Thomas me ofereceu carona para a escola. Eu havia acordado bem mais disposta. A conversa com meu primo fez muito bem para mim, e Alicia passou um pouco mais tarde em casa e me disse a mesma coisa. Então eu faria assim a partir de agora, trataria Sean como um igual. É isso aí. Eu gostava muito dele, mas não estava a fim de passar o resto da minha vida sofrendo por nossas burradas. Sim, burradas minhas e dele. E depois dizem que as mulheres quem são complicadas. Acho que dizem isso porque nunca conheceram Sean.

É como dizem “Quem não te conhece que te compra”.

Aceitei a carona e fui para a escola mais satisfeita. Ao descer da moto uma das primeiras pessoas que encontrei foi Lina. Dei um sorriso gentil ao qual ela devolveu, e com acenos ambas continuamos nossos caminhos. Eu e Thomas estávamos indo para a cafeteria. Havíamos combinado que hoje Amelia se sentaria com a gente, e nós tentaríamos ser legais com ela.

Há meses atrás, eu nunca poderia imaginar Amelia se sentando em nossa mesa. Tentei compreende-la. Antes eu não a odiava, então por que agora era assim? Não, eu não a odiava. Meu santo só não batia com o dela por nunca termos tentado uma aproximação educada.

Entrei sozinha na cafeteria, por Thomas ter ido encontrar Amelia antes de eles irem juntos para lá, e encontrei nossa mesa conversando animadamente. Contando que lá estavam Erick, Alicia e Lucas apenas. Me sentei ao lado de Lucas, de forma que fiquei de frente para Ali, e na diagonal com Erick. Eles não pararam a conversa quando me viram.

_ E então, o que está acontecendo? – perguntei abrindo o sanduíche de Lucas – O que foi? – ele encarava a mim, e depois o sanduíche, alternando com uma cara de quem diz “Isso aí é meu” – Tô com preguiça. – concluí dando uma bela mordida.

Ele apenas balançou a cabeça com um sorrisinho sarcástico no rosto.

_ E então, o que é? – insisti.

_ Nada demais, estávamos falando de como as garotas que passam querem seduzir Lucas. – Alicia disse rindo.

_ Sabe Claire, é de conhecimento geral que quando uma garota te olha e mexe com o cabelo ou a franja, ainda olhando em sua direção, é porque ela está afim de você. – Erick acrescentou um riso no final antes de beber seu refrigerante.

_ No nosso caso, que querem seu corpo nu. – Alicia corrigiu rindo ainda mais.

_ Isso não é engraçado. – Lucas olhou feio para eles.

_ Na perspectiva de quem assiste ou seja, apenas vê, é Lucas, é sim. – Erick continuou rindo abafado por morder seu sanduíche.

Ri com eles.

_ Fiquei sabendo de uma garota Lucas... – comecei.

Ele me encarou alarmado. Seus olhos cor de mel me chamaram a atenção por um minuto. Tinha uma cor muito bonita.

_ Bom, eu os vi trocando olhares. – arrisquei. Era uma mentira, mas pelo menos o faria abrir o jogo.

Lucas olhou para baixo e começou a abrir sua garrafinha de suco.

_ São apenas olhares. – ele disse sem importância.

_ Já tive o coração partido vezes o suficiente para saber quando alguém está se apaixonando, e você está. – insisti.

_ Depois a gente conversa sobre isso. – ele insistiu.

_ Por quê? – Erick o encarou indignado – Eu quero saber, eu tenho direitos!

_ Não depois do “Na perspectiva de quem assiste, é Lucas, é sim”. – ele imitou com uma voz falsa.

Ri da cara de Erick.

_ Isso não é justo. – Alicia também reclamou.

_ Na minha perspectiva é. – ele retrucou.

Alicia e Erick se encararam derrotados.

_ Droga. – Erick murmurou.

E então cada um voltou sua atenção para o seu lanche, e começou a devorar o delicioso sanduíche de peru.