Depois que briguei com Roberto não consegui prestar atenção nas aulas, eu sentava na fileira do lado da dele um pouquinho mais a frente, ás vezes, no meio da aula, me virava um pouco para olha-lo. Ele ficou o tempo todo olhando para o caderno, os meninos o chamavam, mas ele nem olhava e pude jurar que vi algumas lágrimas caindo do seu rosto. Ele estava chorando e por minha causa, não, eu não poderia ser tão cruel. Fiquei me sentindo culpada, queria pedir desculpa, mas não sabia se era o momento certo para falar com ele.

Bateu o sinal do intervalo e todo mundo desceu, sentei do lado da Rê e da Alice e umpouco mais na frente estava o Roberto e o Dan, ele parecia estar muito triste, o Dan estava dizendo: “Relaxa cara, ela só falou isso porque estava irritada.” É, ele estava mesmo mal, como eu poderia ter sido tão sem coração? Talvez ele nunca quisesse falar comigo mais, talvez ele não quisesse nem olhar mais na minha cara. Ah, como eu era idiota.

– Calma Lu, não fica assim. Ele vai te perdoar, você vai ver. Ele te ama! – Renata disse isso como se tivesse lendo os meus pensamentos e realmente por um bom tempo me acalmou, talvez ela estivesse certa, talvez ele me perdoasse. Olhei uma ultima vez para ele e quando fiz isso ele também estava olhando para mim, desviei o olhar, mas não tão rápido quanto ele...

Voltamos para a sala, tive aula de matemática, o que me animou um pouco, não pela matéria, é claro, mas pelo fato de que o Alberto, meu professor de matemática, era demais. Ri na aula dele e ele até brincou comigo e com a Renata, como sempre fazia. Aliás, desconfio que os professores venham para nossa sala só para encher o saco da Rê, mas isso é outra história...

O dia passou rápido e logo todos estavam lá embaixo se despedindo, eu não sabia se dava tchau normalmente pro Rô, se dava um tchau de longe ou se simplesmente não dava tchau. Me despedi de todos e na hora que cheguei perto do Rô ele apenas disse: tchau e eu respondi. Foi doloroso, sabia que o tinha magoado.

Fui embora com a Renata como de costume e fiquei quieta o tempo todo.

– Roberto? – perguntou ela

– Hã?

– Você. Tá pensando no Roberto?

– Sim...

– Está pensando no que aconteceu hoje?

– Aham... Será que ele vai me perdoar?

– Claro que vai, ele te ama. Ele sabe que você estava nervosa.

– Mas isso não justifica o que eu fiz, eu não tinha o direito de magoa-lo tanto...

– Você não fez por querer, eu sei disso.

– Mas será que ELE sabe?

– Relaxa Lu, você vai ver, vai dar tudo certo.

– Espero.

No resto do caminho não falamos do Roberto, nem do Dan... Estávamos falando da minha viagem, afinal essa era a única coisa que parecia estar me fazendo bem e certa na minha vida.