My Soldier escrita por LilyCarstairs


Capítulo 11
Chapter XI


Notas iniciais do capítulo

Ooooi, obrigada a quem comentou e a quem está lendo! Agradeço de coração. :D
Espero que gostem. ♥



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Acordei às três horas, de madrugada. Eu realmente desejei não ter acordado de madrugada justo naquele dia. Parece que tudo se torna mais deprimente depois da meia noite. Olhei para o teto durante algum tempo, esperando o sono voltar, mas minha mente estava em outro lugar, pensando em como Jonathan estaria.

Resolvi que não conseguiria dormir e levantei para acender o abajur. Notei que estava vestindo a camiseta que Jonathan me dera - a que ele costumava usar quando jogava hóquei com o time. Lembrei-me de tê-la vestido no caminho de volta para casa. Na verdade, ela ficava grande demais em mim, como um vestido, mas fora a última coisa que ele me deu... Adivinha quem começou a chorar? Sim, Elizabeth, a chorona.

Não o tipo de choro em que se soluça, apenas lágrimas silenciosas. Percebi que não conseguiria voltar a dormir, então caminhei para minha tela de pintura em branco, em um canto do meu quarto. Era incrível a quantidade de vezes que eu havia feito isso nos últimos dias.

Comecei a pintar um quadro de Jonathan, lembrando-me de seu sorriso, suas feições e seus olhos. Conforme eu ia pintando, lágrimas surgiam, e conforme eu as limpava com as mãos, machas de tinta apareciam em minhas bochechas. Terminei a pintura do quadro com mais tinta no rosto do que um palhaço. Um palhaço triste, mesmo que todos eles sejam felizes.

Continuei olhando para o quadro, analisando meu próprio trabalho. Jonathan adoraria esse quadro, caso pudesse vê-lo. Comentaria como eu sempre o deixava “mais bonito” nos quadros, e em seguida eu diria o quão bonito ele de fato é... Mas ele não estava lá, e não chegaria tão cedo. Decidi pintar outro quadro, e outro, e mais um. Cinco horas pintando quadros e o sol já estava lá. Eu passei toda a noite pintando quadros e chorando.

– Meu Deus Elizabeth, pare de chorar! – reclamei comigo mesma.

Quando levantei da cadeira em frente à tela, minhas costas doíam. Cinco horas sentada na mesma posição... Óbvio que não faria bem para minha coluna. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Julie:

“Ei, não consegui dormir. Quando acordar, venha aqui. Tá?”

Ela respondeu imediatamente:

“Também não consegui dormir, Liz. Eu sinto tanta falta dele... Estou indo pra sua casa agora, junto com Max.”

“Maxwell?”, perguntei. Por que ela traria Maxwell?

“Ele não consegue dormir também, Natally está ligando para ele o tempo todo. Posso levar o pobre Max comigo, não?”, ela respondeu.

“Claro. Seremos os três tristonhos sem sono.”, respondi. Revirei os olhos para minha própria piadinha. Eu tenho piadinhas horríveis. Talvez as piores.

Deixei o celular de lado e desci para a sala de estar. Meus pais já estavam no trabalho, então deitei sozinha no sofá até Julie e Max chegarem. Como é de se esperar, Julie usou sua cópia da chave para abrir a porta e entrou, seguida por Maxwell. Ela não hesitou em se jogar no sofá ao lado, mas ele parecia envergonhado, em pé perto do porta, esperando algum convite para poder entrar.

– Sinta-se em casa, Maxwell. – sorri gentilmente, apontando para que ele se sentasse. – Bem vindo a convenção dos corações tristes.

Ele sorriu e eu me levantei para preparar chocolate quente para todos nós, enquanto Max resumia sua história com Natally. Ele gritava, para que eu pudesse ouvir os detalhes da história enquanto estava na cozinha.

– Começamos a namorar há três anos, e ela nunca realmente pareceu se importar, mas eu gostava dela e, por isso, insisti no namoro. Tempos depois, ela simplesmente começou a sair com outros garotos, enquanto ainda namorávamos. – ele deu uma pausa, pois Julie comentou algo que não pude entender. Ambos riram, então deduzi que fosse uma piada. – Eu terminei com ela quando soube, e desde então ela tenta voltar comigo.

– Você ainda gosta dela? – gritei da cozinha.

– Não. – ele gritou de volta. - Eu até já gostei de outras garotas, mas ela sempre estava lá pra atrapalhar tudo.

– Como? – perguntei, enquanto voltava com a bandeja e três xícaras fumegantes de chocolate quente.

– Ela sempre aparece e faz aqueles showzinhos. Garota nenhuma consegue conviver com isso por mais de dois meses. – ele deu um gole em sua xícara de chocolate. – Ela também faz dramas para minha mãe. É insuportável.

Um silêncio tomou conta da sala, o tipo de silêncio em que todos estão sentindo muito pelo pobre rapaz com a ex-namorada maluca. Olhei para Max durante algum tempo, finalmente prestando atenção de verdade nele e em sua aparência. Ele era bonito, com olhos cinzas e cabelos escuros. Não era difícil saber que Natally namorou com ele pela aparência. Ela também não era feia, uma típica americana loira e de olhos azuis. Talvez formassem um casal bonito, se Natally não fosse tão mau caráter.

Julie finalmente falou, interrompendo meus pensamentos e quebrando o silêncio:

– E se... Fizéssemos alguma coisa com ela, tipo, pra ela sumir durante um tempo.

– Tipo sequestrar? – Max parecia apavorado e tentado com a ideia, ao mesmo tempo.

– Não. Eu estava pensando em humilhá-la em público, mas um sequestro...

– Não vamos sequestrar ninguém. – interrompi a ideia maluca. – E nem humilhar.

– Talvez humilhar. – Max deu de ombros. – Ela já me humilhou tantas vezes. Não faria mal uma pequena vingança.

Olhei de um para o outro, abismada. Eles estavam mesmo pensando em humilhar Natally, seus olhares não negavam. Tudo bem que até eu já havia feito algo com Natally, mas isso não mudava o fato de que eles estavam sendo cruéis.

– Vocês são cruéis. – comentei.

Eles trocaram um sorriso cruel e começaram a falar o que pretendiam fazer com Natally. Tentei não ouvir, mas a ideia era realmente tentadora. Para não acabar sendo cruel com ela de novo, levantei e fui até a cozinha (onde eu não conseguia ouvir a voz deles) pegar algo para comer. Meu telefone tocou quando eu tentava abrir o pacote de cookies.

– Elizabeth? – reconheci a voz da minha (ex) professora de artes, Sra. Smith.

– Aconteceu alguma coisa, senhora Smith? – perguntei, preocupada. Por que ela me ligaria depois que eu já acabara a escola.

– Ah, olá senhorita Wright, o diretor pediu que eu informasse meus alunos sobre a formatura, que acontecerá daqui duas semanas, às 7 horas da noite. Todos os pais, responsáveis e familiares estão convidados. – ela explicou. – Pode avisar a senhorita Mills por mim?

– Claro... – concordei. “Senhorita Mills”, era estranho alguém usar o sobrenome de Julie. Todos a conheciam apenas por Julie, no máximo Juliette.

Eu estava prestes a desligar quando ela chamou meu nome novamente:

– Ah, Elizabeth! – sua voz estava animada agora. - Antes que eu me esqueça, estamos fazendo um projeto de arte e por isso vocês poderão frequentar a sala de artes durante as férias, para trabalharmos com esculturas, pinturas e outras coisas para decorar a escola, começando amanhã. Contará como trabalho voluntário, caso queira saber. Avise a senhorita Mills sobre isso também, já que todos os ex-alunos estão convidados.

– Legal! – essa noticia me animara. Eu realmente sentia falta das aulas de arte, voltar a frequentá-las me faria bem.

Desliguei o telefone e corri até a sala para contar à Julie. Ela parecia animada com tudo, até Max lembrar que Natally estaria lá também.

– Pelo menos vou poder colocar os planos de vingança em execução lá. – ela e Max trocaram outro sorriso. É, eles não desistiriam.

~

Max foi para casa no fim da tarde, pouco depois do jantar. Julie permaneceu aqui, conversando/reclamando sobre a vida, enquanto eu tentava assistir televisão. Ela finalmente pegou no sono, ou eu peguei no sono primeiro, não me lembro. Só me lembro de acordar no chão, com o pé de Julie em meu rosto. Ela estava deitada no sofá em uma posição estranha e aparentemente dolorosa, com braços retorcidos e tudo o mais.

– Julie, acorde. – chamei. Olhei para o relógio e estava na hora de irmos pra escola, iniciar o projeto de artes.

Ela levou algum tempo para acordar, mais algum tempo para tomar banho, e quando terminou de arrumar o cabelo, já estávamos atrasadas. Enquanto eu tentava correr para chegar no horário certo, ela reclamava sobre o cabelo estar bagunçando e todo o trabalho que tivera para deixá-lo perfeito estar indo para o lixo. Ah, doce e vaidosa Julie.

Chegamos lá e os abraços começaram. “Senti sua falta” e frases do tipo por todos os lados. Até mesmo Natally recebia abraços. Ela me abraçou, e logo eu entendi o motivo: Queria sussurrar uma ameaça em meu ouvido.

– Sabe a mentira que me contou sobre o capitão do time de hóquei? Eu não esqueci. Vou transformar sua vida em um inferno aqui.

Afastou-se sorrindo, enquanto eu permanecia parada olhando. Ela não teria coragem de fazer nada comigo... Não poderia... Balancei a cabeça e esqueci isso, nada aconteceria comigo. Nada.

A sessão de abraços foi interrompida quando a professora de artes, Sra. Smith, apareceu na classe e pediu que nos sentássemos.

Julie veio ficar ao meu lado, em nosso antigo lugar no fim da classe. A Sra. Smith começou a explicar sobre o projeto, mas eu não estava ouvindo. Por algum motivo, estar naquela sala me trouxe novamente as boas lembranças da escola, de estudar lá todos os dias e de passear pelos corredores, com Julie como companhia.

– Liz! – Julie me cutucou, tirando as lembranças da minha mente.

– O que? – sussurrei em resposta.

– O que vai fazer depois da aula? – ela perguntou baixo. – Quer ir ao shopping comigo?

A professora continuava explicando os detalhes de tudo, mas Julie (e a maioria das outras pessoas) não parecia estar ouvindo. Não que não respeitássemos a Sra. Smith, mas ela falava demais.

– Você não deveria estar prestando atenção, Julie? – perguntei, revirando os olhos.

– Te pergunto o mesmo, Elizabeth.

Dei de ombros.

– Pensei em passar na casa de Jonathan, para conversar com a mãe dele, sabe... – respondi, suspirando. - Ela provavelmente estava passando o mesmo que eu, saudades dele e tudo o mais. Talvez falar com ela me ajude.

– Eu não quero encarar os pais de Ryan. – Julie respondeu, triste. – Tenho a impressão de que eles não gostam mais de mim.

– Não seja boba, Julie...

Voltei minha atenção para a professora, que ainda explicava.

– Entregarei um papel para vocês, e nesse papel está o número do grupo de vocês. Cada grupo terá no máximo quatro pessoas. Sem trocas ou reclamações, por favor.

Ela terminou a explicação e começou a caminhar pela sala, entregando pequenos pedaços de papel. Peguei o meu. “Grupo 3”. Julie também estava no grupo 3. Pouco tempo depois, uma garota chamada Rose veio até nós com seu papel, indicando que era do nosso grupo. Adivinha quem estava no grupo também? Natally.

Tentei não revirar os olhos quando ela veio até nós. Julie não se importou em bufar e reclamar alto. Natally parecia especialmente irritada naquele dia, me ameaçara mais cedo e agora estava discutindo com Juliette.

– Cale a boca, cachinhos. – ela reclamou, olhando ferozmente para Julie.

– Não. – Julie deu de ombros e continuou com suas piadas.

Rose e eu apenas olhávamos enquanto elas discutiam entre sussurros. Como nenhuma das duas parecia inclinada cooperar pela paz entre o Grupo 3, percebi seria um longo trabalho comunitário.

~

Depois de passar dez minutos vendo Natally e Julie discutirem, eu comecei a pintar quadros com a ajuda de Rose. Nós chegamos ao comum acordo de que faríamos o projeto sem as brigonas. Decidimos pintar quadros de algumas partes da escola, usando apenas tons verdes e amarelos. A ideia foi de pintar a escola foi de Rose, eu apenas escolhi a cor.

Mesmo tentando fazer isso sem Natally ou Julie, a voz delas discutindo ainda tirava a minha concentração. Só agora a professora pareceu perceber que estava acontecendo uma briga boba no fundo da sala. A Sra. Smith pediu silêncio, depois de três tentativas, elas finalmente se calaram.

Agora Julie também ajudava, mesmo que sua especialidade fosse esculturas.

– Não vamos aceitar Natally aqui? – Rose sussurrou, notando que Julie fizera questão de deixar a garota chata fora das atividades.

– Não. Ela que fiquei ali sozinha. – Julie respondeu ríspida.

Obviamente Natally estava ouvindo tudo e levantou-se emburrada, caminhando para fora da sala de artes. A Sra. Smith não notou, pois estava lendo com atenção o livro que carregava. Algum livro cheio de poesias.

– Pare de ser tão má com ela, Juliette. – falei. – Ela só age assim conosco porque somos ruins com ela.

– Ela faz maldades com todos por diversão, ela não tem coração. – Julie rebateu. – Ela já te deu um tapa no rosto! Ninguém normal faz isso com outra pessoa.

– Eu a provoquei. – rebati. Já aceitara meu erro por mentir para Natally há algum tempo. Não é algo de que eu me orgulhe ou goste de lembrar. – Ela não é tão ruim... Não pode ser tão ruim assim.

– Prove. – minha melhor amiga arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços, me desafiando.

– Vou provar. – levantei e caminhei para fora da sala.

Eu encontraria Natally, resolveria meus problemas com ela, e então provaria para Julie que a garota poderia ser uma boa pessoa.

Não foi difícil achá-la, estava sentada no chão do corredor da escola. Enquanto eu me aproximava, ela me encarava carrancuda. Sentei-me ao lado dela, mas com certa distância nos separando. Olhei para ela.

– Você ainda guarda ressentimentos? – perguntei.

– Você é uma mentirosa, assim como sua amiguinha. – ela resmungou.

– Natally, eu não quis... – comecei, mas ela me lançou um olhar cortante.

– Não quis mentir para eu me sentir mal? – ela levantou-se e me olhou de cima.

Levantei também, olhando-a. Um erro. Sua mão veio certeira em direção ao meu rosto. Notei um pouco tarde que ela não iria embora depois de um tapa, pois ela estava com a mão no meu cabelo, pronta para me bater.

– Natally, eu já me desculpei! – pedi que ela parasse. Eu nunca estive em uma briga, não sabia o que fazer.

Uau, parece que ela realmente não tem um lado bom, afinal. Por que ela não aceitou as desculpas e tudo voltava ao normal? Sua mão puxava meu cabelo, enquanto a outra estava vindo em minha direção como um soco. Subitamente (e inexplicavelmente) me lembrei de como as brigas de hóquei aconteciam, de como os jogadores seguravam a camiseta do outro e acertavam-lhe o rosto. Ela caiu no chão, quando fiz isso.

– Você me bateu, sua... – ela gritou, enquanto limpava o sangue de seu nariz.

– Eu quebrei seu nariz? Desculpe! – comecei a me desculpar, mas parei ao perceber que o nariz dela não estava quebrado, apenas machucado, e ela não merecia minhas desculpas. Mudei o tom de voz e prossegui: - Bom, é isso ai, eu te bati. Vai chorar, Natally?

Sorri (mesmo que uma pequena parte de mim sentisse culpa) e caminhei de volta para sala como se nada tivesse acontecido, enquanto ela permanecia caída, segurando o nariz. Julie e Rose ainda estavam trabalhando no nosso projeto, sentei-me ao lado delas.

– Ela é uma péssima pessoa, e por isso eu soquei o nariz dela. – enquanto eu falava, o sorriso de minha melhor amiga aumentava.

– Então agora vai nos ajudar? – Julie perguntou, se referindo a o que ela e Max planejavam, a “pequena humilhação”. Concordei com a cabeça e voltamos ao nosso projeto.


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Notas finais do capítulo

Se gostou/não gostou/tem dúvida/sugestão só mandar reviews, ou mandar mensagem, ou me contatar em algum lugar.
Até a próxima. :)