She'd Fly escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 17
Capítulo 16 — Não magoar.


Notas iniciais do capítulo

Genteeee, eu estou correndo aqui pra postar porque só tenho 7 minutos antes de realmente precisar sair. Vou fazer o máximo que puder pra responder todos os reviews na quinta-feira, mas eu COM CERTEZA vou responder uma parte, sim? E depois, lentamente, respondo os outros. Me desculpem mesmo por tamanha negligência, mas eu estou sem tempo! Me desculpem, me desculpem mesmo! Mas prometo que os respondo o mais rápido possível!
E, sim, eu os li e amei todos! Esse apoio é muito importante pra mim! Obrigada, pessoas lindas!
Ps: Percebam que há várias passagens de tempo
Ps: Faltam menos de 10 capítulos pra SDF acabar, mas eu estou vendo a possibilidade de escrever mais flashbacks sobre cenas que faltaram. Quais vocês querem? Me diga, pls!
Obrigadaaaa, pessoas! Vocês são os melhores leitores do mundo!



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Outubro de 2008.

Bella.

— Não vá. — Eu sussurrei para Edward, agarrando seu cabelo macio entre meus dedos e puxando seu rosto para cima o suficiente para que eu pudesse o beijar.

Carlisle e Esme haviam viajado por uma semana e Alice aproveitara a oportunidade para ficar na casa de Jasper, então tínhamos a casa dos pais de Edward toda para nós — o que não era raro, apenas aproveitado com satisfação e sabedoria. Felizmente, ainda estávamos no começo da semana e em férias que nunca acabariam porque tínhamos terminado o último ano. A partir dali, era Universidade — para mim — e a Academia de Policiais — para Edward que parecia resignado.

Eu não o convenceria a ir à ADPS — Academia de Policiais de Seattle — nem tentando por anos. Ele estava impassível e eu tentava com todas as minhas forças não ficar magoada por sua resistência.

— Fique aqui comigo, eu vou sentir a sua falta. — Falei baixinho.

Os olhos dele estavam anuviados e fixados em meus lábios e eu duvidava que Edward estivesse escutando algo que eu falava. Tentei não bufar com a frustração que eu sentia quando ele não falou nada, apenas puxou-me para os seus braços restritos mais uma vez.

Edward. — Eu o chamei, determinada, empurrando seu peito gloriosamente desnudo para longe de mim somente o suficiente para que eu pudesse olhar para o seu rosto.

Ele franziu o cenho ao levantar os olhos para os meus, parando de fitar os meus lábios e os meus seios que estavam cobertos pelo sutiã que eu recolocara fazia pouco tempo.

— Não me peça coisas impossíveis, Bella. — Ele pediu, levantando-se brevemente apenas para pegar o edredom branco e colocar por cima de nós dois. — Você sabe muito bem que eu amo você — Sua mão se moveu até estar na base de minha cintura, puxando-me para o calor de seu corpo.

Eu não me afastei, Seattle estava mais fria que nunca e o peito quente de Edward era um bom lugar para permanecer durante horas em um dia em que as nuvens eram pesadas e o sol quase parecia não existir.

— Não estou lhe pedindo coisas impossíveis. — Retruquei ao erguer meus olhos para os seus. — Estou pedindo apenas que vá para ADPS. São Francisco é tão longe e eu…

— Você sabe o porquê de eu estar indo…

— Você já deveria ter superado isso! — Exclamei raivosamente. — Às vezes eu acho que você só usa Carlisle de desculpa para mudar de estado e, finalmente, dar um fim ao nosso namoro de uma forma mais… leve. Seria mais fácil se você apenas dissesse que quer acabar e pronto. Muito mais fácil e honesto.

— Não fale besteiras, Bella. — Seu tom de voz era monótono como se ele estivesse cansado de repetir as mesmas palavras tantas vezes.

E, de fato, eu estava cansada de escutar as mesmas desculpas que não me convenciam completamente. Edward queria ir para a Califórnia para se livrar de seu pai que havia voltado para casa há um ano e meio atrás, ele dizia que não suportava mais a presença dele na mesma casa. Não o suportava. Eu o entendia, claro que sim. Mas não suportar o próprio pai não era motivo o suficiente para mim.

Não era para ninguém.

— É por isso que você quer ir embora? — Perguntei, levantando-me — Porque eu falo besteiras? — Saltei da cama e andei até o guarda-roupa dele.

Edward também se levantou, sentando-se enquanto me olhava atordoadamente. Eram três horas da manhã e nós tínhamos acabado de tomar banho após termos feito amor, era compreensível que ele estivesse com sono. Eu também estava. Eu apenas não conseguia ir dormir mais uma vez sabendo que cada dia que se passava estava mais perto de ele ir para Califórnia e eu não poder fazer nada sobre isso.

O caso era: Eu tinha me acostumado com a ideia de que Edward ficaria aqui para sempre. Ele iria para a ADPS, nos casaríamos após eu ter terminado a universidade de medicina e moraríamos em alguma casa que tinha perto da minha mãe. Então, três meses atrás, ele falou, após uma briga com Carlisle, que não conseguia mais morar naquela casa. A saída perfeita para ele era ir para a Califórnia — é claro que sim, as meninas de lá eram lindas.

Três meses atrás. Certo. Eu não me importei tanto no momento porque jurava que podia fazer minha mãe ir para Califórnia com a desculpa de que eu tinha sido aceita na Universidade de Medicina de lá — e tinha mesmo. O problema foi que Renée se recusou a sair da casa onde tinha vivido com Charlie. Eu poderia ir, mas ela não iria nem morta essas foram as palavras dela. No entanto, era óbvio que eu não Iria para lugar nenhum sem ela.

— Você atira pedras em mim por eu estar indo para a Califórnia e deixar você aqui, mas você mesma não deixa a sua mãe! — Edward dissera para mim quando eu pedi que ele ficasse, poucos meses antes.

— Talvez, Edward — Minha voz e meus olhos ardiam em raiva. — porque eu só tenho uma mãe e você tem duas opções de Academia.

E depois eu não consegui ficar olhando para a cara dele sem sentir o fervor da raiva, por isso fui embora da escola sem esperá-lo. Edward estava em minha casa assim que saiu do treino e disse que sentia muito por ser insensível e não se dar conta daquilo, mas não iria desistir. Ele disse que eu tinha de entender a situação, disse que os vencedores eram pessoas desapegadas, disse que sentia muito por me magoar.

— Por que você — Eu mordi os meus lábios, reprimindo as lágrimas. — não vai embora?

Ele assentiu.

— Eu não quero que você volte aqui. — Eu declarei quando ele apenas virou de costas para ir ao seu querido e maldito Volvo. — Nunca mais!

Edward voltou no outro dia para me pegar para ir à escola, mantinha a mesma expressão resignada e desapegada de antes. Ou eu achei. Não sabia bem. Quando ele saiu do carro e entrelaçou os seus braços ao redor de minha cintura e afundou seus lábios nos meus, ainda sem falar nada, me perguntei se ele era mesmo tão desapegado assim. O jeito que ele me abraçava tinha tudo menos desapego e o modo voluptuoso como seus lábios se mexiam contra os meus era desejoso demais, intenso demais.

Senti-me patética por me render com tanta facilidade.

Nós matamos aula naquele dia, matamos aula para ficar na minha cama, esperando silenciosamente que Renée só se acordasse quando tivéssemos terminado.

— Para onde pensa que vai, Bella? — Edward indagou, arrancando-me de meus devaneios. — São três horas da manhã, pelo amor de Deus! Por mais que você esteja com raiva, não vou te deixar sair daqui de madrugada.

— Eu só… — Estou exausta, pensei. — estou cansada de sempre fazer o que você quer.

Ele afastou o meu cabelo para beijar o meu pescoço e depois a ponta de meu ombro.

— Vou dar um jeito. — Ele prometeu, beijando a minha nuca bem em cima de minha tatuagem, eu podia deduzir. — Vamos dormir, amor, eu estou morto.

Eu fiz o que ele queria, reforçando o que eu tinha falado antes.

Mas Edward era tão… ele era tão convincente e era tão confortável afundar meu rosto em seu peito quente, sentir as mãos dele acariciando as minhas costas, mexendo em meu cabelo, seus lábios beijando o meu ombro e sua voz rouca dizendo que me amava. Amava muito, ele reforçava. Sabe, eu sempre fui realista, eu gostava de enxergar o mundo o mais claramente possível e eu conseguia o fazer. Conseguia mesmo.

Edward, porém, não se encaixava no meu realismo. Eu me permitia acreditar quando ele dizia que me amava, mesmo sendo estranho que uma pessoa pudesse amar a outra e, em seguida, mudar de estado permanentemente. Eu sabia, ele me amava. Por que eu deveria duvidar? Acima de tudo, eu sabia que eu, pelo menos, o amava. O amava mais do que seria sensato e saudável fazer.

Talvez eu acreditasse nele porque sentia aquela impetuosidade que eu costumava sentir sempre que estava perto de meus pais e eles se olhavam carinhosamente. Eu sentia aquela impetuosidade quando ele me olhava também, quando sorria em minha direção, quando me beijava e me tocava por mais mísero que fosse o toque. Eu sentia a impetuosidade que sempre quis sentir só quando estava com ele. Haveria prova maior que aquela? Eu achava que não.

Não foi difícil empurrar a realidade com a barriga. Edward sempre facilitava as coisas.

Minha mãe estava melhor do que estava alguns meses atrás, ela estava falante e até mesmo se acordava cedo para fazer o meu café da manhã quando eu ainda ia para escola. Ela nunca chegou a conversar diretamente de sexo comigo, apenas deduzia que eu e Edward já havíamos avançado esse passo fazia algum tempo, mandando-me ser cuidadosa para não acabar com a minha vida tendo um filho sem estar casada ou ter competência o suficiente.

Ela estava melhor, sim, mas não melhor como antes. Renée Swan nunca voltaria a ser a mesma pessoa que era antes porque amava demais o seu marido. Eu ainda conseguia escutá-la chorar baixinho algumas noites, ainda percebia o seu olhar vagamente perdido mesmo quando alguém estava falando com ela.

— A senhora vai ficar bem? — Eu perguntei hesitantemente no dia anterior. — Vou dormir na casa de Edward essa semana, mas venho aqui ainda, sim?

— Bella. — Ela disse pacientemente, sorrindo com amargura. — Eu não sou uma criança. Sei me cuidar.

Não sabe, não, eu quis dizer a ela. Com uma resposta simplória e complacente, inclinei-me para dar um beijo em sua testa e me despedir rapidamente, pegando a mochila que eu levaria.

Esperei que eu não ficasse daquele jeito quando Edward fosse para a Califórnia, esperei que eu fosse capaz de agir normalmente. Claro que eu ficaria desolada e desesperadamente triste, mas eu… Eu não me renderia à depressão. Afinal, eu não o fizera nem quando meu pai morrera, por que o faria agora que meu namorado estava indo para outro estado? Eu tentava ser esperançosa apesar de saber que eu teria várias respostas convincentes àquela pergunta.

Durante os dias que se passaram, eu tentei ao máximo não pensar que Janeiro estava se aproximando com uma rapidez imensa. Tentei me distrair o mais rápido possível em Edward e tudo que ele fazia para me manter ocupada e absorta do fato que se aproximava. Ele tentou me distrair para evitar outra briga, eu não sabia se aquilo era justo, mas quem se importava? Era bom ser negligente por algumas horas que se tornavam dias e meses…

O ruim mesmo era parar e perceber quanto tempo tinha passado.

Teve um dia em especial que eu estava mais uma vez com o rosto enterrado no peito de Edward, respirando o perfume de sua camisa enquanto ele provavelmente dormia. Não consegui dormir naquele dia em especial, minha mente não parando quieta em um assunto.

Naquela noite pensei nos três anos em que eu e Edward estávamos namorando, pensei no quanto a gente se conhecia bem até demais, pensei no tanto de coisas que tínhamos passado juntos e nas vezes que nós tínhamos dormido juntos. Pensei que talvez Carlisle não fosse apenas o motivo que ele estivesse indo para Califórnia.

Veja bem, talvez o pai problemático dele fosse o motivo principal. Eu e nosso namoro duradouro éramos apenas ramificações extras, ramificações tão pequenas que talvez ele não se desse conta de sermos mesmo um motivo abstrato e sólido ao mesmo tempo.

Vovó Dwyer costumava dizer que homens não prestavam, ela dizia que homens precisavam renovar regularmente, dizia — mesmo eu tendo apenas doze anos — que eles precisavam se enfiar em um buraco novo de mês em mês — e, é claro, eu não entendia o que ela queria dizer, porém também não a perguntava, acanhada pelo assunto. Ela dizia que homens precisavam provar de alguém pior para, então, voltar com o rabo entre as pernas para nós.

Eu sempre achei arcaico que tivéssemos que esperar esse mágico momento em que ele voltaria e nós estaríamos de braços abertos a sua espera. Ainda achava, lembrando-me agora. Por que tínhamos que esperar? Por que nós, mulheres, não podíamos simplesmente provar outras pessoas também? Eu não via — não vejo e muito menos chegarei a ver — nenhum problema gigantesco em fazê-lo. E se o tal príncipe achar outra pessoa melhor? Nós iríamos esperar para sempre?

O que eu estava querendo dizer mesmo era que, mesmo não admitindo para si ou para mim, Edward queria ir à Califórnia para aproveitar as outras garotas também, talvez ele só visse aquilo quando chegasse lá. Eu tinha sido a única garota que ele tinha dormido, a curiosidade era normal… eu tentei me convencer disso, pelo menos. Tentei ser compreensiva. Tentei, apenas. O pensamento enviou espasmos de ciúme para minha mente.

Imaginar Edward beijando outra garota e dormindo com ela como ele fazia comigo era demais para mim. Eu sentia repulsa só de pensar! Era tão errado… tão absurdo. Mas eu só queria dizer que, se ele também tinha o direito de provar outras pessoas, eu também tinha.

Eu me esqueci daqueles pensamentos pela manhã, quando ele me acordou e disse que precisávamos passear com Dean que esperava impacientemente ao pé da cama. Resmunguei por um momento, virando-me para o outro lado e me agarrando ao edredom quente. Estava frio demais para sequer cogitar a ideia de levantar antes de o sol aparecer e fazer, ao menos, seis graus.

— Se você lembra bem, Bella… — O hálito de creme dental dele fez cócegas em meu pescoço, fazendo com que eu me encolhesse e abrisse um sorriso astucioso.

— Sim, sim. Lembro bem. — Eu interrompi.

Eu e Edward havíamos encontrado Dean durante uma corrida matinal durante as férias do ano retrasado e o coitadinho estava tão ferido embaixo de uma árvore que foi impossível não me compadecer com a situação dele. Insisti para levarmos para um veterinário e foi com muito pesar que Edward assentiu por fim, me ajudando a pegar o labrador de pelagem branca que não tinha forças nem para andar sozinho.

Dean, em homenagem ao lendário James Dean — foi ideia minha —, estava subnutrido e sua pata estava machucada. A Veterinária conhecia o pai de Edward, então não cobrou nada para cuidar do cachorro que ficou por dois dias internado no consultório, sendo liberado após estar forte o bastante para andar.

Ele era um cachorro alegre, pulava de um lado para o outro, lambia a nossas mãos e jogava-se em nossos braços quando nos abaixávamos para cumprimentá-lo. Eu o fazia, pelo menos. Edward apenas observava com um sorriso torto e se limitava a passar uma mão pela cabeça do cachorro o qual respondia inclinando-a em sua direção.

Foi uma enorme luta para que conseguíssemos deixar Esme aceitar o cachorro e, quando ela finalmente deixara, se apaixonara de imediato por ele. Assim como Alice que reclamava por ele não ser uma fêmea.

Enquanto eu caminhava com Edward e com Dean ao meu lado, eu percebi o quão desesperadamente queria que aquilo se tornasse uma rotina. Tudo seria tão fácil e melhor daquele jeito… Quase cheguei a implorar mais uma vez que Edward não fosse para Califórnia, mas, você sabe, dói um pouco mais toda vez que ele apenas balança o rosto para o lado e pede para que não falemos sobre isso.

— Não diga a ela que eu falei isso. — Escutei Renée segredar a Edward quando paramos lá com Dean. Eles dois estavam na cozinha enquanto eu limpava as patas de Dean a fim de que ele não melasse o carpete. — Eu amo ver as bochechas de Bella toda vez que ela está junto de você… Sempre estão coradas. E você já viu os olhos? Estão sempre brilhando.

Estiquei o meu pescoço para ver a reação de Edward.

Ele sorriu tortamente e coçou a nuca, sem graça.

— Ela é uma ótima garota. — Eu o escutei dizer. — E eu a amo.

Não suficiente para ficar em Seattle, eu pensei. Dean, como se estivesse percebendo a tristeza repentina em meus pensamentos, esfregou o focinho em minha perna.

Era pior quando eu percebia que simplesmente não podia me impor, eu não podia falar nada porque ele não iria me escutar. Se o fizesse, com certeza diria para esquecermos aquilo por aquele momento. O problema era que já estávamos perto do dia de Ação de Graças e… e ele não enxergava que Janeiro estava correndo em nossa direção, animado para acabar com a minha vida.

— Não quero prender você em um relacionamento à distância, Bella. — Ele disse um dia antes do jantar que teria em sua casa devido às Ações de Graça. — Sua faculdade demorará a terminar, eu não poderei sair da Califórnia nem tão cedo… Você consegue entender?

Eu apenas assenti, não confiando em minha voz.

— Eu realmente não quero te magoar. — Edward murmurou com sua voz sendo abafada em meu cabelo.

Ele ficava repetindo aquela mesma frase tantas vezes que eu já decorara as oportunidades que ele usava para falar. Parecia mais estar tentando convencer a si mesmo que ir embora me deixaria ilesa e que eu não ficaria deprimida por muitos dias. Eu nunca o disse, porém, que suas esperanças eram falhas. Era impossível não me magoar indo embora.

— Então — Eu tentei manter a minha voz inabalável. — você está acabando o namoro previamente? É isso?

— Não. — Ele apoiou o cotovelo na cama e procurou os meus olhos. Eu não queria nunca esquecer como ele ficava lindo com os cabelos bagunçados e os olhos ainda anuviados em meu quarto, olhando-me ou sorrindo de algo bobo que eu disse. — Eu estou propondo que aproveitemos o tempo que temos.

— Você é sempre tão… — Não consegui encontrar palavras.

Insensível, desapegado!

— Tão o quê?

— Esquece. — Sussurrei.

Hesitei.

— Sabe o que é mesmo? — O indaguei, raivosamente. — Você não quer prender a si mesmo em um relacionamento à distância! — Acusei. — Nunca vi pessoa mais egoísta, Edward.

Ele me olhou longamente e eu sustentei o olhar, embora meus olhos estivessem começando a ficarem marejados.

— Talvez deva ser melhor eu ir para minha casa. — Ele murmurou.

Edward raramente se defendia de uma acusação que eu fazia e eu achava que aquilo acontecia porque ele sabia que eu estava certa. Tudo que um dia eu lhe jogara na cara não era mentira, ele sabia disso, eu sabia disso. Tinha certeza. Eu só nunca joguei na cara dele que aquele aproveitamento de tempo me machucava sempre possível, sempre que eu me lembrava de que dia dez de Janeiro ele iria para outro estado por escolha própria.

Quero dizer, e eu? Eu acho que ele nunca chegara a considerar de verdade o fato de estar me machucando. Só fingira querer não o fazer, porque, oh, vamos fingir que eu me importo com os sentimentos da garota que eu passei três anos repetindo “Eu te amo” com tanto ímpeto que ela acreditara com todo o seu coração ser verdade.

Naquele momento, chorando baixinho em minha cama, eu percebi que eu duvidava do amor dele por mim. Quem não duvidaria? Eu não era de ferro.

— Bella. — Ele parecia cansado no dia seguinte quando abriu a porta de sua casa para mim.

Então ele se forçou a dar um sorriso ao me avaliar.

— Você está linda. — Edward disse, puxando a minha mão para que eu entrasse logo na sala de sua casa onde todo mundo estava nos observando.

— Obrigada.

— Renée. — Ele cumprimentou a minha mãe que estava ao meu lado.

— Edward, querido.

Abracei Esme, Alice e Carlisle que me sussurrou que nunca vira Edward mais inquieto. Eu apenas sorri, fingindo não ter culpa alguma na inquietude de seu filho porque eu realmente não tinha nenhuma. Eu tentava me convencer que não tinha, na verdade. Não tive muito mais tempo para divagar sobre culpabilidade quando Edward puxou a minha mão para a cozinha, sentando-se a mesa pequena que tinha lá.

— Ultimamente eu estou sendo idiota com você. — Ele admitiu com o tom de voz baixa o bastante para que somente eu escutasse. — E eu sei que estou te magoando, mas, Bella… por favor, entenda o meu ponto. — Edward abrigou as minhas mãos com as suas.

Escutando o modo como ele falava, percebi que a egoísta da história era eu e apenas. Eu estava sendo incompreensiva com o desejo de Edward de ir para Califórnia, não estava o entendendo como deveria fazer… Mas como? Eu não conseguia enxergar uma linha de coerência e aquilo era tão frustrante! Era como tentar mover as pernas depois de ter fraturado a coluna.

Eu abaixei meu rosto para nossas mãos.

— Não chore hoje, sim? Deixe-me saber que você ficou com o rosto limpo ao menos um dia que esteve comigo.

Rendi-me a um sorriso.

— Não é tão ruim quanto você faz parecer. — Murmurei, fazendo círculos na palma de sua mão com o meu dedo indicador.

É pior, a minha mente gritou.

— Ah, não? — Ele estava sorrindo quando eu o olhei. — Fico feliz por isso.

Esticando-me na mesa, trouxe seu queixo para perto do meu e o beijei doce e rapidamente.

Edward, no entanto, não era o único que iria embora. Alice também iria com Jasper para França — onde a família dele morava — assim que acabasse o Ensino Médio. Ela me pedira várias desculpas quando me falou sobre o acontecido, mas o que eu poderia dizer? Ela só estava indo para onde seu namorado estava indo… E, além do mais, eles noivariam antes de sair daqui e daria tudo certo.

Daria tudo certo como não deu para Edward e eu.

— Seu vestido é lindo, Bella. — Edward sussurrou para mim no ano novo, beijando o ponto atrás de minha orelha. — Mas eu adoraria tirá-lo.

— Será que eles vão dar falta de nós se subirmos para o seu quarto? — Perguntei e logo prensei meus lábios para reprimir um arfar.

— Claro que não. — Mas eu tinha dúvidas de que essa seria sua resposta independente.

Alice e Jasper estavam em um canto, conversando e rindo e Esme, Carlisle e Renée estavam conversando sobre algo que os faziam dar altas gargalhadas — talvez por causa do vinho tinto encorpado que havia sido servido. Ninguém aparentemente se importaria se eu e Edward escapássemos para o quarto, duvidaria até que notassem!

Eu também havia tomado o vinho — até mais do que deveria, admito — e talvez aquele fosse o motivo que me fizesse, infelizmente, lembrar apenas em flashes desconexos o que acontecera no quarto de Edward naquela noite. Infelizmente porque eu queria ter a certeza de que aquela noite não foi uma forma dele de me dizer que aquilo era uma despedida.

Talvez tivesse sido por um plano maior — se essas coisas existem — que eu tivesse entornado três taças de vinho, talvez eu ficasse deprimida se percebesse que, sim, os toques dele me diziam “Adeus” e seus beijos praticamente estavam me deixando gravar o gosto dele uma última vez antes de ser tarde demais.

— Eu amo você, Bella. — Eu me lembro de ele ter sussurrado. — Desculpe-me por ser um idiota.

Ele beijou o meu queixo e me puxou para cima como se eu fosse uma boneca, fazendo-me entrelaçar as pernas em sua cintura. Eu não sabia onde o meu vestido havia ido parar, mas de alguma forma me sentia grata que ele não estivesse mais em meu corpo, assim Edward conseguia me beijar em lugares que o vestido escondia.

— Vou sentir sua falta como o inferno. — Ele me disse, o rosto perdido entre o meu pescoço e o meu ombro, inspirando profundamente o meu cheiro como se ele quisesse o memorizar por um bom tempo.

— Sim. — Eu disse, já sem fôlego. — Eu também.

Depois disso só me lembro de seus beijos voluptuosos em meus lábios, de ele sorrir por algo cujo eu falei e de me fazer sorrir tanto que eu tive de parar de beijá-lo — foi um esforço enorme porque, ao mesmo tempo em que o riso queria escapar por entre os meus lábios, eu queria beijá-lo. Naquela hora, enquanto eu ria levemente com a testa encostada a seu ombro, ele me apertou tanto em seus braços que eu pensei que alguma de minhas costelas iria quebrar.

Não quebrou. E eu provavelmente não teria me importado, o aperto foi tão bom e reconfortante.

Aquela foi uma das melhores noites que nós dois tivemos e se eu pudesse me lembrar dela por completo, eu diria que tinha sido a melhor. Definitivamente. Edward não me soltou por nenhum momento, seus lábios estavam sempre em algum pedaço de minha pele e suas mãos sempre me explorando com interesse e volúpia.

— Eu te amo. — Eu devo tê-lo dito. Eu sempre dizia.

Eu achava que o tinha dito isso porque ele, em alguma parte da noite, sorriu para mim largamente e me ajudou a desabotoar a sua camisa de mangas que ficava esplendorosa nele. Mas, é claro, o peitoral de Edward poderia ser muito bem apreciado sem nenhum pano desnecessário o encobrindo, por isso eu a fiz sumir em poucos minutos.

Os espaços que eu idolatrava antes estavam mais sólidos devido aos treinos dobrados que ele tinha por ser capitão do time de futebol americano e ele estava todo tão… Eu não conseguia descrever. E mesmo se conseguisse, não existiriam palavras o suficiente para fazer jus à beleza hercúlea.

— Esse seu sutiã — Ele começou a falar, a voz rouca e baixa. — é novo?

Eu assenti procurando os botões que desabotoavam sua calça.

— Eu adorei as rendas, se quer mesmo saber. — Ele roçou os lábios em minha orelha e eu estremeci, arfando. — Você fica linda em qualquer coisa.

— Você também, Sr. Cullen. — Eu brinquei com as bochechas coradas. Só não sabia se era de vergonha ou por causa da proximidade.

Edward sorriu e voltou o rosto para o meu, fitando-me. Seu olhar esverdeado estava sorridente e vívido, como sempre era quando estávamos sozinhos em um quarto.

Eu observei bem o rosto dele, só para caso eu esquecer. Observei a ponte fina e reta de seu nariz, o maxilar que eu amava passar a mão por ser demarcado e másculo, os olhos pressionados por causa do sorriso que ele soltava e os lábios finos e abertos em um sorriso que expunha dentes perfeitos. Edward era basicamente um deus grego que estava na terra com a intenção de procriar com meras mortais como eu.

Eu o falara isso um dia, enquanto dedilhava o seu peitoral, e tudo que ele fez foi gargalhar estrondosamente, dizendo que eu o superestimava.

— Como você espera que eu esqueça — Comecei a perguntar, passando a mão por seu maxilar liso. — o jeito como você me olha?

— Não esqueça. — Ele sussurrou.

Eu pediria explicações mais detalhadas, mas ele me beijou cálida e longamente, impedindo e deixando de lado quaisquer indagações supérfluas que eu tivesse ao desabotoar o meu sutiã. De algum jeito que eu desconheço, abaixei a sua calça e percebi o quanto ele já estava excitado, reprimindo um sorriso satisfeito.

Ele me tocou intimamente e eu também o toquei, afundando meus lábios nos dele sempre que algum gemido alto demais brotava em minha garganta. Então, quando Edward tateou o seu criado-mudo a procura do pote de preservativo, seus lábios pressionando os meus com força, ele o achou. O problema era que estava vazio como em todas as outras vezes.

Ele gemeu de frustração.

O autocontrole era outra coisa a qual nos faltava, eu não conseguiria — sequer pensei — em empurrá-lo para o lado e dizer que tinha problema, sim, que não usássemos camisinha e que agora tínhamos de ir tomar um banho gelado.

— Não tem problema. — Eu o garanti, voltando a puxar seu rosto para o meu.


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Notas finais do capítulo

Beeeeijos! Em breve volto com um capítuloo novo!
Comentem, sim?