Octoni escrita por Oni


Capítulo 6
Sekh: Uma sombra.


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse foi realmente complicado..



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Era manhã em Bohruns. O colosso solar brilhava branco no céu, e apenas uma parcela do seu brilho atravessava a névoa grossa que cobria a cidade em questão. A Capital de Bohruns era uma cidade composta prédios e fábricas. E, é claro, alguns pontos de lazer para a população. Olhando ao redor da cidade, podia-se ver várias lojinhas pequenas com pessoas sorridentes ali atendendo, vários prédios que pouco se alongavam verticalmente, mas compensavam horizontalmente, devido a falta de tecnologia atual para formar prédios maiores. Também podia-se ver ali vendedores de algodão doce arrastando seus carrinhos sobre o chão de paralelepípedos e crianças sorridentes vestidas com seus vestidos ornamentados e suas camisas sociais e calças-caqui indo de um lado ao outro nos parques, correndo entre os becos e se desviando das carroças. Várias casinhas coloridas enriqueciam a vista do local e as enormes fábricas se sobressaiam maiores do que tudo ali, com suas grandes chaminés deixando escapar fumaça.

Tudo seria ainda mais lindo se não fosse a névoa e o frio que a todos ali atordoava desde sempre.

A neve que caía ali servia de brinquedo para as crianças. O rastro das carroças puxadas por shires negros era deixado sobre a neve. E as bolotas caíam dos céus, irritantemente.

Naquela mesma cidade havia uma praça, uma praça a qual estava sempre cheia de vendedores de pipoca, algodão-doce, balões e enorme pirulitos. Era comum que crianças fossem ali para brincar com as suas mães. Bem no centro da praça, que era cercada por banquinhos, havia um hexágono o qual era rodeado por uma escada também hexagonal que permitia a subida até o centro do mesmo, aonde estavam dispostos vários banquinhos nas bordas. Adolescentes costumavam ocupar aqueles banquinhos, e, sentada em um deles, observando uma criança brincar, estava uma mulher de cabelos negros. Ela devia ter cerca de 1,65.

E, observando aquela mulher, estava Sekh. Sekh tinha uma aparência jovial, ainda que estivesse usando seu terno e sua calça social negra. Em sua cabeça, estava uma cartola negra, alta como a de um mágico escondendo os seus cabelos negros e talvez mais coisas. No bolso de seu paletó havia um lenço dobrado triangularmente para cima, e, em sua mão direita enluvada, estava um guarda-chuva. Com a mão esquerda igualmente enluvada com um pano branco dentro do bolso, começou a caminhar ritmadamente na direção da jovem.

Subiu as escadas com passos lentos e ritmados, encostando a guarda-chuva no chão e a afundando na neve a cada passo. O som dos seus sapatos sobre as escadas era um ''toc toc'' abafado. Assim que estava na frente da garota, começou:

– Olá, mademoseille. - Começou, com as pernas bem eretas, segurando a cartola agora com a mão esquerda. Se anunciou dobrando a cintura para a frente e puxando o chapéu, o passando em um arco diagonal majestosamente na frente de si, com um movimento leve de pulso e braço, parando com o braço na diagonal do corpo e com um sorriso sem dentes no rosto. A moça soltou uma risadinha tímida com uma mão na frente da boca. Suas bochechas com maçãs definidas se envermelheceram. ''Ela é bem bonita..'' pensou se culpando pelo próprio pensamento.

Deixou a coluna ereta e trouxe o chapéu novamente á cabeça.

– Olá - Disse a moça, acenando com uma mão.

– O que uma moça tão bela faz aqui, sozinha? - Ele era galanteador, e disse aquilo como se não tivesse dito nada demais. Observou bem o corpo da moça, ela também possuía olhos verdes. Aqueles olhos estavam fixos em algo atrás dele ''Se for o namorado eu estou com problemas''

É a minha irmãzinha - Disse após uma outra risada tímida e cativante - Meus pais me pediram para trazê-la ao parque. E o que traz um homem tão galanteador sozinho ao parque? Permite-me perguntar se está esperando uma moça? - Aquela era uma moça estranha, pôde perceber Sekh. Ela usava um vestido ciano e longo, até aí tudo bem. Porém, diferente de todas as garotas de sua idade, ao se sentar naquele banco numa das extremidades do hexágono, ela não colocava as mãos sobre as coxas de forma a tapá-las, como uma moça considerada de respeito pela cultura de Bohruns deveria fazer. E naquele seu sorriso... ''Uma pervertida, hã? É ela..'' comemorou mentalmente, parecia que havia tirado a sorte grande ''É ela.''

Ele riu uma risada grave e longa para disfarçar os pensamentos e levou a mão ao bolso, ainda se segurando ao guarda-chuva.

– Na verdade, eu estava atrás de algo interessante para fazer.. - Foi a primeira mentira que veio em sua mente. A mentira saía com uma dicção impressionante de seus lábios, e fora pensada rapidamente, como era de costume do mesmo. - Mas parece que tive um pouco mais de sorte e achei um anjo caído. - A moça sorriu levando as mãos á boca e novamente envermelhecendo.

– É uma pena. - Dizia ela, e o homem de cartola percebia uma garotinha muito parecida com aquela á sua frente parada ao seu lado. Ela o encarava com enormes olhos verdes de baixo para cima. ''Maldita pirralha...'' pensava a princípio, pois sabia o que aquilo significava... - Pois parece-me que a minha irmãzinha já quer ir. - Como sempre fizera, pensou em algo para dizer rapidamente, uma forma de tirar vantagem daquilo tudo. E conseguiu.

– Um cavalheiro como eu não deixaria uma dama andar por aí sozinha... - Disse eloquentemente - Será que a senhorita me permitiria acompanhá-la até a casa? - ''Será ela mesmo uma donzela?'' Se culpou por ter pensado naquilo.

– Ahh.. É muita gentileza! - Ela disse, estendendo um dos braços. Ele cruzou o seu braço com o dela e assistiu enquanto a garotinha corria na direção da casa.

Observou todo o caminho atentamente.

Durante o caminho, pagou doces e lanches, cochichou coisas no ouvido da jovem e a flertou como nascera sabendo fazer. Trocaram gracejos e risinhos, e também os nomes, embora que não fossem muito importantes. Pôs o guarda-chuva aberto acima da cabeça dela quando houve neve, e a carregou em seus braços quando encontrou uma enorme poça semi-congelada no chão. Ela parecia estar interessada, por isso, quando chegou na frente da casa da mesma, falou:

– O que me diz de se encontrar comigo amanhã á noite? - Falou, descruzando seu braço do dela.

– Pode ser.. E aonde seria o nosso encontro? - Ela perguntou aparentemente ansiosa.

– Bom, que nos encontremos no segundo beco naquela direção - Ele levantou a mão com a luva branca até o sentido em que estava o beco, apontando. - E de lá te levarei para o passeio.

– Ah.. Passeio? - Havia um tom de ousadia em sua voz, e ela falava aquilo seguida de um sorriso, ela estava o tentando. - E o que faremos nesse passeio?

O homem de paletó não pôde ficar sem rir. Se aproximou dela, encostando a mão em sua cintura, e falou após chegar bem próximo de seu ouvido, falando quase no pescoço:

– É Se-gre-do. - Disse pausadamente, e ela sorriu, se virou e entrou em casa, mas não antes de se virar novamente e acenar para ele antes de atravessar a porta.

Durante a noite, ele se dirigiu até o apartamento escuro do prédio negro que chamava de quarto.

Embora que o prédio fosse completamente mal-pintado do lado de fora, e tivesse uma aparência antiga e acabada, lá dentro, o quarto de Sekh, era digno de um Lorde... Digo, seria, se não fosse a falta de espaço.

Um enorme carpete vermelho cobria todo o chão. Embora que fosse somente um quarto, ali havia uma mesa de mármore bem ao centro, uma cama com travesseiros com penas de ganso e uma escrivaninha de madeira ao lado da cama, com uma pena dourada sobre a mesma e apenas uma gaveta. Vários quadros ali também estavam, além do armário.

Deitou-se na cama apenas de ceroulas. Fechou os olhos. Sentiu a própria essência dentro de si, enquanto começava a perder o controle do próprio corpo... A pele toda formigando e um calor o cercando.. A sensação de deslizar para fora de si começou a ficar cada vez mais crescente, os olhos se reviraram e o corpo tremeu, até que finalmente saiu de dentro de si mesmo.

Flutuou para fora do próprio corpo, vendo a si mesmo deitado na cama ali embaixo. Seu corpo astral usava cartola e terno, e também tinha o guarda-chuva. A energia pura dominava o seu corpo.

Sekh voou pelo caminho o qual havia prestado atenção, atravessando as paredes com pouco ectoplasma e flutuando entre os prédios, voando em alta velocidade e sentindo os ventos.

Entrou no corpo da mulher, adentrando sua alma, aonde, de forma complexa, pode constatar que ela realmente era o que ele pensava; Uma antiga habitante de áreas mais ao Sul de Bohruns, aquela província selvagem aonde era comum ver animais selvagens e completamente exóticos. Aquilo certamente explicava o comportamento ousado dela, dentro de si, haviam várias feras. A alma dela era como uma floresta, e, dentre tudo aquilo, ele escolheu bem o que iria querer para começar.

Voltou para o próprio corpo quando já era manhã; Era difícil saber que horas eram quando em projeção astral. Durante todo o dia ficou preparando o campo.

Quando a noite chegou, se dirigiu primeiramente para a pracinha pra qual antes fora. Deixou uma pequena esfera negra no centro dela, logo logo o que estava preso ali dentro com a técnica que havia aprendido em Shabos se revelaria.

Se moveu na direção do local para o qual havia ido antes, e ao chegar próximo ao beco, saltou e puxou o próprio guarda-chuva, abrindo-no. Colocou o guarda-chuva acima da cabeça e puxou a cartola, a ponto bem abaixo do objeto de cabeça para baixo, sentindo enquanto a brisa forte saía de dentro do chapéu e fazia o guarda-chuva, como as velas de um navio, se inundar e subir, cada vez mais alto, até que ele chegou ao terraço de um prédio e pousou ali, esperando a mulher aparecer.

Aquela noite nevava muito.. A mulher


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...



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