Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn


Capítulo 22
22


Notas iniciais do capítulo

SIM EU VOLTEI DAS TREVAS E ESSE CAP COM POV HAYMITCH VOLTOU COMIGO
nem sei como me desculpar por todo esse tempo longe, mas tô acelerando a história o máximo que consigo pra poder terminar ainda esse ano
(que vida atarefada, n consigo nem escrever uma fic)
enfim, pfvr me desculpem, não me matem nem nada, eu amo vcs



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A garota, Katniss Everdeen, era completamente maluca. O menino, Peeta Mellark, era completamente infeliz. Ela voluntariou-se pela sua única irmã, e nenhum dos irmãos dele mexeu um dedo. Durante o treinamento, eu passei de desesperançado para desesperado muito rápido; Katniss tinha um temperamento forte, e Peeta era tão doce que enjoava. O desfile de carruagem, no entanto, me deu certas esperanças. O novo estilista, Cinna, era absolutamente genial, e claramente queria ver o circo, ou a roupa carbonizada dos tributos, pegar fogo. Pensei ver os mentores dos distritos de 5 a 11 se segurarem para não chorar, e tenho quase certeza que a mentora do 2 estava quase espumando de raiva. Era a primeira vez que os tributos dos 12 estavam realmente, como Effie comentou com o sotaque agudo e irritante que fingia, “inspiradoramente fabulosos”.

Embora forte, Peeta nunca tentou ser ágil, e rapidez, tanto física quanto mental, era muito importante na Arena. Claro, eu e Effie nos surpreendemos com a habilidade da menina no arco e flecha, mas se continuasse treinando tão abertamente, todos os outros tributos saberiam de seus pontos fracos em segundos. Pensei em treiná-la eu mesmo depois do desfile, com medo que os tributos tentassem atacá-la, mas meus planos mudaram no instante em que Peeta bateu na porta do meu quarto na noite antes da entrevista. Agradeci aos céus por não ter Effie comigo e abri pro garoto, me jogando na poltrona cinzenta ao lado da cama.

– O que que cê quer, moleque? – perguntei, com a rudeza costumeira.

– Preciso de um conselho – ele começou, mas olhou de relance para o uísque na minha mão antes de se corrigir – Preciso te dizer uma coisa. Como meu mentor.

– Manda – disse, antes de beber mais um gole da garrafa.

– Pensei em conversar sobre isso com Effie, mas ela faria um estardalhaço...

Ri com o nariz, parecendo um porco, mas não liguei pro franzir do cenho dele; eu conhecia a verdadeira Effie, e seja lá o que fosse que ele quisesse me contar, ela seria infinitamente mais compreensiva e gentil.

– Enfim – ele disse, suspirando e provavelmente se arrependendo de ter me escolhido para conversar – Eu sei que vou morrer nos Jogos. Mas tem algo que preciso fazer antes, e espero poder fazer na entrevista.

– Então por que veio pra cá? A entrevista é com a Trinket.

– O problema é – ele parecia ter se aborrecido – eu estou... estive... – soltou um suspiro ainda mais profundo que o anterior – eu sou apaixonado pela Katniss. De verdade, já faz um tempão. Estar com ela nos Jogos é um grande problema.

Eu não disse nada por um momento. Isso me levava de volta à Henry e Sailee; meus primeiros tributos com a Effie. Pensei em contar a Peeta como Henry gostava da Sailee e, porque ela amava o irmão dele, escolheu sacrificar-se para salvar a vida dela. Seria desnecessário dizer que ambos morreram horrivelmente.

– Faz um suspense pro Caesar, mas no momento em que ele insistir, solte a bomba. Seja insuportavelmente simpático e faça com que todos te amem e sintam pena de você. Talvez essa pena se estenda pra mascarar a personalidade estéril da Everdeen.

Peeta arregalou os olhos, mas logo franziu a testa.

– Ela não tem-

– Claro, claro, o que você disser – eu abanei as palavras dele e levantei-me para levá-lo à porta – Pronto, já te aconselhei, agora vai dormir; cê precisa estar descansado pra entrevista.

O garoto resmungou alguma coisa, mas eu fechei a porta na cara dele antes de entendê-lo. Precisava dizer à Effie o que ele queria fazer, e como isso era uma estratégia incrível; claro que ela entenderia o valor que a revelação teria entre os possíveis patrocinadores, mas também entenderia a quantidade desses patrocinadores que ela teria de bajular.

Honestamente, fiquei um tanto surpreso com a reação de Katniss depois da entrevista de Peeta; já havia percebido que ela possuía um comportamento meio explosivo, mas nunca imaginaria que ela seria capaz de atacar o companheiro de distrito dela. Eu mesmo, embora tendo companheiros de Massacre do 12 completamente retardados, ainda senti suas mortes bem fundo, e acho desnecessário dizer que fiquei completamente puto com a garota. Peeta morreria de qualquer jeito, mas preferivelmente dentro da Arena.

Pensando bem, retiro o que disse. Preferia que ela o tivesse matado ali, na hora, nos bastidores do programa de Caesar.

No momento em que o sinal soou e os tributos saíram correndo, Effie se agarrou a mim. Ela parecia realmente ter se apegado àqueles dois, à doçura do moleque e à bravura da garota. Embora nunca admitiria, eu me identifiquei muito com Katniss; o mau humor geral, a superproteção em relação à família, mesmo que a minha já tivesse queimado um longo tempo atrás. Ela era esperta e hábil, mas se recusava a mostrar seu lado interessante a todo custo, enquanto eu me certificava de ser o mais inconveniente possível. Assim, não queria que ela morresse.

Quando Peeta fez uma aliança com os Carreiristas, eu não pude me conter. Virei a mesa ao lado do sofá e quebrei minha taça vazia no chão.

– O que esse retardado com cérebro de pão pensa que está fazendo?! Eles vão cortar a garganta dele no momento em que Katniss parar de respirar!

– Haymitch, acalme-se! – Effie implorou, olhando ao redor, apreensiva pelos Capitalistas e mentores da Sala de Patrocinadores.

– A única tributo em anos que tem uma chance mínima de sobreviver por mais de uma noite e ele quer sabotar a vida dela! E aquela merda toda de amantes desafortunados? Ele por acaso esqueceu que está apaixonado pela pentelha?

– Haymitch, já chega! – Effie guinchou, e gesticulou para que um dos seguranças prostrados ao lado da porta me agarrasse – Por favor, levem-no ao elevador.

– Ah, pelo amor de Deus, Trinket, você sabe que ele está sendo ridículo!

– Mil desculpas pelo comportamento do mentor dos meus tributos – ela disse, pra quem quisesse ouvir – Vou levá-lo ao apartamento. Quem estiver interessado em patrocinar Katniss Everdeen ou Peeta Mellark, por favor se instalem na estação de televisão do distrito 12, pois voltarei em um segundinho!

Quando as portas do elevador se fecharam, o sorriso dela desmanchou. Foi quase doloroso de ver. Durante toda a subida até o apartamento do 12, ela se recusou a olhar pra mim enquanto eu resmungava e xingava o moleque. No momento em que chegamos ao nosso andar, ela agarrou meu braço, marchou pra dentro do apartamento e me jogou no tapete na frente do sofá.

– Que porra foi aquela, Aber?

Eu parei por um segundo. Não tinha uma resposta pro rosto ruborizado de raiva da mulher que eu amava. Em quatro anos de trabalho conjunto em prol dos tributos, ela nunca tinha ficado tão brava assim comigo.

– No que que você estava pensando?! – ela exclamou, jogando os braços pra cima.

– Eu... o moleque estava pronto pra matar a mina que ele ama, Effie! Eu não posso deixar ele fazer isso.

– Pode e deve! Ele está na Arena e você está aqui. Não pode falar com ele sem mandar algo por um patrocinador.

– Mas ele é um ursinho de pelúcia, ninguém quer que ele morra!

Effie trancou o maxilar e suspirou fundo antes de dizer, contidamente:

– Caso você não tenha percebido, Haymitch, ou bêbado ou reclamando ou simplesmente fazendo um escândalo, a Katniss tem muitos patrocinadores interessados. O lance todo de Garota em Chamas funcionou muito melhor do que os Amantes Desafortunados, e embora os mais românticos sonhem que nossos dois tributos sobrevivam aos Jogos, a maioria está interessada na vitória da Katniss. O Peeta se virar contra ela para sua própria sobrevivência traz um lado dele que falsifica um lado de vítima nela, e mesmo que tenham pena do Peeta, eles têm mais pena da Katniss. Nós temos que lutar para que esse lado pareça real.

Encarei-a embasbacado ao perceber o que sua análise queria dizer.

– Você quer deixar o moleque morrer pra salvar a Everdeen?

Effie virou a cara.

– Você sempre disse que não é possível salvar os dois, nem pros distritos mais favorecidos. Então é isso que estou fazendo; uma escolha.

– Mas ainda podemos manipular os Capitalistas pra cuidar do Peeta.

– Você acha que não pensei nisso? Eu adoro o garoto. Ele foi o tributo mais gentil que já conheci, e ao mesmo tempo, um dos mais corajosos. Mas a Katniss causou muito mais impacto. Precisamos que patrocinem ela desesperadamente.

Effie tinha um ponto muito bem-feito. Eu segui esse plano, tentando convencer Capitalistas desavisados a apoiar a Garota em Chamas. Mas no momento em que Peeta salvou-a de ser atacada pelos Carreiristas depois de ter matado Glimmer com as Teleguiadas, tivemos que voltar tal decisão muito cuidadosamente; os Amantes Desafortunados estavam de volta, e precisávamos que ambos vivessem por mais tempo.

Por um tempo, tentamos focar nossa campanha apenas nos Amantes Desafortunados, mas com a aliança entre Katniss e Rue, nossa tributo ganhou uma certa amabilidade e sensibilidade desconexa de sua relação com o filho do padeiro. Peeta, que ainda fugia dos Carreiristas depois de salvá-la, não era tão importante aos olhos dos Capitalistas, pois já estava ferido e era provável que morresse logo.

Ao contrário dessa presunção, Rue foi a primeira a morrer. Quando Marvel atravessou-a com sua lança, pude ouvir alguém por perto soltar um arquejo. Ao virar para a estação televisiva do 11, vi Seeder Prine, a mentora do distrito 11, curvar-se como se tivesse sido ela a atacada. Seu rosto se comprimiu em uma expressão de dor, e as lágrimas corriam por sua pele negra enquanto a escolta Capitalista transformava sua postura em uma de decepção. Ao ver Katniss cantando para a menina, no entanto, lancei um olhar à Effie, que claramente tentava segurar o choro. Os patrocinadores, no entanto, não pareciam muito felizes. Larain e Cornelion nunca pareciam, mas os demais devem ter se incomodado com a falta de fatalidade da nossa tributo, que ainda não investira em alguém corpo a corpo.

Eu ofereci minha bebida à Effie, que tomou tudo em um gole, e me retirei da sala de TV sem me justificar. Pela milionésima vez desde o início da 74ª edição dos Jogos, eu fui ficar horrivelmente bêbado em um bar Capitalista, sem pensar no que Effie diria.

Na tarde seguinte, quando eu apareci na porta de nosso apartamento no prédio dos tributos, ela disse exatamente o que eu imaginei:

– Você ainda tem uma garrafa com você?


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Notas finais do capítulo

eu amo vcs², até o próximo capítulo o/ me avisem se quiserem alguma coisa da série ou do filme inclusa, pq eu tô tentando fazer o mais canon q dá :v abraços infinitos