Dear Charlie, escrita por Mademoiselle T


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Então, pessoal, não garanto que vou postar o próximo capítulo, pois não estou recebendo reviews e acho que nem tenho muitos leitores :-(
Mas, como sempre, dei o melhor de tudo para escrever esse capítulo e espero que aproveitem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/450447/chapter/4

25 de Outubro de 1993

Querido Charlie,

Hoje eu, Marcos, Hillary e Jena fomos visitar Greg no hospital. O número do quarto dele é 733. Eu levei a caixa de chocolates e o CD, Marcos levou um boneco em miniatura do Darth Vader, do Star Wars, e uma coletânea de filmes de meia hora que ele próprio havia feito. Hillary levou um livro chamado Através do Espelho, pelo qual ela imaginou que Greg se interessaria, e um envelope contendo aromatizantes (pois de acordo com ela, o hospital tem um cheiro não muito bom) e um papel com uma música que ela mesma escrevera. Jena levou um porta-retrato com uma foto de todos eles reunidos na festa de dezesseis anos da mesma e um daqueles cartões de aniversário que tocam música quando você os abre.

Nós esperamos alguns minutos no saguão do hospital até que uma das recepcionistas veio perguntar o que quatro jovens com presentes em suas mãos faziam ali, e Marcos disse que nós estávamos ali para ver Gregory Halthorne. A recepcionista nos levou até o quarto de Greg e quando entramos, ele estava dormindo de olhos abertos, a televisão piscando em sua frente. Ele saiu de seu transe quando Jena abriu seu cartão musical e Greg sorriu quando nos viu. Hillary nos apresentou e nós apertamos nossas mãos, sorrindo. Greg é bem-humorado e gentil, mesmo em seu estado atual. Ele não mencionou nada sobre a briga no refeitório, como se não soubesse de nada, ou somente tentando ignorar o assunto que nenhum de nós deixou vir á tona. Ele também não mencionou o porque de Zayne estar o irritando, mesmo que todos soubessem. Eu também não quis mencionar nada, e os outros três pareciam estar acostumados com o fato de seu amigo ter outra opção sexual, o que eu respeito, afinal, somos todos seres humanos, não é, Charlie?

Quando Marcos,Hillary e Jena foram á lanchonete do hospital, eu fiquei sozinha com Greg no quarto. Ele suspirou e começou á puxar papo comigo, e eu me deixei levar, pois ele era engraçado e tinha assuntos interessantes. Ele me questionou de onde eu vinha, quem eram meus pais e um pouco da minha história. Espero que ele não tenha ficado decepcionado ou deprimido, pois o que contei não foi muito... Bonito. Falei á ele sobre a morte de meu pai, e que minha mãe morreu logo após por sentir falta dele. Contei sobre o diagnóstico de câncer do meu irmão, sobre meu tio Leonard e que eu não tinha praticamente nenhum amigo na escola. Ele se interessou sobre a parte do meu irmão, e perguntou por seu nome. Respondi que ele se chama Chris Browning, e Greg parou de respirar por um momento, o que me deixou preocupada, mas logo depois ele fixou seus olhos nos meus e disse somente uma coisa:

"Ele está aqui.".

Acho que meu coração falhou uma batida naquele momento. Sério, Charlie. Eu não via o meu irmão havia quase três anos, o que é tempo demais para mim, e quando Greg disse que ele estava ali, senti uma pontada de esperança cutucar minhas costelas. Me levantei de supetão e comecei á perguntar freneticamente sobre como Greg sabia disso, e ele disse que havia passado por um quarto quando estava indo para o seu e ouvira uma enfermeira relatando á outra algo sobre um tal de Chris Browning, e naquele momento eu soube que tinha um chance de vê-lo novamente.

Perguntei á Greg se ele se lembrava do número do quarto, e ele disse que tinha uma vaga lembrança dos dois últimos números: 52. Faltava um número, mas aquela informação já era o suficiente para me deixar em êxtase. Depois que eu fui retirada de minha antiga casa, dos cuidados de meu irmão, eu não havia sido informada sobre em qual hospital ele se internara, e achá-lo em uma cidade grande como Pittsburgh em um hospital qualquer onde Greg estava internado era uma coisa com a qual eu nunca poderia sonhar.

Pedi licença á Greg para sair do quarto quando Marcos, Hillary e Jena voltaram e fui em direção á uma enfermeira que enchia uma seringa no final do corredor e perguntei se ela sabia o número do quarto de um rapaz chamado Chris Browning, e ela disse que ele estava no quarto 152. Corri para lá no mesmo instante e parei antes de tocar a maçaneta da porta. Pensei por um instante se era a coisa certa a fazer. É claro que era, e por isso abri a porta com toda a delicadez possível no caso de meu irmão estar dormindo e adentrei no quarto.

"Vejam quem veio me ver."

Foi a primeira coisa que escutei quando entrei no quarto e me deparei com um rapaz de vinte e quatro anos de aparência doente e cansada deitado em uma cama de hospital com várias agulhas e tubos enfiados em seus braços e em sua costela. Havia um carrinho de oxigênio ao lado da cama, caso ele resolvesse sair. Seus cabelos castanhos estava desarrumados e seu rosto estava magro e pálido. Seus olhos azuis já não tinham o mesmo brilho brincalhão e feliz de antes, mas um sorriso sincero brincava em seu rosto ao me ver.

"Chris..."

Foi tudo o que consegui dizer antes que minha voz falhasse e eu corresse até a cama onde meu irmão estava, imóvel, esperando por um abraço que eu tratei de dar o mais rápido possível. Eu não sei se você já passou por uma situação em que você fica dois anos sem ver uma pessoa e depois encontra-a em um hospital qualquer, Charlie, mas acredite: é a melhor e a pior sensação do mundo. A melhor porque você está reencontrando essa pessoa, e a pior porque você sabe que ela está ali por um razão, e foi isso o que aconteceu comigo. Em minutos minhas lágrimas de emoção foram substituídas por lágrimas de tristeza e meu sorriso foi substituído por uma careta involuntária que apareceu em meu rosto quando vi o quadro de batimentos cardíacos de Chris: seu coração estava lento, e batia á cada três minutos, como se ele estivesse morrendo e ressucitando sem parar. Desde aquele momento eu soube que ele não teria muitas semanas, ou talvez dias de vida. Chris me abraçou forte e enxugou minahs lágrimas, insistindo de que ele estava bem e que seu coração estava daquele jeito somente porque eu estava ali, e que ele queria me deixar preocupada. Eu ri, mas minhas lágrimas logo voltaram á escorrer, e eu fui mandada embora do quarto quando um médico entrou, dizendo que meu irmão precisava de repouso e que não podia receber visitas sem autorização médica. Chris beijou a ponta do meu nariz e eu beijei sua testa, afagando seus cabelos e acenando levemente antes de sair do quarto.

Meu coração doeu quando fechei a porta do quarto, e desejei ter ficado lá para enfrentar o médico, dizendo que eu sou irmão dele e que poderia vê-lo o quando eu quisesse. Me encostei na parede e escondi meu rosto nas mãos, chorando sem parar e quase me afogando de tanto soluçar. Fiquei assim por uns minutos até que alguém me abraçou forte, e até tive esperança de que fosse Chris, que havia pedido para sair do quarto e vir me dar talvez um último adeus, mas não era.

Greg estava de pé á minha frente, vestido com um daqueles pijamas brancos que os pacientes usam nos hospitais e me abraçando com toda a força que seu corpo o permitia usar. Encostei minha cabeça em seu ombro e continuei á chorar, agora o abraçando fortemente. Ele sabia o que eu estava sentindo, aparentemente. Sabia o quanto eu estava sofrendo. Eu havia contado minha história á ele. Greg sabia o quanto minha vida havia sido difícil, e por isso demonstrou que se importava. Outra pessoa veio e nos abraçou, e vi que era Jena, e depois Marcos e Hillary se juntaram á nós, formando um abraço coletivo de amigos. Todos me abraçaram forte, e nenhum barulho era ouvido á não ser o de nossas respirações.

E sem nenhuma palavra, eles puderam demonstrar que se importavam comigo. Sem nenhuma palavra, pude ver que finalmente tinha amigos.

Amigos, Charlie.

Com amor,

Nell.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e, lembrando que os reviews ajudam ambos: tanto eu quanto vocês, pois isso me motiva á escrever mais capítulos e vocês ganham mais capítulos :-)
Novamente, não garanto que postarei o próximo logo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dear Charlie," morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.