Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn


Capítulo 15
15


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem esse capítulo com a narração da Effie!



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Eu praticamente não conseguia parar de sorrir; era impossível. Lembranças da noite anterior inundavam minha mente: quando Haymitch me beijou depois da reprise das Colheitas, do modo como olhou para mim antes que eu o jogasse na cama e... bem, o resto.

O claque-claque irritante dos meus saltos ecoava pelos corredores enquanto eu e Haymitch nos dirigíamos à Sala dos Patrocinadores. Era um salão ornamentado, exagerado e entupido de televisões que reproduziam vídeos dos tributos até os Jogos começarem, onde os Capitalistas interessados em “colaborar” com os tributos ficavam, indo e vindo como quiserem. Antes dos Jogos, os mentores e escolta passeavam pela Sala e pelo complexo do edifício, tentando conseguir patrocinadores que ajudassem seus tributos.

— Temos mesmo que fazer isso agora? – Haymitch resmungou, sem que ninguém ao nosso redor ouvisse – Eles ainda nem fizeram a avaliação dos Idealizadores! Ninguém vai querer patrocinar dois mineradores se nem sabem se são bons em alguma coisa.

— Temos, sim. Eles saberão que nossos tributos são bons porque é o que contaremos. E se quisermos que pelo menos um deles sobreviva, teremos de conseguir patrocinadores desde cedo.

Haymitch ficou em silêncio por um momento e, ao me encarar, sussurrou:

— Qual deles?

— O quê? – arregalei os olhos.

— Qual dos nossos tributos ajudaremos?

— Ora... os dois, claro!

— Mas os dois não sobreviverão. Temos de fazer o máximo para manter só um vivo.

— Eu... não me peça para escolher, Aber.

Ele hesitou, desviando o olhar.

— É inevitável, Effie, e você sabe disso.

Ele estava certo. Eu sabia.

Percorri o salão sozinha, deixando Haymitch no bar, e me esforcei para sorrir a todos os Capitalistas que olhavam para mim, isso quando olhavam. Então, chegando à TV que transmitia o desfile do 12, encontrei nada mais nada menos que duas pessoas contemplando a tela. Uma mulher alta, praticamente esquelética, usando uma peruca rosa-chá, cílios postiços imitando penas e saltos absurdos, deixando-a mais alta que todos no salão. O homem tinha um topete verde clarinho, um terno laranja brilhante e um rosto anguloso. Impressionada pela quantidade de duas pessoas acima do esperado, me aproximei com um sorriso radiante estampado no rosto.

— Belo, belo, belo desfile, não acham? Adorei como a maquiadora escureceu os olhos de Sailee, vocês não?

Eles me olharam com uma expressão vazia e acenaram com a cabeça positivamente, para depois voltar a assistir a reprise do passeio de carruagem.

Desconcertada, vacilei no sorriso, mas continuei com a aparência de quem estava tendo o melhor dia de sua vida.

— Ah, me desculpem, esqueci de me apresentar! Sou Effie Trinket, escolta dos tributos do 12! E a senhorita e o senhor, como se chamam?

A mulher virou-se para mim, ensaiou um sorriso mas desistiu.

— Sou Larain Eschel e este é meu irmão Cornelion. Gostaríamos de patrocinar os tributos do distrito 12 desse ano.

Mesmo? Quero dizer, ah, fantástico! Fico muito feliz!

Cornelion deu um sorriso de lado, meio de deboche, mas não pareceu hostil.

— E onde está o mentor desses tributos maravilhosos? – Larain conseguiu dar um sorriso, mas saiu forçado e falso. Provavelmente porque não acreditava que meus tributos eram maravilhosos.

— Ah, Ab... Haymitch deve estar logo ali, no bar... Haymitch! – chamei ao avistá-lo. Acenei de maneira frívola, balançando os dedos e sorrindo. Ele me ouviu e virou depois de tomar mais um gole de licor. Franziu o cenho e depois arregalou os olhos ao ver os Eschel, levantando-se e andando meio mole até nós.

— Prazer, Haymitch, sou Larain Esch...

— Eu sei quem vocês são – ele cortou, passando a mão no cabelo parecendo preocupado – Irmãos Eschel, multimilionários, praticamente os únicos seres caridosos da Capital. É a primeira vez que ajudam os tributos do 12. Por quê querem fazer isso?

Surpreendi-me que Haymitch soubesse quem eles eram e eu não, mas aquele era o meu primeiro ano como escolta e eu nem me lembrava em quantos Jogos Haymitch serviu como mentor.

Cornelion esboçou um sorriso malicioso e falou pela primeira vez, com um tom altamente sarcástico e uma voz grave e ressonante:

— Nada de mais, apenas queríamos arranjar um modo mais ridículo de desperdiçar dinheiro.

— Cornelion – Larain repreendeu-o – Deixe de ser sarcástico – e depois, virando-se para nós – O que ele quis dizer é que estamos interessados em virar o jogo; seria muito divertido ver os tributos mais desprezados vencerem os Jogos, pra variar.

Haymitch franziu o cenho novamente, mas acenou em concordância.

— Maravilhoso! – sorri amplamente – Estamos muito gratos pela ajuda! Esperem só até os resultados dos testes; tenho certeza que não se arrependerão!

Os irmãos voltaram à expressão vazia e acenaram com a cabeça antes de saírem andando pelo salão até a porta. Virei-me para Haymitch e sorri genuinamente feliz.

— O que achou disso? – perguntei com um ar triunfante.

— Nada bom. Eles só querem diversão; podem mandar presentes absolutamente inúteis nos momentos de maior necessidade.

Extingui o sorriso de meu rosto e resmunguei:

— Não precisava ser tão pessimista.

Haymitch quase riu e disse:

— Você não tem noção de quanto eu quero te beijar agora.

Pisquei, como se estivesse falando bobagem.

— Mas é óbvio que tenho.

Ele riu e, antes de voltar para o bar, disse:

— Se tivesse 2º round, você provavelmente não iria querer.

Idiota. É claro que eu iria querer.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado. Vou postar o próximo ainda durante o feriado, se possível. Abraços infinitos e muito, muito, muito amor Hayffie c: