Minha cabeça latejava.
Corpo dolorido.
Olhos inchados.
“Que merda eu fiz ontem?" - perguntei me contorcendo de dor deitada na cama.
Abri os olhos e encontrei-me em meu quarto.
“Alguém vai levar uma baita bronca hoje”
Tentei me levantar, mas a dor me consumia. Com bastante esforço fui até o banheiro me jogando dentro do box.
A água estava fria que nem gelo. Molhava meu corpo todo me passando uma sensação boa, de relaxamento.
Enrolei a toalha em meu cabelo e coloquei uma roupa qualquer que encontrei em minha frente.
Não me lembrava de nada da noite anterior.
Será que eu fiz muita besteira?
Preferi pensar que não.
Abri a porta bem devagar com medo que alguém me visse e fui de fininho até o andar de baixo.
– Onde a senhoria pensa que vai? - uma voz paternal surgiu atrás de mim me fazendo dar meia volta.
– Você sabe em que estado eu te encontrei naquela festa??
Silencio.
– Responda Emma!
– Me desculpa pai, eu queria descontar minha raiva...
– Você só tem dezessete anos! Raiva do que? Porque a sua Barbie quebrou? Ainda tem muito que aprender com a vida, Emma.
– E o senhor diz isso como se eu ainda fosse um bebe, se minha mãe estivesse aqui estaria me defendendo.
– MAS ELA NAO ESTÁ, TA LEGAL.
– Esse é o problema...
Sai correndo daquela casa já chorando rios de lagrimas. Ódio corria em minhas veias, queria socar o primeiro que aparecesse na minha frente.
Fugi o mais longe possível que consegui. Olhei para os lados verificando se não havia ninguém conhecido e peguei o meu maior pecado.
O cigarro.
Ninguém sabia que fumava e nunca vão saber. Só faço isso quando o caso é de extrema decepção.
Traguei me sentindo mais leve.
Não me orgulho nem um pouco disso, mas desde meus quinze anos, quando meu mundo desabou, me entreguei a isto.
– Olha se não é a menina do strip de ontem a noite, ta mudada em, Emma?
Virei-me assustada deparando-me com Derek. Ele me olhava com um sorriso maroto nos lábios.
– Strip? O que? Não me diga que fiz isso...
– Pior, queridinha - pegou um cigarro de meu bolso e acendeu deixando aquela fumaça branca exalando no local.
Joguei o meu no chão, pisando no mesmo. Segurei minha cabeça com as mãos e respirei fundo.
– O que a vida fez contigo dessa vez?
Virei meu rosto para Derek, com os olhos já marejando, e abri-me com ele. Contei tudo. Nada mais importava.

**

O cheiro de cigarro em minhas roupas era eminente. Se desse sorte não encontraria ninguém na casa.
Por isso entrei de fininho. Levei um susto quando vi meu pai no sofá da sala, mas pelo jeito em um sono profundo. Com a garrafa de vodka ao lado.
Tentei apagar aquela cena da cabeça e subi até meu quarto tomando um superbanho para tirar aquele odor.
Olhei meu celular e havia uma mensagem de Peter. Que raiva estava desse menino. Não queria mais saber dele, mas mesmo assim li o que acabara de mandar.
“Desculpa por ontem, Emm. Ainda somos amigos né? Como nos velhos tempos?! Peti”
Sem perceber, já havia um sorriso enorme em meu rosto. Minha primeira reação foi de completa alegria, que virou raiva por ter me falado isso só agora, e por fim, tristeza lembrando-me de sua nova namorada.
Não sabia se respondia ou não, decidi deixar o celular de lado para não parecer muito desesperada.
Fiquei o resto da tarde suspirado pelo garoto do sorriso tímido.