Pov. Ally

Após a apresentação no palco com Austin, ele pediu para se encontrar comigo na parte mais afastada do jardim, em 10 minutos e foi o que fiz; estava morrendo de curiosidade pra saber o que ele queria me dizer, mas antes fui pegar uma bebida. Porém, a hora que eu cheguei lá, simplesmente, meu coração parou de bater por um breve milésimo, não estava conseguindo controlar meu corpo, parecia que eu ia cair, ou até mesmo, que o que estava vivendo era um pesadelo, mas não, minhas mãos começaram a tremer, mostrando sinais de lucidez, tudo por conta de uma cena: o vi beijando uma menina loira; o copo que estava na minha mão, por conta da tremedeira, escorregou e observei vários cacos de vidro no chão, como estava o meu coração, naquele momento; não acredito, eu pensei que após ter dito aquelas lindas palavras pra mim, na noite passado, após ter lido a carta que ele queria me mandar, realmente acreditei que ele tinha mudado completamente, que não era mais o pegador da escola, que queria ser só meu e que eu fosse só dele, mas não, ele continua a mesma pessoa! Burra, burra, burra, eu, com certeza, não quero explicação dele, não quero saber nada, porque uma olhar é mais que mil palavras; o que eu mais quero agora é sossego, silêncio.

Sai correndo daquele local, antes que ele me visse, mas como estava de salto alto, diríamos que cai em cima de um menino, quando olhei em seus olhos, senti que já conhecia aquela pessoa, mas nem me importei, afinal, eu estava chorando muito, estava desolada, estava arrasada para tentar me lembrar de uma pessoa irrelevante pra mim, no momento; então, só me desculpei e fui correndo pro meu quarto. Como ele pôde fazer isso?! Depois de dizer “eu te amo”, após recuperar minha confiança e até a começar a considerar que seria uma boa ideia sermos algo a mais que amigos coloridos, mas agora, não há mais essa possibilidade, além de que eu vou fazer de tudo, de tudo pra não ter que me casar com aquele traidor, eu vou lutar pela minha liberdade, vou lutar até a morte se necessário, porque eu não vou me casar com o Austin, não mesmo e também não vou deixar que volte a ser meu amigo tão rapidamente. Agora entendi o significado daquele sonho, pra eu não voltar a confiar naquele garoto tão repentinamente, que ele ia me destruir mais uma vez, que iria partir meu coração.

Decidi que não deveria ficar no meu quarto, se não ele me encontraria lá, então fui pra minha casa na arvore, àquela altura da festa, muitas pessoas estavam bêbadas, outras dançando, outras se pegando e outros invadindo os quartos de hóspedes, portanto, felizmente, ninguém percebeu a minha presença e pude ir tranquila pro meu único refugio. Acho que o meu destino não quer que eu tenha um final feliz né?! Primeiro, foi a minha decepção com Elliot, depois a minha decepção com vários outros meninos, o que mais me marcou foi o Richard e agora, que eu estava pensando que realmente daria certo, não, foi a pior decepção de todas! Como eu queria voltar a ser uma criança, que não conhece as decepções amorosas, que não conhece os problemas da vida! Estava chorando muito, quando de repente, a porta se abriu e de lá, apareceu a pessoa que eu menos queria ver naquele momento.

– Alls, o que você viu não é o que parece ser!

– Primeiro, não me chame de Alls, agora é só Allycia pra você e eu não sou cega Austin, eu vi você beijando aquela garota! Agora me diz, se queria se aproveitar de mim só pra não ficar carente, por que não me disse que eu seria decepcionada depois?!

– Você entendeu tudo errado! Quem me beijou foi a Brooke e não eu, além de que eu senti nojo com o contato dela, muito nojo e com você, eu sinto que estou no paraíso, sinto a melhor sensação do mundo. Por favor, Ally, tenta me entender. – ele disse chorando; confesso que nunca havia visto um menino chorando, mas sei que quando choram, é por conta de algo muito grave, porque garotos são muito orgulhosos pra isso, mas não, isso é só uma chantagem emocional, não caia nesse papo, seja forte Allycia!

– Austin, se você gosta mesmo de mim, sai daqui agora e não me procure mais aqui, quando eu estiver pronta pra sair, eu saio e a gente conversa. Portanto, SAI DAQUI AGORA! – disse gritando e chorando ao mesmo tempo.

– Por favor, não vamos deixar que a menina que me decepcionou no passado, estrague nosso futuro.

– Você quis dizer o seu futuro né?! Porque eu não me caso mais com você, vamos ter vidas separadas! Agora some daqui, por favor! – disse apontando pra porta e não sei se foi uma ilusão minha, mas vi mais lagrimas caindo dos olhos do Austin; como disse, uma bela chantagem emocional! Eu mesma, estou me assustando com esses pensamentos, mas, exatamente agora, eu preciso ser forte e não cair no papo do Austin.

– Só vou sair pra provar que eu realmente gosto de você! – ele disse se virando e mostrando seus olhos um pouco avermelhados e tentando dar um beijo na minha testa, mas me desvencilhei e ele saiu magoado e eu chorava cada vez mais e mais.

Senti que precisava escrever algo em meu diário, mas não tinha forças para explicar, então, no impulso do momento, uma melodia veio à minha mente e uma letra também.

Love that once hung on the wall
Used to mean something
But now it means nothing
The echoes are gone in the hall
But I still remember
The pain of December

Oh, there isn't one thing left you could say
I'm sorry is too late

I'm breaking free from these memories
Gotta let it go, just let it go
I've said goodbye set it all on fire
Gotta let it go, just let it go

Essa letra, realmente, representa uma coisa que eu preciso fazer, deixar essas lembranças irem embora, esquecer essas lembranças; de repente, escutei a porta abrindo e já ia gritar pensando que era Austin, mas logo senti braços me confortando.

– Ally, amiga, conte-nos o que aconteceu.

– Nada demais Mel, nada demais.

– Se fosse nada demais, você não estaria chorando, porque quando você chora, amiga, é porque algo muito sério aconteceu. – disse Cass

– Não consigo esconder nada de vocês, não é mesmo?! Tá, aconteceu que eu vi Austin beijando uma menina loira e agora estou aqui, sendo uma idiota e chorando por aquele tonto, que não merece minhas lágrimas!

– Ally, querida, não chora! Primeiro: você gosta dele? Com certeza né?! E depois, concordo com você, Austin não merece suas lagrimas, não merece, mas eu acho que não foi ele que a beijou, sabe o por que? – Trish me perguntou e eu neguei e ela foi me explicar – Austin disse pros meninos que realmente estava gostando de você, que ele ia te dizer uma coisa muito importante hoje, portanto, eu acho que a menina o beijou e não o contrário!

– Gente, eu vi, com os meus próprios olhos, como eles mentiriam para mim?!

– Muito simples, amiga! Seus olhos viram uma coisa, basta seu coração querer acreditar na sua visão, boa ou ruim. – disse Mel – olha, isso mesmo já aconteceu comigo e primeiramente, acreditei na visão ruim, mas depois percebi que era mentira, que a visão boa era verdadeira.

– Eu lembro, Mel, mas se esqueceu que o Logan nunca foi pegador como o Austin?! Parece que sim né?! Gente, não adianta, nada vai mudar a minha opinião; se eu pensei que estava gostando dele: sim; se eu vou voltar a falar com ele facilmente: não; se eu pensei que ele estava gostando de mim: sim e por último, se nós vamos ter algo a mais de amizade: com certeza, não, isso se eu voltar a ser amiga dele.

– Eu acho que você está sendo muito dura com ele, mas só por ele ter te magoado, vou machucar o rostinho dele! Tchauu! – disse Trish saindo da casa na arvore.

– Não, Trish, não é pra fazer nada! Depois eu converso com ele, agora, vocês três estão sendo convocadas a voltar para a festa agora! – disse correndo em direção a ele e gritando ao mesmo tempo.

– Eu sabia! Você não estava começando a gostar dele, você, com certeza, gosta dele, tanto que nem quer o mal dele e não quer que ninguém encoste um dedo nele! – disse Trish vitoriosa.

– E isso conta, neste momento?! Não! E se vocês não saírem daqui, eu vou sair e não venham atrás de mim!

– Ally, querida, por que você não volta pra festa e mostra que não se importa com ele, que não depende dele pra viver e que pode ser feliz sem ele?! – perguntou Cass – você está com essa fantasia super sedutora, consegue pegar qualquer garoto da festa.

– É, vou voltar pra festa com a maquiagem toda borrada, com o cabelo todo desarrumado, com certeza, já estou lá Cass. – e elas riram – não tem graça.

– Tem sim, a graça é que você está fazendo birra e esses probleminhas não são nada, a gente te arruma em minutos! Fica aí que nós vamos ao seu quarto pegar as coisas e já voltamos! – e elas saíram correndo e me lembrei da ultima pessoa que saiu daquela porta e voltei a chorar.

– Ally, por favor, me escuta antes de me expulsar. – disse a pessoa na qual eu estava pensando

– Você tem 1 minuto!

– Olha, eu sei que você deve estar muito magoada comigo e o que eu faço pra provar que o que você viu, não foi o que realmente aconteceu?!

– Não sei, pensa você! Seus 60 segundos de redenção acabaram, agora sai daqui e não aparece na minha frente mais, pelo menos por hoje! – disse gritando e o empurrando pra porta.

– Antes, eu preciso fazer uma coisa!

– Não me imp... – ele me beijou, um beijo muito necessitado, muito carinhoso, que tentava mostrar que o que vi não era verdade e sim uma “ilusão”, até que felizmente, recuperei minha consciência e dei um tapa na cara dele. – por que você fez isso? Idiota, sai daqui! – disse gritando

– Eu saio, mas olha nos meus olhos e diz que não me quer mais na sua vida e eu obedeço, e se não disser vou continuar tentando te provar que te amo mais do que tudo! Agora, a decisão é sua! – e eu abaixei a cabeça e ele a levantou com o polegar – olhando nos meus olhos!

– Eu não... – respiro; eu não quero isso, mas se assim vou sofrer menos, será melhor para ambos – eu não... – respiro novamente, acho que o meu coração e nem meu cérebro querem me obedecer, desisto - não consigo! Quer saber de uma coisa?! Eu estava gostando de você, estava tentando considerar a ideia de termos algo a mais, além de uma amizade colorida, mas você simplesmente destruiu tudo o que construí por você, todos os meus sentimentos fortalecidos por você, pode até existir, mas vou fazer com que desapareça, vire fumaça! – primeiramente, vi um sorriso aparecer na cara do Austin, mas depois vi o sorriso desaparecer e lagrimas caiam sobre seu rosto e me controlei ao máximo para não enxuga-las e consegui!

– Eu vou deixar você aqui, mas amanhã a gente conversa! – ele disse saindo da casa com os olhos marejados.

O que mais queria fazer naquele momento era sair correndo atrás dele e fingir que não tinha acontecido nada, que aquilo não ia mudar nada entre a gente, porém nós, seres humanos, temos uma fraqueza: temos sentimento, temos coração! E voltei à estaca zero: choro e mais choro e mais choro.

– Allycia Marie Dawson, acabou a sessão de choros! – disse Trish entrando com uma maleta de maquiagem e Cass e Mel com produtos de cabelos. – vamos fazer você ficar mais linda e arrasar na sua festa, na sua primeira festa, que por sinal, é um sucesso total!

– Como?! Ah, não importa! E quer saber?! Vou me vingar do Austin, mostrar pra ele que não me importo com o que ele pensa e nem com o que fala! Depois de tudo, do dueto, dos dias na fazenda... – disse sussurrando essa parte. – então, me arrumem, façam a melhor maquiagem da vida de vocês e também o melhor penteado e não vou reclamar, prometo! – elas sorriram e começaram a me arrumar.

Depois de mais ou menos uns 20 minutos, eu estava pronta e muito linda, quer dizer, muito sedutora! Estava, nossa, incrível!

– Fizemos um bom trabalho, meninas! – disse Mel.

– Com certeza! Ally, todos os meninos vão babar por você, babar!

– Muito obrigada gente, agora, vou arrasar e fechar essa festa com chave de ouro. – disse saindo da casa na arvore.

Andei, por mais ou menos, uns 5 minutos e quando cheguei no jardim, todos os meninos presentes, incluindo Austin, ficaram boquiabertos, acho que até vi Austin babar, literalmente. Para provocá-lo, cheguei perto de vários meninos e os abraçava, para agradecer por ter vindo a festa, bebi muito, quer dizer, demais em 10 minutos, até que senti braços me puxarem.

– Ally, o que você pensa que está fazendo?! – ele disse meio irritado.

– Aproveitando a minha festa! – disse pulando, eu não estava em plena consciência.

– Ally, você está muito bêbada, vem vou te levar pro quarto! – ele disse tentando me pegar no colo, mas sai correndo, no caminho, parei na cozinha e vi uma garrafa com um líquido meio azulado, acabei tomando tudo o que continha na garrafa e voltei a sair correndo, até que cai em cima de um menino e logo vi que Austin estava me alcançando, então o beijei e blééé, aquele menino beija muito mal, meu deus, que nojo!!!!! O Austin beija mil vezes melhor; Ally, para de pensar nesse idiota. Senti uma pessoa me pegando no colo e falando.

– Desculpa, essa menina está meio bêbada e drogada, não sabe o que está fazendo! – ele me pegou no colo e estávamos perto da escada, quando consegui sair do colo dele e fugi, parecíamos crianças correndo pela casa.

– Ally, volta aqui! – ele gritava e como estava sem fôlego, parei no bar, como não tinha ninguém pra me atender, entrei e peguei outra garrafa de bebida, só que agora era verde e de repente, nem sabia quem eu era e o que estava fazendo, portanto essa é a última coisa que me recordo: eu bebendo uma garrafa de bebida verde... só espero que eu não tenha aprontado nenhuma besteira!