My Soldier escrita por LilyCarstairs


Capítulo 10
Chapter X


Notas iniciais do capítulo

De novo eu demorei pra postar, e lamento por isso.
Bom, só avisando que esse capítulo tá cheio de dramas e choros, espero que gostem dele mesmo assim. kk
Boa leitura. :)



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Acordei com o barulho do meu celular, que avisava que uma mensagem havia sido enviada para ele. Antes de ler a mensagem, o desanimo tomou conta de mim momentaneamente, pois me lembrei de que dia era hoje: O dia em que Jonathan iria para o exército. Um trem o levaria até o aeroporto às sete da noite.

Outra mensagem chegou e interrompeu minha melancolia. Peguei o celular e li a primeira mensagem, de Julie:

Hoje eles estão indo embora, né? Diga-me à que horas, por favor..., estranhei o pedido, mas respondi. Pelo que conheço dela, provavelmente ficaria em casa, olhando pro relógio e chorando, se odiando por não ir dar um adeus a Ryan. Garota confusa.

A segunda mensagem era de Jonathan:

Lizzy, Ryan voltou da viagem hoje. Precisamos conversar sobre isso, me ligue quando acordar.

Liguei e ele atendeu imediatamente.

– Ryan voltou... De onde? – perguntei.

– Te falei sobre isso há dois dias, Lizzy. – Jonathan suspirou e explicou: - A mãe dele insistiu que ele e toda a família passassem essa última semana juntos em Boston. Então, ele estará comigo perto dos trens às cinco da tarde para as despedidas e tudo o mais. Teremos duas horas até o trem partir. Sabe se Julie irá?

– Provavelmente não. – suspirei. - Ela tem medo que ele não a aceite de volta, e ele está de partida hoje... Julie passará o dia chorando.

– Uma pena, já que ele pareceu radiante quando contei sobre o fim do namoro dela... – ele respondeu, parando a frase para bocejar. – E me perguntou se ela havia mudado de ideia.

– O que você disse?

– Que não sabia. – ele respondeu. Ouvi a voz de sua mãe gritando seu nome, apressando-o a fazer alguma coisa. – Preciso ir, Lizzy. Venha aqui almoçar conosco. O último almoço em família, sabe... – ele esperou eu dizer sim pra desligar o telefone.

Suspirei e levantei lentamente da cama. Meus pais me receberam com um café da manhã especial. Eles estavam tentando fazer com que eu me sentisse melhor. Quando olhavam para mim, tentavam forçar sorrisos positivos. São bons pais, os meus. Sorri para eles e aproveitei o café que eles fizeram.

Eles tentaram conversar comigo e me animar, mas não adiantou muito.

Quando o café acabou, minha mãe me chamou para ir comprar algumas coisas para meus quadros, mas recusei educadamente. Mesmo que eu tentasse, não conseguiria prestar atenção em nada, pois meus pensamentos sempre voltariam para Jonathan e sua partida. Voltei para o meu quarto e deitei na cama, olhei para o teto e as lágrimas vieram.

O amor da minha vida estava indo embora hoje, para sabe-se lá Deus onde, sem um prazo para voltar. Isso é, se voltar. Não tinha um jeito legal de encarar isso. As lágrimas sempre voltavam quando eu lembrava de todas as coisas boas, como assistir aos treinos do time, passeios no parque e seu sorriso... Deus, como eu sentiria falta de vê-lo sorrindo.

– Pare de chorar, Liz... – eu lembrava a mim mesma, mas simplesmente não conseguia parar de chorar. E ele ainda nem tinha ido embora.

Revirei na cama com a minha melancolia, enquanto chorava, até cair no sono.

~

Minha mãe me acordou meio dia, avisando que eu deveria me arrumar para o almoço na casa de Jonathan. Mesmo colocando uma roupa bonita, arrumando o cabelo e passando alguma maquiagem, meus olhos estavam visivelmente inchados. Eu não me lembrava de ter chorado tanto. Torci para que ninguém notasse.

Mas, infelizmente, Jonathan notou. Assim que me aproximei, ele olhou seriamente para mim e comentou:

– Andou chorando, Lizzy? – ele colocou a mão em meu rosto. – Não chore...

– Eu não chorei, JoJo. – tentei disfarçar. – Estou bem.

– Como você é chorona.

– Cale-se!

Ele apenas arqueou as sobrancelhas e soltou um risinho. É, ele não acreditou. Em seguida, ofereceu o braço para me acompanhar até a mesa onde o almoço seria servido. Sua mãe me lançou um sorriso, e seu pai me cumprimentou calorosamente. Todos pareciam muito animados. O irmão de Jonathan não estava a vista. Quando perguntei onde ele estava, o pequeno sorriso de sua mãe se desfez.

– Ele voltou para o exército. – o pai respondeu orgulhoso, e Jonathan concordou. Será que eles não notavam que a mãe não gostava disso? Pareciam tão contentes que sequer notavam que a pobre mãe sofria todos os dias por isso.

O almoço estava muito bom, e a conversa animada. Por um momento, me esqueci do que estava prestes a acontecer, até olhar para a mãe de Jonathan. Ela parecia enjoada com tudo aquilo, mas seu esforço para sorrir era visível. Trocamos olhares tristes durante todo o jantar, e quando este acabou, ela pareceu feliz em sair dali para lavar a louça.

Como o pai de Jonathan foi ajudá-la, achei que seria uma boa hora para falar com meu namorado sobre sua mãe.

– Sua mãe não gosta muito desse seu sonho, sabia?

Ele me olhou surpreso.

– É claro que gosta! – sua voz estava incrédula, ele realmente nunca percebera o quanto a própria mãe detestava isso. – O que está dizendo, Lizzy? Ela se orgulha muito!

– Não percebe mesmo como ela fica quando falam disso, né? – eu ia continuar a falar, fazendo com que ele visse que a mãe sofria com isso, mas a própria apareceu e pigarreou na porta de onde estávamos.

– Jonathan, pode ajudar seu pai com umas coisas? – ela sorriu.

Quando Jonathan se afastou, ela me olhou durante algum tempo. Sentou-se ao meu lado e segurou minha mão.

– Não conte nada a ele, Elizabeth. – ela não parecia brava, mas gentil.

– Por que não? – perguntei, sem entender. – A senhora não gosta disso, e ele precisa saber!

– Então diga-me por que não conta a ele que também não gosta disso? – sua voz continuava gentil, de modo que não parecia uma bronca, soava mais como se ela fosse me dar algum conselho. Estranho.

– Não posso deixar que ele se sinta mal por estar me deixando para realizar o sonho... – de repente, entendi que ela escondia o que sentia pelo mesmo motivo que eu. – Ah.

– Sim, querida. – ela balançou a cabeça lentamente. – Primeiro meu marido, então meu primogênito, agora meu caçula. – ela apertou ainda mais a minha mão, e deu um suspiro triste. – Estou acostumada com isso.

– Espero que isso acabe logo. – o nó em minha garganta estava voltando, junto com as lágrimas. Olhei para cima, para que elas fossem embora.

– E vai, minha querida. Logo ele voltará para nós. – ela sorriu.

– Mãe, acho que o papai não precisa de ajuda... – Jonathan apareceu na porta, fazendo com que encerrássemos o assunto rapidamente.

Anne Marie levantou e trocamos um sorriso antes dela sair de lá. Caminhei até Jonathan e sorri, como se jamais tivesse conversado com sua mãe sobre aquilo.

– Acho que vou pra minha casa agora, e mais tarde vou até a estação de trem me despedir de você, sabe... – comentei.

De repente, ele me puxou para um abraço. O abraço estava estranhamente apertado, como uma despedida. Como a despedida que em breve aconteceria.

– Eu te amo, Lizzy. – ele falou.

– Eu também te amo, Jonathan. – apertei o abraço.

Ele me acompanhou até a porta. Um beijo de despedida, e eu estava atravessando as ruas frias do Maine enquanto chorava. Corri para casa. Eu não queria chorar de novo, mas eu sabia que choraria muito durante esses dias.

Entrei em casa e subi rapidamente para meu quarto, antes que meus pais me vissem chorando. Talvez eles tenham notado, mas me deixaram sozinha e eu fiquei agradecida por isso. Peguei uma de minhas telas de pintura e comecei a trabalhar, tentando desesperadamente esvaziar minha mente. Fiz isso durante três horas, sem pensar. Pintei dois quadros com alguma paisagem boba.

Coloquei os quadros para secarem em um canto na parede do meu quarto e olhei para o relógio. Estava na hora da despedida. Suspirei algumas vezes antes de me levantar para seguir meu rumo até a estação de trem.

No meio do caminho, recebi uma mensagem de Julie:

Onde você está, Liz? Acabei de chegar na sua casa e não tem ninguém aqui... Você já foi para a estação de trem?

Sim, estou indo para lá. Por quê?, respondi rapidamente.

Esperei que ela me respondesse rapidamente, mas a resposta só veio quando cheguei na estação de trem:

Nada não, Liz. :)

Não contestei o motivo daquilo, talvez ela só quisesse conversar comigo. Não tive muito tempo pra pensar nisso, pois avistei Jonathan e Ryan em meio a todas as pessoas se despedindo. Chegava a ser deprimente, tantas famílias se despedindo de seus filhos, esposas de seus maridos...

– Oi Liz. – Ryan cumprimentou, quando me aproximei. Ele se afastou disfarçadamente, deixando que eu ficasse a sós com Jonathan.

Ele ia falar algo, mas avistamos alguns de seus amigos do time de hóquei da escola vindo em nossa direção. Sorriram para ele e se despediram, com abraços e apertos de mão, desejando-lhe sorte na guerra. Sorte na guerra, como se isso existisse.

– Fizemos isso para você, Ross. – o capitão do time disse, entregando um cordão, com o logo do time de hóquei da escola. – Pra se lembrar de todos nós quando estiver lá.

– Pra se lembrar de todos nós... – um deles repetiu. - Soa como se fossemos a namorada dele. – todos riram.

– Sem ofensas, Elizabeth. – o capitão do time sorriu. Sorri de volta.

Eles foram breves, mas pareceu que aquilo fez Jonathan se animar. Segui seus amigos indo embora com o olhar. Alguns deram uma última olhada, um último sorriso.

– Lizzy, eu só vou ficar lá seis meses... – Jonathan começou, sem jeito. Voltei minha atenção para ele. - Se tudo der certo, posso até voltar antes.

– Seis meses? – tentei não parecer triste. Geralmente, ficam por lá durante um ano, mesmo assim... Seis meses seria muito tempo longe dele. – É muito tempo.

– Eu sei, Lizzy, eu sei. – sua voz estava baixa. Pela primeira vez desde que soube que iria servir ao país, ele parecia triste com isso. – Mas mesmo eu estando longe, vamos conseguir manter contato. Provavelmente vou passar a maior parte do tempo em uma base, e lá temos um acesso à internet, pelo menos alguns minutos por dia. Vamos continuar nos falando, Lizzy.

– Ficará em uma base? – perguntei. – Não no furacão caótico da guerra?

– Ficarei no furacão caótico, mas... – ele começou uma explicação sobre onde ficaria, com várias palavras e coisas que eu não conhecia, coisas sobre a guerra. Apenas acenei a cabeça e sorri, fingindo entender.

– Certo. – falei, ao final de sua explicação. – Menos mal, então.

Trocamos olhares durante algum tempo. Eu não sabia o que dizer, nem ele. Olhei em volta e vi os pais de Jonathan conversando com Ryan e mais algumas pessoas que – deduzi – eram a família de Ryan. A mãe dele me viu e deu um pequeno sorriso.

– Lizzy, eu gostaria de lhe entregar isso. – Jonathan disse, enquanto remexia em uma mochila que carregava consigo. Tirou uma camiseta verde, que eu reconheci rapidamente: Sua camiseta do time de hóquei. – Lembre-se de mim.

Segurei-a e reconheci o logo do time, e o sobrenome Ross estampado atrás, assim como o número que ele costumava usar: 53. Sorri para ele, e retirei uma foto que eu carregava no bolso. Uma foto de nós dois, em seu treino de hóquei, rindo enquanto um dos garotos do time fazia uma palhaçada.

– Sei que é bobo, e que é clichê, mas foi o que consegui pensar. – dei de ombros timidamente, entregando a foto.

O sorriso infantil estampou seu rosto. Talvez fosse a última vez que eu via aquele sorriso, então encarei e tentei decorar cada detalhe, até mesmo as covinhas que apareciam em suas bochechas. Fitei seus olhos castanhos e vi lágrimas começando a escorrer pelas suas bochechas. Ele estava chorando. E eu também comecei a chorar. Parecíamos dois bobos abraçados chorando.

– Eu te amo, e não se esqueça disso. – ele disse, me beijando.

~

Algum tempo depois, Jonathan e eu paramos com o choro melancólico. Fingimos que nada aconteceu para as outras pessoas, ninguém jamais descobriria que éramos um casal chorão apaixonado. Seu braço estava em volta do meu ombro, enquanto conversávamos com a família dele, e com a família de seu melhor amigo. Ryan falava alguma coisa, mas empalideceu de repente, olhando para algum lugar atrás de mim.

Virei e vi Julie parada há alguns metros de nós, o rosto vermelho como se tivesse corrido uma maratona e chorado ao mesmo tempo. Todos se calaram. Troquei um olhar tenso com Jonathan. O que ela estava fazendo ali?

– Ryan... – ela tentou falar, mas estava ofegante.

– Juliette, o que faz aqui? – ele se aproximou dela.

– Ryan, eu te amo. Eu te amo demais, e você sabe disso. – ela começou, acelerando a cada palavra. - Te amo mais do que jamais amei alguém e por essa razão não posso deixar que você vá embora assim, sem me despedir. – ela parou para respirar, e as lágrimas começaram a escorrer por suas bochechas. - Sei que você não vai me aceitar de volta porque sou uma idiota, mas quero que saiba que te desejo tudo de bom. Quero que saiba que você é especial para mim e que eu vou desejar que você volte bem, todos os dias.

Ela finalmente acabou e pareceu retomar o fôlego. Ryan estava pálido, em choque, assim como seus pais e Jonathan. Fui a primeira a abrir um sorriso. Finalmente aquela boba havia tomado alguma atitude certa! Ryan continuava sem palavras, e os pais dele e de Jonathan se afastaram silenciosamente, deixando apenas nós quatro. Tentei sair também, mas Julie me olhou e entendi em seu olhar um pedido para que eu ficasse lá.

– Juliette... – a voz dele veio baixa. – Eu estou indo embora, e me diz isso agora? Por que justo agora? Por que não antes? Eu corri atrás de você durante semanas e você estava com outro, Juliette!

A expressão dela foi dolorosa até para mim. Ela simplesmente caiu de joelhos e colocou as mãos no rosto, seu choro era audível. Tentei correr até ela, mas Jonathan me puxou de volta. Olhei para ele, então para Ryan. Parei de tentar correr para minha melhor amiga quanto notei que o garoto loiro estava se aproximando dela, se abaixou e a abraçou. Ela pareceu surpresa.

– Mesmo assim... Eu simplesmente continuo te amando. – ele continuou. – Eu tentei de verdade ter raiva de você e dos seus cachos castanhos sempre perfeitos, mas fracassei. Não consegui. – ela olhava para ele agora. Os dois se encaravam.

– Isso quer dizer que...

– Que não vou jogar fora três anos de namoro com o amor da minha vida. – ele a beijou.

Eles se abraçaram/beijaram/choraram durante alguns minutos, até se aproximarem de mim. Julie me olhou com um sorriso. O sorriso que eu não via desde que ela terminara com Ryan.

– Finalmente, sua boba. – sorri para ela, orgulhosa.

O trem começou a soltar fumaça, anunciando que os recrutas deveriam entrar. Meu coração doeu um pouco ao beijar Jonathan uma última vez, antes dele entrar, acompanhado de seu melhor amigo. Julie se aproximou de mim, me abraçando, e juntas, acenamos para nossos namorados que estavam indo embora em um trem, rumo à guerra.


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Notas finais do capítulo

Se gostou/não gostou/tem dúvida/sugestão só mandar reviews, ou mandar mensagem, ou me contatar em algum lugar.
Até a próxima. :)



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