Quando anunciaram o elemento especial do Massacre Quaternário, fiquei chocada e resignada ao mesmo tempo. Fazia total sentido. Agora que havia uma vencedora mulher do distrito 12, e uma tão ameaçadora quanto Katniss, é claro que a chamariam de volta à Arena. Mas fiquei preocupada com Aber. Quando nos encontramos na salinha da prefeitura, no mesmo lugar que cinco anos antes, segurei sua mão e olhei em seus olhos.

  - O que acontecerá se Peeta for sorteado?

  - Eu vou me voluntariar – disse, confirmando minhas suspeitas. Baixei os olhos.

  - E se você for sorteado? Ele com certeza se oferecerá no seu lugar.

  - Não poderei fazer nada contra isso, princesa – ele disse, mais delicadamente.

   Pouco tempo depois, lá estava eu, esmagada naquele vestido terrível de borboletas, num dos momentos mais deprimentes da minha vida. Botei a mão no aquário que tinha só um papel, e dei uma revirada simplesmente pelo hábito. Desdobrei o papelzinho e li, com muito menos entusiasmo que o comum:

  - Katniss Everdeen!

   Ao ler o papel do segundo aquário, meu coração se quebrou.

  - Haymitch Abernathy!

   O nome do homem que amo mal teve tempo de ressoar antes que Peeta Mellark se oferecesse como tributo.

   Alguns dias antes do Massacre começar, Aber voltou com aquela conversa de me mandar pra outro lugar pra me proteger. A essa altura, eu estava convencida de que ele estava tramando alguma coisa.

  - O que tá rolando, Aber? – perguntei, tirando minha cabeça de seu peito e botando-a em meu próprio travesseiro, encarando-o. Ele suspirou, tirando os lençóis de cima de si e sentando na cama.

  - Eu não posso te contar.

  - O que você vai fazer? – sentei-me também, preocupada.

   Depois de alguns momentos de silêncio, ele se virou e segurou minhas mãos. Olhou-me nos olhos e suplicou:

  - Effie, por favor, vá pra outro lugar. Pode ser até fora do país, não importa. Eu não conseguiria me perdoar se algo te acontecesse.

  - Que porra é essa, Aber? Nem parece você falando. Tá me assustando – soltei minhas mãos das dele. Ele suspirou.

  - Effie, eu te amo. Não sei se já disse isso antes. Não sei por que não disse. Só confia em mim. Vai embora daqui.

   Embora surpresa, sorri. Segurei seu rosto com minha mão.

  - É por que eu te amo e confio em você que eu vou ficar.

   Isso foi um erro.