BitterSweetheart escrita por Marcella Chase


Capítulo 21
Capítulo 21 – Redenção


Notas iniciais do capítulo

Então pessoas, postei um cap bonitinho hoje para que vocês fiquem com amor no coração e me perdoem porque a fic finalmente alcançou a minha escrita, então possivelmente até eu conseguir dar uma adiantada nela, os caps podem demorar um pouco mais a sair =[ Prometo tentar escrever o mais rápido possível :s



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Guilherme

Eu havia prometido ajudar Diego e não podia decepcioná-lo. Depois de tudo que acontecera ontem, eu não conseguira procurar Carla, então acordei muito cedo e fui cumprir minha promessa. Bati na porta de Carla, tirando-a da cama.

– O que aconteceu, Gui? Por que está aqui tão cedo?

– Para salvar sua vida.

– Hã?

– Tome um banho, arrume o cabelo e fique mais linda que nunca. Eu vou fazer café da manhã e vamos ter que conversar muito seriamente. – Quando Carla pensou em abrir a boca para retrucar eu gritei. – E não discute comigo. Anda meu amor. Você ainda vai me agradecer por isso.

Carla acabou indo para o banheiro com uma cara de quem queria me matar. Eu, como sempre, nem dei moral ao mau humor dela. Fiz o café cantando e dançando. Quando ela ficou pronta veio para a cozinha e me olhou com uma cara de espanto.

– Como você arrumou toda essa mesa enquanto eu tomava banho? Aliás, de onde você tirou tudo isso? Eu nem sabia eu tinha morangos em casa.

– Você não tinha, eu trouxe para você. Aliás, precisa melhorar essa sua geladeira tipo “começo do mundo alcoólatra”. Só tem luz, cerveja e pizza velha aí. Agora se sente e me escute. – Carla levou a mão em um morango e eu bati em sua mão. – Ainda não morta de fome. Escute-me primeiro porque essa mesa não é para nós.

– Mas é minha casa, como não é para mim?

– Dá para me ouvir, criatura irritante?

– Te ouço sem dar.

– Mas você está com o capeta hoje, meu Deus. Cale a boca Carla. – Ela ria da minha irritação. Eu sabia que ela estava fazendo por querer. Era meio que nosso lance isso de ficar se irritando. E eu sempre acabava dando acessos de raiva, o que deixava ela ainda mais feliz. – Você ama a Anne?

O sorriso dela sumiu.

– Por que a pergunta?

– Porque se você a ama tem que lutar por ela. Eu sei o que rolou entre vocês e eu tinha te avisado que essa parada com a Mai ia te dar problemas. Eu sei que a Anne foi infantil por brigar com você por algo que você fez antes de estar com ela, mas se coloca no lugar dela. Ela te ama e de repente descobre que você estava comendo outra ao invés dela. Isso mexe com o ego de qualquer pessoa. Não finja que você não reagiu assim quando a Anne ficou com a Paula. Aliás, você reagiu pior.

– Não importa. Eu não vou correr atrás dela.

– Cabeçuda. Tapada. Pirracenta. Marrenta.

– Gui! Que isso?

– Os adjetivos que te descrevem melhor agora.

– Adjetivos? Não quero estar aqui quando começar a me ofender então.

– Quer que isso mude? Quer ser a Carla que eu conheço e amo? Eu sei que ela está aí dentro, louca para sair. Eu sei que você quer a Anne. E se eu te disser que ela quer ficar com você? Que ela só está esperando você dar o braço a torcer por ela pelo menos uma vez para que vocês possam viver felizes para sempre?

– Eu vou achar que você está assistindo Once Upon a Time demais. Só falta tentar me convencer que ela vai me dar o beijo do amor verdadeiro.

– Ela com certeza seria o seu “true love”. Mas precisa saber que você se importa o suficiente para tentar conversar. Ela está com medo.

– Como você sabe disso?

– Depois te conto com todos os detalhes. Mas agora pare de pensar tanto assim. Cadê a Carla que eu conheci que age impulsivamente e faz o que dá na telha?

– Ela só existe quando está com tesão. No restante do tempo eu sou fechada e não faço nada por impulso.

– Está na hora de ser assim por causa de amor também. Uma vez na vida engole um pouco do orgulho em nome da sua felicidade. Basta ligar para ela. Só isso. Ela vem aqui e vocês conversam. Peça até desculpas por tudo que fez, te juro que não vai doer. Vocês tomam esse café maravilhoso que eu fiz e vão se casar e comprar vários cachorros.

Carla riu. Isso era um ótimo sinal, significa que pelo menos estava me ouvindo e não com a mente no cio pensando em alguma cadela que passou pela janela.

– Ter vários cachorros, Guilherme? Tinha que ser coisa sua. – Ela me olhou com aqueles olhos marotos que ela usava quando estava prestes a fazer ou falar alguma coisa idiota.

Carla

– Você não acredita nos meus dedinhos mágicos, não é? Eu terei filhos com a Anne. – Só quando disse isso é que percebi que Guilherme tinha toda a razão. Eu amava aquela mulher. Eu queria ter filhos com ela. Agora fodeu tudo! Eu nunca havia pensado em ter filhos na vida, então ela chegou e quando penso nela, penso em filhos. Mas no fundo acho que nós duas merecemos uma chance. Era Anne que eu queria para a minha vida. Então entendi que, para que déssemos certo, nós duas teríamos que ceder um pouco. Nós duas me incluía. Peguei o celular e disquei o número de Anne.

– Oi. – Seca e fria. Péssimo sinal.

– Vem aqui em casa agora. A gente tem que conversar.

– Está muito cedo.

– Eu sei. Mas a gente tem que se falar, loirinha. – Eu sei que mal parecia eu mesma falando, mas eu precisava tentar. Anne estava brava comigo, então eu tinha que ser carinhosa para conseguir amolecer ela um pouco. Precisava ser a mesma Carla que passara uma noite incrível com ela. Demorou alguns instantes antes que Anne se decidisse e respondesse. – Estou indo. Chego aí em meia hora. – Ponto para mim. Desliguei o telefone e olhei para Guilherme que me encarava cheio de expectativa. Dei de ombros e sorri.

– Ela está vindo. – Não consegui segurar o sorriso que se estampou em meu rosto.

Gui pulou em mim e me abraçou forte, enchendo meu rosto de beijos.

– Finalmente criatura. Achei que você fosse ser idiota para o resto da vida. Você é a melhor.

– Por que ficou tão feliz com isso?

– Por que você vai ser feliz. A Anne também. E eu vou ter minha chance de fazer alguém feliz. Agora resolva sua vida logo que eu estou louco para te contar tudo que aconteceu ontem. – O filho da mãe saiu e me deixou sem entender porcaria nenhuma, mas eu nem poderia ficar brava com ele. Estava, na verdade, muito grata por ele ter enfiado algum bom senso na minha cabeça dura. Corri para o banheiro para me arrumar e fiquei lembrando a última conversa que tive com a loira. Eu dissera que havia mudado por ela, mas isso não era exatamente verdade. Eu ainda estava sendo a mesma pessoa fria e cabeça dura. No entanto é verdade que ninguém nesse mundo nunca viu a Carla que a Anne conheceu, sensível, frágil e apaixonada de verdade. Eu estava realmente disposta a mudar mais, a deixar essa Carla aparecer mais vezes por ela e precisava fazê-la acreditar nisso, afinal nunca dei motivos para ninguém acreditar que eu pudesse ser assim um dia, muito pelo contrário. Passei mais de quinze minutos pensando em como fazer Anne enxergar isso, mas não tive nenhuma grande idéia. Teria só que dizer mesmo. Foi então se fez a luz. Era isso, eu tinha apenas que dizer, mas de uma forma que eu nunca havia dito para ninguém, de uma forma romântica e meiga. Argh, quem diria que um dia eu chegaria a esse ponto. Arrependi-me imediatamente por não ter assistido mais comédias românticas melosas na vida, pois só tinha uma ideia que me parecia um tanto idiota. Eu me sentia meio estúpida fazendo esse tipo de coisa, mas eu precisava tentar. Anne era toda romântica ia entender. Tinha que entender. Peguei um papel, escrevi o que queria dizer e colei na porta pelo lado de fora. Peguei meu violão que eu não tocava há muito tempo, mas esperava ainda lembrar como se fazia. Sentei em uma cadeira atrás da linda mesa que Guilherme arrumara e fiquei esperando por Anne.

Anne

Quando cheguei à porta do prédio senti que minhas pernas tremiam. Mal consegui andar até o apartamento de Carla. Mal podia acreditar que ela deu o braço a torcer e tentou consertar as coisas comigo dessa vez. Subi, respirei fundo e sai do elevador. Hesitei por um instante em frente à porta sem saber ao certo o que iria acontecer agora. Foi apenas o tempo suficiente para que eu percebesse um bilhete colado na porta. Era a letra de Carla. Por um segundo meu coração disparou, imaginei que ela tivesse desistido de conversar e deixado um bilhete me dispensando, mas então engoli a seco e o peguei para ler. Meu coração deu outra cambalhota. Se minhas pernas tremiam antes, agora pareciam feitas de gelatina e eu senti que poderia cair a qualquer momento. Mal acreditei no que estava lendo, aliás, acho que a Carla havia sido abduzida e trocada por um alienígena fofo. Nada daquilo parecia ela, porém eu não poderia estar mais feliz com essa troca de Carlas. O bilhete era simples, mas seu significado significava muito mais do que qualquer poesia épica de amor.

“Eu sei que eu nunca fiz nada que me fizesse digna de confiança, mas eu gostaria que confiasse em mim, só dessa vez. Não posso mudar meu passado, mas posso construir um futuro e quero poder construí-lo com você ao meu lado. Se você estiver disposta a tentar confiar em mim e dar uma chance a nós, a porta está aberta.
P.S.: Eu espero que você conheça a música The Reason - Hoobastank ou a próxima coisa incrivelmente idiota e constrangedora que eu farei vai ficar ainda mais idiota porque você não vai entender a mensagem. Então se não conhecer, por favor use o celular e consulte a tradução no Google. Não me faça parecer mais retardada do que eu mesma já farei. Eu te amo Anne. Agora tire esse sorrisinho bobo do rosto e entre logo.

Carla.”

– Tudo bem, no final os alienígenas devolveram a minha Carla. Que bom que devolveram, foi por essa idiota que eu me apaixonei. – Não consegui fazer o que ela me pediu. A parte do sorrisinho bobo, claro. Ele continuou no meu rosto. Bobo e apaixonado. Empurrei a porta e mais uma vez não pude acreditar que estava no apartamento de Carla. Acho que entrei em um universo paralelo. É a única explicação para uma Carla sentada atrás de uma mesa de café-da-manhã incrível, com um violão e um enorme sorriso apaixonado no rosto e começando a tocar e cantar a música que ela mencionara no bilhete (e que eu conhecia, me poupando o trabalho de pesquisá-la). Eu tive vontade de correr até ela e abraçá-la no mesmo instante, mas não quis interromper aquele momento tão raro em que Carla demonstrava sentimentos. Fiquei olhando-a cantar sentada sem nunca tirar os olhos dos meus. E só para constar, tenho certeza que meus olhos estavam cheios de água o tempo todo.

“I'm not a perfect person
There's many things I wish I didn't do
But I continue learning
I never meant to do those things to you
And so I have to say before I go
That I just want you to know

I'm sorry that I hurt you
It's something I must live with everyday
And all the pain I put you through
I wish that I could take it all away
And be the one who catches all your tears
That's why I need you to hear

I've found a reason for me
To change who I used to be
A reason to start over new
And the reason is you”

Quando ela parou a música após o refrão uma lágrima que eu tentava segurar escapou e escorreu pelo meu rosto. Ela era simplesmente perfeita. Olhei-a nos olhos por um longo tempo, não sabia o que dizer. Queria dizer tantas coisas e ao mesmo tempo parecia que não havia nada a ser dito. Ela tentou começar, mas parecia sentir-se exatamente como eu. Sem palavras.

– Anne...

– Carla, eu...

Acho que no fim a situação já dizia tudo. Corri até ela e a abracei forte. Eu sabia que nunca mais desejaria sair daquele abraço. Então as palavras que ela precisava falar simplesmente saíram em uma enxurrada.

– Eu sinto muito, Anne. Perdoe-me. Eu sinto tanto por todas as besteiras que fiz.

– Eu sei. Está tudo bem. Não tem que me pedir perdão. Está tudo bem. – Falei isso enquanto beijava seu rosto e me segurava muito forte em seu corpo. – Eu sei que você está tentando mudar, Carla. Eu confio em você.

– Obrigada, loirinha. – Ela segurou meu rosto e olhou em meus olhos. – Eu te amo.

– Eu também te amo. E foi a coisa mais linda que já me fizeram.

– Eu achei meio idiota.

– Você é idiota, Carla. Aquilo foi perfeito.

Ela riu alto. Aquela risada que me fazia delirar. O som mais lindo de todo o mundo. Carla me beijou com saudades e me levou até a mesa. Nós comemos e ficamos ali nos curtindo, usando qualquer desculpa para um toque leve de mãos, uma troca de olhares ou um beijo roubado. Aquele momento era tão perfeito que parecia mentira. Obviamente é da Carla que estamos falando, então eventualmente não aguentamos mais e acabamos saindo da mesa diretamente para o quarto. Não que eu me importasse, ela podia ser safada o quanto quisesse desde que fosse comigo. Fizemos amor a manhã toda. Não fomos trabalhar, aliás, não pensávamos em mais nada. Só queríamos curtir aquele momento e torná-lo eterno.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam da Carla tentando se consertar? Sério, se ela não conseguir o perdão de vocês agora não sei mais se algum dia vai conseguir HAHAHAHAHAHAHA
Espero que tenham gostado e que sejam bondosos comigo se eu demorar tipo dois dias pra postar XD


* Música The reason - Hoobastank

"Não sou uma pessoa perfeita
Há muitas coisas que eu gostaria de não ter feito
Mas eu continuo aprendendo
Nunca quis fazer aquelas coisas com você
E então tenho de dizer, antes de partir
Só quero que você saiba
Sinto muito por ter te machucado
É algo com que tenho de viver diariamente
E toda a dor que te causei
Eu gostaria de poder levá-la embora
E ser aquela que enxuga todas as suas lágrimas
É por isso que eu preciso que você saiba
Encontrei uma razão
Para mudar quem eu costumava ser
Uma razão para começar tudo de novo
E a razão é você"