Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 135
Barraco no vestiário




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# 02/04 #

— Vocês querem se trocar logo, o sinal já tocou e temos que voltar para a sala. —Mariana estava afoita e tentava acelerar as colegas, que não estavam com nenhuma pressa de ir para a sala, pela aula chata que teriam e pelo mico que pagaram. Rosa mais por estar super chateada pelo que o Lys lhe disse que pela aula. — Se o Leonel nos pega aqui estamos ferradas.

— Se está com tanta pressa, pode ir na frente. Você já está trocada mesmo. — falou Charlotte. Mariana não pensou duas vezes e saiu do vestiário, deixando as colegas para trás.

— Esta é a Mariana. Companheira como sempre. — comentou Elisa, que já estava acostumada com o jeito individualista da colega de classe. — E você, Mirella? Se quiser pode ir. Não precisa ficar esperando ninguém. — Ela preferiu esperar, pois apesar do medo de ser pega pelo inspetor, tinha mais vergonha de entrar na sala sozinha depois daquele mico.

— Não sei que medo besta é esse Mirella. Depois do que o Lysandre fez para a Rosa, dificilmente alguém vai reparar na gente quando entrarmos na sala. — Enquanto falava, Elisa passava a chapinha no cabelo, tentando tirar a marca das xuxinhas. Ela gostava do seu cabelo impecavelmente liso. — Todo mundo deve estar se perguntando o que o levou àquilo. — Ela costumava ser insensível, mas era sua natureza, então as colegas nem se melindravam mais.

— É mesmo. Você está bem, Rosa? — perguntou Mirella, pegando as coleiras do banco e guardando-as dentro da sacola preta. Ela estava preocupada com a colega de turma. — O que deu no Lysan...

— Eu estou ótima! — Rosa, enquanto soltava o cabelo, preferiu cortar logo aquele interrogatório, para evitar especulações. — E o... — titubeou por lembrar que foi proibida de dizer Lys-fofo. — E o Lys-fofo é assim mesmo. — dizendo mesmo assim, pois ela não conseguia chamá-lo diferente. — Quando ele está zangado acaba dizendo coisas sem pensar. — nem ela acreditava naquela justificativa.

— Mas é a primeira vez que o vemos assim. — referiu Elisa. Ela torceu para que apenas eles tivessem ouvido a patada do platinado.

— E ele é sempre tão gentil e educado, e nunca se estressa com nada. — endossou Mirella.

— Sim, 99% do tempo ele é assim, mas como todo mundo, tem seus momentos de estresse. Mas não se preocupem, agora que ele já descarregou a raiva, vai voltar a ser o Lys de sempre, verão só. — Rosa forçou um sorriso e desamarrou o avental, tentando acreditar naquilo, desejando que fosse realmente assim, que tudo voltasse ao normal depois daquele triste episódio no refeitório.

— Mas diz ai, Rosalya. O que foi que você fez para fazer o sonso do Lysandre te tratar daquele jeito? Deve ter sido algo bem grave para acertar em cheio o 1% de fúria que existe dentro dele. — perguntou Charlotte numa, “preocupação” sarcasticamente irônica.

Rosa se irritou, pois estava na cara que Charlotte estava de especulação e aproveitando para provocá-la.

— Isso não é da sua conta, nem de ninguém. É assunto de família e só diz respeito ao Lys e a mim! — respondeu com rispidez, virando-se para ela, que sorriu e a alfinetou sem dó.

— Assunto de família? Pelo que eu entendi o Lys deixou claro que você não é da família.

Rosa sentiu o coração doer pela segunda vez naquele início de tarde.

— Cala a boca sua potins[1]! Você não sabe nada sobre a relação da Rosa e do Lys. — bradou Sol ao entrar no vestiário, indo na direção da amiga. Ver a amiga sendo perturbada pela maldosa Charlotte a fez esquecer do seu próprio tormento.

— Chegou a enxerida número um da S.A. — desdenhou Charlotte, cruzando os braços. — E não importa o que você diga, coisinha, o fato é que o Lysandre foi bem claro quando disse que não vê a cunhadinha nem mais como amiga. — ressaltando o que ouviu no refeitório,— O que significa que ela aprontou feito com ele ou com o irmão dele. — cheia de malícia, deixando Emília surpresa, pois ela, assim como muitos alunos, não ouviram o que eles conversaram. — Será que outro "jardineiro" andou visitando o "roseiral" e o Lysandre ficou sabendo?

— VOCÊ JÁ ESTA FALANDO DEMAIS, SUA BRUXA! — Rosalya não aguentou aquele sarcasmo e partiu para cima da Charlotte.

— AAAAIIIIIIIIII! VACA FANTASMAGÓRICA! SOLTA O MEU CABELO! — bradou a castanha, segurando na base do seu rabo de cavalo, que Rosa puxou para baixo com a intenção de deitá-la no chão, para assim poder subir em cima dela e encher-lhe de tapas. Vendo que a albina não ia soltar, Charlotte agarrou nos cabelos despigmentados da colega de turma e revidou.

— Solta ela, Rosa! Não vale a pena! —Sol tentava puxar a amiga, que não queria soltar os cabelos da Charlotte, que tampouco soltava os dela.

— P-Por favor, meninas, parem com isso. — Mirella ficou com medo de aparecer alguém e todas irem parar na diretoria, inclusive ela. — A hora está passando. Daqui a pouco uma das funcionárias da limpeza vem aqui para limpar e ver se tem alguém matando aula. Nós temos que ir! — lembrou-as.

— Vocês duas enlouqueceram! — Elisa tentou puxar a Charlotte. — Merda, elas são muito fortes. Me ajuda aqui, Mirella! — pediu a mignon, mas Mirella foi para a porta ver se vinha alguém. Ela morria de medo de se meter em confusões.

— LOUCA É ESSA SALOPE QUE RESOLVEU INSINUAR COISAS A MEU RESPEITO! — bradou Rosa, com os olhos vermelhos de raiva e vontade de chorar, dando um solavanco no cabelo da Charlotte, cujo rabo de cavalo já estava desmanchado e os cabelos bagunçados, tentando derrubá-la.

— SALOPE É VOCÊ QUE METEU CHIFRE NO ESTILISTA! — Charlotte não deixou por menos e chacoalhou a cabeça da albina para o lado. Se ela caísse Rosa cairia junto e não seria sobre ela.

— AHHHH... — Rosa, furiosa. — EU VOU RALAR SUA CARA NO CHÃO SUA BOCUDA! — com força, puxou a outra para cima de si, pelos cabelos, querendo levá-la ao chão a todo custo.

Assim que Charlotte desequilibrou pelo solavanco, Elisa, ao ver que iam cair, soltou a colega, mas Sol, que estava segurando Rosa pela cintura na tentativa de separá-la de Charlotte, não teve nem tempo de pensar, escorregando no piso de ardósia tratada que vivia sempre úmido pelos respingos de água, pois as alunas tinham o hábito de molhar os cabelos para pentear e não se secar nos boxes, andando molhadas pelo vestiário. Lá foram as três para o chão, de uma vez, atracadas.

— Aiii! — Sol deu um gritinho abafado, ao sentir o efeito da queda com aquelas duas sobre ela, soltando Rosa, que empurrou Charlotte para o lado, tirando-a de cima dela, aproveitando a situação para se sobrepor a ela, sentando sobre seu ventre, enchendo-lhe de tapas com uma das mãos enquanto puxava seu cabelo com a outra. Charlotte se defendia como podia, cobrindo o rosto, mas sem soltar os cabelos de Rosa, que por serem longos demais dava a possibilidade da castanha o segurar pelas pontas.

— SUA CONNE[2]! SAI DE CIMA DE MIM! — gritou Charlotte, mordendo a mão da albina para que parasse de lhe esbofetear e esta gritou pela dor e soltou o cabelo dela para com esta mão lhe apertar um dos seios com força. — AAAIIIII. FILS DE CHIENNE! — xingou, parando de morder.

Ver a marca dos dentes da castanha na sua mão fez o sangue da Rosa ferver mais ainda, mas antes que pudesse lhe socar os dentes como queria, Charlotte lhe deu um forte tapa no rosto que a fez tombar para o lado e a posição se inverter.

— SAI DE CIMA DE MIM, SUA RÍDICULA. — ordenou Rosa, segurando as mãos da outra que tentava lhe encher a cara de tabefes.

— RIDÍCULA VOCÊ VAI FICAR DEPOIS QUE EU TE DETONAR. NEM O CORNO DO SEU NAMORADO VAI TE QUERER DEPOIS QUE EU DEFORMAR ESSA SUA CARA DE SONSA. — Charlotte estava possuída. Ninguém batia na cara dela como Rosa fez. Mas Rosa também estava, ninguém batia na cara dela, muito menos inventava tais mentiras sobre ela e Leigh.

— Pelo amor de Deus, meninas. Parem com isso! — implorou Elisa, querendo separá-las, mas com medo de levar umas bordoadas de tabela. — Vocês querem ser expulsas? — questionou, tomando coragem e segurando Charlotte por trás para puxá-la. Rosa aproveitou o momento e cravou as unhas na cara da outra, deixando 3 vergões vermelhos na sua bochecha.

— AAAAAHHHHHHH. — a outra gritou de dor e raiva, empurrando Elisa que caiu atrás delas. — VAAACAAA! — agarrando os cabelos da Rosa novamente, com os olhos lagrimejando. Esta agarrou os dela e praticamente se abraçaram, pois nenhuma das duas queria ter a cabeça batida no chão.

Enquanto as garotas se atracavam como duas meninas de rua, trocando tapas e ofensas, e Elisa tentava separá-las de algum jeito, simultaneamente Sol ergueu um pouco a cabeça, sentindo uma forte dor na parte de trás, por tê-la batido com força na quina do banco de madeira ao cair de mau jeito e sem apoio nenhum, e pressionou a mão sobre o local que estava doendo para ver se aliviava, passando os dedos por baixo dos fios presos com uma presilha bico de pato de metal, sentindo aquele cantinho meio úmido. Ela sentou no chão e tirou a mão de trás da cabeça.

Sol teve vontade de chorar pela dor da pancada, mas segurou, querendo se manter forte para ajudar a amiga; porém, ao ver os dedos sujos do sangue, sentiu-se zonza e seus lábios perderam a cor. Seu coração acelerou, seus lábios tremularam e sua força findou. Ela começou a chorar, nervosa e assustada. Naquele instante seu pequeno copo transbordou novamente. Ela não devia ter tentado separar aquelas duas loucas. Mas como ela podia imaginar que cairia e bateria a cabeça na quina da porcaria do banco do vestiário? E por que aquela merda não tinha os cantos arredondados?

— E-Emília. V-Você se machucou! — constatou Mirella, arregalando os olhos, assustando-se. Ela se aproximou da colega e a ajudou a levantar e sentar no banco, naquele maldito banco. — M-Meu Deus, v-você está s-sangrando.

A voz trêmula e dramática, e os olhos marejados da colega, deixaram a Emília mais nervosa e assustada. Ela parecia estar com vertigem, sua boca salivou e sua cabeça doía muito. Devido a grande quantidade de vasos que existem no couro cabeludo, é natural um corte na cabeça, mesmo não sendo profundo, sangrar bastante; não como se fosse uma artéria, mas o suficiente para assustar as pessoas. Emília nunca havia se machucado ao ponto de sangrar bastante, então, para ela, aquele sangramento que estava deixando seu cabelo molhado e sujo, foi como um rio de sangue.

— E-Está doe-endo... — disse ela, voltando a pressionar o local. — C-Chama a minha t-tia... p-por f-favor... — pediu, com a fala cortada pelo choro, com os dedos perto do corte e sem coragem para tocá-lo, tocando apenas ao redor, achando que isso causaria mais dor. Num impulso, sem pensar, depois de olhar novamente para a mão, ela passou os dedos na blusa, na altura do busto, para limpá-los.

— C-Calma Emília. Não c-chora, p-por favor. — Mirella não resistiu ao choro da colega, chorando também, deixando Sol ainda mais nervosa. — Eli-isa, ajuda a-aqui. — chamou a colega que, sentada no chão de costas para ela e Sol, proferia xingos a Charlotte que lhe empurrou quando tentou tirá-la de cima da Rosa. — ELISA, por favor... — chamou novamente, mais alto.

— O QUE VOCÊ QUER... — tendo a atenção da colega que quase descontou a raiva sobre ela. — Meu Deus, o que aconteceu? — mas ao ver Emília voltou à razão.

Rosa e Charlotte estavam tão focadas na raiva uma da outra que nem perceberam o que acontecia ao lado delas.

Vendo que a colega estava pálida Elisa pegou um dos aventais sobre o banco e molhou, passando no rosto dela e no pescoço.

— Você tem que ir para a enfermaria. — disse, perguntando se ela conseguia ficar de pé e pedindo a ela que pressionasse o corte com o avental molhado.

— E-Eu n-não q-quero ir para a enfermari-ia... e-eu q-quero ir p-pra c-casa. — mas Sol queria a tia e não a enfermeira Fran.

— Está bem. Mas por favor, acalme-se. — Elisa queria que ela parasse de chorar. — Nós vamos até a enfermaria para limpar o machucado e de lá ligamos para a sua tia. — prometeu e Sol assentiu com a cabeça.

— Ajude-a Mirella. Eu tenho uma coisa para fazer. — pediu e a jovem de cabelos cacheados ajudou Emília a levantar, segurando-a pela cintura, devagar para ela não acabar desmaiando, pois sua palidez era resultado de uma queda de pressão pela pancada na cabeça e pelo nervosismo. Sol pressionou o corte, apoiou-se no ombro da colega e caminhou devagar na direção da porta do vestiário.

Elisa foi até o lavabo coletivo do vestiário, pegou o cesto de lixo e tirou o saco azul cheio de papel toalha, largando-o no chão, depois o encaixou embaixo da torneira e o encheu quase pela metade, pois era grande demais e se enchesse demais não conseguiria carregar. Sem pensar duas vezes ela se aproximou das duas encrenqueiras e jogou a água sobre elas, como se faz com os vira-latas de rua que resolvem brigar na frente do portão de alguém.

Encharcadas, tanto Rosa quanto Charlotte se largaram e olharam para Elisa, surpresas e com raiva, mas esta nem deu a chance delas reclamarem ou proferirem seus xingamentos.

— VOCÊS MACHUCARAM A EMILIA, SABIA!? IDIOTAS! — proferiu, jogando o cesto com força no chão, ao lado delas, saindo dali e indo ajudar Mirella a levar Emília para a enfermaria, pensando no B.O. que aquilo daria e nos responsáveis das 5 sendo convocados pela diretora. Bem fez Mariana em não esperar as outras, voltando para a sala rápido, foi o que ela pensou enquanto ia até as colegas.

— ESPERA, ELISA! — berrou Rosa, preocupada, saindo de cima de Charlotte, que levantou reclamando da sua situação, molhada, descabelada, arranhada e com dor de cabeça. A água fria fez o juízo voltar à cabeça da albina e seus ouvidos abrirem. — Como assim, nós machucamos a Sol? — questionou puxando-a pelo braço.

— E você ainda pergunta? Vocês simplesmente se jogaram em cima dela e depois ficaram se agarrando como duas voyou[3]. Vocês nem perceberam que ela bateu a cabeça na quina do banco. — contou com rispidez, zangada com a colega de turma. — Ela se machucou feio sabia? – dramatizou – Nossos pais serão cham... — Elisa nem teve tempo de completar sua fala. Rosalya saiu correndo atrás de Emília, vendo-a perto da porta de saída do corredor que dava acesso aos vestiários, piscina e ginásio, caminhando devagar apoiada em Mirella.

— SOL! — chamou-a, correndo na direção dela, que parou para esperá-la. Ao se aproximar e ver a amiga, que chorava e pressionava o corte com o avental, de frente, Rosa se assustou com a pequena mancha de sangue na blusa dela. — S-Solzinha... e-eu... f-foi sem querer...

— Nos dê licença, Rosa. — pediu Elisa, empurrando a colega para o lado. — Nós temos que ir até a enfermaria. Você já fez demais por hoje. — num tom que fez Rosa entender que estava sendo responsabilizada por aquilo.

— Eu vou com vocês.

— N-Não p-precisa... As meninas vão c-comigo. — Sol estava chateada sim, mas estava mais preocupada de alguém descobrir que a amiga e a Charlotte tinham brigado ao ponto dela acabar se machucando.

— Você ouviu, Rosa. Vá colocar uma roupa seca antes que arrume mais problemas. — disse Elisa.

Rosa se sentiu sufocada, como se apertassem seu pulmão e até seu coração junto. Ela havia irritado o Lysandre ao ponto dele não a querer mais como amiga, se atracou com Charlotte como uma garota de rua e com isso machucou sua amiga mais querida naquele S.A. Pensar que Sol a culpava por aquele acidente a feriu, ainda mais por saber que era mesmo culpada. Fora que aquilo ia deixar Lysandre mais furioso com ela.

— Me desculpe, Solzinha... — disse enquanto as via passar pela porta. — M-Me d-desculpe... — sentindo aquele sufoco embolar em sua garganta. — Q-Que d-droga! Q-Que d-droga... — resmungou, voltando para o vestiário, trancando-se num dos boxes para chorar; e lá ficou até se acalmar. Quando a auxiliar de serviços gerais entrou para limpar o lugar ela a esperou entrar na parte do chuveiro para sair de fininho, pois além de estar bolando aula, aquela senhora estava puta da vida por ter encontrado o chão, perto dos armários, molhado.

Assim que entrou no prédio da escola, Rosa foi direto para o seu armário, pegou seu uniforme de educação física e foi ao banheiro se trocar. Depois voltou ao seu armário, pegou o estojo de maquiagem e ali mesmo, parada diante do móvel, se maquiou, disfarçando as marcas de expressão.

— Você tem 20 segundos para largar este estojo e voltar para a sua sala, Rosalya! — disse Leonel parado atrás dela, que nem se atreveu a olhar para ele. Ela largou o estojo, fechou a porta do armário e correu para sua sala, sendo repreendida pelo professor de matemática por ter perdido metade da aula – dupla. Ela se desculpou e sentou no seu lugar, quieta. Mas não faltaram olhares na direção dela, principalmente de Elisa e Mirella, que estavam preocupadas com a Sol e até com elas mesmas, pois assim que a garota contasse o que aconteceu à Fran, o caldo ia entornar e este estava fervendo. Charlotte só queria saber de esconder as marcas em seu rosto, pois sua habilidade em maquiagem não era tão boa ao ponto de conseguir disfarçar aqueles vergões. Por sorte seu cabelo era cheio e longo.

— Que babado foi aquele, Rosa? — perguntou Álisson, sentando no lugar de Lysandre, louco para saber da fofoca. — Por que o Divo do seu cunhado aaiiii! — resmungou, sem alarde, pois o professor não gostava de interrupções, virando-se para o Castiel.

— Isso dói sabia!

— É mesmo, “Alice”!? — ironizou o ruivo, batendo no braço dele novamente com a régua.

— Você quer parar com isso, Castiel, seu chato! — reclamou.

— Cala essa boca e volta pro seu lugar agora. Eu não te dei permissão para sentar do meu lado! — proferiu, querendo evitar que o colega perturbasse Rosa. Ele não sabia de nada referente ao vestiário, mas não ia deixar ninguém se meter no problema do melhor amigo com a cunhada.

— E se eu não quiser sair? Este lugar é do Lysandre e ele não esta aqui agora! — tinha horas que Álisson brincava com a sorte.

— Você quer mesmo ficar ai? Você que sabe. — disse Cast com seu sorriso habitual. Álisson sorriu de volta e deu com os ombros, virando-se para frente e cutucando Rosa, que respirou fundo e se manteve quieta. Aquele 2º período seria longo.

Castiel levantou de supetão, assustando o colega que se encolheu na cadeira, mas o ruivo pegou sua régua de 30cm e seu caderno e foi até o professor tirar uma dúvida. Distraído pela curiosidade, mais preocupado em interrogar a Rosa, Álisson não se preocupou quando o ruivo voltou para o lugar, tampouco percebeu que este ficou parado atrás dele. Cast segurou firme na extremidade da régua, posicionou-a e puxou a ponta, arqueando-a ao máximo.

“PLAFT”

— AAAAAIIIIIII! — berrou Álisson assim que sentiu o “tapa” da régua do ruivo em seu pescoço, que ganhou um vergão quase tão vermelho quando o cabelo de Cast. — FILS DE CHIENNE! — xingou sem pensar. Castiel sentou rápido e fixou o olhar no caderno.

— Algum problema Álisson? — perguntou o professor, irritado com aquela interrupção e aquele linguajar.

— N-Não, p-professor. E-Eu me machuquei com a régua, só isso. — só ele mesmo para dar uma desculpa como aquela.

— E você costuma xingar os objetos? Deixa pra lá, isso é irrelevante diante do fato que você está fora do seu lugar! — aquele professor não gostava dos alunos sentados em lugares diferentes. Ele era extremamente rigoroso e chato. — Volte para o seu lugar agora mesmo, Álisson! — ordenou e este obedeceu. Castiel só não debochou do colega porque até um simples riso naquela aula era motivo para uma bronca.

— Castiel!

“Fudeu” pensou o ruivo ao ser chamado pelo professor.

— Sim, professor. — respondeu, mas seu pensamento foi: “Esse cara tem olhos na nuca por acaso?”

— Diga ao seu amigo Lysandre que ele está de detenção hoje. — até Álisson chamar a atenção para o lugar do Lys, aquele professor não tinha se ligado na ausência do platinado, pois Cast respondeu a chamada por ele dizendo que estava na secretaria, e depois como se distraiu explicando e ajudando os alunos a resolver os exercícios de geometria não reparou que o jovem não voltou da sua ida a "secretaria". — E você limpará e organizará a sala no final do período.

— Mas eu já tenho um compromisso com o Sr. Sartre depois da aula, professor!

— Problema seu! Da próxima vez pense duas vezes antes de mentir para encobrir seu amigo! — com aquele professor não tinha conversa, então Cast nem tentou argumentar, pois só pioraria sua situação. Álisson sorriu satisfeito do outro lado da sala, gesticulando para o ruivo, dizendo com as mãos que ele havia se fodido. Cast fechou a cara e estralou os dedos para o fã número 1 do Lysandre naquela sala, que voltou os olhos para frente. Era melhor parar de provocar o ruivo, antes de levar umas bordoadas.

Rosalya só conseguia pensar na amiga, que naquele momento estava dando um pouco de trabalho à enfermeira Fran.

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Notas finais do capítulo

[1] Potins: fofoqueira(o)

[2] Conne: cretina.

[3] Voyou: brigão; delinquente juvenil; arruaceiro.