A Vampira, A Loba E A Bruxa escrita por Emily Longbottom


Capítulo 21
Capítulo 18 - Parte 2: Tristeza e Preocupação




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Vitória's Point Of View:

Sentei abruptamente, minhas mão estavam úmidas e frias, minha visão estava embaçada, foquei em Leo, ele olhava para mim.

–- O que aconteceu? - perguntei.

–- Você disse alguma coisa sobre a mãe de Gleyce. - Ele respondeu meio intrigado. Depois dessas palavras, lembrei da visão que eu tive, ela era jovem, uma moça, eu a conhecia, tinha certeza, mas não lembrava quem era, ela estava entrando na casa de Gleyce, somente a Sra. Silvermoon estava em casa.

Levantei e abri a porta da casa, saí, fui em direção à casa de Gleyce. Cercaram com uma fita amarela, a ambulância e o carro da polícia estavam estacionados em frente. Gleyce estava com o rosto enterrado no ombro de seu pai, dois homens vestidos de branco saíram de lá puxando uma maca, tinha algo sob o plástico laminado. Andei até a faixa e Gleyce percebeu minha presença, olhou para mim com o rosto manchado de lágrimas, olhei-a indagativa, ela olhou para a maca e olhou de volta para mim, olhei para a maca também e entendi: a mãe de Gleyce, minha visão!

Uma onda de tristeza e preocupação me invadiu, a mãe de Gleyce morta e Emily desaparecida. Vi a Sra. Osbourne preocupada, com lágrimas pela face rosada, talvez porque estivesse sentindo o mesmo que eu pela mesma causa. Gleyce estava desesperada, soluçando feito louca, passei por baixo da fita, o policial tentou me impedir, mas Geyce fez um sinal para que ele me deixasse passar. Ela soltou os braços que estavam em volta dos ombros de seu pai, olhou para mim, tentando conter as lágrimas, levou a mão à boca, e vacilante desabou, mas eu a segurei, e a abracei, ela estava chorando muito.

–- Calma, calma. - pedi, mesmo sabendo que não dava para pedir isso numa situação dessa. Simplesmente não dava.

***

Eu estava em casa, deitada na minha cama, encarando o teto. Leo estava lá em baixo fazendo não sei o que, e também não queria saber, o fato de eu ter perdido uma pessoa muito amiga era doloroso, eu gostaria de poder acabar com a dor, mas era impossível. Desci as escadas, deitei no carpete da sala, ao lado da lareira apagada, o frio tomou conta dali, pensei que fosse psicológico, mas não era, a chuva começou a bater na janela, as árvores balançavam ao vento forte.

–- Por que é que eu estou deitada de novo?

–- Não sei - Leo respondeu.

–- Na verdade eu estava falando sozinha. - eu disse, ele se deitou ao meu lado.

Passamos alguns segundos em silêncio.

–- Eu só não consigo acreditar, eu não consigo acreditar que a mãe da minha melhor amiga morreu, e que ela vai ficar muito sozinha e não vai sair da cama! Emily não voltou, a essa altura ela pode estar morta, afinal, Dante é um vampiro, mesmo que ele a tenha salvado, ele ainda poderia apenas se aproveitar dela, ela é muito... Muito... Muito bobinha.

–- Você precisa descansar, sabia?

–- Não, eu não preciso! Se fosse para eu passar por tudo isso, eu poderia ter continuado em Georgia! Droga! Eu preciso mesmo é achar Emily e consolar Gleyce, isso é realmente tudo o que eu preciso fazer, o.k.?

–- O.k.

Meu celular vibrou no bolso traseiro da minha calça, Gleyce me mandara uma mensagem:

"O enterro é amanhã às 8:00"

Suspirei.

–- O quê?

–- O enterro da Sra. Silvermoon é amanhã de manhã.

–- Sinto muito...

–- Eu não consigo... Eu não consigo lembrar! - eu gritei brava comigo mesma.

–- Lembrar de quê? - Leo se sentou.

–- Da garota! Da garota que a matou brutalmente! - Levei minhas mãos à cabeça. - Pensa! Pensa! Aaarh! Eu não consigo! Não dá! - Comecei a chorar, e Leo me abraçou pela cintura. Ele me levou para cima e se deitou junto comigo, e enxugou as lágrimas de meu rosto, eu o abracei. - Várias pessoas estão morrendo, eu poderia ser a próxima, ou Emily, ou Gleyce, ou você.

***

Levantei às 7:00, cutuquei Leo, para que ele acordasse. Eu me arrumei, coloquei um vestido de mangas compridas preto rodado, fiz um rabo-de-cavalo em meus cabelos e deixei apenas a franja solta.

–- Vamos? - ele perguntou.

–- Sim, eu já volto. - Saí pela porta dos fundos e fui em direção à minha roseira, minha avó as cultivava, apanhei uma rosa lilás. Minha avó achara uma vez em uma loja de jardinagem, são muito difíceis de encontrar, mas não são naturais, são geneticamente modificadas.

Entrei no carro, Leo iria dirigir, afinal, eu não estava muito boa para isso. Lembrei do dia em que eu e as meninas estávamos no cemitério, e Emily vira algo. Oh, Emily, onde você está?

Leo estacionou o carro perto do portão enferrujado que era a entrada para o cemitério. Saímos do carro e nos dirigimos ao portão, Leo o empurrou e nós entramos, a família, os parentes e amigos e vizinhos da família já estavam lá, cumprimentei Gleyce, que chorava silenciosamente, o coveiro colocava o caixão branco e dourado na cova, as pessoas foram se adiantando e colocavam as flores dentro, uma pessoa veio à minha frente e jogou uma rosa silvestre, ela murmurou alguma coisa e saiu, eu joguei a minha rosa e disse:

–- Adeus, Sra. Silvermoon. - depois veio Gleyce e jogou seu colar, era o colar que sua mãe lhe dera quando tinha dez anos e que ela sempre usara desde então. Ela não conseguiu dizer nada. Só abraçou seu pai.

***

Chegamos em casa, vi alguém se aproximando. Era Emily. Desci do carro e fui em direção à ela.

–- O que está acontecendo? Onde todos estão? - ela perguntou abobada.

–- Onde você estava? Estávamos preocupadíssimas.

–- Dante me levou para outro lugar. Mas o que está acontecendo?

–- A mãe de Gleyce foi assassinada.

–- Como é que é?

A mãe dela chegara.

–- Onde você estava? - a Sra. Osbourne perguntou, examinando Emily, que estava com um vestido estranho e com os pés descalços.

–- Eu me perdi, desmaiei, e um estranho me socorreu e me trouxe de volta para cá. - Emily respondeu rapidamente.

–- Dante - resmunguei baixinho.

A mãe dela levou-a para dentro de sua casa. E eu entrei na minha.

Gleyce's Point Of View:

Abracei meu pai, chorando silenciosamente, Vitória veio e me abraçou, nós fomos até uma árvore. Notei alguém nos seguindo, era Paloma.

–- Oi! - Ela disse.

–- Oi - Gleyce e eu dissemos em uníssono.

–- Lamento. - Ela disse, Gleyce assentiu. - Perdi minha família inteira quando eu era criança, foi difícil, mas, agora, eu não sinto falta, eu tive que os esquecer, pelo menos os sentimentos que eu tinha por eles, afinal, eu ainda lembro deles.

–- Meus pêsames. - Gleyce disse e Paloma semicerrou seus olhos.

–- Bem, como vocês são pessoas que eu conheço, eu devo avisar que semana que vem, um pouco antes das férias de Natal, eu sei, eu vou para Georgia, a mesma cidade em que você - ela apontou para Vitória - disse que seus pais moram.

–- Ah, isso é legal. - Vitória deu um leve sorriso.

–- Tchau. - ela acenou. - Até daqui a sete dias.

–- Vai hoje?

Ela assentiu.

–- Sendo assim, boa viagem.

–- E tenho certeza que será ótima. - ela sorriu e foi embora.

Foi realmente estranho, eu acho, essa conversa, ela parecia alegre até demais. Mas isso não importava. Eu passei algum tempo olhando para o túmulo, onde o coveiro estava acabando seu serviço. Meu pai me levou até o carro. Começara a chuviscar, as gotículas de água ficavam grudadas nas janelas e no para-brisa do carro. Depois de alguns minutos dentro do carro, chegamos em casa, eu não queria ficar ali, não mesmo, conversei com o meu pai, pedindo para que ele me deixasse passar uns tempos na casa de Vitória. Ele finalmente concordou. Eu, silenciosamente, fui para meu quarto e juntei meus pertences dentro de uma mala. Cheguei à porta.

–- Se você tiver notícias do Augusto, me avisa, eu perdi sua mãe, espero que ele esteja vivo.

–- Eu também. Tchau.

–- Tchau.

Atravessei a rua, e fui em direção à casa de Vitória, minhas lágrimas rolaram pelo meu rosto. Bati à porta. Vitória abriu.

–- Eu não aguento mais ficar em casa! - Mais e mais lágrimas escorreram, Vitória me deixou entrar, e me abraçou. Eu soltei meus braços, ela fechou a porta, a lareira estava acesa, sentei no sofá e fiquei olhando a janela, a chuva tinha parado, e começara a nevar, nevar bastante. Sorri ao lembrar da guerra de bola de neve que fiz com meu irmão quando eu tinha doze anos.

–- Chocolate quente?

–- Sim.

–- Eu sempre faço em dias frios.

–- Obrigada. - Eu agradeci e ela foi se juntar a Leo, perto da lareira acesa. Terminei meu chocolate e subi. Me deitei na cama e fiquei pesando, decidi faltar no dia seguinte, e no outro, e no outro. Eu poderia sair da escola. Vitória entrou no quarto e se sentou na cama.

–- Você sabe que não vai poder ficar aí para sempre.

–- Sim, eu sei.

–- Eu sei que é difícil, mas você tem que seguir em frente e não olhar para trás.

–- Não, você não sabe o quão difícil é. Você não perdeu sua mãe, ou sei pai.

–- Eu perdi minha avó!

–- É diferente! Você não perdeu sua mãe ou sei pai!

–- Minha avó era como uma mãe para mim. Quando eu morava em Moonlight Falls, minha mãe trabalhava o dia inteiro, e quando ela chegava em casa, eu tentava falar com ela, ela se estressava comigo, então eu corria para a minha avó, que fazia o papel de mãe para mim! Mas então, eu mudei para Deenwood, minha vida continuava a mesma, mas eu aprendi a me manter fria, alguns anos depois eu recebi a trágica notícia de que minha avó estava morta! Eu não entendia, ela ligava para mim todos os dias, ela estava com saúde perfeita, não havia problemas em nada, ela só tinha 56 anos! E morreu, simplesmente morreu - ela deu um grande suspiro e adicionou amargamente - E eu duvido que ela tenha morrido de saúde e idade, que foi o que os médicos alegaram. Eles estão cobrindo assassinatos, e nós não podíamos fazer nada, se não, eles iam ferrar com a gente... Espere para ver nos jornais, vão falar que sua mãe teve uma parada cardíaca e não pôde ser reanimada, ou algo assim.

–- Mas, Vitória, e as garotas que desapareceram, e dias depois apareciam enterradas na floresta?

–- Eu pensei muito nisso durante a caminhada de ontem, enquanto estávamos voltando na floresta, eles não querem que descubram que foram assassinados dentro de suas casa, eles têm medo de quê as pessoas possam ficar inseguras até mesmo dentro da própria casa. E, então, a cidadezinha pacata, que em que não há ladrões, e seres sobrenaturais, virará um verdadeiro inferno. Mas, é óbvio, que eles não saibam da nossa existência, bruxas, lobisomens, vampiros...

–- Mas, as meninas, Vitória? Eu sei que elas não foram assassinadas dentro de casa, mas e agora? O que as pessoas dirão.

–- Bem, a imprensa diz que elas são de outras cidades.

–- Mas e os pais delas?

–- Foi o que eu disse anteriormente, "nós não podíamos fazer nada, se não, eles iam ferrar com a gente."

–- Bem, isso não mudou minha ideia ainda, de ficar aqui para sempre.

Vitóra revirou os olhos.

–- Mas você vai amanhã para a escola?

–- Não. - resmunguei.

–- O.k., durma, nos vemos amanhã.

Assenti. E tentei dormir, mas fiquei acordada a noite inteira.


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