She'd Fly escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 1
Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

O prólogo e os capítulos ímpares (1, 3, 5, etc) são narrados pelo Edward e os capítulos pares (2, 4, 6, etc) são narrados pela Bella. No entanto, os capítulos narrados pela Bella são um tipo de flashback. É fácil de entender! ♥ Espero que gostem, pessoas. Comentem, sim?



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Janeiro de 2013.

Edward.

Eu sentia falta dela. Definitivamente.

De vez em quando minha mente dava uma guinada para trás, para o passado e para o Ensino Médio do qual eu me orgulhava de ter saído. E quando eu pensava nos meus tempos na escola tudo que me vinha à mente era: Isabella Swan. Nada do time de futebol americano do qual eu havia sido capitão, nada de professores e festas estrondosas. Apenas Isabella Swan.

Não era sempre que aquilo acontecia. Duas vezes ao mês, ou três quando minha mãe mencionava o nome dela nas vezes eventuais que eu a ligava. Tudo que eu me indagava era: Eu desisti daquela garota por isso? Bella era… era boa demais para mim, e mesmo com essa percepção, nunca agiu como tal. Eu desisti dela pelo furor de ser um Policial de São Francisco. Uma coisa extremamente infantil — e que, agora, com vinte e dois anos, conseguia ver com clareza.

Todas as vezes em que meu pensamento desviava-se para ela, pelo mais mísero segundo, eu bufava e tentava pensar em outra coisa. Havia se passado quatro anos desde a última vez que eu a vi e tinha certeza que ela tinha seguido em frente. Como eu a disse para fazer. Ela era uma garota forte e imponente, aposto que se recuperou em um instante. Assim como eu fiz.

Sim, eu a superei. Era apenas… involuntário pensar quando eu havia passado praticamente três anos com uma garota só.

Aquele dia não foi diferente dos outros. Eu pensei em Isabella Swan — era a segunda e última vez do mês, ainda estávamos no começo — enquanto assistia a rua passar em alta velocidade. Era aquele pensamento que por acaso você tem e, na hora seguinte, aparece por passe de mágica na sua frente. Como se alguém tivesse lido a sua mente e pensado: Poxa, isso realmente tem de acontecer.

Emmett, que dirigia a viatura policial, estava entrando na rua de minha casa quando o maldito rádio — famoso por só chamar quando era fim de meu plantão e me fazer ficar mais algum tempo no trabalho — anunciou uma nova ocorrência. Urgente. E como ficava a três quarteirões de onde nós estávamos, Emmett logo desviou de seu caminho original, dando a volta em uma rua que não era mão dupla.

Eu bufei, insatisfeito. Tudo que eu queria era ir para a minha casa e assistir alguma coisa na televisão, não aguentava mais ficar dentro desse carro o qual estava impregnado pela música ridícula que Emmett, meu companheiro de trabalho, colocava para tocar toda vez que fazíamos a ronda.

— Não faça essa cara, Cullen. Deve ser um furto, assalto, nada demais.

— Assalto que faz todas as viaturas próximas se voltarem para lá? Ah, claro. — Desdenhei.

— Veja pelo lado bom: um pouco de adrenalina no dia. — Ele sorriu largamente.

Atenção, todas as viaturas presentes no centro de São Francisco conduzam-se para o Mermaid’s Island. — A voz da anunciante interrompeu a resposta ácida que eu o daria. — Atenção, todas as viaturas…

— Você acha que é o quê? — Emmett perguntou, erguendo as sobrancelhas de animação enquanto esperava com ansiedade a mulher do rádio informar. Ele era louco por adrenalina. — Eu acho que é um assalto.

— Suicídio. — Revirei os olhos, impaciente. — Esse negócio de se suicidar se jogando do alto de um prédio é ridículo. Quer mais chamar atenção do que se matar, na verdade. Se mata tomando algum veneno, porra. É mais fácil, poupa o trabalho.

O Mermaid’s Island era um dos maiores prédios residenciais da cidade, alvo de pessoas desgostosas com a vida que se dirigia para lá para acabar de uma vez por todas com ela. Claro que estas pessoas não abriam mão de uma boa dose de drama, ameaçando se jogar e o fazendo quando a sua paciência acabava. O resultado era, no mínimo, terror das pessoas que passam pela rua, espantadas pelo corpo voador que acabava estraçalhado na calçada.

— Você tem que arrumar uma namorada, cara.

Eu o ignorei.

— A sua mão não está suprindo as necessidades…

— Vá se ferrar, Emmett.

Ele gargalhou.

— Sabe, é bem confortável se afundar em um lugar quente e…

Depois de Isabella, eu tivera três relacionamentos. O primeiro durou dois meses, o segundo, uma semana e o terceiro, um mês. Nenhum deles havia sido incrivelmente bons, apenas normais… e entediantes. Quando eu acabei o terceiro namoro, eu me perguntei como eu havia tido a capacidade de ficar três anos com uma só garota. Não me parecia possível agora. Parecia tão sem sentido e… desnecessário.

Mas Bella era diferente de todas as namoradas posteriores que eu tive. Era fácil ficar com ela, certo e seguro. Às vezes passava por minha mente abandonar tudo aqui em São Francisco e voltar para Seattle e ficar com ela mais uma vez. Como se eu nunca tivesse ido embora. Eu tinha quase certeza que Bella, bonita como era, já havia atraído outros garotos e estava namorando, talvez casada ou noiva. Eu não sabia de mais nada, embora quisesse saber.

Retomar o meu lugar era quase impossível. Eu já estava conformado.

— Atenção, todos policiais, estacionem suas viaturas na parte frontal do prédio de modo que não possam ser vistas da lateral do prédio. — A mulher falou mais uma vez.

A ordem não me fez sentido até Emmett estacionar. Era mesmo tentativa de suicídio. A garota estava sentada na beirada lateral do prédio e tudo que eu conseguia ver era a silhueta magra dela. Silhueta a qual se balançava como se estivesse soluçando. Mais alguns minutos, e ela se jogaria, tinha quase certeza. O choro dela parecia desesperado demais para durar por muito mais tempo.

Suspirei, passando a mão dentro de meus cabelos.

Eu sempre me perguntei o que levava uma pessoa a se suicidar. A minha resposta óbvia era: Covardia. Covardia por não aguentar de cabeça erguida à tristeza que os assolavam, covardia por querer acabar com tudo logo de uma vez, sem considerar sequer os familiares que sofreriam com a perda.

Achei aquela garota que estava chorando desesperada à beira do prédio incrivelmente egoísta. A mulher que eu presumia ser a mãe da garota estava chorando desamparada nos braços de um policial que parecia sem jeito. Apesar de tudo, ela dava instruções do que fazer.

— Por que ninguém já não entrou lá e puxou ela? — Indaguei. Eu queria ir para casa e dormir, a impaciência estava acabando comigo.

— Você sabe que o protocolo não é esse, Edward. — Emmett falou. — Temos de convencê-la a sair, embora eu ache que essa daí não vá ser convencida com êxito. Está desesperada demais para isso.

— Não podemos chamar a atenção dela — A mulher falou. Eu a conhecia de algum lugar… provavelmente já estivera na delegacia. Quase todos os cidadãos de São Francisco já estiveram na delegacia. — Ela vai se jogar… eu não sei o que fazer ou falar.

— Senhora, alguém precisa ir lá. — O policial que a amparava falou o mais gentilmente que pôde.

Ela assentiu, seus dentes batendo enquanto ela balançava o rosto.

— Quem vai? — Indagou o policial.

— Edward. Edward vai. — Emmett falou, entregando uma ficha para um policial que estava ao seu lado depois de lê-la mais uma vez.

Ele provavelmente queria ver aquela coisa indo por água abaixo.

— Vamos lá, Edward, você sempre foi o mais compassivo de todos nós. — Ele encorajou.

Eu trabalhava com Emmett desde que havia entrado para a Academia de Polícia, ele me conhecia, sabia muito bem que eu passava longe da palavra “compassivo”. Se possível, eu era o menos compassivo de todos eles que ali estavam. Minha paciência era zero para suicídios e pessoas dramáticas. Ele sabia. Não entendia o porquê diabos eu tinha de simplesmente ir salvar uma garota que não queria ser salva.

Ela queria morrer. Por que ninguém malditamente entendia isso? Ela se jogaria da lateral do prédio, cairia dentro do condomínio ainda, não haveria nenhum escândalo, não havia nada que a impedisse de realizar o seu maior desejo no momento. Todas as pessoas que queriam se suicidar deveriam ser somente deixadas… todo mundo tinha livre arbítrio para fazer o que quisesse.

Se quiser morrer, morresse então.

Se quiser viver, que assim fosse.

Para mim, era o certo. Todo mundo tinha direito de morrer se não estivessem matando outras pessoas junto consigo — como os homens-bomba do Oriente. O máximo que podíamos fazer era se conformar com o desejo sombrio. A mãe da garota tinha de entender de que a sua filha já estava morta antes mesmo de se jogar.

— Como é o nome dela? — Perguntei.

— Isabella. — A mulher respondeu, fungando.

Seu olhar permaneceu em mim mais do que o normal, parecia estar tentando reconhecer-me de algum lugar.

Se eu não tivesse a certeza de que a Isabella que eu conhecia — a minha Isabella — estava bem e em Seattle eu teria considerado ser ela. Eu tinha falado com Esme há três meses e ela me falou que a minha ex-namorada estava bem, havia se formado em Letras — o que me foi uma surpresa uma vez que o sonho de Bella era se formar em Medicina — e ainda morava com a mãe.

E, além do mais, a Isabella que eu conhecia era forte como um touro. Eu sabia disso. Tinha certeza. Bella nunca se suicidaria, ela nunca… chegaria a tão baixo. Ela amava a sua vida, não a desperdiçaria jogando-se do alto de um prédio. Bella era altruísta, não machucaria seus familiares desse jeito, nunca teria uma morte tão pública.

Eu sabia disso. Estava certo.

A garota havia trancado a porta que levava ao espaço social do prédio — a parte mais alta. Garota esperta, pelo menos. Não queria interrupções enquanto estivesse tratando de acabar com o resto de sua vida. Tive de abrir a porta com um chute, mandando a discrição para longe quando o fiz.

Ela não se virou, parecia absorta demais para se dar ao trabalho.

— Isabella. — Chamei calmamente. — Não faça isso. — A comum frase que não salvava ninguém.

— Você já escutou aquela música “Don’t be afraid, you’re already dead”? — Ela perguntou, sussurrando.

Era uma pergunta estranha a se fazer, mas isso foi a última coisa que se passou pela minha mente porque, merda, eu conhecia aquela música, sim. Eu costumava escutar com Isabella Swan.

Droga, droga, droga! — tudo que eu pensei. Eu conhecia aquela maldita música, conhecia aquela voz que era sussurrada tão baixo quanto o vento que bagunçava os cabelos castanhos e longos de Isabella. O vento, de repente, me pareceu forte o suficiente para empurrá-la para frente e fazê-la cair.

Que eu esteja enganado, que eu esteja enganado…

— Isabella. — Chamei mais uma vez.

— Se você se aproximar, eu vou pular. — A típica ameaça de todo suicida.

— Olhe para mim, Isabella. — Eu precisava ver o rosto dela.

— Quando eu olhar para trás, eu não vou ver nada porque eu estou delirando. — Ela sussurrou calmamente. — Você é fruto da minha mente, eu sei disso. Ou talvez eu esteja um pouco mais louca e veja você, de fato. Não sei bem ao certo.

Não tinha como a voz daquela garota ser tão igual ao da Isabella que eu conhecia. E tinha também o cabelo que eu conheceria até mesmo se estivesse cheio de fios brancos… eu conhecia aquela voz e aquele jeito de falar, o cabelo… conhecia aquele pescoço curvilíneo e longo que, na nuca, tinha uma tatuagem de âncora. Havíamos feito em um de nossos momentos de bebedeiras.

Bella, por favor. — Pedi.

Ela virou suas pernas e tronco para trás cuidadosamente, levantando-se da beirada e erguendo o rosto repleto de lágrimas para mim. E, apesar de eu estar a bons dois metros de distância dela, eu a reconheci.

Aquele rosto pertencia a minha Isabella. No entanto, aquela Isabella suicida não era a minha.


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Notas finais do capítulo

E aí? ♥
Quem quiser saber sobre que música a Isabella estava falando é só clicar nesse link. Alguns (muitos) capítulos depois nós saberemos a história dela. = http://letras.mus.br/akronfamily/1838050/traducao.html