Entre Otakus escrita por Van Vet


Capítulo 30
Córmaco


Notas iniciais do capítulo

Essa é a semana dos barracos, vamos para o primeiro?
Apreciem sem moderação. kkkk
Beijos!



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Apesar dos termômetros baixos, um lindo sol raiava no jardim dos Mclaggen. A Sra. Mclaggen imediatamente ordenou aos empregados que montassem uma bela mesa de café da manhã para poder apreciar o gramado aparado e suas flores ao desjejum. Córmaco não demorou muito a acordar e juntar-se a ela. Mal havia sentado e sua mãe já começou a lhe azucrinar com o tablet na mão.

— É tão perfeito passar a lua de mel da França. — comentou pomposamente. — Olhe essas fotos, esses lugares! Lembra minha lua de mel. — mostrou as imagens para ele, que olhou desinteressado.

— Hoje eu vou para o escritório mais cedo. — comentou tentando induzi-la a mudar de assunto.

A Sra. Mclaggen era implacável.

— Porque ela quer ir para o Peru e o Chile? Tenha dó! Esses lugares da America Latina sem um pingo de saneamento básico. Insetos, piolhos, cobras... Gente sem educação.

O rapaz se segurou de argumentar, enfiando pão na boca.

— Mas que coisa sem classe... — a mulher prosseguia. — Toda jovem sonha em ir para Paris, desfrutar da comida, do clima romântico e das roupas. Ahh... Mas porque ela estaria preocupada com roupas, né? Usando tênis e jeans. Uma mulher feminina não fica usando tênis e desfi...

— CALA A BOCA!

O grito de Córmaco ecoou pelo jardim. Dois empregados que estavam a meio caminho de servir mais alimentos na mesa do café voltaram de fininho para dentro da casa. Sua mãe ficou estática, piscando compulsivamente. Uma mania cada vez mais frequente e irritante que adquirira.

O loiro suspirou pesadamente, jogando o garfinho para separar a salada de frutas com má vontade sobre o pires de porcelana.

— Pode só nos dar paz? Deixar a Hermione respirar. Eu respirar!

— O que... — a Sra. Mclaggen continuava completamente atônita pelo comportamento jamais presenciado nele.

Seu único filho, seu precioso filho, fora criado como um pequeno príncipe. Desde os primeiros anos com a melhor educação que o dinheiro poderia pagar. Dotado de classe, elegância e cavalheirismo. Mas aquele modo de gritar não pareceu nada lisonjeiro a ela.

— Córmaco, céus...

— Para. Para. Para. — ele fechou os olhos numa espécie de prece — A senhora não consegue ver como está fazendo mal para minha relação? Um romance significa eu e outro alguém. Não eu, outro alguém e minha mãe atropelando nossos momentos e criticando cada etapa de escolhas íntimas e pessoais. Hermione escolheu Chile e Peru porque ela quer ver um pouco de história, adora o mistério das civilizações antigas, e porque a Europa é lugar comum para nós. Ela não se importa com as tendências da moda, os requintes da vida e qualquer outra merda que nosso dinheiro possa comprar! Eu... infelizmente já fui contaminado por esse mundinho regrado que criou para mim e na maioria das vezes não consigo aproveitar as coisas mais simples da vida, mas minha noiva está me ensinando. Aos poucos estou pegando gosto por objetos, pessoas e sensações sem cifras assustadoramente exageradas na frente. Me deixa viver outra vida, por favor? Para de minar minhas chances de felicidade.

— Filho. — ela ficou com os olhos marejados. — Não faz assim. Sua vida não é feliz? Nunca foi feliz antes dessa garota?

— A senhora não entende nada mesmo.

— Nada, absolutamente nada é parecido em vocês dois. Só gostaria que fosse alguém do nosso mundo... Estou tentando orientá-la.

— Ela não precisa ser orientada, porque não está desorientada. Você sim, mãe, querendo se intrometer no meu casamento.

— Ora essa! É meu filho!

— Vai cuidar do seu próprio casamento, que tal?

— Não te dou o direito...

— Porque ele é feito de patéticas aparências. Acha que azucrinando minha relação vai conseguir se cegar das coisas que acontecem diante dos seus olhos?

— Que coisas? — fitou-o horrorizada.

— Chega! Me recuso a falar mais. — Córmaco ergueu-se jogando o guardanapo com desprezo.

— Ela te fez assim. Aquela garota suburbana, desordeira, mal educada! — a mãe gritou odiosamente e a começou a arremessar os alimentos caprichosamente dispostos pelos empregados da mesa para o chão.

— Hermione não é mal educada! — o loiro berrou. E vendo a mulher continuar a jogar os objetos histericamente acrescentou — A educação dela é melhor em vários aspectos. Ela não tem todo o nosso dinheiro, mas teve o amor dos pais, e pais que se amam.

— CHEGA DE IRONIAS! ESTÁ INUSIANDO O QUE?

— Que estou de saco-cheio desse faz de conta. Você fingindo que o meu pai não te trai com garotas da minha idade e ele fingindo que a senhora não sabe. Pior ainda, os dois fingindo que eu não sei.

A cor sumiu das faces dela e a histeria deu lugar ao choque.

— E para pontuar esse drama de uma vez, não te permito mais falar da Hermione ou interferir nos preparativos para o casamento. Chega!

— Essa é sua escolha? — perguntou com grande ressentimento. — Essa moleca em vez de mim?

— A senhora nunca me deu escolhas, pelo que me lembro. Não seria agora que me daria.


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