POV. Castillo

A história da Cami mexeu comigo, como assim estuprada pelo padrasto? Aquilo sem dúvida é a pior experiência possível. E a mãe dela então? Como pôde duvidar da própria filha? Isso é ridículo. E aquilo que ela disse sobre o perdão também me impactou, eu deveria ter pensado mesmo, mas eu estava tão nervosa com a hipótese de me machucar de novo que me esqueci que as pessoas podem mudar, só não muda quem não quer. Depois de toda aquela história eu não tinha mais o que falar, estava estática. Tentamos mudar de assunto mas era óbvio que o clima estava pesado, então fomos dormir, ou melhor, elas dormiram e eu virava de um lado para o outro e só conseguia chorar... Amanhã não apareço na escola.

– Eu te perdi Vargas - soluçava em meio a tanto pranto - Eu te perdi.

(...)

6h da manhã e nada de sono. SACO! As garotas levantaram e logo se arrumaram.

– Villu, não vai ao colégio? - perguntou Fran.

– Não, ficarei aqui. - disse sem ânimo. - Eu não consegui dormir, se perguntarem de mim diga que estou doente.

– Certo Villu, faremos isso. - disse Cami

Então elas foram ao colégio e eu fiquei em casa, peguei na guitarra e comecei a fazer algumas frases, há dias não pego mais nela. Resolvi cantar algo nada a ver, e cantar junto. Estava empolgada e não percebi que estava sendo observada, olhei para a porta e lá estava o meu pai.

– Filha - se aproximou e de pronto parei de tocar - Estou impressionado em como você toca e canta bem. - sentou-se ao meu lado.

– Bom, você nunca gostou de me ouvir tocar ou cantar, mas eu me desenvolvi musicalmente mesmo assim - disse com frieza.

– Eu sei filha, eu errei muito e me arrependo tanto daquelas brigas sem noção.

FlashBack ON.

– VIOLETTA DESLIGA ISSO - gritava meu pai.

– VIOLETTA NÃO OUVIU SEU PAI - repetia minha mãe.

– Violetta, maninha, não liga para eles, você toca muito bem - dizia minha linda irmãzinha com sorriso - Mas para eles não brigarem abaixa o volume - dizia com carinho.

– Tá bom minha lari - disse com amor - Obrigado.

FlashBack OFF.

Era assim o tempo todo.

– Eu queria voltar no tempo e te incentivar, mas não posso fazer isso. - disse sincero.

– Sei disso Pai, não se preocupe.

– E então, porque não foi ao colégio? - perguntou como se soubesse o motivo.

– Nada de específico, apenas não quis. - disse sem querer tocar no assunto.

– Violetta, eu ouvi seu choro pela madrugada, ouvi que soluçava, e sei que o motivo era o Vargas. E também sei que não dormiu, porque ficava falando Eu te perdi Vargas - dava um espaço de tempo e falava novamente - Eu te perdi.

Droga, ele ouviu.

– Sim, foi por isso que eu não fui, por favor não quero ouvir sermão. Pode me deixar sozinha? - digo prestes a chorar novamente.

– Claro filha, mas, não fique assim, seja o que for, lute por esse amor que sente, e tenho certeza que ele ainda te ama, só está magoado, e para isso mudar você tem que provar a ele que não existem mais obstáculos para vocês. - Ele se levantou me deu um beijo na testa - Pense bem Violetta, depois não poderá voltar no tempo, e se quiser correr atrás será tarde demais.

Tarde demais isso martelava em minha cabeça o tempo todo. Eu não posso deixar o Vargas escapar, mas definitivamente, não vou aparecer no colégio por um tempo, talvez ele sinta minha falta.

6 dias depois.

POV. Vargas.

Faziam dias que Castillo não aparecia no colégio, eu sentia falta dela, muita mesmo, mas não queria perguntar dela, meu orgulho falava mais alto. Eu até ia tentar ficar com a garota nova mas não tive coragem, meu coração é da Castillo e não tem como negar isso.

– Sr Vargas - chamava meu professor.

– Pois não? - disse saindo dos meus devaneios.

– Estou te chamando a mais de 20 minutos e o Sr. me parece no mundo da lua- disse ele. - Pode me responder qual é a raiz quadrada de Pi?

Merda, ele sempre faz isso. Vou pensar um pouco...

– E então? - perguntou ele.

– 1.77245385091? - disse e todos me olharam como se fosse nerd.

– Correto. - disse sem ânimo - prosseguindo...

Ele prosseguiu com a aula e eu comecei a não prestar atenção de novo. Pensava em como fui idiota em não correr mais atrás da Castillo, peguei minhas coisas e saí da sala eu precisava vê-la. No corredor encontrei Cami e Fran.

– Hey garotas. - chamei.

– Ah, Oi - disseram.

– Sabem da Castillo? - perguntei.

– Está de cama Vargas, fomos visitá-la ontem e ainda não tinha melhorado. - disse Cami.

– Certo, até mais garotas - acenei.

Agora que preciso mesmo vê-la. Não demorou muito avistei sua casa e toquei a campainha, por me conhecer German me deixou passar com um sorriso no rosto. Na sala de jantar estava a Lari, irmã da Castillo, e eu subi em direção ao seu quarto, bati na porta e ela deu um grito.

– PAI, NÃO QUERO VER NINGUÉM

Bati novamente e ela repetiu a mesma coisa. Eu insisti então ela abriu a porta.

– O que quer? - disse sem enrolação, ela estava pálida, parecia que não comia há dias - E então?

– Eu vim saber como está. Cami e Fran disseram que estava doente - disse calmamente.

– Sim, estou. Entre.

Entramos juntos. Ela sentou-se na cabeceira da cama e eu na ponta.

– O que você tem? - perguntei curioso, ela realmente parecia mal.

– Eu...Eu... não consigo mais Vargas. - disse num fio de voz.

– O que não consegue? - perguntei me aproximando dela.

– Ficar sem você. - disse e eu sorri - Eu juro que tentei Vargas, juro, mas depois daquele dia em sua casa eu me senti mal, e tive uma conversa com Cami que me fez me sentir pior ainda. Eu sei que te perdi Vargas, e...-

– Não diz mais nada - disse me aproximando ainda mais dela.

– Eu quero terminar - eu assenti - Eu fiquei em casa porque não conseguia olhar em seus olhos, não conseguia te ver longe de mim, eu não como há dias, porque tudo que coloco dentro de mim, eu vomito, as meninas ficam preocupadas, mas eu não consigo comer. E com isso fico sem forças para andar, porque só de eu levantar me dá tontura.

– Castillo, você - ia dizer algo mas ela fez sinal negativo.

– Vargas, me diz.. - suspirou - Você ainda sente algo por mim?