Blood On Blood escrita por RubyRuby


Capítulo 4
04 Evan- Sangue comanda a mente




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Nós, vampiros, nos caracterizamos por um dom; um alimento quase que insaciável é o que temos. Um alimento para as outras pessoas, as mulheres. Elas sempre estão famintas por vampiros, mesmo que não saibam de nossa existência: há algo diretamente ligado pelo sangue, a beleza, a coragem de um vampiro em não ter medo da morte. Isso é inevitavelmente uma característica que nos diferencia dos homens, os mortais, e que nos liga àqueles que procuram por essa coragem humanamente imprópria.

s.m.a

Já estava faminto novamente. Era preciso voltar àquela casa abandonada a qual achei durante a última vez que fui caminhar pela Bulgária; alimentar-me de ratos do porão do hotel era apenas suficiente pelas madrugadas.

E, não obedecendo aos dias comuns daquela vila, o dia amanheceu pálido e claro, obrigando as pessoas à saírem de casa para ver o brilhante sol que escorria pelo horizonte. Eu, pelo contrário, era forçado pelos raios da manhã a ficar, do quarto do hotel, espiando às frestas de luz o cabaré que agora se erguia em poucas ruas de distância.

Meu quarto no hotel era um dos últimos, o que me fazia privilegiado pela vista. Dava para ver quando os turistas vinham, quando havia festa na cidade_ logo, sangue fácil_ ou quando havia o funeral das vítimas de... algum tipo de "peste". E como também dava para avistar o cabaré pela janela de meu quarto. Enquanto não se pusesse oito da manhã, o perigo de sair em contato com a luz do amanhecer era o _único_ impedimento para que eu invadisse aquele cabaré novamente, e pudesse ouvir a singela voz de Sophie.

A meus ouvidos, cada palavra que saia daquela até então desconhecida garota se fazia dos mimos de Sarah, pedindo uma boneca ou quem sabe um vestido novo, agarrada em mim como uma criança indefesa, inocente, quase que livre do peso de ter sido uma assassina tão cruel quanto Tony. Cada movimento seguia o mesmo que a da Sarah, cada pausa sobre a música, até mesmo o jeito de olhar para os demais do salão: tudo refletia Sarah.

s.m.a

Era oito e meia da manhã, mal podia esperar para ver, mesmo que ainda sem preparo nenhum, aquela garota que noutra noite vinha-me com tantas lembranças perdidas pelos séculos. Ao passo da descida das decadentes escadas, um choro interrompeu meu pensamento sobre Sophie. Passaram com um corpo magro de vestido em minha frente, rapidamente sendo levado à sala do hotel. Fui acompanhando-os, vendo então os outros poucos hóspedes, tão surpresos quanto a mim, até que chegando ao sofá, pude ver o que acontecia.

_Alguém traga água! Alguém traga água!_ gritava um homem, um pouco mais esquelético que a mulher desmaiada.

Os hóspedes, meio que por instinto, saíram em busca de um copo de água ou outra coisa que talvez pudesse acordar aquela jovem. O homem então, também o fazendo, gritou:

_Fique aqui com a Eva!_ logo após sussurrou aos ouvidos da jovem desfalecida_ eu já volto, meu amor, eu já volto...

E saiu correndo, deixando na sala o que me parecia uma refeição completa. Às luzes de pleno dia, espantava-me que aquela vizinhança teria toda realmente saído para buscar ajuda àquela mulher.

Cheguei mais perto, já não tão indefeso como antes, no início dos meus séculos, eu era. Olhei-a bem no rosto, rosado, puro, como se estivesse em condições de começar um grande debate sobre sua vida. Encobria-se de cabelos pretos e ondulados, e era refinadamente magra, dando mais ênfase à suas vestes que ao seu corpo. Seus olhos fechados podiam servir como abrigo para, quem sabe, a morte.

Como era bom sentir o cheiro de sangue novo, sangue virgem, que não fosse o mesmo sangue de rato, até porque jamais poderia comparar tais diferenças. O sangue humano é mais doce e mais hidratado, deixa a pele dos vampiros mais bonita, mais saudável.

Aproximei-me a ponto de dar para sentir sua pele quente em contato com a minha, e meus cabelos caindo nos dela.

_Shi..._ passei minhas frias mãos pelo seu rosto, acariciando com cuidado sua pele_ Não vai doer nada... só se eu perder o controle._ eu disse, já quase entregue ao seu cheiro forte de sangue_ Caso isso aconteça, me desculpe.

Furei seu pescoço com tanta precisão que havia até mesmo esquecido do que havia prometido. Estava tão extasiado com seu sangue que enfiei meus dentes nela como se fosse a última vez que o faria. E foi como no caso da Sarah, eu estava cada vez mais sendo absorvido pelos meus instintos vampirescos, esquecendo todos os traços possíveis de ser humano, que já não havia há muito tempo.

Ela finalmente acordou, assustada. Ainda não havia ninguém no ambiente, tendo apenas o meu desejo de sangue.

_Shi... descanse em paz, minha querida._ e acabei com sua vida, do jeito que a minha natureza me obrigava a fazer.

E saí pela porta da frente, em direção ao cabaré, enquanto as pessoas voltavam para a sala.


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