She'd Fly escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 23
Capítulo 22 — Silêncio oportuno.


Notas iniciais do capítulo

Mas, Meggs, por que você tá postando esse capítulo? Eu sei que um monte de vocês vão perguntar isso a si mesmas quando estiver lendo, no entanto, no próximo capítulo, vocês vão realmente ver a importância. E, sobre o próximo capítulo: não estou preparada!!! Mas ainda tem o epílogo que vão fazer vocês me amarem de novo! HAUSAHUSAHU, ou não. Enfim, vou parar de falar antes que eu entregue o jogo todo.
E eu sei, não respondi aos reviews lindos de vocês porque essa semana foi corrida e horrível e não me restou tempo algum. Sinto muitooo, mas vou respondê-los, sim? Pls. Beijoss
Comentem, sim?



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Setembro de 2007.

Bella.

Ao meu lado, Alice exultou quando Edward pegou a bola mais uma vez, arrancando-a das mãos de um jogador alto e forte. Três vezes a largura dele. Mas ele pegara mesmo assim. Eu não precisava me levantar, já estava o fazendo há muito tempo, sorrindo e dizendo eventuais “É isso aí, Edward!” quando meu namorado astuto pegava a bola e conseguia correr até a área do time adversário. De vez em quando, ele se virava para a multidão e erguia os dois braços, as mãos fechadas em punhos.

E, apesar de ter centenas de pessoas na plateia, eu sabia que ele estava comemorando comigo.

Eu estava mais que animada com esse jogo, era uma forma simples e fácil de distrair Edward da raiva que ele ainda sentia por seu pai ter voltado para casa.

— Olha o Jasper! Olha o Jasper! — Alice apontou, sorrindo largamente e se derretendo de amores por seu namorado.

Ela e Jasper começaram a namorar no começo daquele ano, antes de voltarmos à escola. Ele tinha dois anos a mais que ela e era completamente apaixonado por sua baixinha — como ele a chamava. Era adorável quando ela retrucava que, tendo a altura dele, todo mundo parecia do tamanho de uma formiga. Eles pareciam feitos para ficarem juntos independentemente do que acontecesse e ambos sabiam disso.

Jasper era Francês, seus pais queriam que ele cursasse o Ensino Superior lá. No entanto, ele esperaria Alice terminar a escola para poderem ir, juntos, à Paris. Minha amiga me disse que iria até a China se ele pedisse. Achei-a inconsequente por aceitar ir a outro país com seu namorado. Quero dizer, eles estavam namorando há seis meses, e, Alice já estava disposta a se mudar! Percebi segundos depois que eu era hipócrita.

Das piores.

Se Edward me pedisse, eu iria para onde ele quisesse. Com ele.

Eu estava rouca e com a garganta arranhando já na metade do jogo, quando houve a pausa e o tempo em que o treinador falava com o seu time. Os Tigers não tinham o que se preocupar. Embora estivessem jogando fora de casa, a partida já estava ganha! A tática de jogo deles era melhor do que a do time adversário. Tudo ficaria perfeitamente e eu tinha certeza de que Edward se tornaria capitão do time.

Eu não o estava superestimando. Mas, pelo amor de Deus, até um cego via que o meu namorado jogava bem para caramba! E eu me orgulhava e me orgulharia daquilo até a morte.

— Alice, eu acho que vou comprar um refrigerante. Você vem?

— Estou mandando uma mensagem para Esme. — Suspirou ela e revirou os olhos com impaciência. — Ela queria estar assistindo ao jogo dele, mas Carlisle inventou um jantar de última hora.

— Ah. — Murmurei vaziamente. — Ela deveria ter vindo… o Edward ficaria feliz com isso.

— Eu sei. — Alice ergueu os olhos para mim, deixando o seu celular temporariamente de lado. — Mas o Carlisle está em casa, ao contrário de Edward.

Eu sabia o que ela queria dizer: Melhor um pássaro na mão do que dois voando. Mas às vezes eu chegava a me perguntar o porquê de Esme sempre fazer tudo por Carlisle, o jantar poderia acontecer em outra noite. O jogo de Edward só aconteceria durante as sextas de seu Ensino Médio… Não iria voltar a se repetir. Talvez, se ela tivesse vindo assistir ao jogo, as coisas tivessem melhorado e Edward voltasse para casa.

Dormir agarrada ao peito dele era ótimo e de vez em quando eu me pegava desejando que ele nunca mais voltasse para sua casa, mas sua mãe precisava dele. E eu sabia que ele sentia falta dos bacons que ela fazia no café da manhã por eles não serem torrados como os que eu preparava. Havia forma melhor de fritar bacon? Eu não achava… deixá-los queimados só melhorava o gosto incrível que aquilo tinha.

O colégio onde o time estava jogando era enorme, por isso existia vários banheiros em toda a sua extensão. O mais próximo de mim era o que estava mais vazio, e eu só iria me ver no espelho. Só para ter certeza que o meu cabelo não estava descontrolado e que meu rosto não estava corado demais. Todas as minhas esperanças se mostraram falhas. Meu cabelo estava jogado de um lado anormal e estava armado devido à chuva fina que caía sobre Port Angeles.

Não achei estranho quando alguém fechou a porta do banheiro, eu sabia como algumas meninas se sentiam ao não querer ser vistas retocando a maquiagem desnecessária. Eu estava prestes a sair quando me deparei com um garoto alto que fazia parte da minha turma de História Avançada. Franzi meu cenho e parei, pensando se deveria o informar que esse era o banheiro das meninas.

— Oi, Jeff. Este é o banheiro das meninas.

— Eu sei. — Ele respondeu e algo em seu olhar me fez dar um passo discreto para trás. — Estava procurando você.

— Eu? — Indaguei, tentando conseguir tempo. Tudo que eu tinha para me defender eram rolos de papel higiênico. — O que aconteceu?

— Bella — Ele se aproximou com um sorriso, dando passos até conseguir me encurralar em uma parede gelada. — Estou querendo me divertir. Com você, sabe como é.

Engoli em seco.

Antes eu o achava um cara quase legal. O defeito dele só era ser amigo próximo de John Williams, mas aquele detalhe nunca me impediu de falar com ele de vez em quando e o cumprimentar por pura educação e nada mais. Ele nunca me olhara maliciosamente ou algo do tipo, seu olhar era sempre cortês e discreto, mesmo quando Edward não estava perto de mim. E isso era uma dádiva naquela escola infernal onde os garotos sempre lhe olhavam como se fosse uma coisa de comer.

Senti-me terrivelmente assustada com a proximidade dele, implorando para que alguém irrompesse pela porta e interrompesse o avanço atrevido dele. Jeff tinha praticamente o dobro de minha altura e um porte forte que sem dúvida alguma faria os meus protestos parecerem nada diante a sua força.

— Eu sei que você quer se divertir também, Bella. — Ele ergueu uma mão e a colocou em meu rosto.

Não me toque. — Eu ordenei, meus dentes se comprimindo de raiva.

Afastei grosseiramente sua mão de mim, mas logo quando eu ia a segurar para tentar torcê-la como Edward um dia me ensinara, Jeff segurou os meus braços com as duas mãos dolorosamente apertadas e me imobilizou, tirando qualquer esperança que eu tivesse de conseguir arranhá-lo ou qualquer outra coisa.

— Socorro! — Eu gritei, forçando a minha garganta que já estava deveras machucada. — Socorro!

— A porta está fechada e ninguém vai escutar você. — Ele disse, sorrindo com orgulho de sua esperteza.

Eu virei o meu rosto para o outro lado quando ele tentou me beijar. Eu podia sentir contra o meu rosto o seu hálito alcoólico e estava decidida a resistir ao seu atrevimento. Gritaria até destruir as minhas cordas vocais se fosse preciso, mas não o deixaria fazer coisas que eu não queria fazer a força.

— Não seja assim, neném. — Sussurrou ele. — Você sabe que o Edward não é completamente fiel a você.

Tentei soltar os meus braços de suas mãos que me machucavam, só conseguindo que ele me apertasse ainda mais. Eu estava de casaco, no entanto tinha plena certeza que meus braços estariam roxos no dia seguinte. Sem minha permissão, lágrimas quentes e gordas deslizaram por meu rosto. Estava em pânico e fiquei mais ainda quando, com uma mão, ele afastou o meu casaco e puxou violentamente a minha blusa de botões, fazendo-os cair no chão.

— Isso — Ele sinalizou apertando um pedaço de pele de minha cintura. — é somente culpa sua. Ninguém mandou vestir uma calça apertada desse jeito.

Estremeci de nojo e gritei contra os seus braços quando, com um joelho, ele separou as minhas pernas. Eu sentia o meu estômago revirar de um lado para o outro, enojado com a ideia de que ele estava me tocando daquele jeito sem a minha maldita permissão. Eu só queria que uma pessoa me tocasse tão intimamente.

— O Edward vai saber disso. — Ameacei. — E ele vai acabar com você.

Ele sorriu com o desafio, concentrado em olhar para o meu sutiã.

— Jeff, por favor. Por favor, me solte. Eu não quero. — Agora eu estava implorando, deixando de lado toda a arrogância que tinha tentado assumir. — Se me soltar agora, prometo que não vou falar isso para ninguém. Para ninguém mesmo.

Ele passou a mão por minha cintura desnuda e apertou novamente minha pele que já estava doída. Reprimi um gemido de dor, apertando os meus lábios para que ele não soltasse nenhum tipo de som.

— Eu não acredito em você, neném. — Sussurrou ele em meu ouvido, mordendo o lóbulo de minha orelha com força logo em seguida. — Vamos, faça alguma coisa. Toque-me.

Eu sacudi o rosto, negando.

— Você deve ser um saco na cama. — Murmurou ele maldosamente.

— Me solte! — Eu gritei, debatendo-me em seus braços.

Sua risada ecoou no banheiro vazio como um som maligno e que parecia ter a capacidade de estar presente no pesadelo de todas as pessoas. Ele pressionou ainda mais o seu corpo contra o meu e a minha clara rejeição e desespero parecia o excitar cada vez mais. Eu não sabia o porquê estar passando por isso, eu não sabia sequer porque tinha de ser eu a sofrer aquilo.

Foi quando ele desabotoou a calça com uma mão que eu percebi que ninguém entraria no banheiro ou Edward perceberia que eu não estava mais na plateia. Eu tinha de me livrar desse problema sozinha. A percepção foi mais aterrorizante do que as mãos dele que procuravam o botão de minha calça jeans, passeando as mãos livre e ousadamente por meu tronco até chegar à base frontal de minha cintura.

Eu não acreditava que Jeff fosse mesmo prosseguir com aquilo. Não acreditava que ele fosse mesmo capaz de me forçar a fazer uma coisa que eu não queria, mas ele estava resignado e bêbado. Uma combinação nada legal.

Meu coração batia em meus ouvidos quando, reunindo toda a força que eu tinha dentro de mim, decidi que não deixaria que aquilo acontecesse. Minha virgindade não seria tirada por um garoto bêbado que eu sequer conhecia, não seria tirada a força. A única pessoa a qual eu me entregaria era Edward.

Mesmo tremendo de medo, aproveitei a sua distração com a minha calça e soltei meus dois braços de uma vez de seu aperto, os usando para empurrá-lo o bastante só para que o meu joelho conseguisse ganhar velocidade e bater contra a sua virilha. Ele soltou um urro de dor e se abaixou, o rosto se tornando uma explosão de vermelho.

Tomada pela ira de ele ter ousado me tocar sem a minha permissão, avancei e bati a ponta de meu cotovelo em suas costas, pouco me importando se ele podia ficar paraplégico ou sei lá mais o quê. Infelizmente, não foi o que aconteceu. Ele se curvou mais, o cabelo longo para um garoto caindo por seu rosto que demonstrava toda a dor que ele sentia. Bati meu joelho em seu queixo e quando ele caiu para trás, no chão sujo do banheiro, avancei e me abaixei perto onde ele estava.

— Não acredito que você apanhou para uma garota. — Murmurei, sorrindo amargamente.

Peguei um punhado de seu cabelo em minha mão e o levantei sem piedade alguma até que ele estivesse de joelhos.

— Você é a pessoa mais abominável que eu conheço. — Eu disse a ele com os dentes trincados de raiva.

— Bella…

— Calado! — Gritei, descontrolada, fincando meus dedos em seu couro cabeludo. — A culpa não é minha, escutou? Responda-me! — O ergui ainda mais o seu rosto pelos cabelos. — Não é culpa minha se você quer dar uma de engraçadinho e me forçar a fazer alguma coisa com você! E minha roupa não tem nada a ver com isso.

Ele assentiu freneticamente, tentando se soltar do meu aperto. Eu o deixei sair, tirando minha mão de seu cabelo só para fechá-la em punho e bater com toda força contra a sua maçã do rosto, jogando-o para o outro lado.

— Quando perguntarem quem fez isso, diga que foi uma garota, seu merda.

Senti-me mil vezes mais aliviada quando senti o clima frio de Seattle bater com toda a sua serenidade em mim, acalmando-me do provável choque que eu começaria a sentir. Impedi-me de me desesperar ou ter uma crise de choro. Estava tudo bem, eu disse mentalmente, já passei por coisas piores. Não aconteceu nada. Eu estou bem.

Apesar de repetir aquele mantra em minha mente, não consegui ter coragem de ir pegar uma água ou qualquer coisa que fizesse minha garganta parar de arranhar. Eu estava com medo que Jeff se levantasse e decidisse que ainda queria me arrastar para o banheiro, tinha medo que ele chamasse os amigos idiotas dele e eles também quisessem me forçar a… A ideia foi demais para mim e para os meus canais lacrimais.

Eu queria ter algum lugar para me sentar, mas eu não me daria o luxo de ir procurar — o medo esmagador não deixava que eu o fizesse. Tudo que eu mais queria era voltar para casa e trancar a porta de meu quarto depois de checar se não tinha ninguém escondido atrás das cortinas ou debaixo de minha cama.

Respirei fundo, ajeitei como pude minha blusa e me encolhi debaixo de meu casaco bege e largo, perfeito para o clima frio de Seattle. Esperei que meus olhos não estivessem brilhando de lágrimas para que Alice e Edward não notassem. Eu não iria contar a ele o que acontecera, a minha vergonha não me deixaria fazer isso. Guardaria para mim como guardei tantas outras coisas… Não seria problema nenhum.

Encolhi-me ao passar pela multidão e chegar até Alice na arquibancada. Ela estava em pé, sorrindo largamente. Eu queria voltar à animação de antes, mas tudo parecia tão sem graça… Não conseguia enxergar motivo algum para comemorar, além de Edward que jogava magnificamente bem. Tudo que eu queria era me diminuir em minha cama e puxar o lençol para cima de meu rosto.

Sentei-me sem nada falar na arquibancada e apertei as pontas de meu casaco, sentindo um frio anormal. Era provável que daqui a pouco eu começasse a tremer… mas, não, não podia. Não me permitiria. Comprimi os dentes e pisquei meus olhos para deter as lágrimas que estavam prontas para desabar até secar… Eu não sabia o que estava me acontecendo, talvez fosse o medo e a desesperança que senti dentro daquele banheiro.

Eu não conseguia entender minha reação.

— Bella! — Alice exclamou, virando-se com um sorriso no rosto corado. — Nem percebi que você tinha voltado. Onde estão os refrigerantes? Pensei que você tivesse ido comprá-los.

Eu engoli em seco e usei a desculpa de estar olhando para as minhas unhas para olhar para baixo.

— A fila estava muito cheia.

— Ah sim! Venha ver o Edward jogando, ele está demais! — Ela me chamou e apostava que seu rosto ainda estava esticado em um sorriso.

— Desculpe, Alice, acho que estou com dor de cabeça.

— Está realmente fazendo um barulho infernal mesmo. — Refletiu e passou carinhosamente a mão pelo lado de meu cabelo. — Mas já está acabando. Só faltam cinco minutos para esse tempo acabar. E é o último. — Ela falou como se estivesse me consolando e aquele tom fez lágrimas botarem em meus olhos.

Eu assenti. Sorrindo, ela se virou mais uma vez e eu aproveitei para limpar o meu rosto com as duas mãos, garantindo que ele estivesse seco.

Eu estava olhando silenciosamente Edward abrir o caminho para o corredor segurando a bola quando um jogador do time oposto saído de algum lugar notar avançou em sua direção. Ele não sequer tentou tomar a bola como deveria fazer, foi logo jogando o cotovelo no rosto de Edward que, em um modo de tentar escapar da agressão, desviou o rosto para a pior parte da pancada. O cotovelo do jogador bateu diretamente na parte lateral esquerda do capacete dele e eu me surpreendi ao vê-la afundar com o impacto.

A plateia fez um “oh!” horrorizado e eu me levantei, os olhos arregalados.

Eu o observei cambalear, confuso e erguer uma mão para tocar algo vermelho que escorria em seu rosto, deslizando por seu pescoço. Sangue. Aproveitando isso, o jogador do time adversário pegou a bola e saiu correndo para um lugar que eu não fiz questão de acompanhar. Ele não correu por muito tempo, o juiz do jogo foi até onde Edward estava, perguntou alguma coisa e chamou uma maca.

É claro que Edward nunca iria sair do jogo usando uma maca, era orgulhoso demais para isso. Recusou a maca, mas saiu andando até a enfermaria.

— Não estou conseguindo escutar com esse ouvido. — Escutei Edward murmurar para a enfermeira desgostosamente quando eu irrompi pela porta da enfermaria para jogadores, seguida por Alice.

— Edward! — A irmã exclamou, preocupada.

Eu me aproximei silenciosamente dele, passando uma mão pelo lado direito de seu rosto.

— Eu estou bem. — Ele disse. — Aquele babaca estava desesperado para ganhar o jogo que já estava perdido para eles.

Forcei-me a soltar um sorriso complacente.

— Babaca. — Concordei.

— O que aconteceu? — Ele indagou, franzindo as sobrancelhas e me olhando.

— Estou com dor de cabeça. Só. — Sussurrei. — Nada demais.

— Mas que mentira deslavada. — Ele cochichou.

Edward me olhou por debaixo dos cílios longos e eu desviei o olhar.

— Quando nós chegarmos a sua casa — Ele começou, passando o dedo indicador por meu rosto, contornando-o. Eu me encolhi instintivamente, lembrando-me das mãos grosseiras de Jeff passando por meu rosto e o meu colo… — Você vai me dizer? — Mas sua pergunta já tinha perdido o tom jocoso e agora ele franzia o cenho, indagando silenciosamente o porquê de eu ter me encolhido.

Eu assenti só para distraí-lo.

Uma haste do capacete de proteção tinha perfurado uma parte da orelha de Edward, nada que comprometesse a sua audição por muito tempo. Ele estava escutando com o ouvido esquerdo, sim, apenas estava diferente por causa da dor. O médico o qual o atendeu passou um analgésico e disse que desse um tempo nos treinos por uma semana, só para não comprometer de vez a sua audição. Esme e Carlisle chegaram depois que saímos da sala do Doutor Hewnit.

— Vou ficar com a Bella. — Edward disse firmemente, colocando um braço em minha cintura e me puxando para o seu lado com delicadeza.

Encolhi-me mais uma vez, dessa vez de dor. Boa parte de minha cintura estava dolorida assim como minhas costelas e braços.

— Filho, por favor…

— Mãe, eu já falei que vou ficar na casa de Bella. Eu estou cansado… podemos conversar amanhã? Prometo que passo por lá para almoçar.

Falei poucas coisas com minha mãe quando cheguei a minha casa, jantei sob o olhar atento de Edward em minha direção e mamãe que não parava de falar o quanto achava esses jogos violentos. Não falei nada e subi para o meu quarto assim que terminei de comer o primeiro e último pedaço de pizza, deixando Edward conversar com minha mãe. Usei a desculpa de que estava com dor de cabeça e sono para que não desconfiassem o meu silêncio.

Não funcionou com Edward, mas não me importei, apenas acendi a luz do meu quarto e a deixei acesa quando me deitei na cama e me cobri o máximo que podia. Fechei meus olhos e depois os abri, sentindo-me aterrorizada com as imagens que apareciam na escuridão que as pálpebras causavam.

Eu não acreditava que estava com medo! Eu estava em minha casa, Jeff estava longe de mim e provavelmente nunca se atreveria a sequer desviar os olhos em minha direção. Tudo certo. As marcas arroxeadas em minha cintura e braços desapareceriam em poucos dias e tudo não passaria de memórias que eu guardaria no fundo de minha mente.

Não. Elas estavam sempre boiando das profundezas. Eu não conseguia empurrá-las para baixo e estava começando a entrar em pânico por causa disso.

— Bella? — Edward me chamou, do lado de fora de minha porta. — Você pode abrir a porta para mim, por favor?

Eu queria dizer que, não, não podia abrir a porta porque não queria que ele compartilhasse de minha tristeza, mas eu já tinha coisas demais para explicar a ele e minha rejeição atípica faria as suas perguntas ficarem mais incisivas. Eu conhecia Edward. Era exatamente o tipo de coisa que ele faria com uma expressão carinhosa em seu rosto bonito.

Rosto extremamente diferente do de Jeff. Não é para Jeff que eu estou abrindo a porta, não é, não é. Eu repeti aquilo ao andar cuidadosamente, esperando que, de repente, alguém chutasse a minha porta. E esse alguém fosse Jeff e ele tivesse trazido os seus amigos ridículos.

Respirei fundo.

— Eu pensei que você fosse dormir no meu quarto hoje. — Edward disse assim que abri a porta para ele.

Estava bonito com o cabelo molhado e roupas de dormir largas e quentes.

— Não estou me sentindo muito bem, sinto muito.

— Não posso ficar com você?

Edward percebeu a minha hesitação ao deixá-lo passar por minha porta.

— Eu fiz alguma coisa? É isso? — Ele disparou a perguntar.

— Não, Edward, você não fez nada.

Então me pus a chorar sem nem mesmo perceber, as lágrimas deslizando rapidamente por meu rosto antes que eu pudesse pensar em escondê-las do olhar inquisitivo de Edward. Ele ficou sem saber o que fazer por um momento, estatelado, me olhando, mas então, antes que eu pudesse pensar em me virar de costas e me esconder no closet, seus braços carinhosos e diferentes dos de Jeff — diferente dos de Jeff, reforcei — me trouxeram para perto de seu peito. Abraçando-me com força.

— Shhh, Bella, shhh. — Ele passou uma mão por minhas costas, por cima do novo casaco que eu vestia.

Edward me puxou para a cama e eu fechei os meus olhos com força, tentando me lembrar de que aquele que me colocava e apertava em seus braços ao meu redor era Edward. O Edward que eu conheço desde sempre e que eu namoro por anos. O Edward que eu amo e que é incapaz de fazer qualquer coisa que me fizesse mal.

Eu sabia disso. Não sabia. Não sabia o porquê de estar chorando.

— O Jeff — Solucei, eu não conseguia guardar aquilo por muito mais tempo. — Banheiro — Outro soluço irrompeu por minha garganta. — Ele trancou a porta.

Ele apertou fortemente o pano de meu casaco.

— Ele queria me forçar… — Eu parei e engoli outro soluço, encostando o meu rosto no peito de Edward que estava incrivelmente cheiroso. — Estava bêbado.

— Vou acabar com a raça dele.

Eu sacudi meu rosto de um lado para o outro.

— Ele machucou você? — Sua voz estava forçadamente calma, no entanto eu ainda podia perceber um tom de fúria dentro dela.

— Não desse jeito. — Respondi.

— De que jeito, então?

— Não importa. — Tratei de dizer, meu corpo todo tremendo em soluços reprimidos. — Eu estou bem, eu estou bem.

Edward suspirou pesadamente e não insistiu no assunto, apenas se deitou comigo na cama e passou boa parte da noite e início da madrugada enterrando o nariz em meu cabelo e beijando levemente o meu cabelo com um carinho que era tudo que eu precisava para ficar bem. De vez em quando, como se soubesse que minha cintura estava dolorida, ele infiltrava despretensiosamente a mão em minha blusa e acariciava o meu quadril com os dedos leves e quentes. Às vezes ele se limitava a um beijo na testa ou nos lábios quando eu tinha sorte.

— Obrigada por isso. — Sussurrei quando as lágrimas pararam de cair. — Eu amo você.

Eu acordei-me completamente bem no outro dia, resolvida a deixar aquele assunto para o lado uma vez que tudo ficaria bem e Jeff nunca mais olharia na minha cara. Eram onze horas do dia e eu estava surpresa com o quanto havia dormido. Porém me sentia tão bem que não me importei muito para aquele detalhe e peguei minhas coisas para passar uma hora inteira dentro da banheira.

Queria chamar Edward para me acompanhar, mas não queria parecer atrevida. E, além do mais, quando eu espiei do alto da janela, só minha mãe estava na cozinha.

Ele voltou de duas horas e eu estava no meu quarto, sentindo o torpor pós-almoço se arrastar lentamente para mim, abraçando-me e fazendo minhas pálpebras pesarem. Eu não estava com sono, era apenas preguiça. Edward espiou por minha porta e quando a percebeu aberta, sorriu travessamente para mim e o adentrou, mostrando o que trazia na mão.

Chocolates. Os meus preferidos. Da minha loja preferida.

— Você realmente não precisava me mimar, sabe. — Eu disse, sorrindo.

Ele se sentou ao meu lado na cama e passou uma mão por meu rosto.

— Tenho certeza que Alice ficará feliz em receber esse presente, já que você não quer…

— Não! — Exclamei. — Eu quero. É claro quero.

Edward sorriu mais largamente, deixando a caixa de lado ao me beijar breve demais em meus lábios. Quando ele se afastou, percebi o ponto alto de seus punhos. Todos os dois estavam machucados e eu claramente me lembrava de que no dia anterior eles estavam intactos. Nem sequer avermelhados estavam. Preferi não divagar por muito tempo, logo voltei meus olhos para os dele e sorri.

Edward não era daqueles garotos que deixavam barato. E eu apreciava.

Apreciava demais.


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Notas finais do capítulo

O Edward é muito amor, né? Eu estou em um relacionamento sério com esse bebê!! Por favor, pessoas, comentem porque EU PRECISO, NECESSITO E ETC ler o que vocês tem a dizer! Beijos e obrigada!