Timber escrita por Lecter


Capítulo 4
Uma faca bem utilizada e a marca do chapéu


Notas iniciais do capítulo

Eeeeeeeeeeei, esse capítulo está cheio de coisas e esta meio corrido hihi Mas isso é por que metade dele era pra ter estado no outro, mas ai era aquela correria de fim de ano e tal tal.
Enfim, ai está :3

*p.s.: A faca da Katniss é tipo aquela que aparece no filme, preta e etc.

Queria agradecer muito pelos comentários do outro capítulo ♥ sério, gente! Isso me incentiva todos os dias :3 Por tanto, continuem me incentivando já que comentar não custa nada u.u

Aproveitem a leitura, o/



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Capítulo 3

– Continue bebendo e acabará como um daqueles caras – digo, apontando para um senhor de idade magro e de cabelos brancos, largado num dos cantos do bar, tomando uma garrafa de cerveja pelo gargalo e babando metade daquilo fora. Repugnante.

Marvel, primo de Finnick, me encara com a boca torcida em uma careta de birra.

– Você é só uma criança, bebê. – aperto a bochecha direita dele com uma das mãos. Apesar de ele ter dezenove anos, ainda tem aquela cara de criancinha.

– Ah, Katniss, cala a boca. – Marvel batuca os dedos no balcão repetidamente. Ele começa a apontar para os copos de cerveja a sua frente e a contar todos eles. Acompanho sua contagem: doze, treze, quatorze... Dezesseis copos. – Ok, me rendo. Talvez você tenha algo para me sugerir, já que eu sou um bebê que não pode nem decidir o que quer tomar.

Mordo a bochecha por dentro, tentando segurar a risada e percebo que ele faz o mesmo. Pego dentro da geladeira uma garrafinha de Coca-cola.

– Que tal isso? – balanço-a na frente do seu rosto – Parece bom, né?

– Só me serve isso e me deixa em paz.

Faço o que ele pediu e vou para outra parte do balcão. O bar está realmente movimentado, mas ninguém se dirige ao balcão, já que as garotas tratam de ser como garçonetes para os clientes. Só que com um decote maior do que o das normais.

As portas rangem na entrada do Saloon e eu sinto as serrinhas da faca enorme dentro da minha bota me cutucarem. Peeta entra com um chapéu característico de cowboys e a camisa com os quatro botões abertos, como de costume. O nojo me sobe e engasga na garganta.

– Olá, Katniss. – meu nome saí como se fosse algo vitorioso para ele. Como se ele estivesse falando de ter ganhado em uma aposta. Ele sabia que eu havia ficado fula da vida.

– Olá, querido. – passo um pano no balcão próximo aos seus cotovelos apoiados – Vai querer uma loira hoje? Ah, opa. Esqueci que já pediu uma no café da manhã. – ironizo e sorrio sinicamente.

– É. Foi legal. Porém ela não se compara a você. – novamente e avidamente ele me olha de cima embaixo. Tenho vontade de vomitar.

Percebendo o meu olhar, ele completa:

– Mas, ela não é de se jogar fora. Seu cabelo é maravilhoso e ela sabe bem oq...

– Não me interessa a sua vida, Mellark. – sussurro acidamente perto do seu ouvido – Faça o que quiser.

– Me vê uma gelada, fazendo o favor. – diz ele fechando a cara, enquanto tira o chapéu e o coloca em cima da mesa. Liessel é a marca que está na etiqueta dele, e pelo visto, logo irá cair dali.

Viro-me e encho um caneco até a borda. Como da primeira vez que ele pediu uma cerveja, eu a bato com força demais contra a base de madeira. Percebo que Marvel não está mais no banco ao seu lado e tem dois reais no tampo do balcão. Junto às moedinhas e as jogo dentro do caixa improvisado.

Peeta dá longos goles em sua cerveja, sempre com os olhos cravados em mim. Aquele azul está me incomodando. Me apoio no balcão de fundo, onde ficam as bebidas, e começo a encara-lo de volta. Com a raiva aparente, ele bate o caneco, já vazio, com tudo contra o balcão. Uma fissura se forma em uma das bordas. Milhares de caras, desde apostadores, fazendeiros e cavaleiros, até ladrões, estão com a cabeça virada para nós. Segundos se passam e o interesse acaba se perdendo para eles. Peeta se levanta.

– Aonde você vai? – indago.

– “Não me interessa a sua vida, Mellark” – ele repete o que eu disse, com uma imitação da minha voz – que não sai nada igual -, fazendo aspas no ar – Aproveite a sua dúvida sobre o que eu irei fazer.

E então, ele se vira com um sorriso de deboche no rosto. Cravo as unhas na palma da mão e sinto o sangue ferver. Ele não poderia simplesmente fazer-me engolir aquelas palavras.

Apoiada no batente da porta principal, esta Glimmer. Ela tenta trocar um olhar intimo com Peeta que, ou acaba não vendo ou simplesmente ignora, e saí apressado do bar. Sua cara se transforma em uma careta. Novamente a faca na bota me pinica. É hora de agir.

– Annie, será que você poderia ficar um minutinho no balcão para mim? – peço a namorada de Finnick.

– Claro, meu bem. – ela dá um sorriso que eu retribuo.

Vou correndo até Glimmer e me apoio no outro lado do batente.

– Dia difícil, né? – pergunto, com uma ponta de sarcasmo que ela não nota.

– Sim, muito... – Glimmer responde.

– Ei, que tal pormos o papo em dia e esquecer isso? – sugiro.

– Tudo bem. – ela dá de ombros.

Há-há. Guio Glimmer até o estábulo ao lado do Saloon e indico a última “salinha”, bem lá no fundo, onde não a nenhum cavalo.

Vejo Kopp, meu cavalo – que não é exatamente meu e sim do pai de Finnick – de relance quando passo pelo corredor.

– Nossa, que fedor Katniss. – reclama a loira águada.

– É melhor assim, já que aqui ninguém pode nos ouvir.

Me encosto numa parede e Glimmer faz o mesmo. Ficamos em silêncio e começo a reparar no olhar preocupado de Glimmer. Discretamente, levo a mão até dentro da bota e tiro a faca de lá. Começo a passar a parte plana dela na palma da mão e ouço um pequeno “Oh” vindo da futura descabelada. Literalmente. Apesar de tudo, ela não se mexe – já que provavelmente nunca foi ameaçada na vida. Principalmente por uma mulher que sabe muito bem manejar uma faca, graças a muitos anos de velhotes se assanhando para cima dela.

Como Glimmer pode ser tão, hm... Burra? Realmente acreditar que a mulher que você pegou o “território” quer apenas conversar-barra-por o papo em dia com você é inacreditável.

Solto o laço em minha perna e o paninho cai devagar até no chão. O junto com toda calma do mundo e avanço para cima de Glimmer. Pego-a pelos cabelos e vou puxando eles até ela se soltar da parede. Finalmente ela começa a gritar.

– Querida, mais um berro e essa faca vai perfurar um lugar que lhe é bem útil. – falo e amarro o pano na sua boca, como uma mordaça.

Solto a corda que estava presa no cinto e amarro as suas mãos, forçando-a a parar de se debater. Ela parece um peixe fora d’água. Para ser mais especifica, uma piranha fora d’água.

Puxo um punhado do seu cabelo e preparo a faca.

– Menina, você provavelmente ia ficar careca de qualquer jeito. – mostro o punhado de fios que caíram da sua cabeça e estão nas minhas mãos – Estou até te fazendo um favor de acelerar o processo.

Então, as primeiras madeixas caem e ela começa a soluçar, catando pedaços dos seus cabelos no chão.

Repito esse processo até sobrar apenas tufos deles na sua cabeça. Agora Peeta não terá mais aonde abafar a voz.

Arrasto Glimmer pelas sobras da loirisse falsa dela e a encosto na parede de novo.

– Isso é para você aprender a não se meter na vida de mais ninguém, por que eu sei que não foi apenas aquilo. – eu a estou fulminando com a olhar e impondo o máximo que posso de poder na voz – E, bem, se você contar para alguém... Fofocar com aquelas inúteis, ou der queixa na policia de cabelos tingidos, eu já disse o que irá acontecer. Um. Lugar. Bem. Útil. Entendeu? – ela assente freneticamente. – Muito bom.

Desamarro todos os nós e ela sai correndo, apavorada, para fora do estábulo. Chuto os fios dourados para os cantos, cato uma mexa consideravelmente bonita e a coloco no bolso e vou andando satisfeita até o bar novamente. Parte um concluída.

~

Ouço um choro vindo de dentro da cabine da patente do Saloon. Bato na porta e Johanna grita de lá:

– Quem é?

– Katniss.

– Não abre essa porta! – Marvel exclama.

Pera aí. Marvel? Como assim?

Johanna destrava a porta e eu entro com tudo. Marvel está chorando, sentado na privada, com a mão em um olho. Já ela está com o batom borrado.

– Que droga é essa? – pergunto.

– Eu enfiei a unha no olho dele. Foi sem querer... – Johanna realmente parece estar arrependida.

– Oh, querido. Está tudo bem. – bato de leve em sua cabeça.

– Katniss, para de me tratar como um bebê! – fala Marvel, indignado.

– Já pensou em levar ele para um hospital?

– E eu vou dizer o que? Que a gente estava se beijando no banheiro e eu o ataquei com uma unha? Não dá né. – responde Johanna.

A cena é hilária. Resolvo deixar os dois decidirem o que fazer e volto para o trabalho.

Passo direto por Annie que protesta em ficar no balcão e subo as escadas, em direção ao escritório de Finnick.

Finnick e eu fomos criados como irmãos. Seu pai, Caesar Odair, me acolheu depois que minha mãe morreu, por eu ser praticamente uma sobrinha para ele, já que ele e minha mãe eram bons amigos. Eu não conheço meu verdadeiro pai e, realmente, eu não me importo.

Morei por um tempo nas ruas desta velha cidade e aprendi a lidar com armas e a me defender sozinha. Eu gostava de assistir aos duelos que aconteciam a cada semana, porém teve um que a morte me aterrorizou: a do organizador que foi morto com um tiro na cabeça. Lembro-me do sangue dele respingando no meu rosto.

Afasto as memórias da mente e entro na pequena sala que abriga uma mesa, um cofre e duas cadeiras que giram como se fossem banquetas. Finnick está recostado em sua cadeira, como de costume. Fecho a porta atrás de mim.

Reúno o que resta da minha coragem para dizer isso e as palavras saem meio arrastadas dos meus lábios. Eu preciso fazer isso, mesmo que Peeta não saiba, para provar que eu também posso.

– Finnick...? – pergunto.

– Hm?

Droga. É agora.

– Me beija.

– Já estava tarde para você dizer isso. – e com essas palavras, ele sai de trás da mesa e vem praticamente voando na minha direção.

Coloco a mão na nuca dele e ele faz o mesmo em mim. Fecho os olhos. Presto atenção e noto que nossos lábios se movem fora de sintonia e chego a uma conclusão: eu não vou jogar o mesmo jogo que ele. Lembre-se Katniss: você. Não. É. Um. Objeto.

Afasto Finnick bruscamente e passo a parte externa do antebraço na boca, para limpá-la.

– Por que isso?! – a indignação e a raiva estão estampadas na sua cara e seus olhos cor de mar demonstram a fúria pela minha atitude.

– Ai está uma boa pergunta.

– Katniss, qual é o seu problema?!

– Mellark. – digo saindo da sala e por um breve momento, a fúria se acalma no rosto de Finnick e no seu lugar o reconhecimento entra. Ele morde uma das bochechas com força e solta um riso nervoso. O ódio tomou o lugar da sua íris. – Mellark. – repito fechando a porta. O som de algo se estilhaçando passa pelas frestas da madeira.

Lá embaixo, o xerife Gale está conversando com Annie no balcão – e ela está com uma cara de poucos amigos. O meu sangue gela só de pensar no que ele quer. Talvez Glimmer tenha me denunciado por roubo de cabelo, vai saber. Assinto para ela.

– Eu assumo por aqui. – ela respira agradecida e sai correndo de trás do balcão.

– E aí? – digo para Gale.

– Preciso colocar um folheto com o rosto de um fora-da-lei que aprontou hoje – diz ele me mostrando o tal do folheto, que nem sequer tinha um rosto. Era apenas um chapéu de cowboy, com um daqueles lenços ao redor da boca e no lugar dos olhos, era apenas escuro, sem detalhes. – A recompensa é grande.

– Acharam alguma pista? – ele me entrega o papel e eu o colo próximo ao calendário.

– Algo meio inútil, para falar a verdade. Era uma etiqueta de uma marca bem famosa e que produz várias peças de roupa. Liessel é o nome da empresa. Seria meio difícil achar a pessoa só com isso.

O nome faz cócegas no meu cérebro, mas não consigo me lembrar de onde eu o ouvi ou vi.

– Qual foi o crime? – indago.

– Roubo. Uma quantia considerável em dinheiro. Mas, sinceramente? Acho que não vamos o encontrar dessa vez. O sujeito foi bem esperto. – ele dá uma coçada dentro do nariz. Eca. – O dono da casa só conseguiu enxergar o que ai desenhado.

– Que pena. – volto a observar o papel. Aquele nome ainda não me era estranho.

– Bem, é isso. Inté, Katniss. Qualquer coisa, avisa. – despede-se Gale.

– Pode deixar. Até.

Horas se passam até que alguém venha se dirigir ao balcão. Vejo um vulto loiro e um de cabelos pretos indo às pressas até a saída e deduzo que são Finnick e Annie. Aparentemente quem irá fechar hoje sou eu. Gradativamente os músculos do meu corpo começam a doer, graças a Glimmer parecendo um pinguim tentando voar e se debatendo loucamente. Exige força para conter uma fera.

Resolvo beber umas para relaxar e não me importo se Finnick irá querer explicações da redução de cerveja, já que ele ainda não pagou minha dança. Gole por gole, vou sentindo meu corpo mais leve e minha mente mais feliz e tonta. Sento-me em cima do balcão e observo o bar ir se esvaindo, bem aos pouquinhos.

Não ouço quando novamente Peeta entra no Saloon e aparenta também estar bêbado. Não sinto estar mais brava com eles. Talvez eu esteja bêbada.

– Bebendo em outro bar? Nã na ni na não. Não pode. Tô perdendo a freguesia. – falo e faço um não com o dedo indicador na sua cara.

Ele solta uma risadinha que vai se transformando e acaba fazendo aquele barulho de porco.

– Achei que estivesse brava comigo, aí não vim aqui.

– Pra falar a verdade, eu estava. – solto uma risadinha que sai como se fosse um ratinho guinchando “hihihi”.

O último cliente deixa uma gorjeta na mesa e Clove pega para si, me dá um tchauzinho e vai embora. Sobramos novamente apenas eu e Peeta em cima do balcão.

O silêncio mortal reina até ele falar:

– Me desculpa. Sério, eu não deveria ter feito aquilo. – ele diz.

– Bom, eu não me arrependo do que fiz. – em parte, pelo menos. Tiro a mecha de Glimmer do bolso e a balanço na frente do meu rosto.

– O que é isso? – ele fica surpreso.

– O cabelo dela, ué.

– Interessante esse seu lado sádico. – debocha Peeta, em mais perguntas sobre o acontecimento histórico.

Concordo assentindo e sorrindo.

– Você não é tão chato quanto parece.

– Hum... Obrigada?

– Eu estou bêbada, não me agradeça.

– Ah. – ele parece realmente desapontado e eu me sinto mal.

É incrível ver ele desapontado, já que parece tão durão. Talvez seja só a bebida.

– Ei, eu estava brincando. – dou um soquinho de brincadeira em seu braço. Que estrutura interessante...

Silêncio de novo. Peeta se vira e passa o polegar no meu lábio inferior.

– Cara, eu vi você coçando o seu amiguinho das calças por dentro delas com essa mão antes e saiba que eu acho isso realmente nojento.

– Ah, Katniss. Para de ser dramática. – e dizendo isso, ele enrola o braço no meu pescoço e me beija. Apenas um tocar de lábios.

Ele para subitamente e encara o mural atrás de mim. Ali está pendurado o calendário e o folheto. O folheto... Presto atenção no desenho do chapéu e minha mente vai refrescando. Olho para o lado de Peeta e foco no seu chapéu. O mesmo de hoje de manhã, mas com algo diferente: ele não tinha etiqueta. Encaro Peeta com um olhar interrogador e ele fica branco.


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Notas finais do capítulo

Xô, fantasmas!

Glimmer jumenta.

Até mais o/