Acordo com o sol em meus olhos e o despertador tocando... Ótimo!! Esqueci de fechar as cortinas da varanda do quarto antes de dormir, e melhor ainda esqueci de desligar o despertador, hoje é sábado não preciso acordar cedo. Penso já xingando tudo e todos, como se alguém tivesse culpa dos meus problemas de memória, acho que me mexi muito ou deixei um de meus pensamentos saírem pela minha boca, já que alguém se revira na cama ao meu lado. Espera aí, alguém??? Na minha cama?? Alguém quem??? Opa essa não é minha cama, este não é o meu despertador, e definitivamente este não é o meu quarto. Ao concluir este pensamente, alguém me abraça e, não! Eu fiz de novo, exagerei ontem na balada e sai acompanhado... PQP!! Viro devagar com medo do que estou prestes a ver, e há uma linda mulher deitada a meu lado.

— Bom dia gato! – ela diz abrindo os olhos e sorrindo, o sorriso é bonito, seus cabelos são loiros e seus olhos verdes, e a melhor parte é que eu não a conheço, menos mal, pois me recordo que ontem saímos com o pessoal do escritório para comemorarmos minha promoção, e não pegaria nada bem o novo vice-diretor da empresa saindo com uma funcionária. .

— Bom dia linda! – eu digo, um pouco sem graça, pois não me lembro o nome dela, se é que eu sei o nome dela... Será que ela sabe o meu nome? E a principal pergunta como é que eu vim pra cá, nunca tomei um “porre” desses, ok! Isso já aconteceu inúmeras vezes, mas dessa vez foi por um bom motivo! Finalmente todo esforço e tempo investido foram reconhecidos e me tornei o vice-diretor de uma das concessionárias de automóveis mais renomadas.

— Peeta.. Estou indo tomar um banho, pode ficar à vontade. – Merda! Ela sabe meu nome.

— Na verdade linda, eu já vou indo, tenho um compromisso. Me desculpe de verdade, mas podemos combinar de almoçar juntos, se você puder. – Digo a primeira coisa que vem a minha mente, é claro que não pretendo vê-la novamente, mas preciso sair desta situação e da casa dela vivo, me visto rapidamente, pego meu celular e entrego a ela.

— Anota seu número... – digo aproximando-me dela da maneira mais sedutora que consigo, dou-lhe um beijo nos lábios e pronto a mágica acontece, ela cora um pouco e começa a digitar seu nome e número. Aproveito a distração dela e procuro as chaves do meu carro, as encontro no criado mudo ao lado da cama e dou uma última checada nos bolsos para ver se não esqueci nada.

— Peeta, seu celular... Quero só ver se vai ligar mesmo hein?! Seu carro está no 1º subsolo na vaga 56B – ela diz manhosa, enquanto me entrega o celular.

— Vou ligar sim linda, mas agora eu preciso ir. – Digo enquanto a tomo em meus braços e a beijo. Me despeço e ao sair do apartamento noto seu olhar, já recebi esse olhar algumas vezes, assim que a porta do elevador fecha sei que devo apagar imediatamente o telefone dela dos meus contatos, não será bom alimentar qualquer tipo de esperança que ela possa ter gerado a meu respeito.

— Desculpe Tori, mas essa foi nossa primeira e última noite juntos! – Digo em voz alta.

Encontro o meu carro, ainda bem que ele está intacto, acho que foi a loira que o trouxe, provavelmente eu não estava em condições de dirigir ontem, menos mal. Pego o celular novamente e ligo para o culpado por eu acordar na casa de uma estranha, e dessa puta ressaca também.

— Ah você vai me atender seu filho da mãe!...— digo após a ligação cair da caixa postal depois de algumas chamadas, insisto por alguns minutos e finalmente ele atende numa voz rouca e assustada, com certeza eu o acordei, perfeito!

— Obrigada Sr. Cato, era só um drink, não é? – digo aos gritos, o que deve tê-lo assustado pois escuto um barulho de algo caindo e quebrando.

— Você é louco cara, porque ta gritando comigo?

— Own desculpa se te acordei boneca, onde você ta Cato? – pergunto.

— Em casa, oras. – Não acredito

— Não acredito que você está em casa... Você sabe onde eu estava? – pergunto indignado, pois realmente não acredito que enquanto eu havia dormido com uma estranha e na casa dela, o idiota estava na casa dele.

— Ah bonitão isso eu faço uma idéia, pelo jeito e companhia que você foi embora ontem, pego a nova estagiaria gostosona neh??? Seu pilantra! – O que???

— O que você disse?... Como assim estagiaria?... Não me diz que ela trabalha com a gente?... Como, eu nunca a tinha visto?...

— Calma ai conquistador... Como assim? Esta com a amnésia é? – ele pergunta sarcástico.

— É quase isso, depois do porre que você fez tomar ontem, isso não é mais uma simples ressaca... E outra eu nunca tinha visto essa garota na minha vida... – disse tentando me explicar.

— Ok conquistador, primeiro nós tínhamos que comemorar, não é todos os dias que se recebe uma promoção da proporção da sua, e sim a garota é a nova estagiaria, faz umas duas semanas que ela está na empresa, mas como você estava tão concentrado no projeto que te rendeu a promoção, você nem percebeu a existência dela, mas pelo visto ela sim, pois ela aproveitou a hora que você estava bem caidinho e te pegou de jeito... Então como eu sou seu melhor amigo, deixei a gatinha te levar e abusar de você... – ele disse gargalhando.

— Grande melhor amigo, pois eu nem me lembro de ser abusado pela gatinha... Há e obrigada por avisar que ela trabalha conosco, se eu já não estivesse encrencado o suficiente com essa menina eu te mataria, seu idiota! – eu disse querendo torcer o pescoço do meu amigo.

— Nossa, quanta hostilidade amigão... – ele continua gargalhando – mas agora aproveita o seu fim de semana, porque eu acho que a sua segunda-feira promete “conquistador”. – ele fala e logo desliga o celular.

Chego em meu apartamento e vou direto para o banho, tomo um banho bem demorado a fim de relaxar um pouco, sorrio lembrando da conversa com Cato, ele sempre me chama de conquistador, principalmente quando saio com alguma mulher. Ganhei este apelido na faculdade, quando sai da minha cidade natal, meio que fugindo de lá, logo após a morte de minha mãe, vim pra faculdade e não me envolvi com nenhuma garota durante algum tempo, o que deixava meus amigos indignados, porque eu fazia um certo sucesso com elas, eles chegaram até a pensar que eu era gay, e mesmo eu negando continuaram a pensar até eu beber todas em uma festa da fraternidade e dormir com uma garota, a partir deste dia eu desandei, comecei a pegar geral, mas só pegava aquelas que realmente me atraiam, algumas eram difíceis mas com tempo e dedicação sempre se rendiam ao meu “charme”, daí o apelido conquistador. Mas eu nunca namorei nenhuma delas, não namorei durante a faculdade e nem depois, nunca conseguia ficar muito tempo com a mesma garota, sempre havia comparações, elas eram sempre altas demais, baixas demais, magras demais, ou seja, nenhuma delas era a única garota que eu queria, mas não tinha coragem de ir atrás.

Sai do banho exausto, no mínimo este final de semana não sairia de casa, pensar na morena me deixou ainda mais cansado, seco-me rapidamente e me jogo na cama somente de toalha. Quando estou quase pegando no sono ouço meu celular tocar, não acredito deve ser o Cato enchendo o saco... Desculpa amigão mas você vai falar com a secretaria eletrônica, porem o celular não para de tocar, e o melhor a fazer é desligar. Assim que pego o celular, o visor denuncia que eu estava errado, não era o Cato que me ligava e sim o meu pai.