My Soldier escrita por LilyCarstairs


Capítulo 21
Chapter XXI


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! :(
Boa leitura e não fiquem surpresos com o fim. Ou fiquem.



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Depois que saí da casa de Jonathan, acompanhada por Julie, caminhamos calmamente até minha casa. O vento noturno ricocheteava no meu rosto impiedosamente, mas eu não me importava... Jonathan estava em casa, longe de toda a guerra.

Tentei me concentrar em alguma outra coisa que não fosse a volta de Jonathan, mas simplesmente não consegui... Ele pareceu tão triste quando soube da morte de Seth. Ficou em silêncio até a hora em que eu me despedi, pois já estava tarde e precisava voltar para casa.

– Eu te amo. Volte amanhã. – ele disse. Soltou minha mão e continuou a olhar para o nada, sem acreditar.

Saí de lá, deixando um Jonathan muito infeliz deitado sozinho. No andar de baixo, sua mãe nos esperava.

– Ele precisava saber. – ela dissera. – Mas eu não tive a coragem de dizer. Obrigada, querida.

Sacudi a cabeça, me livrando das lembranças deprimentes. Estava de volta, com o vento gelado no rosto.

Julie também parecia presa em seu próprio mundo de pensamentos. Pelo seu sorriso, deduzi que fossem lembranças boas que tivera com o Ryan. Finalmente a pergunta que eu temia foi feita:

– Jonathan sabe alguma coisa sobre Ryan?

Virei a cabeça para olhar o rosto de minha melhor amiga. Ela me encarava com tanta esperança... Como eu poderia dizer que seu namorado estava - muito provavelmente - ferido?

– Ele não sabe como Ryan está. - respondi. Não era uma mentira, apenas meia verdade.

Ela concordou com a cabeça, desapontada. Olhei para os lados, tentando mudar de assunto o mais rápido possível.

– Vamos tomar sorvete? - perguntei, de repente.

Estávamos passando em frente a uma sorveteria 24 horas. Não sei o motivo de existir uma daquelas em um lugar tão frio quanto o Maine, mas existia.

Julie deu de ombros e entramos lá. O estranho era que a sorveteria estava cheia de pessoas sentadas nas cadeiras, espalhadas pela ampla e iluminada loja. A maioria dos clientes na loja eram garotas com o coração partido. Havia também alguns garotos e suas namoradas, e também as pessoas que gostam de ir até a sorveteria às dez da noite.

– Podemos comprar o sorvete e levar para casa. - Julie sugeriu. - Max também está precisando disso.

E assim fizemos. Três potes de sorvete, para três corações chateados.

Ao chegar em casa, o vento quente que chegou ao meu rosto quando abri a porta foi realmente magnífico, um alívio. Encontrei meus pais sentados na sala de estar, tomando café e assistindo ao noticiário. Ao ver minha mãe, lembrei que ela havia me colocado de castigo por ter feito tudo aquilo no cabelo de Natally. Mas ela estava entretida no jornal, então pensei que passaria rapidamente por ali, até chegar na escada e subir para meu quarto... Bem, ela se lembrou.

– Querida, eu não disse que você estava de castigo? - minha mãe olhou severamente para mim.

– Eu fui visitar Jonathan... - tentei explicar. Mal sabia ela que eu já saíra várias vezes desde o "castigo".

– Ele voltou da guerra? - ela perguntou surpresa. Concordei com a cabeça. - E como ele está?

Resumi todo o estado físico e mental dele muito bem em apenas uma palavra:

– Machucado.

Ela continuou a me encarar em silêncio durante algum tempo.

– Bom, podemos abrir uma exceção para isso, não é? - finalmente disse algo.

– Mamãe, esse castigo não faz sentido! - reclamei, fazendo Julie e meu pai concordarem comigo.

Minha mãe abriu a boca para falar algo, mas meu pai interrompeu.

– Vá para seu quarto que eu converso com sua mãe.

Subi as escadas rapidamente, sem nem mesmo hesitar. Podia ouvir os dois conversando sobre o meu castigo bobo. Torci para que meu pai conseguisse reverter a situação, já que ele era um dos únicos capaz de discutir algo com minha mãe.

Max estava deitado na cama, assistindo televisão. Você sabe que seu amigo está melhorando quando ele volta a assistir séries de TV sem noção.

Sentou-se na cama lentamente, arrumando seu cabelo com as mãos. Quando nos encarou, notei que seus olhos cinza estavam normais agora, nada da vermelhidão de chorar ou o cinza tempestuoso triste de antes.

Sorriu quando entregamos seu sorvete. Foi bom vê-lo sorrir de novo. Até havia me esquecido de suas covinhas quando o fazia.

– Por que trouxeram sorvete para mim? – ele perguntou, parecendo um pouco ofendido.

Dei de ombros, mas Julie fez alguma piada que não prestei atenção.

– Estou tão no fundo do poço a ponto de tomar sorvete de noite, assim como aquelas garotas de coração partido dos filmes? – ele perguntou, enquanto abria o pote.

– Não tão no fundo do poço assim, eu espero. - Julie sorriu.

– Trouxeram uma trilha sonora bem triste também?

– Só se fizer uma cara bem dramática para o zoom da câmera quando a música depressiva começar. – falei, fazendo-os rir.

Piadas e séries de TV... Ele estava melhorando.

~

Jonathan me ligou cedo na manhã seguinte. Sua voz baixa falou, assim que atendi a ligação:

– Pode me acompanhar até o cemitério?

– Por quê? - perguntei, preocupada.

– Eu não quero fazer isso sozinho... - sua voz falhou. - Achei que você pudesse me ajudar nisso, Lizzy.

Olhei para a janela lá fora. A neve caía sem piedade, o vento fazendo os galhos sem folhas das árvores balançarem. Um dia triste.

– Tudo bem. - concordei. - Só espere eu me arrumar.

– Te busco em 20 minutos. - ele informou. Parecia aliviado que eu concordara em ir. - Obrigada, Lizzy. - e desligou.

Levantei devagar, tentando me desapegar dos cobertores quentes. Não demorei para me arrumar, apenas penteei o cabelo e coloquei um agasalho por cima do pijama.

– Quentinha e confortável, mas nada elegante. Eu recomendaria um casaco preto. - Julie comentou, me assustando. Eu não a vira acordar. - Onde está indo?

Encarei-a durante algum tempo. Estava sentada no colchão do chão, arrumando o cabelo. Em menos de dois minutos, seu cabelo estava impecável. Julie e suas técnicas de gente vaidosa. Ela sorriu para mim, enquanto esperava minha resposta. De fato, era uma linda garota.

– Vou visitar Seth com Jonathan. - finalmente respondi. - Ele não queria ir sozinho.

Ela concordou com a cabeça, em silêncio. Não havia muita coisa mais a ser comentada sobre o assunto.

Sorri para ela, enquanto ela levantava lentamente. Desceu as escadas comigo, indo até a cozinha, onde tomamos café da manhã juntas.

Apenas dez minutos haviam se passado quando eu já estava pronta. Deixei Julie me contar as novidades (fofocas) até ouvir a buzina do carro de Jonathan.

– Não conte a Max aonde eu fui... - pedi. - Ele pode ter uma recaída.

Ela apenas concordou com a cabeça enquanto eu saía de casa e enfrentava o frio até o carro de Jonathan.

Ele estava deslumbrante em um agasalho preto. Mesmo que o significado fosse triste, ele continuava lindo. E agora não estava com a maioria das ataduras, apenas a do rosto e uma no braço, onde não havia mais ataduras, restavam arranhões e algumas marcas feias. Me perguntei se não estava doendo.

Inesperadamente, ele me puxou para um abraço, usando o lado direito que não estava machucado.

– Eu te amo. - ele disse. Não era difícil saber que seu emocional estava abalado.

– Eu também te amo. - respondi, beijando-o com cuidado, por causa dos machucados.

Sem mais uma palavra, começou a dirigir. O tempo frio lá fora e o interior do carro aquecido faziam os vidros ficarem embasados. Passei os dedos na janela do passageiro, fazendo um desenho.

– É um bonito desenho. - Jonathan comentou quando estacionou o carro.

Olhei para o vidro. Havia um desenho borrado de uma paisagem de verão. Parecia um lugar feliz. Eu sentia falta do verão e de um ambiente feliz, sem toda essa tensão. Quando eu teria isso de volta? Algo me dizia que não tão logo.

Descemos do carro e Jonathan me abraçou, protegendo meu rosto do vento. Caminhamos até a lápide de Seth.

Assim que Jonathan viu a foto do Capitão, seus olhos marejaram. Quando nos aproximamos, pude ver que os olhos de Seth permaneciam tão azuis... Mesmo na foto e mesmo com toda a neve ao redor.

– Leaf. Ele detestava esse nome do meio. - Jonathan comentou.

Eu não soube o que falar, então permaneci ao seu lado.

Ele sentou perto da foto do Capitão e abaixou a cabeça. Entendi que era hora de olhar para os lados e dar privacidade para eles.

~

Enquanto tentava olhar pros lados e dar privacidade para JoJo se despedir de Seth, vislumbrei uma silhueta conhecida perto de nós, apenas alguns túmulos nos separando.

– Eu já volto. - avisei para Jonathan, mas ele não pareceu perceber.

Caminhei até o lugar onde vira a silhueta e encontrei Natally abaixada, abraçando os próprios joelhos. Os fios bagunçados do cabelo ainda pintado cobriam parte do seu rosto. Agora já era possível ver a raiz loura nitidamente. Ela continuava não parecendo se importar.

– Está tudo bem? - perguntei preocupada.

– Vai embora, Elizabeth. - foi tudo o que ela disse.

Não parecia inclinada a conversar, então me afastei lentamente.

Jonathan estava em pé, sem expressão, me encarando.

– Vamos embora...? - ele perguntou.

– Claro, claro. - falei, sem realmente prestar atenção. Estava olhando pelo canto do olho para Natally.

Por algum motivo, agora ela estava levantando e se aproximando do túmulo de Seth, conforme nos afastavámos.

– Se importa de esperar no carro enquanto resolvo algo? - perguntei para Jonathan.

– Em um cemitério? - ele estranhou.

– Apenas espere. - pedi.

Caminhei lentamente de volta, me esgueirando até chegar perto o bastante para ver Natally, e ouvi-la, já que ela estava conversando com Seth. Abaixei e fiquei em silêncio.

– Meu doce Seth... Se você soubesse como eu sinto muito... - ela falava em meio às lágrimas. - A culpa me consome todos os dias... Me pergunto como um acidente tão babaca pôde tirar sua vida... E a culpa é toda minha... Eu te matei, meu doce Seth. Ambos sabemos disso...

Não pude evitar levantar atordoada e me afastar. Não sabia o que pensar. Ela o matara? Acidente? Do que ela estava falando? Andei rapidamente até o carro, minha mente como um turbilhão.

– Elizabeth! - ouvi alguém gritando atrás de mim. Era a voz dela... Daquela assassina. - Volte aqui! Não conte, por favor! - ela gritava enquanto eu entrava no carro de Jonathan.

– Vamos embora, rápido, por favor. - pedi.

– Ta tudo bem? - meu namorado olhava confuso de mim para Natally, que se aproximava.

Quando ele deu partida no carro, olhei para trás e vi Natally ofegante com as mãos no joelho olhando para nós.

Eu não sabia o que pensar. Não sabia como deveria encara-la. Com nojo? Raiva? Mas eu sequer sabia o que acontecera...

– Lizzy. - Jonathan me tirou do transe. - Você está bem? - repetiu a pergunta, agora me encarando.

Suspirei e olhei para a estrada. Em pouco tempo estaríamos em casa e eu poderia pensar em algo com calma. Eu decidi que não contaria para ninguém. Não antes de descobrir toda a verdade.

– Estou bem. - menti, forçando um sorriso.

Eu não estava prestando atenção no que Jonathan falava no caminho de volta. Eu só queria entender o que a Natally havia feito. Recebi no mínimo cinco mensagens dela. Coisas do tipo:

"Elizabeth, precisamos conversar."

"É sério Elizabeth, não é o que parece."

"Não conte, por favor!"

Eu as lia, e apagava. Não precisava daquelas coisas em meu celular. Apaguei todas, menos a última:

"Se você não contar, posso te contar o que aconteceu... Me encontre no shopping amanhã, caso queira saber."

Bom, parece que eu iria ao shopping amanhã.


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Notas finais do capítulo

Se gostou/não gostou/tem dúvida/sugestão só mandar reviews, ou mandar mensagem, ou me contatar em algum lugar.
Até a próxima. :)