– Sim, surpreso por sermos os pais deles, humano? – Perguntou calmamente a mulher, mas isso só a fazia mais assustadora para Joe.

Apenas nesse momento de que Joe se deu conta de onde estava, ele estava em uma casa de vampiros, um humano no meio de vampiros. Rapidamente deduziu que se quisesse sair ileso da casa, precisaria ser cuidadoso com as palavras.

– S-sim, afinal, vocês são tão diferentes. – Disse Joe, esperando não estar irritando os pais de Nick.

– Bem, isso é normal, afinal, não somos seus pais biológicos. – Dessa vez quem falou foi o homem, com uma voz grave e firme.

– Hum, eles são adotados? – Joe estava realmente ficando curioso sobre a família de Nick, embora ainda estivesse com medo.

– Ah, sim, na verdade eu não diria adotados, e sim acolhidos em minha casa. – A mulher respondeu rapidamente, como se já estivesse acostumada a explicar isso. – Há muito tempo atrás, nós salvamos uma garotinha de uma cidade onde uma bomba nuclear havia explodido, a curamos e então ganhamos um novo membro na família.

– Violeta é uma vítima de uma das bombas nucleares que explodiram no Japão durante a segunda guerra mundial ?! – Joe não sabia se ficava mais surpreso pela idade real da menina ou por ela ter sobrevivido à radioatividade apenas tornando-se vampira.

– Sim, e Nick era um garoto de rua antes de nos conhecer, certo dia ele iria ser assassinado por um psicopata e eu acabei salvando-o e transformando-o em um novo membro de nossa família. – Explicou o homem, ele parecia feliz, como se tivesse muito orgulho de si mesmo por ter salvado Nick.

– Nem parece que Violeta tem essa idade. – Observou Joe. – Quer dizer, ela parece uma adolescente comum de 16 anos.

– Isso é por que os vampiros demoram pra envelhecer. – Disse Violeta, irritada com a pergunta.

– Como assim? – Agora Joe estava realmente curioso sobre os vampiros.

– Veja bem, nós vampiros vivemos muito mais tempo que os humanos. – A mulher explicava com irritação, como se Joe fosse um idiota por não saber disso. – Por exemplo, enquanto para um humano é normal viver oitenta ou, no máximo, cem anos, para um vampiro é normal viver quatrocentos ou quinhentos anos, dependendo de quando viramos vampiros.

– Então, a aula sobre vampiros já acabou, né? – Violeta estava claramente irritada por causa de todas as perguntas.

– Tudo bem, filha. – A mãe respondeu, voltando seu olhar para Nick e Joe. – Será que poderia me explicar quem e o quê esse humano está fazendo aqui?

Joe pensou que estava acabado, pensou que agora os vampiros se dariam conta de que havia um humano no meio deles, de que havia comida na frente deles. Mas antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa, Nick respondeu:

– Esse aqui é o Joe, mãe. – Disse Nick enquanto apontava para Joe. – Ele vai ser meu guarda-costas.

– Por que tu precisas de um guarda-costas? – Perguntou o pai. – Não me diga que está envolvido com os Vampyrer?

– Claro que não, pai! – Respondeu Nick imediatamente. – São apenas alguns problemas com humanos.

Joe se esforçou para não se esquecer de perguntar quem são esses Vampyrer a Nick depois.

– Então por que não contratas um guarda-costas vampiro? – Estava claro que ninguém naquela família considerava os humanos como algo além de comida.

– Por que não há necessidade! Além do mais eu não preciso pagar nada para ele! – Nick realmente estava se esforçando para não dizer para sua família o real motivo do por que ele precisa de um guarda-costas.

– Nada? – A mãe de Nick achou isso estranho. – Por que ele seria o seu guarda-costas de graça?

– Por que somos amigos, ora! - Nick falou isso tão alegremente que fez Joe se arrepender de ter tido medo de Nick, afinal apesar de ser um vampiro, Nick estava se mostrando ser um garoto bem normal e do jeito que Nick falava, parecia que Joe era seu primeiro amigo, o que provavelmente era verdade.

– Mesmo assim, por que você escolheu um garoto magricela para ser seu guarda-costas? – Violeta perguntou, provavelmente ainda não tinha acreditado nesse negócio de guarda-costas humano.

Joe não sabia por que, mas ele se sentiu muito ofendido em ser chamado de “garoto magricela”, o que era muito estranho, pois normalmente ficava irritado quando falavam sobre sua aparência, mas não com Violeta, tudo que ele sentiu foi uma tristeza e uma raiva de si mesmo pela reprovação de Violeta, e ele odiou sentir isso.

– Ele não é magricela! – Nick respondeu imediatamente, provavelmente já estava de tantas perguntas, pois em algum momento com todas essas perguntas iriam acabar descobrindo a verdade. – Vamos mudar para outro assunto!

– Tudo bem, então. – Disse o Pai, calmamente. – Que tal discutirmos o que faremos com o humano?

– Que tal guardamos o sangue dele na geladeira e bebermos depois? – Sugeriu Violeta.

– Ou nós podíamos beber tudo agora. – Disse o pai.

– Não! – Após o grito de Nick todos na sala se calaram. – Ele é meu guarda-costas, então por isso eu faço o que eu quiser com ele! E eu não quero que ele vire nosso jantar!

Joe disse a si mesmo para lembrar-se de agradecer ele por isso depois.

– Então o que faremos com ele?

– Ele pode ficar e jantar conosco! – Nick sugeriu.

– Claro que não! – Violeta ainda estava irritada com Nick. - Como se vampiros como nós fossem jantar com humanos!

– Mas... – Nick começou a falar, mas foi interrompido:

– Violeta tem razão. – Disse o pai. – Tudo bem não jantarmos ele já que você pediu, mas não irei permitir que ele jante conosco.

– Tudo bem então, pai. – Nick parecia aliviado por que não matariam Joe. – Irei leva-lo embora agora.

Nick levou Joe para fora da casa. Enquanto estavam saindo, Joe pensou na família que acabou de conhecer, parecia uma família de humanos comum, enquanto na verdade era uma família de vampiros, o que de certa forma, os faziam mais assustadores do que os vampiros dos filmes.

– Hã, obrigado por não ter deixado sua família me matar. – Disse Joe, quando chegaram ao arco de pedra. Tanta coisa havia acontecido lá dentro que o momento de que quando entrou na casa de Nick pareciam ter acontecido vários dias atrás.

– Não tem problema. – Nick parecia triste e misterioso, quando de repente abriu um sorriso largo. – Afinal eu não poderia deixar meu guarda-costas morrer, né?

Joe acabou rindo, mesmo tenso com o que ocorreu na casa, Nick conseguia faze-lo rir. Joe nunca imaginaria que Nick fosse assim quando o conheceu, ele parecia sério e misterioso, mas ele na verdade era como um garoto qualquer.

– Nick... – O sorriso no rosto de Joe desapareceu. - Por que quando te conheci você era tão sério e triste?

De repente tudo pareceu mais silencioso, a noite ficou mais fria e o rosto de Nick parecia tenso. Joe se perguntou se isso era uma das habilidades de Nick, então de repente a tensão desapareceu do rosto de Nick.

– Porquê eu não tinha ninguém. Eu não tinha amigos, ninguém para conversar. – Nick tinha uma expressão facial triste. – Até você aparecer. Você foi o único que não tinha saído correndo ao descobrir que eu sou um vampiro, na verdade, acho que você é meu primeiro amigo.

– Ei, não foi bem assim, eu estava com medo e eu tentei correr.

– É verdade, mas você é um imbecil e acabou tropeçando em um graveto. Sabe, se eu fosse um vampiro de verdade você estaria morto agora.

Os dois amigos acabaram rindo, até que Joe percebeu uma coisa.

– Ei, Nick. – O sorriso no rosto de Joe desapareceu e ele ficou tenso.

– Quê? – Nick perguntou curioso sobre o motivo da tensão de Joe.

– Se você já está de volta ao normal. – Começou Joe. – Por que o ainda está frio assim?

Só então foi que Nick percebeu, mas já era tarde demais. Quatro vampiros estavam olhando para eles, com um pouco de distância, ambos com as presas aparecendo na boca e carecas, com uma tatuagem de presas de vampiro e um numero logo abaixo.

– Vampyrer! – Disse Nick, no mesmo instante em que os vampiros avançaram.