Cidade dos Sonhos escrita por vulpiix


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Quis fazer só um prólogo pra situar a história e depois continuo ;) Beijos, espero que gostem!



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Era meio de novembro e o bosque onde Clary se encontrava dava mostras do frio que vinha se formando ao longo do inverno. Árvores cobertas por espessas e brancas camadas de neve, chão escorregadio e reluzente e névoa branca saindo de suas narinas quando respirava. Embora estivesse acostumada com o frio de Idris, Clary sentia o frio ricochetear-lhe as bochechas e lábios e ressecar as bochechas que enrubesciam cada vez mais. Ao longe, em um lago antes coberto pela névoa em um ponto onde a vista de Clary não alcançava, emanava um brilho dourado, angelical, pulsando ondas de calor e aconchego em sua direção. Clary se moveu o quanto pôde para perto do lago para perceber um anjo - ou era isso que aparentava - suspenso sobre o lago, cabelos louros da cor de ouro pendendo da cabeça abaixada e longas e celestiais asas brancas envoltas em seu corpo. Onde tais asas não cobriam mais seu corpo, Clary percebeu que usava calças brancas de tecido com a barra rasgada e nenhum calçado. Clary não sabia por que, mas se sentia atraída a se aproximar do anjo, e o fez. Ao chegar perto, pisou em um galho, gerando um ruído. Ruído esse que Clary não imaginou ser o suficiente para acordar o anjo de seu torpor. Estava enganada. Subitamente o anjo levantou a cabeça, lançando seus cabelos dourados para trás e fitando-a com olhos igualmente dourados e intensos. Clary notou que esse anjo aparentava idade - coisa que a maioria deles não fazia - e parecia ser jovem, talvez pouco mais velho que ela. E era bonito. Bonito como humano nenhum jamais foi. Lentamente suas asas se abriram e se ergueram atrás de si, brilhando em vários pontos, formando as imagens de pássaros. Clary começou a ouvir um leve sussurro, que foi se intensificando e aos poucos se tornou uma fala concreta:

- Lembre-se - o anjo dizia - Lembre-se.

E como que desconectada de seu sonho, Clary acordou.

Estava no chão do quarto, ao lado de sua cama, com as cobertas enroladas em si e o travesseiro meio caído para a lateral da cama. Tudo não se passava de um sonho. O sonho mais vívido que Clary já tivera, impresso até agora em sua memória. Despertando-a de seu pensamento, a porta do quarto abriu em um único movimento, revelando uma mulher adulta, de estatura média e longos cabelos cor de fogo encaracolados em volta de seu rosto cujos olhos verdes estavam arregalados em surpresa. Sua mãe, Jocelyn Morgenstern (antes Jocelyn Fairchild).

- Tudo bem, filha? - Deve ter ouvido o tombo de Clary ao cair da cama.

- Tudo, mãe, só estava tendo um sonho. - Ela dizia enquanto se levantava do chão e juntava as cobertas. Prontamente a expressão anterior foi-se embora do rosto da mãe e em seu lugar ficou sua expressão de sempre: grandes e significativos olhos verdes fitando-a por entre pálpebras semi-cerradas acompanhados de um leve e delicado sorriso maternal.

- Então tudo bem, te esperamos lá em baixo para o café da manhã. - disse e se retirou, encostando a porta. Com isso, Clary procurou o quarto por seu criado-mudo para verificar que horas eram. Nove e meia. Clary achou que acordaria mais tarde por não ter conseguido adormecer até quatro horas da madrugada, mas seu sonho funcionou como despertador. Desativou o alarme no relógio, colocou um casaco leve por cima do pijama curto e desceu as escadas rumo à sala de estar e então à cozinha.

Ao chegar à cozinha, viu seu pai, Valentim, escorado no armário segurando uma caneca cheia de um líquido escuro - café, pensou Clary - ao lado de Jocelyn, que cozinhava o café da manhã ao fogão e Jonathan, seu irmão, sentado no banco com os cotovelos apoiados em cima da bancada. O irmão lhe lançou um olhar por cima do ombro, por entre os cabelos brancos - iguais aos do pai - e deu-lhe bom dia. Clary retribuiu e juntou-se ao irmão, à espera do café da manhã.

- Tudo bem, Clary? - seu pai lhe perguntou sem desgrudar os olhos do fogão.

- O que quer dizer? - Clary não fazia ideia do que o pai estava falando.

- Quero saber se você se machucou ou o que aconteceu. Tudo que ouvi fui um baque vindo do seu quarto e sua mãe se lançou para lá para ver se estava bem. Aconteceu algo?

- Ah, não. Tudo bem. Foi apenas um sonho. - Ela não estava exatamente à vontade de falar sobre o sonho.

- Sonho? Ou pesadelo? Pode contar o que aconteceu? - seu pai parecia genuinamente preocupado, coisa que estranhava tanto à Clary quanto à seu irmão, que olhou desconfiado para o pai.

- Ah... eu lembro de um bosque, um lago, frio e um anjo. - Ao pronunciar a palavra "anjo", Jocelyn ergueu a cabeça e encarou o marido, que retribuiu o olhar.

- Anjo? E como ele era?

- Completamente dourado e branco. O cabelo e os olhos eram dourados e o resto era totalmente branco: roupa, pele e asas. E as asas tinham um desenho curioso. - A cada palavra Valentim ficava mais tenso.

- O que quer dizer com desenho? - Ele tentava manter a voz firme e calma, como se nada estivesse acontecendo.

Clary já começava a desconfiar o porquê de tantas perguntas e se questionar se deveria estar respondendo, no entanto não viu motivos para não contar - Havia pássaros brilhando nas asas dele. - Nesse momento Jocelyn deixou a espátula cair até o chão. Valentim apenas observou e fez uma última pergunta:

- E ele disse ou fez algo? - Era como se seu pai soubesse o que ela sonhou.

- Ele disse algo, mas não me lembro bem o que. - Não era verdade, mas Clary imaginou que já havia revelado demais.

Com isso, todos voltaram à suas atividades matinais normais, Valentim estudando em seu escritório e Jocelyn auxiliando no treinamento dos filhos.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso, espero que tenha sido o suficiente. Não tenho previsão para postar, mas pretendo postar com frequência.



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