Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 26
Meu amigo mais gentil.


Notas iniciais do capítulo

É sempre bom saber que existe alguém que nunca esta ocupado demais para nos estender a mão.

REVISADO E EDITADO - 20/08/17



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/452438/chapter/26

#09/03#

Passados uns 10 minutos que Maitê e Ken saíram, Sol lembrou que tinha que descer o lixo, pois o caminhão da coleta seletiva passaria naquela noite. Ela separou o lixo, como sua tia a havia ensinado e depois colocou nos latões correspondentes do lado de fora do condomínio. Quando estava voltando encontrou Rosa e Lysandre na portaria. Eles tocavam o interfone.

— Desculpe-me, mas a Srta Solles se mudou para o Alasca assim que soube que a escola inteira está falando dela! — disse ela com um jeito maroto, mudando a voz, fingindo ser outra pessoa, aproximando-se dos dois, que riram da brincadeira.

— Fico feliz que você esteja bem e que já esteja rindo de tudo isso! — comentou Lysandre, que sabia bem como era ser o alvo das atenções dos colegas de escola.

— Venham! Vamos subir! — chamou-os, abrindo a porta. — Minha tia saiu por um instante, mas não vai demorar! — acreditando que não teria problema nenhum Lysandre entrar no apartamento, já que Maitê logo voltaria.

Como era de se esperar de Rosalya, ela logo quis conhecer o quarto da amiga, que tentou evitar, pois embora estivesse limpo, estava totalmente desorganizado. Tudo estava fora do lugar. Mas não teve jeito, como a porta do quarto estava aberta, Rosa entrou e foi logo reparando nas roupas da garota que estavam no cesto de roupas para guardar que a tia havia colocado sobre sua cômoda depois do almoço.

— Seu quarto é uma graça, Sol! Tem tudo a ver com você! — comentou, não ligando para os CDs no chão, nem para os calçados debaixo da cama, pois ela mesma também era desorganizada às vezes, salvo na casa do namorado, onde era a organização em pessoa. — Mas estas lingeries... — comentou, referindo que as peças intimas da amiga eram infantis demais para uma adolescente de quase 15 anos.

— Fale baixo, Rosa. O Lysandre vai te ouvir! — pediu ela, tirando a calcinha da mão da amiga, preocupada com o que o rapaz que ficara na sala, por ser a educação em pessoa, poderia pensar. Ela não queria que ele a achasse infantil, nem mesmo nas roupas de baixo, mesmo sabendo que ele não as veria. — E minha lingerie não é infantil! — afirmou, quase que sussurrando.

— Realmente, para isso faltou o babadinho! — riu, comparando a calcinha da amiga com as calcinhas cheias de babadinhos na parte de trás que as garotinhas do berçário usavam por baixo do vestidinho trapézio. — Porque o tamanho é igual, só que proporcional ao seu corpo.

— Minha mãe que sempre comprou meus lingeries e desde que me mudei para cá não fiz compras de lingeries ainda! — justificou a jovem, vermelha como um pimentão, rezando em sua mente que Lysandre não tivesse ouvido aquele comparativo. — Estou esperando receber minha mesada!

— Então estamos combinadas. Quando você receber sua mesada nós iremos às compras! — Rosa adorava gastar no shopping e dar palpites no visual de todo mundo então não ia ser diferente com a nova amiga. Seu sonho era se tornar Personal Stylist e já se metia a fazer isso na loja do namorado.

Sol concordou com a amiga, mais para que ela ficasse quieta do que outra coisa, e a tirou do quarto, puxando-a pelo braço, fechando a porta.

Lysandre, que da sala pôde ouvir tudo, fingiu que não ouviu nada. Rosa sentou ao seu lado no sofá enquanto Emília foi pegar um suco gelado para eles, mesmo estando enjoada de tanto suco de maça. Dá próxima vez pediria a tia para comprar polpas de sabores mais variados.

— Lys-fofo, o quarto da Sol é uma graça! A cara dela! Por que não foi conhecê-lo comigo? — perguntou.

— Por um motivo simples, Rosa. Sol não queria que entrássemos no quarto dela! — respondeu ele, que além de discreto, não era curioso. — E eu respeito isso!

— Às vezes eu esqueço como você é discreto, meu conde! — Rosa costumava comparar Lysandre a um vampiro, pois assim como as criaturas noturnas, ele só entrava num lugar se fosse convidado pelo proprietário, além de ser extremamente doce e sedutor.

— Não é uma questão de ser discreto, Rosa. Nós viemos visitar a Sol e não a casa dela! — comentou o rapaz, que também não gostava que entrassem no seu quarto. Mesmo Rosa nunca ficou mais do que 5 minutos no dormitório dele, e mesmo assim quando ele estava lá dentro.

Rosa não argumentou, pois sabia que Lys não ia mudar sua postura, apesar dela não ver problema em deixar os amigos entrarem em seu quarto, sentarem em sua cama e até dormirem nela quando pernoitavam em sua casa.

— Posso saber sobre o que vocês estão conversando? — perguntou Sol trazendo uma bandeja com a jarra de suco, os copos e uns biscoitinhos de ervas finas, pois os de queijo haviam terminado. — Espero que não seja sobre o meu quarto! — disse, olhando para Rosa, fazendo-a entender com o olhar que não era para ela falar sobre suas lingeries com ninguém, principalmente com os rapazes.

— Deixe-me ajudá-la com isso, Sol! — Lys foi até ela e pegou a bandeja, levando até a mesma de centro e servindo os copos.

— Meu cunhadinho é ou não é um Lord? — perguntou Rosa, retoricamente. — Partido melhor que ele não há! — olhando para Sol, que engasgou com o suco. Lysandre sentou na poltrona, longe das duas, sem graça pela postura da cunhada. Ele não gostava quando ela bancava o cúpido em prol dele. — Até tem o Leigh, mas este já é meu! — comentou.

— Vocês já escolheram o cardápio do concurso? — perguntou Sol, mudando o foco da conversa.

— Quase! Estamos analisando algumas receitas. Mas é segredo! — respondeu Lysandre com um sorrisinho que dava a entender que ele e Rosa queriam fazer a escolha perfeita. — Ainda mais você sendo a partner do Castiel! — comentou, já sem o sorriso nos lábios, voltando a sua seriedade natural.

— E o que tem uma coisa a ver com a outra? — perguntou Rosa, estranhando o comentário do cunhado, que pelo pouco que conhecia, sabia que se houvesse a mínima desconfiança que o ruivo tivesse algum interesse na mesma garota que ele, era bem capaz de se afastar, pela forte amizade que tinham. — Qual o problema da Sol fazer parceria com o Castiel?

— Nenhum, Rosa! — respondeu, tentando disfarçar que aquilo de certa forma o incomodou. — Mas Sol sendo par do Castiel, se tornou uma concorrente forte. — comentou.

— Como assim? — perguntou Sol, que nunca poderia imaginar que Castiel soubesse cozinhar.

— O Castiel pode até odiar Economia Doméstica, mas ele presta atenção em tudo que a professora Nancy diz. — explicou Lysandre, revelando para Emília um lado de Castiel que poucos conheciam. — Ele pode não ser o melhor cozinheiro que existe, mas se tratando de culinária rápida e prática, ele é expert.

Sol só não ficou mais surpresa com a revelação por saber que o ruivo morava sozinho, sendo assim, ele teria que saber se virar na cozinha e até no resto da casa. “Que droga. Ele entrou no meu quarto!” pensou, “Só falta ele ser mais organizado que eu!” lembrando da sua bagunça.

— Eu me jogo da janela! — pensou alto, no rompante do seu inconformismo, despertando a atenção de Rosa e Lys que olharam para ela surpresos com o comentário. — S-Só em pensar em fazer dupla com o Castiel, me dá vontade de pular da janela! — remedou, disfarçando, fugindo dos olhares dos amigos.

— Não é para tanto, Sol. O Castiel é um cara legal! — Lys já estava cansado de ter que se dividir entre o ruivo e ela na escola, pois os dois não conseguiam ficar juntos no mesmo espaço sem brigar. Já era suficiente ele ter que viver apaziguando as brigas do amigo com o Nathaniel. — Você só tem que dar uma chance para conhecê-lo melhor! — referiu, e Rosa, apesar de não gostar muito da idéia, pois sabia que o ruivo tinha uma facilidade enorme em atrair a atenção do sexo oposto, concordou com o cunhado, pois apesar dos contras, ela gostava do Castiel e também achava que estava na hora dos dois pararem de picuinha.

— Ta, ta! Vocês me convenceram! Eu vou tentar me dar bem com aquele chato! — prometeu, com cara de quem estava sendo obrigada a tomar um remédio amargo depois de ter beijado a boca do garoto dos sonhos. — Mas não reclamem se eu quebrar alguns pratos na cabeça dele! — disse, arrancando risos dos amigos.

— O professor Faraize comentou que você está de licença por uns dias. — comentou Lys, que não queria mais falar sobre o Castiel. — Quando você retorna ao S.A.?

— Segundo minha tia, fico a semana toda em casa. Só retorno na outra 2ª feira.

— Que maravilha! — entusiasmou-se Rosa. — Uma semana inteira sem precisar ir para o S.A. e com a autorização da diretora! — invejou-a, alegrando-se por ela.

— Que nada! Eu tenho que fazer todas as atividades em casa. Minha tia vai passar na escola todos os dias para pegar as atividades que minha turma fizer e levar pronta no dia seguinte. — contou, apreensiva, pois se prestando atenção nas explicações dos professores ela não conseguia acompanhar, estudando sozinha então, estaria ferrada. — Agora é que meu rendimento vai lá pra baixo mesmo. — amuando-se, com os olhos a avermelhar, pois pensar em rendimento baixo era o mesmo que pensar em perca da bolsa de estudos, e perder a bolsa de estudos significava mudar de escola e deixar novamente os amigos para trás.

— Calma, Sol! Você não precisa se entristecer por isso. — disse Lys, levantando da poltrona em que estava, sentando ao lado da amiga, fazendo nascer um sorriso malicioso nos lábios de Rosa, que levantou e pegou a bandeja.

— Já que ninguém mais está com sede eu vou levar isso para a cozinha! — disse, saindo da sala, deixando os dois sozinhos, ficando por lá, espiando da porta.

— Eu já disse que posso te ajudar a estudar. Se você quiser, eu mesmo trago as suas atividades e te ajudo a fazer! — ofereceu-se, levando para longe qualquer traço de tristeza do rosto de Emília, que naquele momento percebeu que Lysandre era um amigo que ela sempre poderia contar.

— Desde que eu cheguei ao S.A. você tem sido o mais gentil de todos os amigos que fiz. Você sempre sabe o que dizer e quando dizer! — comentou, fazendo a pele alva das bochechas do rapaz mudarem de cor, ganhando um tom levemente avermelhado. — E nunca está ocupado demais pra me ajudar! — concluiu.

— Sol, eu... — tentou se justificar, pois apesar de gostar de elogios, como todo ser humano, ele não a ajudava por este motivo, mas se viu tomado por uma breve inércia, reação pelo gesto inusitado de sua amiga, que lhe beijou a face, agradecendo-lhe por tudo, ficando ela mesma corada, sem acreditar que fez aquilo. Rosa cobriu a boca, pois sua vontade foi de gritar, de tão feliz que ficou. A jovem alcoviteira estava a um passo de arrumar uma namorada para seu cunhado. Mas antes que qualquer um deles abrisse a boca para dizer alguma coisa, eis que o inevitável, num momento improvável, aconteceu.

— Espero não estar interrompendo nada! — falou Maitê, séria, ao entrar na sala e flagrar o beijo inocente de sua sobrinha, que aos olhos dela não era tão inocente assim, afinal de contas, ela não sabia quem era o rapaz que estava com a jovem.

~~~~§§~~~~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!