P.O.V. Scorpius

– Scorpius Hyperion Malfoy! – Rose gritou me acordando e jogando o que parecia ser um sapato em cima de mim.

– Bom dia, ruiva. Dormiu bem?

– Cala a boca! Você deu um gato para a Claire?

– Ah... er... eu não dei a gata para ela, só deixei ela ficar com a gata que apareceu aqui ontem. Mas nós já íamos comprar um gato para ela mesmo.

– É! Mas não agora!

– Eu sei, Rose, mas não faz muita diferença.

Ela me fuzilou com o olhar e andou até o closet. A ruiva saiu de lá alguns minutos depois com longas vestes vermelhas e uma capa preta.

– Aonde você vai? – Perguntei surpreso.

– No Beco Diagonal. – Ela respondeu meio secamente. – A Claire quer ir comigo. Você vai ficar com o Matt.

– Ok. Ele já acordou?

– Já. Ele acordou cedo. Peguei ele lá fora tentando entrar no armário de vassouras. Sabe, acho que já está mais do que na hora de comprarmos uma para ele.

– Eu te disse isso! Mas você falou que ele era muito pequeno. – Falei sorrindo.

– É, eu sei, mas é melhor comprar uma para ele antes que se machuque na sua ou quebre a da Claire outra vez. – Ela revirou os olhos.

– Ótimo! – Exclamei. – Eu escolho uma vassoura para ele!

– Ok. – Rose disse depois de soltar uma risada anasalada. – Bom, eu vou pra o Beco Diagonal logo.

– O que você vai fazer lá?

– Hum... preciso comprar umas coisas. – Ela falou pegando a bolsa na poltrona do canto. – Claire! Já está pronta?

– Já! – A voz de Claire veio de algum canto da casa.

– Volto mais tarde. – Rose falou me beijando e saindo do quarto.

Cerca de cinco minutos depois Matthew entrou correndo e pulou na cama do meu lado.

– Papai, vamos n’A Toca?

– Ah, Matt, quem sabe mais tarde quando sua mãe voltar. Estou com preguiça de sair agora.

– Tudo bem. Vamos jogar quadribol então?

– Ok. Só vou tomar café primeiro. – Falei já me levantando.

Passei a manhã inteira jogando quadribol com Matt. Claire voa melhor que ele, mas ele consegue atirar a goles bem melhor que ela. E, com certeza, os dois são muito melhores em quadribol que a Rose, mas isso não é nenhuma surpresa já que ela tem medo de qualquer coisa que a deixe a mais de dez centímetros do chão. E se diz grifinória.

Já era inicio da tarde quando Rose e Claire voltaram do Beco Diagonal.

– O que o Matthew está fazendo na minha vassoura? – Claire exclamou entrando no quintal.

– Voando, Claire. – Matt respondeu e mostrou a língua para ela.

– Mas a ultima vez que você tentou voar, você bateu na arvore e quebrou a minha vassoura!

– Eu não vou fazer isso de novo! Agora cala a boca!

– Mãe! – Ela se virou para Rose parada na porta da cozinha.

– Vamos almoçar? - Rose disse simplesmente para quebrar a briga dos dois. - Comprei comida n'O Caldeirão Furado.

Matt pousou a vassoura e deixou na grama, Claire correu para pega-la, guardou no armário e correu para dentro de casa.

– Ele realmente precisa de uma vassoura para ele. - Rose disse rindo quando passei do lado dela na porta.

– Melhor comprar logo antes que um mate o outro. – Falei rindo, a puxei pela cintura e dei um rápido beijo nela.

– Por que é que vocês estão brigando agora? - Rose perguntou revirando os olhos quando entramos na cozinha e vimos Claire, de orelhas muito vermelhas, e Matt há segundos de começarem a se bater.

– Ele disse que passou um tempão jogando com o papai e eu não. - Claire exclamou apontando para Matt.

– Mas é verdade!

– Mas eu sai com a mamãe e você não! Eu fui na loja de quadribol e você não! Fui na Gemialidades Weasley e você não! A mamãe comprou um sapo de chocolate para mim e para você não! O amigo da mamãe comprou sorvete para mim e para você não!

– Quem? - Perguntei para Claire.

– O amigo da mamãe. Aquele que encontramos na festa do time.

– John? - Perguntei olhando para Rose que mordia o lábio.

– Encontrei ele andando lá. - Ela respondeu.

– Nossa! Quanta coincidência!

– Scorpius, não começa.

– Não estou começando nada, Rose. Só estou dizendo que foi uma feliz coincidência!

– Ótimo. Vamos comer então. – Ela disse e começou a colocar comida no prato de Matt e Claire.

Comemos praticamente em silêncio, exceto pelas provocações ocasionais de Clar e Matt. Levantei da mesa quando terminamos de comer e já estava subindo as escadas quando ouvi Rose dizer:

– Vão brincar lá fora e não se matem, por favor. Vão perseguir gnomos ou qualquer coisa assim.

Rose entrou no quarto menos de um minuto depois que eu.

– Scorpius, será que...?

– Não vem me falar que eu estou errado, Rose!
– Pelas cuecas de Merlin quando você vai entender que eu não tenho culpa se o Green anda pelos mesmos lugares que eu? Quer que eu mude todos os meus hábitos para evitar ele a qualquer custo, é isso?

– E você quer que eu acredite que é tudo coincidência? Ele comprou sorvete para a minha filha!

– É, eu sei! Eu não gostei disso! Mas ele já apareceu atrás de nós oferecendo um sorvete! Acha que uma menina de oito anos ia recusar? Ou você queria que eu arrancasse o sorvete dela e jogasse no chão!

– Rose, você saiu daqui toda arrumada só para ir no Beco Diagonal então?

– Merlin! Eu pus qualquer roupa que achei no armário! E acha mesmo que se eu estivesse saindo com o Green eu levaria a Claire junto?

– Acho! Seria uma desculpa perfeita levar ela junto! Ai você poderia usar exatamente as desculpas que está usando.

As orelhas de Rose ficaram ainda mais vermelhas do que já estavam quando ela gritou:

– Eu nunca usaria nem a Claire nem o Matthew como desculpa para porra nenhuma! Eu nunca usaria meus filhos desse jeito! Não ouse dizer isso outra vez, Scorpius!

– Tem certeza disso, Rose? Porque não é o que está parecendo!

Ela deu alguns passos rápidos até mim com a mão estendida em direção ao meu rosto, mas segurei a mão dela antes que ela pudesse fazer qualquer movimento. Rose respirou profunda e pesadamente por alguns segundos enquanto lágrimas de raiva enchiam seus olhos.

– Some da minha frente agora, Scorpius. Sai daqui! Some do meu quarto!

Soltei bruscamente a mão dela e andei com passos pesados até o closet, pequei uma mala na prateleira de cima e joguei algumas peças de roupa dentro.

– Onde é que você vai? – Rose perguntou entrando no closet atrás de mim.

– Sumir da sua frente, Weasley.

– Você está indo embora então?

– É. Vou facilitar as coisas para você e seu precioso e adorável John.

– Ótimo! Muito obrigada pela ajuda! As coisas vão ficar bem mais fáceis agora. – Rose exclamou e saiu do quarto batendo forte a porta.

Terminei de jogar mais algumas coisas dentro da mala, peguei minha capa no cabide e sai para o quintal.

– Aonde você vai, papai? – Claire perguntou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

– Você vai viajar? – Matt perguntou correndo até mim.

– Eu... er... mais ou menos. – Falei me abaixando para ficar da altura deles.

– Como assim? – Matt perguntou.

– Eu venho aqui durante a semana ver vocês, tudo...? Não, eu vou pedir para a vovó Astoria vir aqui buscar vocês e a gente faz uma pequena viagem até Hogsmead, ok? Vocês gostam de lá, não é?

– Sim. Mas aonde você vai? – Insistiu Matt.

Essa é uma ótima pergunta, Matt. Para onde eu vou? Não vou para a casa dos meus pais. Nem para o Joey, até porque o quarto de hospedes está virando o quarto de bebê agora e ele e Lucy já tem muito que fazer. Roxanne nem pensar, ela me mataria.

– Pai? – Claire chamou.

– Vejo vocês durante a semana, ok?

Abracei os dois e me levantei indo em direção à porta da cozinha. Vi Rose na janela da biblioteca no segundo andar nos observando com uma expressão raivosa e de braços cruzados. Sem fazer nenhuma menção de tentar me impedir de ir embora.