deixaram morrer. Os seus problemas são os nossos também. Esta sobre proteção desse clã, essa é sua casa.

Cordélia não pode ver, mas ao ouvir aquelas palavras Misty Day tinha no rosto o mesmo sorriso que ela vira em sua visão.

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Misty admirava de longe enquanto Cordélia se reencontrava com Mirtle, sentiu orgulho de si mesma por tê-la trazido de volta porque de uma forma inocente a aprovação de Cordélia se tornara algo ao qual ela almejava. Talvez por ter se disposto a protegê-la ou talvez por ser o tipo de exemplo que Misty nunca havia tido. Uma mãe, uma irmã, uma líder. Ela observava cada movimento, cada palavra enquanto fingia estar interessada em suas plantas. Ela nem ao menos sabia o motivo que querer esconder a sua admiração, mas achou que por hora não era algo que estimava compartilhar.

Quando ouviu seu nome sendo dito por Mirtle virou-se de costas rapidamente, fingindo não prestar atenção, pensou que havia sido flagrada.

– Nossa próxima suprema!

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Mirtle estava sentada ao piano provavelmente fazendo um grande esforço para tocar a musica mais deprimida que conhecia. O estômago de Misty doía talvez de nervosismo, ela se mexeu na cadeira sentindo uma imensa falta de Stevie naquele momento, certamente era a única que poderia acalmá-la.

Cordélia estava sentada ao lado do piano, ela reclamava sobre a musica com Mirtle somente para desviar sua mente de seus próprios pensamentos, não sabia do que aquela visão se tratava e muito menos se ela se referia ao passado ou futuro, ainda não sabia se podia ver o futuro. Era tudo tão confuso e agora Misty seria a nova suprema. Cordélia não conseguia pensar em alguém que pudesse ajudá-la naquela situação a não ser sua mãe, mas elas estavam tentando fazê-la cometer suicídio no andar de cima.

Quando Fiona apareceu do nada assustando todas elas, Misty agradeceu por Cordélia não poder enxergar, ela achava que o perigo estava lá fora, mas aquela mulher a assustava mais que qualquer coisa.

– Então onde está essa bruxinha prendada que todos estão falando tanto?

Ao ouvir a voz de sua mãe perguntando por Misty o coração de Cordélia deu um salto. Ela sempre protegeu suas meninas, mas Misty não era uma menina e elas nem ao menos se conheciam. Certo que Cordélia sempre estaria em divida com ela por ter trazido sua tia de volta, mas tirando isso porque sentiria tanto medo por ela?

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– Ora, ora, ora!

A voz de Fiona era estranhamente atraente. Sussurrada igual a de Cordélia. Enquanto ela falava Misty tentava esconder o medo que sentia por ela e somente ficou calada a observando. Podia ver as semelhanças entre mãe e filha. Ambas lindas, uma de um jeito mais provocante, a outra mais doce. Mas a semelhança estava ali.

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– O que aconteceu? - Perguntou Cordélia aflita, sabia que estava na companhia de Madison, Zoe e Mirtle.

– Estão achando que foi um assassinato. - Disse Nan a assustando pela sua presença.

– Onde está Misty? -Cordélia estendeu a mão em um movimento impensado tentando alcançá-la, mas ela não estava ali.

– Porque você se importa tanto? - Perguntou Nan e Cordélia estava para negar quando se lembrou de que Nan podia ler mentes. Se virou para ela tentando disfarçar sua expressão e até mesmo seu consciente. Ela não precisava enxergar para saber que Nan não a julgaria. - Ela está la dentro... Com Fiona.

Saber que Misty estava com Fiona não tranquilizou o coração de Cordélia, mas ela tentou não demonstrar, sabia que não poderia esconder seus pensamentos de Nan então simplesmente pediu a garota que fosse discreta, ela compreenderia.

– Foi exatamente como eu me senti quando soube que Luke estava em perigo. - Disse ela se distanciando, deixando a bruxa mais velha com muito o que pensar.