Entre Segredos e Bonecas escrita por Lize Parili


Capítulo 101
Por você eu me levanto.


Notas iniciais do capítulo

Nathaniel sempre teve medo de dizer o que pensa e sente ao pai, ainda mais quando isso esta, de certa forma, relacionado a ele, direta ou indiretamente. Mas alguma coisa esta mudando. Por alguém, Nath esta mudando....

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Este capítulo ainda não se encerrou...rs Ele estava ficando grande, então tive que dividi-lo, mas a continuação esta sendo escrita, logo postarei.



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# 31/03 #

Durante o almoço Jhonatan demonstrou tranquilidade, o que fez Nicole se sentir bem. Ela não gostava quando havia um clima desarmonioso em sua casa, isso a machucava. Eles conversaram sobre o dia e Jhonatan falou um pouco do seu encontro com o Sevian e que foi ao parque. Nathaniel queria falar sobre o cinema, mas como o pai não tocou no assunto, não se manifestou.

"Não sei porque criei expectativa." pensou enquanto ia para o quarto, certo que o pai não abriria uma exceção, afinal, ele havia feito por merecer o castigo. Era melhor ele enfiar a cara nos livros antes de começar a se sentir frustrado. Passado uns 15 minutos o pai o procurou no quarto.

— Você está estudando? — perguntou, da porta. — Não quero te atrapalhar! — Ele estava tão sereno que Nathaniel não soube o que pensar. Não que ele estranhasse o pai estar sereno, pois Jhonatan não era do tipo carrancudo, tendo, naturalmente, um semblante sério. Mas como ele havia aprontado e estava de castigo, o pai estar sereno e não sério o deixou confuso.

— Não, pai. Estou apenas lendo um pouco. — disse sentando direito na cama, colocando os pés no chão, fechando o livro com seu marcador na página interrompida. — E o senhor não me atrapalha.

Jhonatan entrou e sentou ao seu lado. Em sua mão trazia uma pequena sacola de papel com a propaganda da promoção de Páscoa de uma das lojas de eletrônicos do shopping estampada nela. Nas compras acima de determinado valor ganhava-se uma caixa de bombons de cereja e um cupom para concorrer a um colar e brincos de ouro com pingente de coelhinho.

— Eu dei os bombons e o cupom para sua irmã. — contou ao lhe entregar a sacola. Nathaniel ficou surpreso com o que tinha dentro.

— M-Mas eu ainda não paguei o outro. — disse com a caixa do smartphone novo, melhor do que o anterior. Seu pai tinha sido claro ao dizer que ele só teria outro celular quando pagasse pelo que havia quebrado, sendo o valor descontado da sua mesada, o que levaria alguns meses.

— Você ainda vai pagar pelo outro aparelho! Porém, você não tem mais idade para ficar incomunicável. — justificou o presente, querendo na verdade dizer: "Eu não posso ficar sem saber onde você está!" ou melhor, "Como eu vou te encontrar se você se perder?" — E não se preocupe com este. Estou lhe dando. — disse pegando o livro de cima da cama. Ele não conseguia dizer ao filho nem mesmo algo tão simples, como: "é um presente."

— Ótima escolha de leitura, Nathaniel. Eu tenho um exemplar na minha cômoda. — comentou enquanto abria a capa do livro "A Arte da Guerra" de Sun Tzu, constatando que na verdade aquele era o seu livro e não um exemplar da biblioteca do S.A.

— Desculpa, pai. O senhor não estava em casa e eu queria ler o livro, então pedi pra mamãe me emprestar. Eu ia te avisar. — justificou-se, pois o pai não gostava que mexessem em suas coisas sem seu consentimento.

— Não tem problema. Está tudo bem. Quer saber de uma coisa, pode ficar com ele. Eu já o li tantas vezes que poderia lhe contar cada detalhe sem abrir as páginas. — comentou entregando-lhe o livro.

Por um instante Nathaniel se perguntou se o pai ainda estava zangado com ele, pois sua postura dava a entender que não. Ele pegou o livro e agradeceu. Noutro momento ele ocuparia seus pensamentos em entender a postura do pai, mas naquele só uma pergunta flutuava em sua mente, se ele o deixaria ir ao cinema. Ele não precisava sair do castigo, só lhe bastava poder ir ao cinema com Emília.

Jhonatan percebeu no olhar do filho o que ele queria e guardou silêncio por um instante. Ele queria ver se Nathaniel teria coragem para refazer seu pedido, pois por telefone era tudo mais fácil que no teth-a-teth.

"O não eu já tenho." foi o que o rapaz pensou, buscando coragem no morango que adoçou sua boca, mesmo que rapidamente.

— Pai. O-o senhor pensou naquilo? — perguntou, tentando não demonstrar insegurança.

— Quando você diz "naquilo", está se referindo a sua ida ao cinema hoje? — devolveu a pergunta, levantando da cama, indo em direção a janela, de onde podia ver seu esportivo vermelho, que deixou fora da garagem porque Gina aproveitou que ele saiu com o carro para organizá-la.

— Sim, senhor. — assentiu, ainda com o livro na mão e a caixa do celular sobre o colo.

— Responda-me você, Nathaniel. Você merece que eu reconsidere e te libere do castigo, mesmo que por algumas horas?

Nathaniel respirou fundo com aquela pergunta. Ele não sabia o que responder; não pela pergunta em si, pois ele sabia o que tinha feito e o quanto foi errado, mas por ter sido seu pai a fazê-la. Ele não estava acostumado a lidar com "aquele" pai que estava ali em seu quarto, parado diante da janela aberta, encostado no batente, com parte do corpo para dentro do quarto e a outra para fora, na sacada. Ele continuava austero, porém brando, e não havia traço de irritação em seu semblante; somente uma tranquilidade que para o rapaz, não combinava com aquele momento em especial, afinal, este tinha feito algo que o pai não apenas desaprovava, como dizia ser coisa de delinquente.

Se o Nathaniel estivesse conversando com seu sensei saberia o que responder, sem titubear, pois com ele tudo era mais fácil, mesmo aquilo que considerava complicado. Com Guerin ele não tinha medo, pois este o compreendia e aceitava suas escolhas e até suas limitações. Mas com o pai era diferente; era muito difícil agradá-lo e bastava fazer ou dizer algo que não fosse do seu conceito para vir a cobrança. Era como se nada que viesse dele fosse bom o suficiente para aquele homem; e isso o travava.

— Bom, se o silêncio é a sua resposta, nós não temos mais nada para conversar. — disse, desapontado, caminhando em direção a porta. Ele realmente queria que o filho dissesse que sim e argumentasse. Ele queria que Nathaniel demonstrasse mais segurança e confiança.

— Sim! — Nathaniel disse rápido, querendo evitar que o pai saísse sem que ele tivesse sua permissão. Jhonatan parou e olhou para ele, feliz, mas sem demonstrar, pois queria ver até onde ia a ousadia do filho. — E-Eu acho que mereço. — tremulou ao falar, sem acreditar que fez aquilo, com os olhos fixos no livro que segurava com força.

— Eu ouvi bem, você "acha" que merece, mesmo sabendo a gravidade do que fez? — questionou o pai, sério, cruzando os braços, sem se alterar.

— N-não, pai. Eu não acho. — falou, respirando fundo para criar coragem para dizer o que tinha em mente, pois na altura do campeonato, voltar atrás seria pior do que se arriscar. Ele ergueu os olhos, fitou o pai e disse, sentindo um frio lhe percorrer a espinha: — E-Eu tenho certeza!

— Você o quê? — questionou, porém pela surpresa e não que pela resposta, pois era exatamente aquilo que ele queria ouvir, lógico que acompanhada de bons argumentos, mas, sinceramente, ele duvidou que o filho conseguisse.

De início Nathaniel pensou que o pai fosse lhe repreender, mas ao ver que ele não se manifestou com rispidez, nem mesmo no olhar, deu-se conta que o pai estava surpreso e não irritado. Ele não titubeou, respirou fundo para não gaguejar, pensou em Emília e desejou que o pai não notasse que estava muito nervoso e até inseguro.

— Eu sei que o que eu fiz foi errado, pai, e que eu coloquei em risco todo o meu futuro, porque não pensei, só me deixei levar pela raiva, e que só isso, de não pensar, já foi uma grande idiotice. Eu não culpo o senhor por ter me castigado, — ele preferiu não mencionar que apanhou[1], pois além de desejar esquecer, tinha medo que o pai se estressasse, achando que ele o estava questionando sua forma de puni-lo. — e nem por não confiar mais em mim; eu mereci isso. E eu também sei que se tudo ficou bem na escola é devido ao professor Sartre. Mas ao contrário do que qualquer um pode estar pensando, ele não foi complacente, ele foi justo comigo.

Jhonatan arqueou a sobrancelha, louco para ouvir aquele argumento, perguntando o que o levava a acreditar que o coordenador pedagógico não foi apenas complacente. Nathaniel levantou e colocou o livro sobre a escrivaninha; ele queria respirar um pouco. De costas ele falou o que estava em seu coração.

— Um dia eu prometi ao senhor que mudaria e desde então tenho feito de tudo para merecer sua confiança e sua aprovação. Sou o melhor aluno da minha turma, o mais responsável e dedicado, não só aos livros, mas ao grêmio, que exige de mim mais do que se eu fosse funcionário de alguma lanchonete. Eu só consegui me livrar de uma consequência catastrófica para o meu currículo escolar porque o professor Sartre sabe disso e valoriza tudo o que eu faço; e por isso digo que ele foi justo. Desde o dia em que prometi ao senhor que mudaria, nada me desabona. 

Jhonatan não conseguiu se pronunciar. Aquilo foi mais que um argumento, foi um desabafo do filho, que pela primeira vez, desde que pronunciou suas primeiras palavras, teve coragem de dizer ao pai o que estava pensando, mesmo que de costas, fugindo ao olhar daquele homem que podia ser bem enérgico quando nervoso. Aquilo foi mais que um desabafo, foi um tapa na cara dele.

Noutro momento Jhonatan teria se irritado, cego por sua bagagem hereditária, mas naquele ele só conseguiu ver a si mesmo, quando pela primeira vez enfrentou o pai, por Nicole. Mas ele não reagiria como seu pai - até porque Nathaniel não o estava enfrentando -; ele não marcaria sua pele clara ao ponto dele correr para os braços da garota que amava, seu único alento, e a levar a passar gelo em sua pele até que, pelo menos, as marcas sobre esta sumissem, visto que as internas criariam raízes profundas. Já lhe bastava saber que ele havia dado ao filho uma raiz. E lembrar de tudo aquilo não foi agradável.

O barulho da porta do quarto abrindo e fechando em seguida deixou o adolescente apreensivo. O pai o deixou sozinho.

Nathaniel olhou para a porta e sentiu um frio no estômago. Encostado na escrivaninha ele repetiu a si mesmo que havia falado demais, com medo do pai, ao invés de deixá-lo sair, dobrar seu castigo, pois para bom entendedor, meia palavra bastava e ele havia dito várias ao pai. Ele não pensou, apenas se deixou levar pelo momento e estava começando a se arrepender.

Sentado em sua poltrona de couro de búfalo, por uns 20 minutos, Jhonatan levou seus pensamentos para a caixinha[2] do primogênito. Nicole ainda entrou no escritório, mas ao vê-lo quieto, perdido em seus pensamentos, saiu sem dizer nada. Ela não se preocupou com o filho porque não sabia da conversa deles. Para ela o esposo estava apenas refletindo sobre alguma questão da empresa.

Nathaniel tentou relaxar e voltar a ler, mas não conseguiu.

— Eu e minha boca grande. — cobrou-se num murmuro, enquanto tentava, em vão, voltar a se concentrar na leitura. As batidas na porta o silecinaram.

— Estou entrando. — disse Jhonatan, abrindo a porta do quarto, após dar duas batidinhas leves. Seu tom de voz estava sério.

Nervoso, achando que seria repreendido pelo que falou, Nathaniel apertou o braço, baixando o olhar assim que o pai entrou no quarto. Só um pensamento passou em sua mente, desculpar-se, mas antes que ele abrisse a boca o pai se aproximou e colocou um pequeno envelope pardo sobre a escrivaninha, ao lado dele.

— Seu cartão de crédito ainda está comigo[3]e já estamos no final do mês, então deduzo que só tenha o suficiente para os ingressos e a pipoca. — justificou o adiantamento da mesada. — Seria vergonhoso a garota te pedir um sorvete depois do cinema e você não poder lhe fazer este agrado.

Nathaniel não acreditou no que ouviu. Se ele estava entendo direito, o pai estava, a maneira dele, lhe dando autorização para sair com Emília.

— E, filho. Não diga a sua mãe que você vai sair com uma garota. Você sabe a posição dela em relação a isso. — pediu, querendo evitar aborrecimento, pois ele sabia o quanto Nicole era ciumenta com o primogênito, coisa que ele achava um absurdo, visto que para ele o garoto já era um homem. — E veja bem. Não estou pedindo para que minta, mas sim, que omita. — foi claro. — Se você não disser nada ela não irá questionar a minha decisão e você terá o seu encontro, mas se disser e ela não quiser que você saia, pode esquecer o cinema. Eu não vou contra a decisão da sua mãe. Entendeu?  — Se ele soubesse que Nicole já tinha birra da suposta namorada do filho, talvez nem tivesse deixado, só para evitar conflitos com a esposa.

— Sim, pai. — até parece que ele ia colocar seu encontro em risco. Se dependesse dele a mãe não ia nem sonhar que ele pretendia sair com uma garota.

— Você não está mais de castigo, mas te quero em casa antes da meia noite. E não faça besteira! — disse ao sair, deixando o filho novamente sozinho.

Nathaniel não se conteve e começou a rir com o envelope na mão, de tão feliz que ficou. Além de ter conseguido a permissão do pai, seu castigo tinha findado, e mais que isso, de alguma forma ele sentia que tinha conseguido mexer com os sentimentos do pai. Ao abrir o envelope viu que ele havia lhe dado a mesada inteira, então separou a terça parte para pagar o celular quebrado.

Como o seu novo celular ainda estava na caixa, Nathaniel pediu o da Gina emprestado, pois ela já conhecia Emília. Ele não podia usar o da mãe, muito menos o da irmã, e não tinha coragem para pedir o do pai, era melhor não abusar da sorte.

— Por que não usa o fixo, querido. Assim economiza. — aconselhou-o, pois ele disse que reporia os créditos gastos.

— Não posso, Gina. O número ficará registrado na conta e você conhece minha mãe. Ela é super encanada com nossas amizades e vai querer saber de quem é o número. — contou lembrando que a mãe conferia mensalmente a conta telefônica, inclusive dos celulares dele e da irmã, e que eles tinham que identificar cada número novo que ligavam. — E se ela desconfiar que eu gosto da Sol, vai pegar no meu pé. — revelou, sem nem desconfiar que a mãe já sabia disso.

Ouvir o patrãozinho dizer que gostava da garota fez Gina tirar o celular de uma pequena gaveta no armário da cozinha e lhe entregar. Ele sorriu expressivamente, escondeu o aparelho no bolso e foi para o quarto.

Vê-lo correr para o quarto com um sorriso iluminado no rosto fez Ambre se perguntar o que estava acontecendo, pois ele não tinha motivos para tanta alegria estando de castigo por tempo indeterminado.

Cada número teclado foi como diminuir um passo da distância que havia entre aquele rapaz de cabelos dourados e aquela garota de cabelos negros.

— Olá, Sol. — cumprimentou-a, reconhecendo sua voz ao telefone, tomando-se de uma forte palpitação assim que ela disse "Alô!" — Como você está? — perguntou, e ela respondeu com o coração a palpitar com a mesma força:

— O-Oi, Nath. Eu estou bem. — ela reconheceu a voz dele de imediato. — E você?  

— Melhor agora!

Ele não viu, mas pôde ouvir seu riso abafado pelo aparelho, indicando que ela sorriu de forma espontânea ao ouvir aquilo. Ah, como ele queria ter visto aquele sorriso.

— E a Haòqi, se adaptou bem a sua casa? — perguntou, para ganhar tempo e criar coragem para fazer o convite, pensando nas palavras certas.

— Acho que ela está mais adaptada que eu. — contou, rindo, descontraindo-se. — Ela conhece cantos que eu nem sonhava que existia aqui em casa.

— Espero que sua tia não se zangue dela ficar aprontando.

— Não posso dizer que de vez em quando ela não vá dar umas broncas na nossa filhotinha, mas nada que traumatize a pentelhinha. — falou, levando um sorriso enorme aos lábios do loiro.

— Nossa "filhotinha"? — Ele queria ouvi-la dizer: sim.

— Quê? C-Como assim? — perguntou confusa, sabendo o que havia dito, sem coragem de admitir, pois falou sem pensar.

— Nossa filhotinha, foi o que você disse.

— N-Não disse, não.

— Disse sim, eu ouvi bem!

— Tá b-bom, eu disse. — admitiu. — Mas... — titubeando, sem coragem para dizer que foi sem querer, pois ela quis sim, pensar, e não falar.

"Eu gosto tanto de você, Emília Solles!" foi o que o loiro pensou em dizer.

— Quer ir ao cinema comigo hoje, Sol? — foi a frase que seus lábios pronunciaram.

— C-Cinema? C-Com você? H-Hoje?

— Sim. Estreou um filme muito legal na 6ª feira e... — respirou fundo para criar coragem. — eu quero muito ir assistir... c-com você.

A sensação que Emília teve ao ouvir passaria a ser classificada por ela a partir daquele momento como alucinante, empolgante, enlouquecedora... angustiante. Ela ia jantar com o Castiel naquela noite.

"Ai, meu Deus. O que eu faço?" perguntou-se, sentindo-se sem chão. Se ela dissesse que sim, teria que desmarcar com o ruivo que na certa ia ficar puto da vida, ainda mais se souber que foi por causa do Nathaniel, que ele parecia odiar. Se ela dissesse não, ia ser o mesmo, só que o chateado seria o loiro.

— E q-que filme é este? É sobre o quê? — perguntou, não pela curiosidade, mas para ganhar tempo. Ela não queria chatear o amigo desmarcando o compromisso, visto que ele queria ir justamente naquele domingo por ser o dia do Túnel Rockabilly, tampouco queria chatear o Nathaniel dizendo não ao seu convite, e mais que isso, ao mesmo tempo em que ela não queria perder a chance de ficar pertinho do loiro, não queria trair a Melody.

Enquanto Nathaniel falava do filme, que era a adaptação de um livro de romance policial muito famoso, regado a uma história de amor e suspense, e que ele já havia lido umas duas vezes, Sol, que não estava prestando atenção em nada do que ele dizia, pensava numa forma de resolver aquele impasse. Em quem ela devia pensar afinal de contas, no Nath, no Cast, na Mel ou nela mesma? Este pensamento a fez dar sua resposta.

— E-Eu adoraria ir ao cinema com você, Nath. Mas preciso ver se minha tia melhora. Ela não está muito bem hoje e estou com medo de deixá-la sozinha. — seu coraçãozinho doeu ao dizer aquilo.

— Ah... Entendo. — Ela não acreditou muito naquela história, pois sabia que aquela era a noite Rockabilly e que não tinha dia melhor para o Castiel e ela usarem o cupom da pizzaria que aquele. — Se sua tia está doente você deve ficar com ela. — comentou, sem conseguir esconder sua decepção, denunciada por sua voz. Ele preferia ter ouvido a verdade, que ela ia sair com o Castiel, pois uma hora eles teriam que usar aquele cupom maldito; teria doído menos.

Sol percebeu que magoou o Nathaniel e seu coração doeu mais ainda. Mas ela não podia desmarcar com o ruivo, nem sacanear a Melody...

— Eu não disse que não quero ir. Eu disse que preciso ver se minha tia melhora. — remediou, sem pestanejar, motivada por um pensamento egoísta que numa fração de segundos invadiu sua mente e a fez pensar em si, afinal de contas, por que só ela podia sofrer? Por que só ela tinha que abrir mão de um momento de felicidade? Sair com Nathaniel não significava que ia trair a Melody, bastava não ficar com ele - como se fosse tão fácil evitar -; assim como não significava que o ruivo ia perder o cupom, eles podiam ir noutro dia, sem ser na noite Rockabilly, afinal, ele já tinha ido ao túnel dos vovôs roqueiros antes e iria outras vezes mais. — E-Eu posso te responder mais tarde?

— Mas e a sua tia? — perguntou, desconfiado. — Ela não está doente?

— Não, só está indisposta, com uma forte enxaqueca. Mas ela já andou tomando seus chás malucos; pode ser que mais tarde já esteja melhor. — contou, e o loiro acreditou, ele quis acreditar.

— Quer que eu te ligue mais tarde? Lá para às 17h00?

— C-Claro. Quero sim! — respondeu de imediato, deixando o amigo feliz, fazendo-o deixar de lado o pensamento de que ela não sentia nada além de amizade por ele.

Sol desligou o celular com o coração apertado, sem saber como resolveria aquele problema. Nath passaria as próximas horas tomado por uma gigantesca ansiedade. Maitê dormia profundamente, sentindo o efeito das suas poções de folhas e raízes.

 

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Notas finais do capítulo

[1] Lembrando que em ESB o Nathaniel só levou uma surra de arrepiar os cabelos uma vez, quando mais novo (capítulos Vestindo as luvas), e arrependido do que fez o pai prometeu que aquilo não se repetiria. Ele vem cumprindo a promessa. No começo, enquanto o Nath ainda estava na fase da mudança, tentando ser um filho melhor, dava umas vaciladas, na maioria das vezes com a irmã, então, vendo que conversas e castigos não resolviam, o pai acabava lhe batendo. Mas nada que possa ser chamado de agressão. Tá mais para aquelas chineladas que a gente leva quando pisa feio na bola. Fazia muito tempo que ele não levava uns tapas do pai, mais de 1 ano, desde que mudara totalmente de comportamento. Jhonatan não é o Francis e em nada se parecem. A história do Nathaniel da fic não é igual a do jogo.

[2] De acordo com diversos estudos, a mente do homem é dividida em partições, que são como caixinhas, e em cada uma ele coloca cada coisa, que não se misturam. Por isso eles têm mais dificuldade em pensar em várias coisas ao mesmo tempo e são mais racionas que as mulheres, cuja mente é como um amaranhado de fios cruzados.

[3] O cartão de crédito do Nath foi confiscado pelo pai como parte do castigo por ter quebrado o celular.Meu Deus. O que esta estabanada da Sol vai fazer? Quem esta maluca vai acabar magoando? O amigo, o garoto que ama, a amiga? porque a si mesma é inevitável, visto que magoar qualquer um dos 3 é sofrido para ela...



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