Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 86
A dupla vencedora é...


Notas iniciais do capítulo

Curiosas para saberem quem venceu não é?
Então chega de adivinhações e descubram agora...



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#16/03#

Uma a uma as duplas foram servindo seus pratos à banca julgadora, que a cada troca de cardápio lavava a boca com um pouco d'água com umas gotas de limão, para conseguirem apreciar todos os sabores. Primeiro as refeições, depois as sobremesas, sendo Castiel e Emília os últimos a servirem. Sem entrar em detalhes, Nancy explicou que houve um problema na cozinha e por isso a sobremesa deles estava sendo servida pela metade. Eles não seriam prejudicados quanto a isso, até porque o sabor estava delicioso. Cada dupla, enquanto os jurados saboreavam o menu, falou um pouco do preparo da receita, sem se prolongar ou detalhar demais, apenas uma pequena explanação.

Enquanto os jurados discutiam entre eles sobre o cardápio e qual receita foi a melhor, os alunos esperavam na cozinha, ansiosos, agitados, sonhando com o prêmio. Eles aproveitaram para arrumar suas coisas.

— Eu não acredito que você me dedurou pra professora, Nathaniel. — ralhou Ambre com o mais velho que tentava refletir um pouco, sentado no banco do pátio externo. Sol dizer que Lysandre era especial tirou sua paz de espírito. — Eu sou sua irmã!

— Eu fiz o que tinha que fazer.

— Mas nós fomos desclassificados e a culpa é sua! — culpou-o, mostrando-se irritada com ele.

— Eu não acredito, Ambre. Se nós fomos desclassificados foi por sua culpa e não minha. Você sabotou a sobremesa da Sol e do Castiel! — lembrou-a, indignado com a capacidade da irmã de sempre culpá-lo por tudo. — Assuma seu erro!

— Não interessa o que eu fiz. Se você não tivesse me dedurado não teríamos sido desclassificados e eu teria vencido este concurso idiota! — ralhou mais irritada, gesticulando com as mãos. — E aposto que você fez isso por causa daquelazinha!

— CHEGA, AMBRE! — gritou ele, levantando do banco. — Eu estou de saco cheio das suas reclamações. Você fez a besteira, agora arque com as consequências! — bradou, ponderando no tom, mas ainda irritado.

— NÃO GRITA COMIGO! — bradou, irritada, respirando fundo para acalmar e evitar chamar a atenção do inspetor de alunos, que estava circulando por ali. — E fique você sabendo que eu vou contar tudo ao papai. Ele vai saber que fomos desclassificados por sua causa! — ameaçou-o, deixando-o mais indignado.

— Faça isso, Ambre. Faça isso mesmo! — mandou, tirando o celular do bolso traseiro da calça dela, que resmungou. — MAS FAÇA ISSO AGORA! — bradou, discando o número do celular do pai e entregando o aparelho para ela assim que começou a chamar. — E aproveite para contar a ele que você sabotou a receita de outra dupla porque está com ciúme do Castiel, o bad boy da escola, aproveite também para contar que você vai ter que fazer faxina na cozinha e na sala de Artes depois do concurso por mau comportamento em sala de aula.

Ambre olhou para o irmão assustada. Ela não esperava aquela reação dele, que sempre que a ouvia ameaçá-lo com o pai, no máximo fechava a cara e saia de perto. Ela desligou a chamada antes do pai atender o celular.

— Qual o problema, irmãzinha. Tenho certeza que o papai vai ficar muito feliz em saber o quão comportada você é! E eu faço questão de pedir pessoalmente a prof.ª Nancy que converse com ele. — ironizou.

Ambre que de boba não tinha nada, sabendo que se ela contasse ao pai sobre a desclassificação, na certa o irmão, que não pareceu estar brincando, pediria a Nancy que convocasse o patriarca daquela família para um conversa, deixou o assunto de lado. Jhonatan, apesar de tratá-la como princesinha, era um homem extremamente correto. Trapaças e indisciplina eram comportamentos inadmissíveis a um Chevalier. Ela não ia se arriscar, tanto porque se o pai desconfiasse que ela era apaixonada pelo Castiel, o garoto que havia trocado socos com seu irmão, e que vivia correndo atrás dele, apesar de, na visão dele, ser nova demais para namorar, seu trono de princesinha do papai lhe seria tirado sem dó.

— AHHHH! Seu idiota! — xingou-o, saindo de perto do irmão, indo para o ginásio pisando duro, deixando-o sozinho. Ele respirou fundo e foi para o grêmio. Pelo menos lá ele podia trancar a porta e ter um pouco de paz. Ele queria dispersar seu medo, apagar da sua mente o pensamento de Emília e Lysandre juntos.

Ambre queria ir embora, desaparecer dali, mas Nancy tinha sido bem clara quando conversou com ela depois de Nath tê-la delatado. Se ela ousasse ir embora para fugir do castigo, seu pai seria comunicado e teria que comparecer a escola para uma pequena reunião com ela e a Sra. Sermansky. Daquela vez não tinha como ela escapar do castigo, tampouco culpar o Nathaniel, que por sinal estava muito diferente, mais seguro de si, mais confiante. Apesar dele ainda ter muito medo do pai, não dava mais trela às chantagens dela e nem abaixava a cabeça para qualquer um. Até sua briga na escola, mesmo sabendo que o pai ia se enfurecer, foi uma surpresa.

Sem imaginar a influência que Guerin tinha na vida do irmão, pensando ser ele apenas seu professor de Artes Marciais, ela atribuiu aquela mudança de comportamento a Emília, tendo mais raiva da garota.

A hora do resultado havia chegado. O relógio da escola marcava 13h40. Todos os alunos participantes - exceto os irmãos Chevalier - estavam reunidos na sala de Artes diante dos jurados; as duplas estavam lado a lado, umas de mãos dadas, outras abraçadas, e também algumas de mãos nos bolsos e braços cruzados, como Cast e Sol.

Se Fran estivesse com seu estetoscópio poderia ouvir os corações deles baterem acelerado tamanho a ansiedade. Nancy manteve o suspense enquanto informou que atribuiu pontos extras nas notas dos alunos que ela percebeu comprometimento, parceria e organização e tirou pontos de alunos que ela percebeu o contrário. Depois ela revelou que todos ganhariam uma lembrança daquele momento, um prêmio de participação, entregando a eles um botton com o brasão da escola – ideia da diretora – e um pingente de níquel pintado de vermelho em formato de pimenta – ideia dela. Ela também revelou que conseguiu premiação para o 2º e o 3º lugar. Claro que não era nada comparado ao Alcidamo.

Depois de tudo anunciado, parando de enrolação, a diretora enfim tomou a palavra, matando as duplas novamente. Ela desdobrou um papel e engatou num discurso sem fim.

Os alunos cochichavam cobrindo a boca com a mão ou falando entre os dentes, praguejando toda aquela falação sobre a importância do trabalho em equipe, de serem comprometidos, organizados, ordeiros e higiênicos. O mais incomodado com o discurso infinito da diretora, para a surpresa de Rosa, era o Lysandre, cujo semblante já mostrava sua inquietação. Suas mãos estavam inquietas diante do rosto e cruzada na cintura, loucas para pegar sua caneta e seu bloco de notas, pois nos primeiros minutos de toda aquela ladainha sua mente devaneou o suficiente para lhe render versos e mais versos, até da mulher trajada de preto do seu sonho e que lembrou naquele momento, mas que ele não podia registrar porque se ousasse sair da sala a procura do seu bloco de notas naquele instante, na certa tomaria um esporro colossal daquela que não parava de falar. Rosa segurou na mão dele para fazê-lo parar de mexer os dedos, pois até Nancy já tinha percebido que o platinado estava mais ansioso que os demais.

Olhando para o relógio e vendo que faltavam 5 minutos para às 14h00, a diretora encerrou seu discurso e finalmente anunciou os vencedores.

— Em 3º lugar, com uma receita inspirada no tabule, com pedaços de frutas tropicais, ficou a dupla Kim e Violette. Parabéns meninas! — anunciou. Violette ruborizou de tanta vergonha, enquanto Kim comemorou como se fosse uma medalha de bronze olímpica. Elas ganharam um vale lanche do McDonalds do shopping, cada uma, com direito ao Angus com refrigerante, batata frita e casquinha italiana de sobremesa.

O 2º Lugar, com uma receita regada a muita discussão desde a escolha, ficou para Castiel e Emília, que pulou no pescoço do ruivo assim que ouviu "o 2º lugar vai para a surpresa gelada.", antes mesmo de ouvir seus nomes. Castiel riu e retribuiu o abraço, largando-a em seguida, pois ela quase arrancou sua touca. Eles ganharam um vale cortesia de uma pizzaria rodízio do centro, conhecida por suas pizzas exóticas, incluso bebida e uma sobremesa cada. O ruivo conhecia bem o lugar e adorava a temática Rockabilly.

Estava na hora de anunciar o 1º lugar. Os alunos fizeram figa, apertaram o santinho de devoção pendurado no pescoço, mordiam o dedo, apertavam a mão do cunhado que só conseguia pensar no seu bloco de notas, que por sinal ele não tinha ideia de onde estava, e rezavam silenciosamente pedindo para ouvirem seus nomes serem ditos pela diretora. Pelo menos naquele momento todos ali queriam ouvir a Sra. Shermansky pronunciar seus nomes em voz alta.

— E o primeiro lugar vai para... — fez-se o suspense. — Eu nunca comi nada igual. Sem sombra de dúvidas quem fez aquele prato tem bom gosto para culinária. — comentou ela com a Nancy, aumentando o suspense. — Mas vamos parar de lembrar e premiar logo que eu quero arrumar minhas coisas para ir embora, afinal de contas hoje é sábado e o dia de trabalho é mais curto para nós. — embromou só para ver a cara dos alunos, que se ela enrolasse mais um pouco enfartariam.

— Então meus queridos alunos, o 1º lugar deste 1º concurso culinário do Sweet Amoris vai para... NANCYYYY, você não sabe o que perdeu em não fazer parte da banca! Estava bom demais!

Os alunos quase tiveram um surto. Eles imploraram para que ela dissesse os nomes dos vencedores.

— Tudo bem. Não quero ser responsável por ninguém enfartar aqui porque não aguenta um suspensezinho de vez em quando. — disse ela rindo deles. Literalmente a diretora estava de bom humor. Também, depois de ter comido do bom e do melhor e de graça só podia estar feliz.

— E quem ganhou um jantar completo com direito a tudo o que tiver vontade no Alcidamo para o 1º domingo de abril deste ano, ou seja, semana que vem, foi a dupla... — fez um suspensezinho para dar emoção. — Rosalya e coelhinho, quer dizer, Lysandre!

— AHHHHHHH! — Rosa gritou pulando no pescoço do cunhado que de tão distraído quase caiu com ela, tomando um baita susto.

— O q-que foi Rosa? — perguntou totalmente perdido no tempo e espaço, voltando da sua jornada pelo seu mundo imaginário repleto das palavras, estrofes, notas e melodias que diariamente alimentam sua criatividade poética. — Que cara é essa?

— Como o que foi Lysandre, volta pra a Terra. NÓS VENCEMOS!

— V-Vencemos? Nós vencemos? — perguntou, sem acreditar. Ele não se considerava o melhor culinarista da turma.

— Sim, Lysandre! Nós vencemos! — repetiu ela, emocionada, abraçada a ele, agradecida ao cunhado por aquilo. Ela teria seu jantar romântico com Leigh graças a ele. Ele estava feliz por poder dar ao irmão aquele presente, pois sabia o quão especial seria aquele encontro para os dois.

A prof.ª Nancy entregou os cupons e avisou que eram simbólicos, pois seus nomes seriam adicionados a lista de reservas do dia, então não precisavam nem meso guardá-los, a não ser por lembrança. Lys pediu que colocassem o nome do irmão no lugar do dele. Nancy achou linda a atitude dele.

Premiação entregue, concurso finalizado, agora estava na hora da confraternização, afinal de contas eles passaram a manhã inteira cozinhando. Estava na hora deles compartilharem entre si suas receitas, exceto a da Sol e do Cast. Todos fizeram uma poção extra para a confraternização, sem os caprichos decorativos, mas com o mesmo carinho, mas até o pudim maior que a dupla vice-campeã fez e que parecia um enorme manjar cristalizado com pedacinhos de morango e gotas de chocolate no seu interior a loira destruiu com seu ciúme.

A sala de Artes virou uma bagunça só, todos comiam, riam, tiravam fotos e postavam de imediato nas redes sociais; até Nancy entrou na bagunça com os alunos. A única que não estava no clima de comemoração era Emília. Ao ver o prato de Nath sendo degustado pelos colegas que teciam elogios, dizendo até que teria levado o 2º lugar brincando e quem sabe até o 1º, a fez pensar no loiro. Ela saiu de fininho e foi a sua procura. Minutos depois, Castiel deu falta dela e deduzindo que ela havia ido atrás do "mauricinho" resolveu ir atrás dela, mas esbarrou com Iris entrando na sala e esta o puxou, querendo matar sua curiosidade, tirar suas dúvidas.

— Eu já disse que não tem nada entre Sol e eu, Iris. Pare de imaginar coisas.

— Então que ceninha foi aquela na cozinha?

— Ceninha? Que ceninha? Está louca?

— Ah, Cast. Não é de hoje que eu te conheço. Você surtou quando ouviu a Sol flertar com o Lysandre. E não vem me dizer que não foi ciúme, porque foi!

— Que ciúme. Não delira! Eu estava estressado com o concurso e ela só de papo com um e com outro. — justificou-se, voltando para dentro da sala.

— Você, estressado com um concurso de culinária? Nem quando tinha competição de luta você ficava estressado ao ponto de dar piti! Desembucha logo, Cast. Você nunca escondeu de mim seu interesse em alguma garota.

O ruivo respirou fundo, puxou sua touca como se quisesse esconder toda sua cabeça dentro dela e muito calmamente falou à amiga:

— Iris, presta atenção que eu vou falar pela última vez. Sol e eu somos amigos. Não há nada entre nós dois a não ser amizade. Eu não tenho nenhum interesse deste tipo nela. Entendeu agora!

— Vocês não têm nada mesmo? — perguntou com um sorrisinho de "não acredito em você."

— Exato. Nós não temos nada!

— Então você não vai se incomodar em saber que ela está na sala do grêmio com o Nathaniel. — contou, pois a viu entrar na sala quando voltava do banheiro. — E eles estão sozinhos... — rindo da reação do ruivo que nem esperou ela terminar a frase para sair da sala de Artes e de cara fechada.

— Você pode até não ter nada com a Solzinha, Cast, mas que está afinzaço dela, ah isso esta. Só não consegue admitir para si mesmo por causa do que houve com a Debrah. — comentou para si mesma. Lysandre que estava perto deles ouviu não só aquilo como boa parte daquela conversa. Pensativo ele deixou a sala, indo para a cozinha. Ele precisava encontrar seu bloco de notas antes que enlouquecesse e seus devaneios se perdessem para sempre.

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