E se Eu não Tivesse Me Atrasado pra Formatura? escrita por Tati


Capítulo 23
Levá-la de volta para casa ou não?




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Fazia duas semanas desde o dia em que Alex foi internada no hospital e, como ele estava fazendo diariamente após o café da manhã, entrou naquele hospital novamente, onde ele praticamente vinha passando o dia, só saindo para comer, tomar banho e dormir. Porém, a rotina daquela manhã sofreria um pequeno ajuste. Antes que pudesse chegar ao seu quarto, o médico que havia acompanhando o caso de Alex o parou no corredor...

"Sr. Bouvier, nós precisamos conversar."

"Vocês descobriram o que aconteceu com a Alex?"

"Na verdade, o assunto é exatamente esse. Os exames dela não detectaram nada de anormal, ela está se sentindo bem e ela quase não tem tomado medicamentos. Fazem mais ou menos duas semanas desde a última vez em que ela se sentiu mal e eu acho que, apesar de ser arriscado dizer, ela só estava sentindo uma indisposição por algum tipo de esforço ou era muito estresse. Nós não chegamos a concluir nada por meio de exames, por isso é perigoso tirar alguma conclusão precipitada, mas ela está me implorando para sair e eu não consigo achar motivos para não deixar. Ela está bem e eu estava pensando em deixá-la voltar para casa hoje."

"Então você está pedindo minha permissão para dar alta para ela?"

"Em resumo, sim, é isso. Nós não chegamos a nenhum tipo de conclusão, nem positiva e nem negativa, e então vamos deixar a seu critério se quer levá-la para casa ou deixá-la aqui para um tratamento mais demorado. Se decidir levá-la, o senhor terá que assinar um termo de responsabilidade deixando claro que foi avisado de que isso pode ser perigoso."

"Eu não sei. Eu estou com medo de levá-la de volta para casa sem saber o que aconteceu com ela. Mas eu vou conversar com ela e nós vamos decidir juntos. Eu aviso quanto a nossa decisão."

"Tudo bem, então. Muito obrigado."

Sem ter certeza do que faria, ele continuou caminhando em direção ao quarto dela. Quando entrou, viu Alex sentada na cama fazendo desenhos em um pedaço de papel como uma criançinha inocente e ele não conseguiu entender o motivo daquilo. Havia vários corações e estrelinhas de papel recortados ao seu redor e a quantidade deles denunciava que ela havia passado a manhã inteira fazendo aquilo.

"Voltamos para o jardim de infância?" ele perguntou rindo

"Engraçadinho, não é para mim. Tem uma criança no final do corredor que faz oito anos hoje. Eu e alguns outros pacientes e enfermeiras estamos ajudando a preparar uma festinha de aniversário surpresa para ela. Ela está aqui há mais de três meses, ela merece alguma coisinha assim. Quer ajudar?"

"Claro." Ele respondeu sentando-se na cama e pegando alguns pedaços de papel já desenhados nas mãos para começar a recortar "Mas por que ela está aqui há tanto tempo? Ela é tão novinha."

"Foi atropelada por um menino de 16 anos que ainda nem tinha carteira de motorista. Mas ela está melhor. Ouvimos os médicos dizendo aos pais dela que possivelmente ela vai poder voltar pra casa na semana que vem."

"Você não consegue deitar nessa cama e não fazer nada, não é?" ele perguntou sorrindo

"Não mesmo." Ela respondeu sorrindo e logo dando atenção ao que ele vinha carregando nas mãos "Essas rosas são para mim?"

"São. Alguém deixou na recepção. No bilhete diz: ‘Para a mulher mais linda desse mundo, do seu admirador secreto\'."

"Admirador secreto? Quem será, hein?" ela perguntou sorrindo e lhe agradeceu com um beijo "Você fez isso comigo durante todo o primeiro ano do ensino médio e até a metade do segundo, quando você acabou desistindo e eu não caio nessa de novo. Agora eu já sei quem é esse admirador secreto, então não tenta mais me enrolar ou me fazer pensar em todo mundo menos no admirador secreto de verdade. Muito obrigada, Pierre. Elas são lindas. Ninguém nunca me deu flores."

"Eu não sei por que. Elas combinam com você. Vocês são tão lindas quanto, mas você ainda consegue ganhar."

"Que fofo! Nem precisa perguntar por que a Amanda não quer largar de você."

"Nem ao menos fale no nome da Amanda. Tem algo muito melhor no qual eu quero pensar agora e esse algo está bem na minha frente. Ele respondeu e lhe deu outro beijo "Como você consegue ser tão linda, tão doce, tão perfeita, tão... tão tudo o que eu mais quero nessa vida?"

"Fica fácil quando você tem alguém exatamente como você."

"Eu não consigo acreditar que eu fiz uma garota como você se apaixonar por mim." ele disse sorrindo "Bom, Alex, tem algo que eu queria conversar com você."

"O que é?"

"Os médicos estão querendo te dar alta mas eu..."

"Aleluia!!! Eu vou fazer as minhas malas agora mesmo!!!" ela gritou saltando da cama e dando alguns passos em direção ao armário, mas ele segurou-a pelo braço e a trouxe de volta

"Espera aí, eu não terminei." Ele afirmou, fazendo-a se sentar novamente

"O que foi? Você não me quer mais em casa?"

"Não é isso, Alex. Você sabe que eu quero te levar de volta mais do que tudo nesse mundo. O problema é que... a gente nunca soube o que aconteceu mesmo com você. O que é que eu vou fazer se eu te levar de volta para casa e você morrer hoje?"

"Pierre, olha bem para a minha cara: parece que eu vou morrer hoje?"

"Não faço a menor idéia. Ainda não fiz curso de adivinhação por correspondência. Pergunte de novo amanhã. Se desse para perceber na expressão do rosto da pessoa a data em que ela iria morrer, ninguém nunca iria ter nenhum arrependimento na vida."

"Pierre, eu estou me sentindo muito bem."

"Eu sei, Alex, mas isso não me assegura que você vai estar se sentindo bem amanhã também."

"Eu vou estar bem amanhã, pode ter certeza disso. Pierre, eu só tive uma indisposição naquele dia, nada mais, mas eu estou muito bem agora. Não dá para mudar o passado e fazer com que você me leve a um hospital melhor onde as pessoas saberiam dizer com certeza o que há de errado comigo. Infelizmente, os médicos desse hospital não conseguiram concluir nada, mas eu estou bem, então por que é que eu não posso voltar para casa?"

"Você tem certeza absoluta disso? Você realmente quer ir embora tanto assim?"

"Claro que eu quero. Eu quero dormir na minha cama, tomar banho no meu chuveiro, comer da minha comida, assistir televisão sentada no meu sofá, jogar no meu computador... Eu não agüento mais ficar aqui nessa prisão."

"Certo, então. Se é isso o que você quer... Mas se você sentir qualquer coisinha eu vou te trazer de volta para o hospital e eu não vou te deixar sair a não ser que o seu médico consiga me provar de todas as maneiras possíveis que o teste do teste está correto e que você realmente não poderia estar melhor do que isso. De acordo?"

"De acordo. Mas... será que a gente pode pelo menos ficar para o aniversário da Maggie? Eu fiquei amiga dela e ela vai ficar muito chateada se eu não aparecer."

"Você não precisa estar internada para visitá-la. Você pode se trocar, fazer suas malas, deixá-las no meu carro e aí a gente dá uma volta, faz qualquer coisa até o horário da festinha dela. Depois a gente vai pra casa."

"Tudo bem, então. Obrigada."

"Alex, você é ótima com crianças, sabia?"

"Você acha?" ela perguntou sorrindo

"Como não achar? Todos que te conhecem acham. Você passou duas semanas internada no hospital e, ao invés de fazer amizade com adultos, você foi atrás de uma criança. Você realmente nasceu para ser mãe. Eu queria tanto que algum dia nós pudéssemos ter um filho juntos... Se eu nunca tivesse me casado com a Amanda e nem você com o Chuck..."

"Realmente, foi um erro que nunca mais vamos poder consertar. Eu gostaria muito de ser mãe de um filho seu, mas isso nunca vai acontecer. Eu nunca vou ser mãe do filho de ninguém. O mais perto que eu cheguei disso foi quando eu engravidei do Chuck, mas tudo terminou assim, com veneno."

"Eu sei o quanto você queria engravidar e cuidar de um bebê desde pequeno, mas pelo menos a gente tem o Matt e ele te ama tanto... Ele te ama como se você fosse a mãe dele, Alex, e eu acho que isso é a coisa mais preciosa de se ter um filho. É a melhor parte e a mais importante. Ele vai voltar para a gente, eu sei, e você vai ser uma excelente mãe para o meu filho."

"Eu vou fazer o meu melhor."

"Eu sei que vai." Ele respondeu acariciando seu rosto, tentando impedi-la de chorar "Bom, eu vou falar com o médico. Vou avisar da nossa decisão e volto logo."

"Certo."

Mas ele não voltou logo. Ele demorou muito e isso estava começando a preocupá-la. Ela tinha medo de que talvez eles tivessem se arrependido da decisão que haviam tomado e não quisessem mais deixá-la ir embora. Ela não se sentia tão bem quanto queria transparecer, mas também não queria ficar, então ela tinha que aparentar estar bem e sabia disso. Pierre não poderia imaginar que nada havia mudado desde aquela noite. Ele não poderia sonhar que ela estava escondendo as febres lavando o rosto com água fria, passando muita maquiagem e deixando o ar condicionado frio ligado quase o dia todo. Não poderia sonhar que ela só não sentia mais ânsia na sua frente porque aproveitava os momentos em que ele saía para almoçar para poder almoçar também e o mesmo ocorria com as demais refeições. E também não poderia sonhar que a tontura já não era mais evidente só porque ela não se levantava mais da cama e, se precisava sentar, levantava a cama também e deixava sempre a cabeça encostada em algo. Em resumo, ele não poderia saber que a doença ainda estava lá, porém muito bem maquiada. Mais do que querer voltar para casa, ela queria estar ao lado dele pois sabia que o dia de seu divórcio estava se aproximando e ela não queria deixá-lo sozinho para resolver os problemas com a custódia de Matt. Ela sabia que ele precisaria de alguém em quem se apoiar quando aquele dia chegasse. Alguém para mantê-lo forte e não deixá-lo acabar aceitando, por medo, as ameaças de Amanda. Ela sabia de todas essas necessidades, então estava disposta a inventar qualquer mentira, a pagar qualquer preço, para sair daquele lugar a tempo.

Uma hora se passou desde a hora em que ele saiu de seu quarto e ela já estava vestida e com as malas ao seu lado, esperando por ele. Foi então que ele abriu a porta e entrou, acompanhado por dois médicos. Ele parecia muito mais apreensivo quanto a levá-la embora, mas não disse nada, permitiu que um dos médicos falasse primeiro.

"Srta. Hamilton, tem certeza dessa decisão que tomaram?"

"Tenho."

"Alex, só para que você saiba, eu assinei um termo de responsabilidade para que eles te deixassem voltar para casa. Isso significa que se sairmos daqui e algo te acontecer, eu vou ser processado e preso. Você tem certeza mesmo?"

"Ah... tenho... tenho sim... Mas você não vai ser nem processado e nem preso, eu vou ficar bem."

"Vai ficar?!"

"Ah, vou ficar, estou, estive e sempre estarei. Não se preocupe, eu estou muito bem."

"Alex, você sabe que se estiver mentindo para mim só para sair desse hospital, eu vou acabar descobrindo a verdade e que eu não quero mais nenhuma mentirosa comigo, não sabe? Sabe que se isso for mentira eu vou querer você fora da minha casa o mais rápido possível, não é?"

"Eu... eu sei sim. Mas eu... eu não estou mentindo."

"Eu espero que não esteja mesmo. Eu confio em você, por favor, não me faça perder a confiança, você sabe o quanto eu te amo e o quanto isso iria me machucar." Ele disse pegando suas malas e a guiando para fora do quarto

Ela ainda queria voltar mas, desta vez, tinha medo de estar cometendo um erro. Tinha medo de estar começando a se colocar em um enorme problema que iria acabar tirando dela a coisa mais importante que tinha conquistado em sua vida até aquele momento.


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