Acordei, mas dessa vez eu não queria voltar para cama “talvez um pouco” levantei e tomei um banho rápido e me vesti, comida pro Banguela. Desci tomei café e sai para a escola ainda era 7:30 eu poderia enrolar, as arvores cobertas de neve o pavimento escuro da rua o céu completamente branco era uma bela visão o completo silêncio que só era quebrado pelo vento cortante que cruzava a rua é não era um lugar ruim ao menos para mim.

Andei até chegar a praça me sentei em um banco de pedra que estava mais que congelado, encarando as arvores respirado o ar gelado eu amava aquilo pena que teria de ser trancafiado em uma sala com idiotas acho que a única coisa que separa aquilo de um hospício é que os professores te tratam mal geralmente enfermeiros são legais.

Cheguei à escola, Melequento estava na porta, Astrid sentada no corrimão revirando os olhos e ignorando todas as cantadas dele, era bom evitar Melequento desde a primeira vez que tentei passar ali e dei de cara no chão vou dar a volta. Passei pelo lado do prédio, vou passar pela entrada do pátio, passei da neve para pedra e sem perceber já estava no chão estava sem luvas então minhas mãos quase queimaram ao tocar na pedra congelada.

Ouvi alguém rindo já era de se esperar olhei em volta procurando a fonte do som, os cabelos brancos se agitavam com o vento, fiquei com medo de estar rosa, mas seus olhos azuis profundos me encaravam, estava sentado na mesa de pedra e vestia o mesmo moletom azul congelado.

–Serio cara deve ser a quinta vez que te vejo cair assim. – disse agora gargalhando.

–Como se eu caísse por que quero. – disse me levantando tentando manter o equilíbrio e ele ria mais ainda. – Tá olhando o que? Vai arrumar o que fazer. – disse andando para dentro do prédio.

Quem ele pensa que é para ficar rindo assim? Garoto estupido, se bem que eu nunca tinha ouvido a voz dele e nunca tinha ficado bravo por ele rir de mim, ou em seu sorriso ele era bonito... O que eu estou reparando na beleza de um homem? Esse isolamento está me fazendo mal (N/T: Está te fazendo é bem querido ¬¬).

A aula havia começado Historia Bocão já gritava com um dos alunos, mas eu não vi quem era, olhei de relance para janela e dei de cara com as safiras claras me encarando curiosas como se me analisassem, surgiu um sorriso em um dos cantos de seus lábios, tive vontade de soca-lo, mas eu poderia apanhar e Bocão gritar e sinceramente não estava com paciência desviei os olhos fazendo um “Hmpf”.

~*~

–Hiccup? – disse ele. Olhei meio que o automático. – Posso te chamar de Hic? – ele perguntou alargando o sorriso.

–Não! – respondi ríspido desviando os olhos.

–Está bem, Hic. Qual seu verdadeiro nome? – Está sentando do meu lado nos ultimos três meses e não sabe meu nome?

–Não lhe interessa. – disse entre dentes já estava começando a me estressar.

–Que mal educado, só estou tentando conversar. – disse manhoso.

–Os dois podem calar a boca?! – gritou Bocão. – É matéria nova prestem atenção!

Ele riu um pouco e ficou o resto da aula me encarando com um sorriso irritante ele é impossível parece uma criança ninguém merece. O sinal tocou ele saiu dando uma risadinha quando passou por mim, continuei no meu lugar.

–Ethan, suma daqui. – disse Bocão sem gritar pelo incrível que pareça, disse olhando por cima dos óculos em sua mesa.

–Mas...- comecei.

–Mas nada eu vou conversar com os pais de um aluno, agora desapareça. – ele me cortou.

Achei melhor ir mesmo ele não estava de bom humor, não que eu já o tivesse visto de bom humor. Me levantei relutante, caminhei pelo corredor Vazio provavelmente estavam todos no refeitório, detesto a comida daqui, eu como em casa. Sai pela porta dessa vez tomando cuidado para não cair na pedra outra vez parecia impossível eu conseguir me equilibrar até a neve.

Caminhei até uma das mesas espalhadas por lá o lugar era deserto nessa época do ano só era usado quando fazia muito sol, ou seja, quase nunca, mas não ter ninguém ali deixava o ambiente muito mais gostoso.

–Hic? – me virei ao ouvir a voz. Revirei os olhos.

–O que você quer? – perguntei me virando novamente.

–Como antes eu só quero conversar. – ele disse se sentando do meu lado e abraçando de leve os joelhos. “e estava significativamente perto”.

–Sendo assim por que não vai até o refeitório? Todas as meninas lá devem querer conversar com você. – disse.

–Ah não aquelas meninas são muito irritantes e também eu quero conversar é com você. Vai me dizer qual seu nome?

–... Ethan Kings. – disse por fim.

–Belo nome, mas prefiro te chamar de Hic. – disse.

–Isso é serio? Eu fiz alguma coisa? – perguntei.

–Como assim?

–Estamos um do lado do outra há três meses e só agora você quer “conversar” eu devo ter feito algo. – disse me virando para ele, seu olhos eram bem mais bonitos de perto e seu sorriso também “Concentre se Hiccup.”

–Não se preocupe eu só estou interessado. – disse me olhando de cima a baixo. – Como você perdeu a perna? Se não quiser dizer tudo bem. – perguntou.

–Ah... Eu nasci sem ela. – disse. Começou a nevar eu me encolhi em meu casaco e tirei o gorro o cachecol e as luvas e vesti.

–É estou interessado. – disse ele sorrindo. – Por que veio aqui fora hoje? Você sempre fica na sala lendo. – disse.

Espera ai você fica e vigiando? Estranho você não parece que liga pra qualquer coisa principalmente para mim. E que porra é essa de estou interessado tenho cara de emprego?

–Bocão me mandou sair ele vai conversar com alguém. – disse.

–Você disse três meses? – perguntou.

–É me mudei a três meses, vim de Nova York. – disse meio que sem perceber era a primeira vez que conversava direito com alguém em três meses. Ficamos em silêncio um tempo.

–Hic, você gosta da Astrid? – perguntou cruzando as pernas agora totalmente virado para mim seus olhos me encaravam curiosos, que pergunta foi aquela? Tinha que responder?

–Não, mas porque você acha isso? – perguntei o mais calmo que pude.

–Porque todos os garotos gostam daquela patricinha irritante. – disse áspero. Olhou em volta e começou a brincar com os flocos de neve que caiam.

–Você gosta da neve? – perguntei sorrindo sem querer com a cena.

–Eu amo. – disse sem olhar para mim. – Ela não é linda? – disse. Não mais que você... Tá parei, mas sem duvida as garotas devem se derreter por ele, uma vez ouvi dizer que ele rejeitou Astrid. Acho que ele disse que queria algo mais interessante que uma garotinha marrenta.

Só para vocês saberem Astrid senta na minha frente, me deixe explicar melhor são seis carteiras por fileira são cinco fileiras, me sento na última carteira da penúltima fileira Astrid na minha frente Jack a minha esquerda e Melequento a sua frente. Jack apenas ria Melequento dava em cima da Astrid ou fazia algo retardado ela ignorava e cochichava com as amigas e eu ficava calado ouvindo Bocão. Era assim quase todos os dias eram sempre os mesmos.

–Hic, você namora? – perguntou me fitando senti meu rosto esquentar.

Sinto que tenho que admitir isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde, nunca namorei nunca beijei nunca me apaixonei, sou virgem, mas aposto que a Astrid não é.

–Não, p-por quê? (N/T: por que agora eu posso te assediar lol) – minha voz falhou e ele riu.

–Só pra saber. – disse sorrindo como um ‘te peguei’. – Pensei que esses olhos verdes e essas sardas chamassem atenção das garotas.

–Como você acha que olhos verdes e sardas ridículas vão competir com esse azul e cabelos brancos? – perguntei cruzando os braços.

–As garotas daqui já sabem que não vão conseguir nada comigo, mas um novato fofo e calado como... – começou.

–Eu odeio as garotas daqui. –o cortei. – São todas iguais fúteis e mimadas, a única diferença entre as de NY é que elas usam casaco o ano inteiro. – ele riu.

Afrouxei o cachecol e respirei a brisa gelada era o que eu mais gostava de fazer. Geralmente os intervalos duravam 40 minutos, mas eu tinha certeza que não havia passado nem quinze. Olhei para Jack sua cabeça estava erguida seus olhos fechados e sorria sem dentes ele parecia estar tendo a sensação de dormir a tarde quando está chovendo e você não tem mais nada paa fazer ai você fica com esse sorriso.

–O que faz para se divertir Hic? – ele perguntou sem mudar de posição ou abrir os olhos.

–Meu nome é Ethan. – protestei.

–Eu prefiro Hic é mais fofo você não acha? - disse alargando o sorriso.

–Então vou te chamar de... De... – disse tentando inventar um apelido não deu certo.

–Desista Hic. –disse agora rindo.

Tinha uma vontade enorme de soca-lo como era atrevido, mas eu acho que fiz um amigo pela primeira vez. Conversamos sobre coisas inúteis como o refeitório por mais um tempo. Astrid apareceu na porta e me fuzilou com o olhar como se eu tivesse roubado sua Barbie. Ela se aproximou e cutucou Jack.

–Podemos conversar? – perguntou.

–Não! – respondeu revirando os olhos.

–Por que não? – ela perguntou cerrando os punhos.

–Por que estou conversando com Hiccup, Astrid. – disse agora a olhando com raiva.

“O clima está tenso o que eu faço Odin?”