Vou até o outro lado do meu quarto e vejo uma pequena diferença entre a madeira que ali estava. Comecei a puxar cada uma delas entretanto nenhuma queria sair. Olhei de volta para a primeira madeira no canto da parede e por baixo da mesma tinha uma alavanca escondida entre ela e a parede.

Puxo fazendo força mas a mesma n sai do lugar por conta da ferrugem que nela se encontrada, olhei ao redor no quarto procurando algo que pudesse me ajudar. Peguei o pano maltrapilho que me deram para enrolar meu corpo e fiz um torniquete com ele. Faço força então ouço o clique de algo se abrindo. Olho para o lado e uma pequena plataforma saindo do chão. Puxo a caixa roxa de dentro. Está trancada.

Sento-me na cama e coloco a caixa sobre as pernas. Passo a mão em cima dela sentindo uma energia familiar. Como se fosse minha. Procuro de novo a fechadura do lado esquerdo e enfio a chave nela. Giro até escutar um clique indicando que estava aberta. Um barulho igualmente familiar sai de dentro da caixa. Vejo uma placa de vidro em forma de uma mão do lado direito então, com cautela coloco minha mão direita sobre ela.

Quando puxo novamente outro compartimento que fora solto, vejo vários papéis antigos e documentos, dentro. Vejo também um objeto de forma retangular de vidro em cima de uma foto de um grupo de cientistas.

Puxo a foto e observo cada pessoa que está nela. Estou sorrindo como se estivesse no meio da minha família. Um homem baixo está do meu lado esquerdo sorrindo, seus olhos acinzentados mostram cautela e equilíbrio, não lembro-me dele. Ao lado dele e segurando sua mão estava uma mulher que parecia ser sua esposa. Alta e com cabelos muito loiros está olhando para ele como se tentasse fazer pará-lo de sorrir.

Do meu lado direito está uma mulher. Tento me lembrar de onde a conheço quando me lembro da doutora. Ela está olhando para mim sorrindo. Ela olha pra mim com paixão, como se fossemos íntimos e ao lado dela está uma mulher. Ela olha para a câmera com um sorriso torto, seu cabelo vermelho se destaca nas cores claras das paredes. Ela olha com determinação e como se escondesse um segredo. Olho atrás da foto e escrito nela tem “Laboratório de Pesquisa Humana – 11 de Março de 2019.

Coloco a foto ao meu lado e pego o estranho objeto, assim que o pego ele acende uma luz verde e solta um barulho oco.

“Reconhecimento de voz. Por favor fale seu nome seguido do seu protocolo de acesso”. Fala uma voz mecânica. Não sei meu nome e muito menos esse protocolo de acesso. Coloco o objeto ao lado da foto e vasculho os documentos que estavam abaixo do equipamento.

Várias e várias páginas falando de anatomia humana e fórmulas que parece ter sido eu a escrever. Continuo olhando papel por papel até chegar no fim da caixa. No fundo estava um envelope manchado pelo tempo. Vejo um nome gravado atrás do envelope. “Cláusio Herreira”. Talvez esse seja meu nome.

Ouço o barulho do clique da porta sendo destrancada e rapidamente abaixo a plataforma, coloco tudo de volta na caixa e a escondo entre os lençóis. Sento-me no meu lugar de costume e olho para o teto. Vejo pela minha visão periférica alguém entrar. Penso ser Caio, mas a doutora entra um pouco tímida, e olha para mim. Seus olhos penetrantes encaram os meus, me sinto incomodado pela primeira vez. Ela senta no canto da cadeira, continuo olhando para meu jeans desbotado.

“Sabe, faz tempo que não ficamos sozinhos”. Fala ela enfim. Levanto o queixo para observá-la. Ela me olha com carinho, então me lembro. Estávamos em uma cama, talvez fosse um dia especial ou um dia qualquer. Ela estava lendo um livro sobre células cerebrais e na cabeceira estava uma xícara de chá. Ela olha pra mim, então sorri. Ela larga o livro ao lado da xícara e vem até mim, abraçando meu pescoço e me beijando em seguida. “Lembrou-se de algo?” pergunta.

“Não. Apenas estava me perguntando o motivo de você estar aqui e agora.” Respondo ríspido, mas não sei o motivo pelo qual falei nesse tom.

“Vim apenas conversar, se não se importar.” Diz ela, com sinceridade. Pude ver em seus olhos.

“Bem, se foi para isso, então comece.” Dou um sorriso fraco. “Não estou em uma situação muito boa pra começar uma conversa, como posso dizer, uma conversa com papos atualizados.” Ela ri. Sinto um calafrio subir a espinha. “Na verdade, não tenho assunto algum”.

Rio de novo e me levanto. Vou até minha cama e me sento na ponta. Sento-me devagar para não mostrar a caixa que está mais acima.

“Ah, mas não seja por isso. Tenho vários assuntos.” Ela faz menção em levantar e se sentar ao meu lado.

“Não. Por favor. Prefiro que continue sentada na cadeira.” Falei preocupado com a caixa.

“Ah, certo então. Que tal falarmos sobre você?” A olho com curiosidade. “Bem você deve estar curioso sobre quem você é e sobre como veio parar aqui, estou certa?” Fala ela se sentando novamente. Desta vez, ela examina todo o quarto. Como se procurasse algo.

“Sim, está. Vai falar sobre mim, então?” Digo, a observando. Tentando ver qualquer coisa que mostre que está mentindo.

“Vou falar tudo o que sei sobre você.” Respondeu depois de dar um sorriso.

“Então pode começar.” Risos. “Temos todo o tempo do mundo.”